Startups admitem dar mais ações ao talento com lei de stock options

Novo regime fiscal das stock options visto com bons olhos e há quem admita que pode estender essa política a toda a organização. Startups consideram haver "ainda algum espaço para refinar" a Lei.

As novas regras para stock options previstas na proposta para a nova Lei das Startups é vista com bons olhos pelas startups que protagonizaram as dez maiores rondas de investimento no ano passado. As condições são “mais atrativas”, dando a Portugal maior vantagem competitiva para se “posicionar no pelotão da frente” na atração de talento e, há quem já admita estender a atribuição de ações aos colaboradores a toda a organização. Mas também quem aponta espaço de melhoria à nova lei.

“Já temos uma política de stock options, que pretendemos alargar a toda a organização. A introdução de políticas fiscais mais atrativas vem facilitar a sua implementação”, adianta Ricardo Mendes, presidente executivo da Tekever, empresa que, no ano passado levantou 25 milhões no mercado. O novo regime é mais atrativo do que era. “Portugal estava em desvantagem competitiva e agora tem mais argumentos para se posicionar no pelotão da frente.”

O tema das stock options era um ‘irritante’ que há muito que o ecossistema fazia pressão para ser resolvido. Com a nova proposta de Lei das Startups — aprovada sexta-feira no Parlamento na generalidade –, mais trabalhadores/entidades são abrangidos pelo novo regime fiscal, com a tributação a acontecer apenas no ato de alienação ou com a perda de estatuto de residente, sendo reduzida a metade a taxa sobre a mais-valia, entre outras mudanças. O diploma, de acordo com a versão preliminar, entrou em vigor desde o início do ano.

O que diz o ecossistema da “lei mais competitiva da Europa?

O Governo prometia uma das Leis de Startups “mais competitivas a nível europeu e quiçá do mercado internacional”, mas será esta a visão do ecossistema sobre a proposta de lei conhecida na reta final do ano passado?

O progresso é relevante o suficiente, o que nos preocupa é a execução. Não podemos continuar a ter uma máquina administrativa com processos a demorar meses ou anos. A falta de agilidade impossibilita a implementação e usufruto das leis e dos progressos que se fazem nessas frentes, continuamos na cauda das economias com as quais queremos competir no que toca à transparência, celeridade, descomplicação administrativa e governamental”, comenta Fred Antunes, CEO da RealFevr.

Quanto às stock options, “de uma forma geral sim, vem resolver finalmente um problema de fundo no que toca à tributação e flexibilidade que era sem dúvida uma preocupação e uma limitação para as empresas. Acaba por ser o resultado do excelente trabalho e de muita insistência por parte dos atores do ecossistema com quem partilhamos as dores de crescimento e mais uma vez a falta de agilidade legislativa que atrasa o crescimento dos projetos numa fase tão embrionária, com reflexo económico posterior”, considera o CEO da RealFevr.

Já temos uma política de stock options, que pretendemos alargar a toda a organização. A introdução de políticas fiscais mais atrativas vem facilitar a sua implementação.

Ricardo Mendes

Presidente executivo da Tekever

“A proposta de lei das startups é certamente um passo na direção certa, tornando o país mais competitivo para investidores e trabalhadores estrangeiros, e reflete o crescente reconhecimento da importância das startups e scaleups para Portugal”, começa por referir Michael Pinto, CEO da Cleanwatts. Mas, ressalva: “ainda são necessárias melhorias para que Portugal possa ser competitivo, quando comparado com países como o Reino Unido, Espanha ou Irlanda em termos de stock options e tributação para startups e scaleups.

Para a Power Dot as mudanças feitas à lei tornam o mecanismo das stock options mais robusto, no entanto, “existe ainda algum espaço para refinar esta lei —sobretudo no que toca à dimensão das equipas e ao volume de faturação”, mas “já é um passo muito significativo na direção de tornar Portugal cada vez mais competitivo no contexto internacional”, considera fonte oficial da startup que em junho do ano passado levantou 150 milhões de euros no mercado.

João Batalha, co-fundador e CEO da Amplemarket, olha para a nova lei como um passo no caminho certo. “Vejo a clarificação das implicações fiscais das stock options como algo bastante positivo para o ecossistema e penso que vai resultar em mais empresas tecnológicas darem acesso a isso aos seus colaboradores”, considera. Mas deixa alguns alertas. “Ainda existem algumas questões que têm de ser mais bem definidas a nível europeu, como por exemplo as regras que regem a definição do preço de execução das stock options, mas não há dúvida que é um avanço positivo.

“As medidas anunciadas, apesar de demoradas, são exatamente o que precisamos. A definições de startup e scaleup são bem-vindas. Temos pouco a acrescentar neste campo porque queremos ver o que foi anunciado implementado. É positivo”, começa por comentar Jaime Jorge da Coday sobre a futura lei.

Vejo a clarificação das implicações fiscais das stock options como algo bastante positivo para o ecossistema e penso que vai resultar em mais empresas tecnológicas darem acesso a stock options aos seus colaboradores.

João Batalha

Cofundador e CEO da Amplemarket

Stock options para atrair talento

Mas o destaque do líder da Codacy — startup que permite aos programadores reverem as linhas de código e que, no ano passado, levantou 15 milhões de dólares — vai para o tema das stock options, considerando que o novo regime fiscal melhorou “massivamente” a atratividade do ecossistema português.

“As stock options apenas existiam em teoria e era um ponto de fricção grande para atrair e manter talento. Pedir a alguém para pagar no início os benefícios de algo que ainda não recebeu era pesado e não competitivo“, aponta. “Deste modo, como está a ser proposto e liderado, tornamo-nos finalmente competitivos e iremos conseguir atrair não só bom talento como, inclusivamente, trazer pessoas para Portugal.”

Este mecanismo tornou-se “uma ferramenta indispensável e valiosa para remunerar e reter pessoas”, diz. Por isso, na Codacy, “toda a gente recebe stock options porque acreditamos que high ownership leva a um melhor desempenho e decisões”.

E não é o único a recorrer a esta ferramenta. A Smartex — que venceu a competição da edição de 2021 da Web Summit e no ano passado levantou cerca de 25 milhões –, utiliza o “employee stock ownership plan (ESOP), um plano de benefícios para os colaboradores que dá aos smartexians participação acionista na empresa na forma de ações”, informa fonte oficial. “Sentimos que os nossos colaboradores sentem-se mais comprometidos e apreciados.”

E o mesmo faz a Amplemarket. “Já temos inclusive um plano de stock options pensado para os nossos empregados, e podemos constatar que é, sem dúvida, bastante valorizado. Isto porque existe uma aspiração de crescimento e de potencial de valorização da empresa grande. Quando contratamos alguém, inclusive damos a hipótese de escolha entre diferentes pacotes salariais: um com mais stocks e um valor mais baixo de salário base, outro com menos stocks e um valor mais alto de salário base. Exatamente porque sabemos que os stocks podem fazer a diferença a longo prazo”, adianta João Batalha.

A RealFevr também já tinha um “modelo que permitia a todos os colaboradores da RealFevr ter algo equivalente a opções virtuais representativas do capital”. O novo regime “vem sem dúvida dar mais flexibilidade ao modelo existente e torná-lo mais uniforme para com as restantes jurisdições, o que simplifica em muito o processo na hora de contratar os melhores recursos do mercado, sejam em Portugal ou noutras geografias”, considera Fred Antunes.

Novo regime das stock options vem sem dúvida dar mais flexibilidade ao modelo existente e torná-lo mais uniforme para com as restantes jurisdições, o que simplifica em muito o processo na hora de contratar os melhores recursos do mercado, sejam em Portugal ou noutras geografias.

Fred Antunes

CEO da RealFevr

“Do ponto de vista da contratação, será útil, mas não mudará drasticamente a nossa trajetória atual de contratação. Atualmente, estamos internamente a desenvolver um plano de opções, que será ajustado de acordo com a nova lei”, refere Michael Pinto, da Cleanwatts.

Mas não é o único mecanismo para atrair e reter talento, aponta a Power Dot. “As stock options são uma ferramenta para as startups conseguirem competir com grandes empresas no que toca a talento (…) mas não são a única via para conseguirmos atrair profissionais diferenciados”, diz fonte oficial.

E concretiza a estratégia da companhia. “As remunerações competitivas e os prémios de performance com base em objetivos (anuais e, em algumas posições, mensais), assim como os benefícios relacionados com bem-estar (ginásio e seguro de saúde), também fazem parte da nossa estratégia a nível de recursos humanos. Por último, porém não menos importante, cultivamos fortemente o espírito de grupo: na forma como desenhámos a experiência de escritório e através da viagem anual no formato team building, a qual permite reunir toda a equipa Power Dot para celebrar e relaxar.”

(artigo atualizado com depoimento da Cleanwatts)

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Gasóleo desce oito cêntimos e gasolina seis com mexidas no ISP

Esta segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,57 euros por litro de gasóleo simples e 1,67 euros por litro de gasolina simples 95. Gasolina tem descida maior face à mudança na carga fiscal.

A revisão da carga fiscal sobre os combustíveis vai ditar uma descida mais pronunciada dos preços da gasolina. A partir desta segunda-feira, o litro de gasolina vai descer quatro cêntimos a que se soma a descida de 2,3 cêntimos por via do ISP. O gasóleo descerá oito cêntimos apenas por via dos preços da matéria-prima, já que o Executivo optou por manter o desconto no ISP do gasóleo que estava presentemente em vigor.

“Face à evolução recente de variação do preço do gasóleo e da gasolina, e em comparação com o mês anterior, estas medidas temporárias resultam numa manutenção do desconto de ISP no gasóleo e num aumento de 2,3 cêntimos por litro no desconto do ISP no caso da gasolina”, sublinha o comunicado do Ministério das Finanças de sexta-feira.

Em causa está o conjunto de apoios composto pelo desconto aplicável no ISP — equivalente a uma descida da taxa do IVA de 23% para 13% –, o mecanismo de compensação por via de redução do ISP da receita adicional do IVA — decorrente de variações dos preços dos combustíveis — e a suspensão da atualização da taxa de carbono.

Assim, esta segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,57 euros por litro de gasóleo simples e 1,67 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). É preciso recuar a 12 de dezembro para encontrar os preços do gasóleo num valor mais baixo e a 16 de janeiro no caso do gasolina.

Estes preços já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras, mas os valores cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Os preços invertem assim a tendência, depois de a semana passada terem registado a terceira subida consecutiva. O gasóleo ficou 1,6 cêntimos mais caro semana e a gasolina 3,2 cêntimos, ou seja, um aumento quase idêntico ao antecipado pelo mercado.

Esta descida de preços é justificada pelo facto de o brent ter registado semana passada uma queda semanal de 7,8%, porque os mercados aguardam sinais mais claros relativos à procura chinesa, ou seja, “o grau de dinamismo da procura chinesa, mas também sobre as consequências do embargo europeu e da fixação dos tetos de preços”, sublinhou o Commerzbank numa análise citada pela Reuters.

Os analisas da ANZ apontam para uma subida em flecha no tráfego nas 15 maiores cidades chinesas depois das férias do novo ano lunar, mas também reconhecem que os traders chineses têm estado “relativamente ausentes”. Mas na sexta-feira, o índice que serve de referência para o mercado europeu, bateu mínimos de 11 de janeiro porque o mercado receia novas subidas das taxas de juro após a subida em flecha do emprego nos Estados Unidos, mas também porque espera alguma clareza sobre o embargo europeu aos produtos refinados russos.

Evolução do preço do brent em Londres

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Contra onda de despedimentos, maiores rondas de 2022 têm mais de 250 empregos para 2023

Entre as 10 empresas portuguesas com maiores rondas de investimento em 2022, cinco assumem que estão a reforçar equipas apesar do atual contexto de despedimentos a nível mundial no setor tech.

O verbo ‘despedir’ tem estado nas bocas do mundo pelos piores motivos. Grandes empresas tecnológicas como Microsoft, Amazon, Salesforce, Spotify, Alphabet e Meta anunciaram, nas últimas semanas a saída de dezenas de milhares de trabalhadores depois de os anos da pandemia terem ficado marcados por crescimento e novas contratações. Em Portugal, no entanto, há empresas que estão a remar contra a corrente: entre as 10 empresas que mais capital levantaram em 2022, há cinco que têm um total de mais de 250 vagas para este ano.

Exemplo disso é a Power Dot. A empresa portuguesa que opera postos de carregamento para carros elétricos tem 80 vagas abertas para 2023. “Iremos contratar, não só para complementar a estrutura atual — como é o caso das áreas de vendas e de operações — mas também para novas funções, no sentido de estarmos cada vez mais perto dos nossos parceiros”, assinala fonte oficial à ECO Pessoas. No final do ano, deverão ser 180 os trabalhadores da companhia portuguesa.

Para acelerar as contratações, a Power Dot recebeu um carregamento de 150 milhões de euros do fundo francês de investimento em infraestruturas Antin. Foi a segunda maior injeção de capital para uma companhia portuguesa em 2022, segundo os dados da plataforma Dealroom e da Startup Portugal. “Esta ronda permitiu-nos atingir objetivos importantes, como duplicar os pontos [tomadas] de carregamento operacionais: cerca de 700 em janeiro e mais de 1.500 até dezembro de 2022”, lembra a Power Dot.

Pretendemos acelerar a entrada em novas geografias, alargar a liderança europeia em vigilância marítima a missões terrestres e promover o desenvolvimento de novos produtos

Ricardo Mendes

Presidente executivo da Tekever

Da carga em terra para a vigilância no mar passamos para a Tekever, atualmente com mais de 300 funcionários. Em 2023, a empresa que constrói drones para o mercado europeu quer “manter ou acelerar o ritmo de contratações“, depois do crescimento de mais de 30% no último ano. A tecnológica procura, pelo menos, 70 pessoas para “acelerar a entrada em novas geografias — Médio Oriente, EUA e América do Sul — alargar a liderança europeia em vigilância marítima a missões terrestres e promover o desenvolvimento de novos produtos”, ambiciona o presidente executivo, Ricardo Mendes. “As áreas de engenharia e data science estão entre os perfis mais procurados”, acrescenta Ricardo Mendes.

A empresa recebeu um investimento total de 25 milhões de euros ao longo de 2022. Em ritmo contra a corrente de despedimentos, o espírito na Tekever “é de grande otimismo” porque as áreas de inteligência artificial, drones e espaço “tornaram-se ainda mais centrais e apelativas” em 2023.

Remote, FRVR, Cleanwatts e Aptoide não responderam ao contacto da Pessoas/ECO para este trabalho.

A Smartex também aposta na inteligência artificial, através de dispositivos que reduzem o desperdício de produtos têxteis. A solução rendeu um investimento de 24,7 milhões de dólares (22,8 milhões de euros no câmbio atual), tecido suficiente para reforçar a equipa com “50 a 75 novos trabalhadores“, nota fonte oficial.

Para já, procuram-se perfis sobretudo tecnológicos — QA Automation, QA Testers, Python Developers, Front-End Developers. Também há vagas para engenheiros mecânicos e técnicos de instalações, por exemplo. A pensar na expansão além de Portugal, Itália e Turquia, a empresa também valoriza os “conhecimentos de inglês e outras línguas como turco ou uzbeque”.

A desaceleração no setor tecnológico e respetiva consolidação leva os recursos a procurar projetos em que confiam e com mais estabilidade, pelo que a RealFevr está extremamente bem posicionada para conquistar o melhor talento do mercado

Fred Antunes

Presidente executivo da RealFevr

“Em contraste com a desaceleração das contratações no setor de tecnologia, que se verificou no ano passado, a Cleanwatts mais que duplicou o tamanho da sua equipa em 2022. Este ano, estamos a planear continuar a contratar a bom ritmo“, adianta Michael Pinto, CEO da Cleanwatts. “As nossas principais áreas de contratação para o 2023 estarão focadas em vendas, engenharia (software e hardware developers), gestores de projeto, gestores de produto e gestores técnicos de instalações de energias renováveis”, concretiza.

No final do ano passado, a companhia, que fechou com sucesso uma ronda de 25 milhões, fechou contratos para criar mais de 100 Comunidades de Energia Renovável (CER). “Começámos 2023 com uma carteira de mais de 40MWp, em capacidade solar agregada, sobre a nossa base instalada existente. Até o final deste ano, esperamos superar esses números, consolidando a nossa posição como líderes de mercado para as CER em Portugal e consolidando a nossa presença em Itália e nos Estados Unidos, além de entrar no mercado espanhol”, aponta o CEO.

E para ter o talento que necessitam para energizar o crescimento lançaram ainda a Cleanwatts Academy, sob a liderança de Andreia Carreiro, diretora de Estratégia de Inovação. “A Cleawantts Academy visa promover a colaboração académica com as principais entidades de pesquisa e formar os líderes “verdes” do futuro, oferecendo-lhes a oportunidade de concluir projetos de pesquisa de mestrado e doutoramento connosco.”

A Amplemarket também vai aumentar a equipa ao longo de 2023. Tem mais de 40 vagas disponíveis, depois de ter recebido um investimento de 12 milhões de dólares. “Neste momento, somos cerca de 60 pessoas e prevemos acabar o ano com mais de 100 trabalhadores“, prevê à ECO Pessoas o cofundador e presidente executivo da empresa, João Batalha. Vendas, engenharia e marketing são três dos departamentos que serão aumentados.

Os reforços na equipa vão ajudar a “triplicar novamente as receitas, continuar a melhorar o produto e escalar e profissionalizar os nossos processos internos”, lembra o líder da solução que pretende “otimizar o serviço das equipas de vendas e maximizar resultados”. Outro dos grandes objetivos passa por chegar a empresas com maior dimensão, além de trabalhar com empresas pequenas e médias.

Contratar com cautela

Apesar das metas estabelecidas, João Batalha assume a abordagem nas contratações baseada em “crescimento eficiente“, para não haver “recrutamento excessivo a longo prazo”. Este tem sido o pressuposto para o anúncio de despedimento de algumas das maiores tecnológicas internacionais ao longo das últimas semanas.

A cautela nas contratações também tem em conta a necessidade de prolongar o capital angariado junto dos fundos de investimento. Há menos dinheiro disponível no mercado, por conta da política monetária restritiva dos bancos centrais da Zona Euro, de Inglaterra e dos Estados Unidos. Isto explica que o investimento em tecnológicas tenha caído 35% em 2022 face ao recorde de 2021, para 415,1 mil milhões de dólares. Num olhar por trimestre, os últimos três meses de 2022, com 65,9 mil milhões de dólares, marcaram o pior período desde os dois primeiros trimestres de 2020, quando a Covid-19 travou os mercados financeiros.

Fonte: CBInsights

A Codacy assume prudência em 2023 depois de ter duplicado a equipa ao longo do último ano. “Decidimos abrir todas as posições que estávamos à procura no terceiro trimestre do ano passado e de contratar 95% dos perfis até ao final do 2022. Fizemos isto porque, independentemente das condições de mercado, o negócio moderno quer ser líder em software”, assume o líder da tecnológica, Jaime Jorge.

A plataforma que permite aos programadores reverem as linhas de código recebeu um investimento de 15 milhões de dólares em série B de financiamento e prevê para 2023 através da “construção consistente de novo valor de produto e de melhoria substancial da nossa capacidade comercial, através de foco em indústrias e regiões específicas”.

Decidimos abrir todas as posições que estávamos à procura no terceiro trimestre do ano passado e de contratar 95% dos perfis até ao final do 2022. Fizemos isto porque, independentemente das condições de mercado, o negócio moderno quer ser líder em software

Jaime Jorge

Presidente executivo da Codacy

Apesar de apostar no desenvolvimento de jogos para a Web3, a RealFevr não brinca com o assunto, mesmo depois do jackpot de investimento de 10 milhões de euros em 2022. Embora sem definir números, Fred Antunes considera que “a desaceleração no setor tecnológico e respetiva consolidação leva os recursos a procurar projetos em que confiam e com mais estabilidade, pelo que a RealFevr está extremamente bem posicionada para conquistar o melhor talento do mercado”. O líder da tecnológica define a inteligência artificial como “a tendência” para 2023 mas que todos os perfis relacionados como dados, “front-end, back-end e solidity continuam com uma procura bastante superior à oferta”.

A RealFevr refere também que “estará focada neste ciclo de investimento em consolidar a sua estrutura, escalar, e aproximar-se do que é uma tradicional estrutura corporativa multinacional sem perder agilidade, transformar-se numa tecnológica multi-desporto, ao mesmo tempo que completa o seu ecossistema”.

Vistos largos para recrutar

Para o caso de não haver talento suficiente em Portugal, desde o ano passado que existe um novo visto de trabalho para estrangeiros extra-comunitários à procura de trabalho. Também passou a ser atribuído um visto de estada temporária ou de residência para os nómadas digitais. Desde outubro, já foram atribuídos 200 vistos, com nómadas dos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil a liderar a procura, segundo informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As novas regras, no entanto, dividem as empresas ouvidas pelo ECO Pessoas.

“A única restrição que temos tido a nível de contratação é o fuso horário em que as pessoas trabalham. Neste momento estamos restritos desde a Eastern Timezone (Costa Leste) dos Estados Unidos até à Ucrânia”, nota Jaime Jorge. “Temos visto, sem dúvida, um interesse renovado e surpreendente por trabalhar em Portugal, até de perfis executivos, que falam connosco para permitir uma mudança para o país”, detalha o líder da Codacy.

“É verdade que temos notado um aumento significativo de candidaturas provenientes de outros países para as vagas abertas em Portugal, o que nos entusiasma. Hoje em dia, por exemplo, temos no escritório de Lisboa pessoas da Turquia e do Brasil”, nota a Power Dot, que pretende “cultivar uma equipa diversa”. O líder da Tekever refere apenas que os vistos “criam mais liberdade para recrutamento“.

Continua a ser difícil e moroso o processo de emigração para Portugal. A experiência que os nossos colaboradores têm durante o processo de espera pelo visto é realmente negativa e afeta o seu bem estar

Smartex

“A existência de vistos para nómadas digitais e extracomunitários torna Portugal um local atrativo, mas o que verificamos é que o grande fator impulsionador de novas contratações na Cleanwatts é mesmo a oportunidade de contribuir para a transição energética e para a descarbonização”, considera Michael Pinto. A empresa, refere, está a “recrutar ativamente novos talentos internacionais, em particular, para cargos técnicos e de engenharia que estão com alta procura.”

“No último ano, também trouxemos contratações importantes, do mercado internacional, para permitir uma maior internacionalização dos nossos negócios, incluindo o nosso VP de RH e o nosso Head de Comunicação Corporativa para o mercado internacional”, continua. Neste momento, a Cleanwatts é uma empresa multicultural com colaboradores portugueses, americanos, italianos, indianos, alemães, húngaros, irlandeses, iraquianos e paquistaneses.

Embora a Amplemarket seja uma empresa remota e aceite pessoas de qualquer país, João Batalha considera estes vistos como uma ferramenta que vem “facilitar a entrada em Portugal“. Fred Antunes assume o uso destes vistos mas nota que “as capacidades técnicas e pessoais, paixão pelo projeto, pelo setor e alinhamento com a equipa continuem a ser a maior influência na política de contratações” da RealFevr.

Apesar de apostar na diversidade cultura, a Smartex encontra defeitos na execução da política do Estado. “Continua a ser difícil e moroso o processo de emigração para Portugal. A experiência que os nossos colaboradores têm durante o processo de espera pelo visto é realmente negativa e afeta o seu bem estar”, remata a tecnológica.

(artigo atualizado com depoimento da Cleanwatts)

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Há 25 anos que a banca portuguesa não estava tão confortável

O rácio de transformação da banca está atualmente no valor mais baixo desde março de 1998 e é 1,6 vezes inferior ao rácio de transformação médio desde a adesão de Portugal à Zona Euro.

Por cada 100 euros que captam em depósitos, os bancos emprestam atualmente 79 euros. É preciso recuar 25 anos, até março de 1998, para se encontrar um rácio de transformação tão baixo. “É o resultado de uma política mais conservadora e o resultado de muita nova regulação que faz um enfoque no aumento das exigências de liquidez de curto e longo prazo nos bancos”, refere João Duque, professor de Finanças no ISEG.

Mas a redução do rácio de transformação não significa que a banca esteja a cortar na torneira do crédito. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a concessão de crédito às famílias (consumo e à habitação) e às empresas aumentou a um ritmo médio de 2,5% por ano, culminando em 196 mil milhões de euros no final do ano passado, o valor mais elevado desde 2015.

Grande parte da desalavancagem da banca deve-se a uma forte subida da captação de depósitos por parte dos bancos, tanto junto das empresas como dos particulares: nas últimas duas décadas, apenas por uma ocasião (2012) a banca registou uma queda dos recursos captados sob a forma de depósitos.

Só nos últimos quatro anos, apesar da remuneração dos depósitos ser nula ou perto de 0%, os recursos captados cresceram a um ritmo médio anual de 7,7%, com os bancos a contabilizarem nos seus cofres quase 250 mil milhões de euros no final do ano passado em depósitos.

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“As medidas implementadas pelo setor bancário português ao longo destes últimos anos, em particular o considerável processo de desalavancagem, têm contribuído para aumentar a sua resiliência, em especial ao nível da liquidez e solvabilidade, e estar melhor preparado para enfrentar choques adversos como aqueles que se têm verificado recentemente (pandemia ou agravamento da inflação)”, refere a Associação Portuguesa de Bancos, ao ECO.

Há muito tempo que os bancos não se encontravam numa situação de liquidez tão forte. Tomando como referência os dados referentes ao rácio de transformação atual da banca, João Duque considera que os bancos “estão mais sólidos hoje mesmo com um maior nível de crédito concedido.”

Longe vão os tempo em que a banca apresentava elevados níveis de alavancagem, com o montante do crédito a superar largamente os recursos captados em depósitos. Em 2009, o setor apresentava um rácio de transformação acima dos 160%. Foi o máximo histórico. O extinto Banco Espírito Santo (BES), por exemplo, chegou a ter um rácio de transformação de 195%. Significava que por cada 100 euros de depósitos, o banco emprestava 195 euros.

Ricardo Salgado liderava o Banco Espírito Santo (BES)JOSE SENA GOULÃO/LUSA

Desde o pico alcançado em 2009 que os bancos têm promovido políticas de forte desalavancagem da sua estrutura. Parte desta dinâmica é fruto da aplicação do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), assinado e iniciado em 2011, que visava o reforço dos rácios de capital e a desalavancagem do sistema financeiro.

Entre outras métricas, o programa da troika exigia que os oito maiores bancos teriam de reduzir os seus rácios de transformação para 120% até 2014. Hoje, o rácio está 410 pontos base abaixo dessa meta. “Para a economia é negativo termos um rácio tão elevado como antes, mas um rácio baixo também não é positivo”, refere ao ECO o economista António Nogueira Leite.

Para a economia é negativo termos um rácio tão elevado como antes, mas um rácio baixo também não é positivo. Fomos de excesso de ousadia para excesso de prudência.

António Nogueira Leite

Economista

Se no passado os bancos utilizavam os recursos captados em depósitos para se alavancarem no mercado e concederem crédito a empresas e particulares, hoje a situação mudou. Não só não necessitam de se alavancar para conceder crédito, como nem todos os depósitos são convertidos em crédito – são também utilizados para aplicar em ativos financeiros.

“Fomos de excesso de ousadia para excesso de prudência”, completa António Nogueira Leite, sublinhando ainda que “estamos a chegar a valores de transformação relativamente baixos.”

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Têxtil Riopele “tira bilhete” para o comboio de alta velocidade

Grupo minhoto com mais de mil trabalhadores reforça aposta nos têxteis técnicos para expandir na área da mobilidade. Entrou na indústria automóvel e quer agora dar “um cunho português" aos comboios.

Depois de quase um século de atividade no desenvolvimento de tecidos e vestuário para o setor da moda, a Riopele decidiu diversificar o negócio para o segmento dos têxteis técnicos e, nessa fileira, investir em áreas complementares, como a da mobilidade. E após colaborar com “algumas empresas europeias de referência” assume que quer estar “pronta para o novo TGV”.

“Gostaríamos que o novo comboio de alta velocidade tivesse um cunho português”, sublinha João Amaral, responsável da nova marca Riopele Textile E-Motion, frisando que a empresa de Vila Nova de Famalicão quer “aliar o longo historial e conhecimento no segmento de moda e vestuário a uma abordagem criativa e diferenciadora no desenvolvimento de novos produtos para o setor da mobilidade”.

Iniciada há dois anos, esta aposta já começa a dar frutos ao nível de novos produtos inovadores, desenvolvidos internamente pela empresa fundada em 1927, que emprega atualmente mais de mil pessoas. É o caso, como indica o responsável, de materiais têxteis com cortiça incorporada e de materiais produzidos a partir de resíduos têxteis, tendo por base o conceito da sua marca de tecidos Tenowa”.

Queremos aliar o longo historial e conhecimento no segmento de moda e vestuário a uma abordagem criativa e diferenciadora no desenvolvimento de novos produtos para o setor da mobilidade.

João Amaral

Responsável da Riopele Textile E-Motion

A gigante minhota liderada por José Alexandre Oliveira, que exporta 95% da produção para mais de 700 clientes do ramo do vestuário espalhados por 30 países, assume que está agora a colaborar com algumas das mais importantes marcas internacionais também no setor automóvel. O objetivo, insiste João Amaral, é “introduzir uma visão de moda no setor da mobilidade”.

Esta nova aposta beneficia do plano de investimentos de 35 milhões de euros, realizado durante a última década e focado sobretudo nas áreas da digitalização e da sustentabilidade, para ter “a fábrica mais moderna da Europa”. Entre outros, envolveu o reforço de competências internas, a otimização de processos e tecnologia de ponta – com automação e eficiência dos novos equipamentos, criação de uma plataforma digital, monitorização do chão de fábrica e implementação de um sistema de visão artificial nos teares.

Conferência PRR e a Transformação da Economia - 16JUL21
José Alexandre Oliveira, presidente da RiopeleHugo Amaral/ECO

Recentemente, a Riopele anunciou que quer ser até 2027 uma das primeiras empresas do setor têxtil a nível europeu “operacionalmente neutra em carbono”. Um dos investimentos a fazer, na ordem dos quatro milhões de euros, é na construção de uma central de biomassa. Além disso, aponta ao aumento da percentagem de recuperação e tratamento das águas do processo produtivo para 60% e à redução da produção de resíduos têxteis em 20%.

Ora, essa aposta, acredita João Amaral, é decisiva para o posicionamento estratégico da empresa junto da indústria automóvel, numa fase em que muitos fabricantes estão a anunciar o fim do uso de pele natural, a lançar veículos de série que integram materiais naturais e reciclados, ou a mostrar veículos conceptuais 100% recicláveis no fim do ciclo de vida. E à empresa portuguesa, contextualiza, cabe “identificar soluções e desenvolver produtos concretos para estes novos desafios”.

“Sem abordar o tema da condução autónoma, o futuro passará por habitáculos mais confortáveis como um prolongamento da nossa sala de estar, com incorporação de matérias-primas mais amigas do ambiente e de maior diferenciação. As decisões de compra do consumidor serão mais conscientes e exigentes, existindo também neste ponto uma mudança radical dos fabricantes”, remata o gestor.

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ARAG cresce na Península Ibérica

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2023

A diversificação das linhas de atividade, a melhoria da eficiência através da digitalização e a gestão de talentos serão os focos estratégicos da empresa.

A seguradora ARAG encerrou 2022 com um volume de negócios de 173,03 milhões de euros. O negócio dos seguros representou 169,3 milhões, dos quais 3,36 milhões foram gerados em Portugal, um aumento de 82,5% em comparação com o ano anterior. A ASSP, subsidiária de Serviços Jurídicos, contribuiu com 3,73 milhões para o volume de negócios global.

Mariano Rigau iniciou funções como CEO da ARAG España em 2006.

“O crescimento de 22% apoiou-se, em grande parte, na recuperação da gama de seguros de viagem pessoais (turismo), que ultrapassou mesmo o valor de 20,9%, atingindo 44,8 milhões“, segundo declarações da companhia à publicação Inese, destacando ainda a consolidação da proteção do arrendamento, que atingiu quase 120 mil apólices e 34,4 milhões de volume de negócios.

A diversificação das linhas de atividade, a melhoria da eficiência através da digitalização e a gestão de talentos serão os focos estratégicos da empresa.

A ARAG é uma seguradora especializada em proteção jurídica fundada há mais de 80 anos. A empresa foca-se, principalmente, em dois setores: seguros de defesa jurídica e de assistência em viagem.

A sucursal em Portugal começou por ser uma delegação da ARAG España. Lançada em 2002, a subsidiária portuguesa desenvolve atividade através de uma rede de mediadores, dispondo de carteira diversificada de proteções para particulares e empresas (seguros família; viagem; automóvel; habitação; transporte; comércio; condomínio).

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Mais 1270 mediadores abandonaram os seguros em 2022

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2023

Desistem mediadores de seguros individuais e continuam a aumentar as empresas. É o mercado a ficar mais profissional. Fusões e aquisições já começaram a acelerar.

O número de mediadores ativos em Portugal no final de 2022 baixou 10,4% em relação a um ano antes. São agora 10.687 e destes 67 são corretores, número que se tem mantido, 3.762 são sociedades (mais 14 que em 2021) e 6.925 são agentes individuais, menos 1.270 (-18%). A tendência negativa segue como na grande quebra dos anos 2020 para 2021, quando a necessidade a partir de realizar cursos de conformação fez baixar o número de agentes individuais em 33%. Estes dados são extraídos da Relatório Estatísticas Anuais da Mediação do ano de 2022, já publicado pela ASF, entidade supervisora dos seguros e Fundos de Pensões.

A profissionalização dos mediadores de seguros é evidente. Hoje 3.947 profissionais (57% do total de individuais) fazem desta a sua principal atividade, em 2010 eram 9.031 (38%), mas a alteração principal é a diminuição de todas as outras profissões que e ocupações que também fazem seguros.

A renovação de idades não tem acontecido como esperado, mas o crescimento de sociedades também pode indiciar a aposta na atividade desde logo de uma forma mais organizada. Os homens predominam e têm mais de 45 anos, as mulheres estão mais situadas no intervalo entre os 36 e 44. Têm vindo a subir os mediadores com formação superior mas o ensino médio predomina entre as habilitações.

A tendência de decréscimo do número de agentes individuais, com a crescente proporção dos que fazem dos seguros a sua principal atividade, bem como o aumento de empresas reforça o sentido da profissionalização. As explicações do movimento estão em:

  • Envelhecimento dos profissionais. David Pereira, presidente da APROSE, associação dos mediadores em Portugal, disse anterioremente a ECOseguros que pensa que este movimento de redução dos mediadores em Portugal ainda não vai parar: “vai estabilizar – adicionando individuais e empresas – nos 8 ou 9 mil operadores no total”, prevê, à medida que os antigos angariadores vão abandonando a atividade;
  • Necessidades de Formação. José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores referiu como fator de redução de agentes a necessidade, desde a publicação da nova lei de distribuição de seguros, de um processo de conformação e a obrigatoriedade de um conjunto de horas de formação anual”. David Pereira afirma mesmo que “não são cursos relacionados com um novo produto de seguro, é mesmo formação fundamental”.
  • Digitalização do relacionamento com seguradores e clientes. Em si é um problema para alguns mediadores mais antigos ou menos desembaraçados em novos tecnologias, numa altura em que as seguradoras colocam cada vez mais ação digital do lado da mediação tal como emissão de documentos, efetuar simulações, gerir sinistros ou gerir cobranças.
  • Dificuldade de transmissão de negócio familiar: outro fator apontado para a diminuição do número de mediadores ativos está na continuidade do negócio para novas gerações que nem sempre valorizam esta carreira.
  • Necessidade de dispor de um seguro de responsabilidade civil. É um dos custos que a nova lei trouxe e a forma mais simples e económica de o conseguir é tornando-se membro da APROSE. Nem todas as seguradoras estão disponíveis para aceitar um risco de RC que pode atingir 2 milhões de euros.

Finalmente, também está a concentração empresarial a contribuir para a diminuição de mediadores no mercado. As grandes corretoras ou medidoras estão a comprar carteiras de seguros de individuais ou a comprar empresas de mediação que depois incorporam ou não nas suas organizações. Este fenómeno tem sido cada vez mais observado no último ano e é esperado que acelere ao longo de 2023.

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Cerca de 280 mil moradores em Odessa sem eletricidade desde sábado

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2023

Shmigal anunciou a chegada gradual de geradores a partir de outras partes do país para preservar o abastecimento das infraestruturas e garantir funcionamento da rede durante as próximas horas.

Cerca de 280.000 pessoas, aproximadamente 40% da população de Odessa, no sul da Ucrânia, está sem eletricidade desde o último sábado, depois de uma falha grave num transformador durante a reparação de uma central elétrica, após um ataque russo.

O primeiro-ministro do país, Denis Shmigal, anunciou a chegada gradual de geradores a partir de outras partes do país para preservar o abastecimento das infraestruturas críticas da cidade e garantir o funcionamento da rede durante as próximas horas.

“Neste momento, há 40% dos consumidores sem abastecimento. Já recebemos 25 geradores e outros 50 estão a caminho”, adiantou o primeiro-ministro no canal ucraniano 1+1.

A operadora local de Odessa, DTEK Odessa Electric Grids, prometeu que a eletricidade será restaurada para toda a população nas próximas horas, embora com fortes restrições, segundo o portal local de notícias Odessa Life.

O porto de Odessa é um elemento chave no acordo alcançado entre a Rússia, a Ucrânia e a comunidade internacional para retomar as exportações de cereais ucranianos e fertilizantes russos para países que precisam de ajuda humanitária.

A cidade de Odessa também é um importante polo industrial onde diversas empresas ainda mantêm as suas sedes.

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Ministro da Defesa da Ucrânia criticou “relutância” do Ocidente em entregar caças de combate

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2023

O ministro ucraniano assegurou ainda que as armas de longo alcance que o Ocidente prometeu entregar à Ucrânia não serão usadas para atingir o território russo, mas apenas as áreas ocupadas.

O ministro da Defesa da Ucrânia criticou este domingo a “relutância” ocidental em entregar caças de combate ao seu país, por medo de uma escalada do conflito com a Rússia, uma incerteza que, segundo ele, “custará mais vidas”.

Referindo-se à “procrastinação ou relutância” na entrega deste armamento à Ucrânia, Oleksii Reznikov assegurou, numa conferência de imprensa, que Kiev vencerá de qualquer forma, mas “custará mais vidas”.

O ministro ucraniano assegurou ainda que as armas de longo alcance que o Ocidente prometeu entregar à Ucrânia não serão usadas para atingir o território russo, mas apenas as áreas ocupadas. “Sempre declarámos aos nossos parceiros que nos obrigamos a não usar armas [fornecidas por] parceiros estrangeiros contra o território da Rússia, mas apenas nas suas unidades nos territórios ocupados temporariamente na Ucrânia”, disse.

Os Estados Unidos prometeram entregar a Kiev foguetes que poderão quase que duplicar o alcance do fogo ucraniano e atingir em profundidade as linhas de abastecimento russas.

Os ocidentais temem, no entanto, que Kiev possa usar estes meios para realizar ataques em território russo, levando a uma perigosa escalada do conflito.

O chanceler alemão afirmou este domingo em entrevista, existir “um consenso” com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que as armas fornecidas pelo Ocidente não devem ser utilizadas para ataques em território russo. “Há um consenso sobre este ponto”, afirmou Olaf Scholz ao semanário Bild am Sonntag, sobre a decisão dos aliados da Ucrânia de fornecer tanques e foguetes de longo alcance.

De acordo com Reznikov, os russos “moveram os seus quartéis-generais, postos de comando, munições e armazéns de combustível para a 100 quilómetros [da linha da frente]” para que não possam ser alcançados pelos ucranianos.

“Isso torna a situação difícil para eles do ponto de vista logístico, mas ainda lhes permite que se preparem para avançar”, prosseguiu Reznikov, que reafirmou esperar uma ofensiva russa de grande escala em fevereiro. O ministro considerou que as armas ocidentais “não terão tempo de chegar antes” dessa ofensiva, mas os ucranianos terão “recursos e reservas” para resistir.

As tropas russas tiveram um pequeno progresso nas últimas semanas no Leste, onde ocorre a maior parte dos combates, aumentando a pressão principalmente na cidade de Bakhmut, epicentro do conflito.

Questionado sobre uma possível retirada de Bakhmut, Reznikov garantiu este domingo que a cidade ainda é “uma fortaleza, um símbolo”, mas que a decisão caberá ao Estado-Maior ucraniano.

Os aliados da Ucrânia comprometeram-se a fornecer “entre 120 e 140″ tanques, de fabrico ocidental, de vários países. A Alemanha vai entregar 14 tanques Leopard 2. Também Portugal vai ceder às Forças Armadas ucranianas tanques Leopard 2, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, sem adiantar quantos.

Além dos tanques, a Ucrânia vai receber ainda foguetes GLSDB (Ground Launched Small Diameter Bomb), que poderiam quase duplicar o alcance da força de ataque ucraniana, anunciou o Pentágono, na sexta-feira.

Estes mísseis podem atingir um alvo a 150 quilómetros de distância, ameaçando assim as posições russas atrás das linhas da frente.

A invasão russa, justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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Tony Cheng é o novo presidente da RGA Re

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2023

A resseguradora americana que está entre as 10 maiores do mundo e opera em Portugal a partir de Madrid, mantém Anna Manning como CEO.

Tony Cheng foi nomeado presidente do Reinsurance Group of America (RGA Re), sucedendo a Anna Manning, que permanece como CEO até à sua reforma no final de 2023. Cheng acumulará o cargo de CEO a partir de 2024.

O novo presidente Tony Cheng foi sete anos como vice-presidente executivo na Ásia, após ter sido CEO da filial de Hong Kong.

O novo presidente ocupava até agora o cargo de vice-presidente executivo, com a área EMEA, Ásia e Austrália. Antes de assumir essa função foi sete anos como vice-presidente executivo na Ásia, após ter sido CEO da filial de Hong Kong da RGA Re. Sob a liderança de Cheng, “a região da Ásia experimentou um crescimento excecional em prémios e lucros”, refere a RGA Re. Nas novas funções continuará na liderança executiva em EMEA, Ásia e Austrália.

O Reinsurance Group of America é uma companhia especializada em resseguro de vida e saúde e soluções financeiras. A RGA, que faz 50 anos em 2023, está entre as dez maiores resseguradoras do mundo e afirma seguir como objetivo fundamental tornar a proteção financeira acessível para todos.

A RGA tem clientes e parceiros nos principais mercados em todo o mundo e opera em Portugal a partir do escritório de Madrid. Em 30 de setembro de 2022 apresentava 3,3 mil milhões de USD em resseguro de vida e ativos de 82,7 mil milhões de USD.

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Ministro das Infraestruturas acusa líder do BE de “desconhecer a situação” da TAP

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2023

João Galamba reiterou que o bónus da presidente da TAP só vai ser pago se o plano de restruturação "for bem-sucedido" e criticou Catarina Martins por querer "desrespeitar contratos".

O ministro das Infraestruturas reiterou este domingo que o bónus da presidente da TAP só vai ser pago se o plano de reestruturação for “inteiramente cumprido” e acusou a coordenadora do BE de “desconhecer por completo” a situação da companhia.

“O bónus só existe se o plano for bem-sucedido. Foi isso que foi acordado em 2021 quando a atual CEO da TAP foi contratada. O bónus só será pago se for inteiramente cumprido o plano de reestruturação”, afirmou João Galamba aos jornalistas, no porto das Lajes das Flores, nos Açores.

Na sexta-feira, o ministro já tinha dito que “o Estado é pessoa de bem” e que vai cumprir o que foi acordado relativamente ao bónus da presidente da TAP, se o processo de reestruturação da companhia for bem-sucedido.

Após as declarações, a coordenadora do BE criticou a frase “muito infeliz” de João Galamba sobre o bónus da presidente da TAP, recusando um “Estado pessoa de bem para a elite do privilégio”, mas que corta direitos laborais “sem pestanejar”.

Este domingo, o ministro das Infraestruturas disse esperar que a “líder do BE também esteja empenhada” no sucesso da reestruturação da transportadora aérea portuguesa e criticou Catarina Martins por querer “desrespeitar contratos”.

Segundo o ministro, “os contratos são todos para respeitar”, sejam referentes aos trabalhadores ou à administração. “Penso que a líder do BE está enganada e mostra desconhecer por completo a situação da TAP. A TAP está numa situação económica difícil e houve um acordo de emergência assinado por todos os sindicatos. Repito: por todos os sindicatos“, insistiu.

João Galamba defendeu que a alternativa à reestruturação da companhia, que está a atravessar uma “situação complicada”, seria a “falência e o desaparecimento” da TAP. “Pelos vistos, a líder do BE quer desrespeitar alguns contratos mas os contratos são todos para respeitar. Todos. Os dos trabalhadores e o da administração“, vincou.

E acrescentou: “Neste momento estão todos os contratos a ser respeitados e não nos podemos esquecer que os sindicatos acordaram com todos os cortes que hoje existem”.

O governante prometeu que o governo e a administração da TAP estão a “trabalhar” para que o plano de reestruturação da companhia aérea “corra bem”. “Dado o volume de fundos que foi injetado na TAP, é do interesse de todos os portugueses e penso que devia ser de todos os lideres partidários que este plano corra bem. Se correr bem, são seguramente boas notícias para os portugueses que fizeram um esforço muito grande”, realçou.

Na quinta-feira, o Jornal Económico e a CNN Portugal revelaram que, no momento em que foi contratada, a CEO da companhia aérea, Christine Ourmières-Widene, definiu condições para que pudesse obter um bónus de três milhões de euros.

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Parlamento francês debate reforma das pensões em clima de tensão social

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2023

Em causa está a proposta do aumento previsto da idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos, para 67 a máxima, ou que obrigue a 43 anos de descontos para receber a reforma sem penalizações.

O projeto de reforma do sistema de pensões do presidente francês Emmanuel Macron chega esta segunda-feira à Assembleia Nacional num contexto de tensão social, com dois novos dias de mobilização sindical no horizonte.

O executivo francês deverá procurar nas câmaras a maioria para que o partido de Emmanuel Macron não recorra ao Artigo que permite ao governo fazer passar uma proposta sem a aprovação da Assembleia Nacional, explica a EFE.

Em causa está a proposta do aumento previsto da idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos, para 67 a máxima, ou que obrigue a 43 anos de descontos para receber a reforma sem penalizações, com o argumento de que é a forma mais justa de preservar um sistema condenado a um défice endémico.

Os “macronistas” vão procurar o apoio dos conservadores tradicionais, que são favoráveis à prolongamento do tempo das carreiras, mas cautelosos com o clima de hostilidade à reforma gerado nas últimas semanas.

Embora o ex-presidente Nicolas Sarkozy, ainda muito influente na direita francesa, tenha sido favorável à reforma de Macron, os deputados preferem resguardar-se para que uma eventual negociação que não os dilua.

Um cenário que Mácron não está a conseguir alcançar com os outros dois grandes grupos da Assembleia, a esquerda, que contra-atacou com 20 mil emendas à proposta, e a extrema-direita, que espera capitalizar o descontentamento nas ruas.

Paralelamente ao debate político, Emmanuel Macron continua a enfrentar uma forte contestação social contra a proposta, que restabeleceu a unidade dos principais sindicatos do país — que havia diminuído nos últimos anos — e devolveu às ruas de Paris as imagens de grandes manifestações.

Após dois dias de greve geral nas últimas duas semanas, os sindicatos convocaram mais uma para esta terça-feira, à qual se juntará um novo dia de protestos no próximo sábado.

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, que se tornou o rosto da reforma garante que trabalhar mais é “essencial” para preservar o atual sistema. Numa entrevista ao semanário Le Journal du Dimanche, divulgada este domingo, a governante sinalizou aceitar uma emenda dos conservadores para antecipar para 63 anos a reforma dos trabalhadores que começaram a trabalhar aos 21 anos ou menos.

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