Formadores do IEFP protestam para exigir integração nos quadros

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

Em causa estão 218 formadores do IEFP que obtiveram parecer favorável da comissão e avaliação bipartida no âmbito do Prevpap, em 2018, mas que não foram integrados nos quadros.

Cerca de uma dezena de formadores do IEFP com contrato a termo protestaram esta segunda-feira frente ao Ministério do Trabalho, em Lisboa, exigindo a integração nos quadros, na sequência de parecer favorável no programa extraordinário de vínculos precários (Prevap).

Uma delegação de oito trabalhadores, representantes de cerca de 200 que estão na mesma situação, realizaram uma ação de luta simbólica junto à porta do ministério, onde entregaram uma carta dirigida à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a pedir que Ana Mendes Godinho abra um novo concurso para admissão dos trabalhadores em regime de contrato por tempo indeterminado.

Em causa estão 218 formadores do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) que obtiveram parecer favorável da comissão e avaliação bipartida no âmbito do Prevpap, em 2018, mas que não foram integrados nos quadros, ao contrário de cerca de 500 colegas que viram o seu vínculo reconhecido.

Em 2021, estes trabalhadores deixaram de ser recibos verdes e passaram então a ter contratos a termo resolutivo incerto, na carreira de técnico superior, mantendo-se, segundo alegam, em situação precária. João Machado, que esteve entre os que participaram na ação de protesto em frente ao Ministério do Trabalho, contou aos jornalistas que exerce “funções permanentes” e “com horário exclusivo” no IEFP desde 2016, embora tenha estado no instituto a recibos verdes até dezembro de 2021, tendo nessa altura passado a contrato a termo incerto.

O que reivindicamos é um contrato igual ao dos nossos colegas que exercem exatamente as mesmas funções”, afirmou João Machado, indicando que o contrato a termo não dá garantia de estabilidade, nem de progressão na carreira. Também Ana Barbosa, que entrou no ministério para entregar a carta “a um representante da ministra” disse que trabalha “de forma regular e permanente” no IEFP desde 2013.

“O que nos ofereceram foi um contrato a termo resolutivo incerto, que não corresponde à verdade. Ou seja, a sustentação daquele contrato é que é para fazer face a um excesso de atividade, e nós sabemos que isso é mentira“, sublinhou a trabalhadora. A deputada do BE Isabel Pires esteve presente no protesto e sublinhou que o seu partido vai continuar “a acompanhar a luta destes trabalhadores” defendendo que “o exemplo tem de ser dado pelo Estado”.

Isabel Pires lembrou que na semana passada o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, foi ouvido no parlamento sobre o assunto, a pedido do BE, mas considerou que as respostas do governante “não foram satisfatórias”. “Continua a haver uma insistência e uma divergência do que são necessidades permanentes”, disse a deputada.

“Aquilo que nós consideramos é que, tendo existido esse reconhecimento cabal por parte da comissão que fez a avaliação durante o Prevpap, então tem de haver uma consequência e a consequência é o contrato de trabalho que foi dado a cerca de 500 pessoas nessa altura”, afirmou Isabel Pires.

No dia 15 de fevereiro, no parlamento, o secretário de Estado do Trabalho rejeitou que haja precariedade no IEFP, indicando que os formadores que não foram integrados no âmbito do programa extraordinário dos vínculos precários do Estado (PREVPAP) não exerciam funções permanentes.

“Não há precariedade” no IEFP, afirmou o secretário de Estado em resposta aos deputados, indicando que no processo de regularização dos vínculos precários, dos 1.199 formadores que obtiveram parecer favorável pelas comissões de avaliação, nem todos exerciam funções permanentes, pelo que não foram integrados nos quadros do instituto.

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ASAE instaura 16 processos e apreende 523 artigos no âmbito do Carnaval

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

“Operação Entrudo” teve como principal objetivo a verificação da conformidade da legislação de segurança geral de produtos colocados no mercado.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou uma operação direcionada ao Carnaval, de norte a sul do país, em que foram fiscalizados 174 operadores económicos, instaurados 16 processos contraordenacionais e apreendidos 523 artigos, revelou a entidade.

“Foram apreendidos 523 artigos de Carnaval (brinquedos, vestuário, entre outros), por falta de cumprimento de requisitos legais e de segurança, no valor estimado de 9.252 euros”, informou a ASAE, em comunicado, referindo-se ao balanço da “Operação Entrudo”.

Esta operação de fiscalização relativa ao Carnaval, época festiva do ano tradicionalmente associada à comercialização de disfarces e acessórios que se destinam a ser utilizados para fins lúdicos, foi realizada “nos últimos dias”, de norte a sul do país, pelas Unidades Regionais da ASAE.

A “Operação Entrudo” teve como principal objetivo a verificação da conformidade da legislação de segurança geral de produtos colocados no mercado, indicou esta autoridade, referindo que essa fiscalização permite garantir a proteção da saúde e segurança física no âmbito dos direitos dos consumidores.

“Como balanço, foram fiscalizados 174 operadores económicos e instaurados 16 processos contraordenacionais, destacando-se como principais infrações o incumprimento dos deveres dos distribuidores, a falta da marcação CE, incumprimentos relativos ao livro de reclamações, entre outras”, apontou a ASAE, sem avançar com informação mais detalhada, inclusive os concelhos onde decorreram as ações de fiscalização.

No âmbito das suas competências, a ASAE reforçou que continuará a desenvolver ações de fiscalização em todo o território nacional, em prol de uma sã e leal concorrência entre operadores económicos, na salvaguarda da segurança alimentar e saúde pública dos consumidores.

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Guerra na Ucrânia vai custar 160 mil milhões de euros à Alemanha até ao fim do ano

  • Mariana Marques Tiago
  • 20 Fevereiro 2023

Até ao final de 2023, a Alemanha irá perder 160 mil milhões devido à invasão russa da Ucrânia. O PIB per capita da maior economia europeia vai ficar 2.000 euros abaixo do inicialmente previsto.

A invasão russa da Ucrânia deverá custar à economia alemã cerca de 160 mil milhões de euros até ao final do ano. A indústria deverá ter gastos energéticos 40% superiores aos de 2021.

O líder da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio, Peter Adrian, adiantou ao Rheinische Post, citado pela Reuters, que esta previsão fará com que o PIB per capita da maior economia europeia fique 2.000 euros abaixo do inicialmente previsto.

O setor da indústria é a base de grande parte da economia alemã e foi fortemente impactado pelo aumento dos preços da energia, que bateram recordes no último ano. Este ano, a indústria alemã deverá ter um gasto 40% maior em energia do que em 2021. Por isso mesmo, “as perspetivas de crescimento para 2023 e 2024 também são mais baixas do que em muitos outros países”, continuou.

Atualmente, exemplificou Peter Adrian, face a França, a eletricidade alemã apresenta-se quatro vezes mais cara.

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Proprietários de alojamento local preparam protesto para 1 de março em Lisboa

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

"É mesmo o fim do alojamento local. Portanto, chegou a altura em que deixamos de acreditar que o Estado é uma pessoa de bem e decidimos sair pela primeira vez à rua”, diz impulsionadora do protesto.

Proprietários de alojamento local estão a organizar um protesto no dia 1 de março contra as medidas anunciadas pelo Governo para o setor para fazer face à crise da habitação, disse esta segunda-feira à agência Lusa a organização da iniciativa. A ação está a ser convocada através das redes sociais e indica a intenção de realizar uma concentração no dia 1 de março, pelas 15:00, na entrada principal da Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde irá estar a decorrer o arranque da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).

Em declarações à agência Lusa, Carla Reis, proprietária de alojamento local e a impulsionadora do protesto, explicou que a escolha da data “foi simbólica” e que pretende chamar a atenção do Governo para as consequências negativas das medidas que estão a ser propostas.

Em causa está o programa Mais Habitação, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros, que prevê que as emissões de novas licenças de alojamento local sejam “proibidas”, com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde poderão dinamizar a economia local. Além disso, as atuais licenças de alojamento local “serão sujeitas a reavaliação em 2030” e, depois dessa data, periodicamente, de cinco em cinco anos.

Os imóveis que se mantenham no alojamento local vão ter de pagar uma contribuição especial, sendo a receita consignada ao IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) para financiar políticas de habitação. “São propostas que vaticinam o fim do alojamento local. Nem sequer é do alojamento local como nós o conhecemos. É mesmo o fim do alojamento local. Portanto, chegou a altura em que deixamos de acreditar que o Estado é uma pessoa de bem e decidimos sair pela primeira vez à rua”, justificou Carla Reis.

A empresária referiu que os proprietários de alojamento local “estão muito magoados com o primeiro-ministro” e recusam a “diabolização que está a ser feita ao setor”. “O que pretendemos [com o protesto] é que vejam quem nós somos, as nossas caras. Contrariar aquela narrativa das pessoas que expulsam os velhinhos, das pessoas ricas, das pessoas que vivem sentadas à espera que cheguem os rendimentos. Somos todos o oposto disso”, apontou.

Nesse sentido, e reconhecendo a existência de um problema com a habitação, Carla Reis considerou que persistir no “ataque ao alojamento local ” só vai servir para “colocar na miséria mais famílias”, que dependem diretamente e indiretamente do setor. “O problema não é só nós. São todas as famílias que trabalham à volta do alojamento local. As limpezas, os contabilistas, os fotógrafos, o canalizador, o senhor dos estores. Portanto, todas as pessoas que hoje em dia é difícil conseguir que elas façam trabalho para nós porque têm a agenda cheia”, apontou.

Questionada sobre a expectativa para o protesto, Carla Reis perspetivou “uma grande adesão”, com proprietários de alojamento local de todo o país. “Estamos muito confiantes. O setor nunca saiu à rua e, neste momento, está-se a sentir muito acossado e muito motivado. Já há pessoas no Porto a gerir a questão dos transportes, pessoas no Algarve a combinar entre elas como vir de comboio. Portanto, a minha expectativa é boa”, contou.

Através do programa Mais Habitação, o Estado pretende cativar os senhorios para transferirem os imóveis que têm em alojamento local para habitação. Os proprietários que retirem as suas casas do alojamento local até ao final de 2024 e as coloquem no mercado de arrendamento habitacional vão ter isenção de IRS sobre as rendas até 2030.

Segundo o Governo, para beneficiarem de isenção de IRS sobre as rendas, os donos das casas no alojamento local terão de colocá-las no mercado de arrendamento entre fevereiro de 2023 e até ao final de 2024. O programa Mais Habitação estará em discussão pública durante um mês. As propostas voltarão a Conselho de Ministros para aprovação final, em 16 de março, e depois algumas medidas ainda terão de passar pela Assembleia da República.

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UMinho atribui Prémio de Mérito Científico a António Salgado

A distinção é atribuída anualmente a investigadores da UMinho que se destaquem pela sua atividade de excelência.

A Universidade do Minho entregou o Prémio de Mérito Científico 2023 a António Salgado, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina. A distinção é atribuída anualmente a investigadores da UMinho que se destaquem pela sua atividade de excelência.

“É sempre muito importante ter o reconhecimento da instituição para a qual trabalho. É grande a honra de fazer agora parte de uma lista de premiados onde encontramos dos melhores cientistas da UMinho, inclusive dois meus antigos orientadores”, comenta António Salgado.

“Sendo a primeira vez que este prémio é atribuído a alguém que está na carreira de investigador, acaba por ser testemunho da qualidade do trabalho que os investigadores realizam dentro da universidade”, acrescenta, citado em comunicado.

Bracarense de 45 anos, António Salgado é licenciado em Biologia Aplicada, doutorado em Ciência e Tecnologia de Materiais – Engenharia de Tecidos e Materiais Híbridos, e agregado em Ciências da Saúde. É investigador coordenador e vice-presidente para a Investigação na Escola de Medicina da UMinho, liderando a equipa temática ReNEU no ICVS. Centra a investigação no desenvolvimento de estratégias terapêuticas em medicina regenerativa do sistema nervoso central através da utilização do secretoma de células estaminais.

O premiado é ainda autor de mais de 145 artigos científicos, 20 capítulos de livros e duas patentes, tendo editado também um livro. Foi incluído no ranking de Stanford/Elsevier, que reúne o top 2% de cientistas a nível mundial. É também presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapias Celulares.

Ao longo da carreira, António Salgado teve várias distinções, como o Prémio Gulbenkian Investigação na Fronteira das Ciências da Vida e o Prémio de Investigação Melo e Castro, atribuído pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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EMEL compra 500 bicicletas elétricas para rede Gira

Empresa municipal abre concurso público para reforçar atual frota por mais de quatro milhões de euros.

A EMEL abriu um concurso público para reforçar a frota da rede de bicicletas partilhadas Gira. O preço-base deste concurso é de 4.331.250 euros e as propostas têm de ser entregues até meados de março. Para já, a empresa municipal que gere a mobilidade em Lisboa pretende comprar 500 novas unidades totalmente elétricas, mas o número poderá aumentar conforme as necessidades.

“O lançamento do concurso tem em vista a aquisição de bicicletas elétricas, para já, cerca de 500, para complemento da frota existente, bem como a substituição de algumas mais antigas”, refere ao ECO fonte oficial da empresa municipal. Atualmente, a rede Gira conta com um total de 1.168 unidades, que apenas podem ser deixadas nas docas de 139 estações ativas dentro do concelho da capital, segundo dados da base de dados Ciclovias.pt.

As novas bicicletas têm de pesar, no máximo, 30 quilos, e terão de ter um motor com potência máxima de 250 watts. As características técnicas são semelhantes às das atuais unidades, que foram fabricadas, na sua maioria, pela entretanto falida empresa portuguesa Órbita. Isto pressupõe que as novas bicicletas tenham de ter, por exemplo, um suporte para transportar objetos com até seis quilos.

Com uma ponderação de 60%, o preço será o fator decisivo para escolher o vencedor deste concurso. A experiência de utilização da bicicleta terá um peso de 20%; haverá ainda 15% para os componentes funcionais da bicicleta (como travões e mudanças) e 5% para o desenho do veículo de duas rodas.

O caderno de encargos aponta para a entrega das primeiras 400 das 500 novas bicicletas no prazo de cinco meses (150 dias) a contar da data do visto do Tribunal de Contas. No entanto, a empresa adianta que “os prazos de entrega serão ajustados ao longo da execução do contrato, mediante as necessidades de cada momento”.

O lançamento do concurso para compra de novas bicicletas ocorre a poucas semanas da inclusão das bicicletas da rede Gira no passe de transportes Navegante para os estudantes até aos 23 anos e as pessoas com mais de 65 anos. A EMEL também prevê a “expansão das atuais estações” da rede e ainda a “duplicação da frota disponível”. Pelo menos a primeira pedalada já foi dada com a abertura deste concurso.

O aumento do número de bicicletas também será feito através da reparação e eletrificação de 400 unidades atualmente sem assistência elétrica, segundo informação adiantada em dezembro pelo portal Lisboa para Pessoas (acesso livre). Está ainda prevista a compra de mais 1.500 ao longo dos próximos anos, segundo o Plano de Atividades e Orçamento 2023-2026.

(Notícia atualizada às 21h20 de 21/02/2023 com mais detalhes sobre aquisições de bicicletas)

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Novas sanções à Rússia avançam esta semana. Diamantes incluídos no pacote e nuclear continua de fora

  • Mariana Marques Tiago
  • 20 Fevereiro 2023

O 10.º pacote de sanções da UE à Rússia será aprovado "de certeza" esta semana, diz Gomes Cravinho. Estão previstas sanções a mais pessoas e contra os diamantes russos. Energia nuclear mantém-se fora.

A aprovação e divulgação do décimo pacote de sanções da União Europeia à Rússia vai avançar ainda esta semana, quando faz um ano da invasão russa da Ucrânia. Segundo João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, neste novo acordo político – que ainda tem arestas por limar – estão previstas sanções a mais indivíduos e sanções contra os diamantes russos. As sanções contra a energia nuclear vão manter-se, por agora, fora do foco.

Já “há um acordo político e esta semana haverá o décimo pacote de sanções”, garantiu o ministro. A aprovação do novo pacote acontecerá “nos próximos dias ou horas” e, seguramente, “antes do dia 24 de fevereiro”, completou o Alto Comissário da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.

Segundo o ministro português, o pacote “vai incluir [sanções a] uma centena de novos indivíduos ou entidades e também a proibição de exportações (provavelmente no valor de cerca de 11 mil milhões de euros) de peças e equipamentos que, indiretamente, contribuem para o esforço militar russo”. Além disso, serão ainda “sancionadas sete entidades iranianas relacionadas com o fabrico de drones que depois são enviados para a Rússia”.

Questionado pelos jornalistas, Gomes Cravinho adiantou que as sanções à energia nuclear não vão fazer parte das medidas no novo pacote. “Neste momento a questão da energia nuclear não está incluída, mas é um tema que está em aberto para o futuro. Neste momento o enfoque não está no nuclear”.

Por outro lado, o mesmo não acontece com os diamantes russos, que estarão contemplados na lista de sanções. “Neste décimo pacote há ainda muitos aspetos por definir, mas não há razão para excluirmos os diamantes“, disse.

Segundo o ministro, na reunião que decorreu em Bruxelas – onde se juntaram os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE – discutiram-se, além do novo pacote de sanções, temas como: a criação de mecanismos para a responsabilização da Rússia, a aprovação de um novo pacote de sanções contra o Irão a propósito da violação de direitos humanos, a situação da pressão russa exercida sobre a Moldova, a possibilidade de aquisição conjunta de armamento e munição para a Ucrânia e o processo de ajuda humanitária para as mulheres do Afeganistão.

Munições que os países têm em stock serão partilhadas

Borrell, que também fez um ponto de situação aos jornalistas, explorou a questão da aquisição conjunta de armamento e munição. “O exército da Ucrânia precisa urgentemente de mais munições para poder reagir à agressão. Uma arma não vale nada sem balas, temos de fazer chegar estas munições rapidamente“.

Segundo o Alto Comissário da UE para os Negócios Estrangeiros, serão apresentadas propostas concretas em março, sendo que é necessário criar “procedimentos para aumentar a capacidade da indústria europeia para produzir mais munições mais rapidamente”. Uma das melhores formas de o fazer, adiantou, “é partilhar os stocks de munições que já existem nos stocks europeus… A preocupação mais importante, neste momento, é trabalhar numa escala temporal de semanas, o que significa usar aquilo que já temos disponível [nos stocks] e depois produzir mais para colmatar as lacunas“.

A prioridade “tem de ser dada ao abastecimento do exército ucraniano”, justificou Josep Borrell.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h47)

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Habitação: Rui Moreira fala em medidas de “pulsão bolivariana autodestrutiva”

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

"Eis que o Governo, sem ouvir as autarquias, decidiu avocar, por confisco, a política de habitação”, disse o autarca portuense, numa critica feroz ao pacote apresentado pelo executivo.

O presidente da Câmara do Porto criticou esta segunda-feira o Governo por não ter ouvido as autarquias na elaboração das medidas do pacote de habitação, considerando haver neste uma “pulsão bolivariana autodestrutiva perfumada com um voluntarismo liberal de caráter fiscal”.

“Ao fim de sete anos de inação, de propostas vãs, de promessas nunca concretizadas, de medidas legislativas inócuas, eis que o Governo, sem ouvir as autarquias, decidiu avocar, por confisco, a política de habitação”, referiu o independente Rui Moreira, em comunicado enviado às redações.

O autarca referiu que, depois de o Governo de António Costa ter obrigado os municípios a assumirem tarefas mal pagas em áreas em que há pouca experiência a nível autárquico, optou agora por “estatizar todas as políticas na área da habitação, precisamente a política pública em que os municípios têm uma intervenção histórica”.

Retirando aos municípios os instrumentos de regulação que estes vinham assumindo, sobrepondo-se ao Plano Diretor Municipal (PDM), “o Governo passa a tudo definir sem qualquer auscultação”, entendeu. “E como é tradição nos modelos centralistas fá-lo beneficiando os municípios que nada fizeram em matéria de habitação e penalizando aqueles, como o Porto, desde há décadas têm uma política que, no caso desta cidade, permite ter proporcionalmente o maior parque de habitação pública”, frisou.

Sem querer avaliar cada uma das medidas, Rui Moreira disse não ter dúvidas de que “o todo falhará”. Na sua opinião, medidas como a extinção de uma atividade económica “tão relevante” como o Alojamento Local (AL), o arrendamento forçado de propriedade privada e o congelamento das rendas em novos contratos “minam o fator-chave essencial” na relação público-privada que é a confiança.

“Esse é mesmo o efeito negativo irreversível que este plano já criou: amedrontou e retirou confiança ao mercado privado que representa a esmagadora proporção do investimento em habitação”, acrescentou. O independente vincou que se o Governo entende que uma “salada de frutas de medidas avulsas” resolve o problema da habitação então deve ser consequente e confiscar o parque habitacional dos municípios, assumindo a sua gestão.

O presidente da câmara ressalvou que não deixará de participar na discussão pública que o Governo anuncia, mas antes irá envolver e auscultar a sociedade civil, convocando os conselhos municipais de Economia e de Turismo. “Com esta nova veia intervencionista, a obsessão centralista exigiria pelo menos coerência. Uma coerência quiçá inatingível quando há uma pulsão bolivariana autodestrutiva, perfumada com um voluntarismo liberal de caráter fiscal”, concluiu.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro apresentou um pacote de medidas, estimado em 900 milhões de euros, para responder à crise da habitação em Portugal com cinco eixos: aumentar a oferta de imóveis utilizados para fins de habitação, simplificar os processos de licenciamento, aumentar o número de casas no mercado de arrendamento, combater a especulação e proteger as famílias.

O programa Mais Habitação foi aprovado em Conselho de Ministros e ficará em discussão pública durante um mês. As propostas voltarão a Conselho de Ministros para aprovação final, em 16 de março, e depois algumas medidas ainda terão de passar pela Assembleia da República.

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APEMIP diz ser um “disparate” acabar com vistos gold

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

A associação avisa que a "pressa é má conselheira", mas elogia o anúncio das medidas que visam agilizar os processo de licenciamento.

A associação dos profissionais e empresas de mediação imobiliária considerou esta segunda-feira ser um “disparate” acabar com os vistos gold e criticou o arrendamento forçado de casas devolutas, mas saudou a desburocratização dos licenciamentos no pacote sobre habitação.

Em comunicado, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) refere que as medidas que integram o pacote “Mais habitação” aprovado na semana passada pelo Conselho de Ministros, dão “uma no cravo” e “outra na ferradura”, avisando que a “pressa é má conselheira” num tema tão transversal como a habitação.

Reconhecendo que não se poderia esperar que as medidas anunciadas “fossem totalmente indulgentes” e não suscitassem “crítica e controvérsia”, a APEMIP destaca as que lhe merecem crítica e as que considera serem uma boa resposta ao problema da habitação.

A APEMIP saúda, assim, o anúncio das medidas que visam agilizar os processo de licenciamento, sublinhando que, “além da celeridade e da responsabilização dos profissionais envolvidos”, é igualmente necessária uma uniformização de processos, “para que os métodos e as metodologias não variem de concelho para concelho”. Bem recebidas pela associação presidida por Paulo Caiado estão ainda as medidas que visam apoiar as famílias com crédito à habitação, procurando atenuar o impacto da subida das taxas de juro.

A possibilidade de os terrenos ou imóveis autorizados para comércio e serviços poderem ser utilizados para habitação sem alteração dos planos de ordenamento território é igualmente saudada pela APEMIP que acentua, contudo, não ter ficado claro se a concretização da medida implica ou não a alteração dos Planos Diretores Municipais (PDM). Para a APEMIP, o “Mais habitação” contempla também várias medidas das quais discorda, sendo este o caso do fim dos chamados vistos gold ou do arrendamento compulsivo das casas devolutas.

“Achamos um disparate acabar com os vistos gold“, refere em comunicado, considerando que estes “não têm absolutamente nada a ver” com as necessidades habitacionais dos portugueses e recomendado um maior escrutínio dos candidatos. No mesmo sentido, a APEMIP afirma rejeitar “totalmente a forma como o Governo pretende intervir na resolução dos ‘devolutos'”, defendendo que “medidas coercivas e de ‘posse administrativa’ nada resolvem e provocam o caos e a instabilidade no mercado, retirando confiança aos proprietários”.

Assim, antes de intervirem, o Estado e as autarquias “deviam promover um inquérito célere e eficaz aos proprietários para indagar das razões de os seus fogos estarem devolutos”. A APEMIP afirma ainda “repudiar em absoluto” as medidas dirigidas ao alojamento local, sublinhando o papel que este teve na reabilitação das cidades e como fonte de rendimento para muitas pessoas.

Entre as medidas que integram o “Mais habitação” está a criação de uma taxa extraordinária para casas que se mantenham no alojamento local, sendo que as que deixem de estar ao serviço desta atividade e passem para o mercado de arrendamento habitacional até ao final de 2024 beneficiam de isenção sobre o rendimento das rendas.

O pacote de medidas aprovado pelo Governo na passada quinta-feira vai ficar em consulta pública durante cerca de 30 dias, votando ao Conselho de Ministros em 16 de março, data em que algumas das medidas serão aprovadas e outras agrupadas numa proposta a enviar à Assembleia da República.

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Microsoft Portugal abre portas do escritório às comunidades de startups e empreendedores

A tecnológica vai juntar mais de 60 fundadores de startups e empreendedores para promover a partilha de experiências. A atividade acontece já esta quinta-feira.

A Microsoft Portugal vai juntar, esta quinta-feira, mais de 60 fundadores de startups e empreendedores nos seus escritórios do Parque das Nações, em Lisboa. A iniciativa tem como objetivo promover a partilha de experiências entre os participantes e colaboradores da tecnológica. As inscrições abrem às 13h desta segunda-feira, com vagas limitadas.

“Queremos que a Microsoft continue a ser um parceiro e um veículo de inovação no ecossistema de startups. Para que isto se concretize, estamos a apoiar a comunidade empreendedora de diversas formas – desde programas de incubação e aceleração, promoção de oportunidades em eventos com speakers e mentoria, até à disponibilização dos nossos escritórios. Iniciativas como ‘Coworking Thursdays’ alinham perfeitamente na fórmula que temos em prática e no dinamismo que queremos promover para ajudar as empresas a crescer”, explica Francisco España, diretor executivo de startups e nativos digitais da Microsoft Portugal, em comunicado.

A atividade decorre no âmbito das “Coworking Thursdays”, uma iniciativa da 351 Associação Portuguesa de Startups, Made of Lisboa, alphaCoimba, Acredita Portugal, CMX Connect Portugal, Grow Remote, Croissant, CreativeMornings Lisbon, Startup Grind Lisbon, Lisbon Digital Nomads e Nomadx, dirigida a trabalhadores remotos e nómadas digitais que procurem um espaço de cowork.

Desde 2018 que a Microsoft tem ajudado a impulsionar o ecossistema de empreendedorismo a nível global, através do “Microsoft for Startups”. A iniciativa, que possibilita a aceleração de milhares de startups tecnológicas, alavancando uma rede de parceiros global, está, atualmente, presente em 140 países, incluindo Portugal.

Só entre 2020 e 2022, no âmbito do Memorando de Entendimento estabelecido com o Governo português, a Microsoft implementou dois programas de aceleração comercial (“Fintech 365” e “Portugal SES”) que geraram 11 oportunidades de negócio entre clientes e startups nacionais e internacionais. Já a iniciativa “Portugal de Startup em Startup”, em parceria com Startup Portugal e Beta-i, já representou um investimento de mais de 750 mil dólares em Créditos Azure.

Lançado em março de 2022, o Microsoft for Startups Founders Hub é um programa que visa apoiar startups através de recursos técnicos e comerciais que ajudem a acelerar a sua expansão sustentável. Atualmente, mais de 150 startups portuguesas já integram este programa.

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Juristas dizem que arrendamento coercivo é inconstitucional

Os constitucionalistas contactados pela Advocatus consideram que a "posse administrativa" do Estado de imóveis privados é uma "restrição ao direito de propriedade" e "claramente inconstitucional".

O Governo quer obrigar os proprietários de casas devolutas a colocarem-nas no mercado de arrendamento. Para isso, o Estado pretende tomar “posse administrativa” de imóveis privados e, caso necessário, proceder a obras de forma a garantir que fiquem habitáveis. Uma medida — incluída no pacote relativo à Habitação, apresentado na semana passada pelo Governo – que os constitucionalistas contactados pelo ECO Advocatus consideram ser inconstitucional. Ainda assim, o primeiro-ministro António Costa acredita que esta medida não vai contra a Constituição da República Portuguesa (CRP).

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, existem cerca de 730 mil casas devolutas em Portugal, mas a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, recusou fixar uma meta de redução deste número através da obrigatoriedade de arrendamento do património devoluto por entidades públicas, com o respetivo pagamento de renda, para posterior subarrendamento.

Mas o que é, afinal, uma casa devoluta? Segundo a Lei de Bases da Habitação, toda a habitação que “se encontre, injustificada e continuadamente, durante o prazo definido na lei, sem uso habitacional efetivo, por motivo imputável ao proprietário, é considerada devoluta”. A lei refere que não são consideradas devolutas as segundas habitações, as habitações de emigrantes e as habitações de pessoas deslocadas por razões profissionais ou de saúde. Entre os motivos justificados para o não uso efetivo da habitação está a realização de obras devidamente autorizadas ou comunicadas, durante os prazos para elas definidos, ou a pendência de ações judiciais que impeçam esse uso.

Os juristas contactados pelo ECO Advocatus consideram que esta medida é uma “restrição ao direito de propriedade”, “claramente inconstitucional” e está a “gerar o pânico”.

Vital Moreira defende que discorda “com quem entende que se trata de uma medida equiparada à expropriação (e, logo, inconstitucional à partida, por falta de previsão na CRP), nem com quem defende, inversamente, que não há nenhum problema, em virtude da função social da propriedade”, segundo explicou no seu blogue.

O constitucionalista acrescenta que não tem “dúvidas de que, embora os direitos sociais sejam exigíveis apenas ao Estado (em sentido amplo) e não aos proprietários privados, a sua realização por aquele pode, porém, justificar a restrição de direitos, liberdades e garantias de terceiros, como é o direito de propriedade e a liberdade contratual. Ponto é que se preencham os requisitos constitucionais da necessidade e da proporcionalidade das restrições em causa. Ora, o que pode justamente questionar-se é saber se o mesmo objetivo, ou seja, a mobilização de habitações devolutas para o mercado de arrendamento não poderia ser atingido por meios menos lesivos dos referidos direitos do que o arrendamento compulsivo ao Estado, designadamente através da penalização fiscal dessas situações e de incentivos fiscais ao arrendamento. Tendo a pensar que sim”.

Considera ainda que esta medida “é um erro político“. Por um lado, “os custos da sua implementação – dificuldades práticas de aplicação e, previsivelmente, um elevado contencioso entre proprietários e Estado – podem vir a superar as suas discutíveis vantagens. Por outro lado, sendo a falta de confiança no Estado por parte de investidores e proprietários um dos principais fatores do défice de construção e de oferta no mercado de arrendamento, uma medida tão intrusiva e tão “ideológica” como esta só pode agravar essa desconfiança. Desde há muito se sabe que a insegurança e a imprevisibilidade quanto aos direitos de propriedade são fatais para o investimento”.

Em declarações à Advocatus, o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia defende que “o arrendamento coercivo é uma violação do núcleo essencial da propriedade, porque corta a possibilidade de dispor e administrar o bem. Há uma função social da propriedade, mas esta medida não apenas limita, mas na prática elimina, o direito. Considero que arrendamentos coercivos só em estado de exceção. A via para desincentivar casas devolutas só pode ser pela tributação; ou o Estado quer arrendá-las com a possibilidade de subarrendamento a preços do mercado e para isso não precisa de lei; basta pôr anúncio no jornal.”

“Esta medida é completamente arbitrária e desproporcional”, afirma Jorge Bacelar Gouveia. “Apesar da propriedade privada ter também o que chama de função social”, o constitucionalista sublinha que não estão em causa situações de “exceção” que obriguem a uma intervenção administrativa, como, por exemplo, “para alojar desalojados, vítimas de um sismo, ou face a uma crise económica grave. “O direito à propriedade privada está previsto na Constituição, no artigo 62.º da lei fundamental, sendo por isso inconstitucional.”

O professor catedrático e constitucionalista Paulo Otero, em declarações à Advocatus, defende que “a obrigação de colocar casas no mercado habitacional só pode ser incentivada pelo Estado, por exemplo, através de medidas de índole fiscal, atendendo à função social da propriedade privada. Não pode, porém, ser objeto de arrendamento coercivo ou forçado. A Constituição apenas admite isso face a meios de produção ao abandono”, diz.

O jurista considera ainda que “não se mostra possível, por isso, a posse administrativa, situação que traduziria materialmente um ato análogo a uma expropriação, se tiver uma justa indemnização paga pelo Estado. Ou, na sua falta, um confisco. Hipótese, esta última, vedada pela Constituição. Já obras coercivas só serão admissíveis por razões de interesse público, por exemplo, segurança pública ou pessoal de moradores. Nunca com o propósito de colocar depois o imóvel no mercado de arrendamento”, concluiu.

José Moreira da Silva, sócio da SRS Legal, explica que esta “imposição” do Governo tem de passar primeiro pela Assembleia da República e que é uma restrição ao direito de propriedade. “Resta saber se não é desproporcional, ou seja se a medida é necessária e não excessiva”, acrescenta.

Para o advogado, se esta medida impuser restrições ao contrato de arrendamento, ainda pode ser “mais desproporcional”. “Resta saber se não abre o direito a uma indemnização nos termos do código expropriações como qualquer outra restrição ao direito de propriedade por motivos de interesse público“, diz.

“Embora até se possa defender que não se está perante a expropriação/nacionalização de imóveis, pois estes permanecem na esfera patrimonial do seu proprietário, não poderemos ignorar que estas medidas pecam por inconstitucionalidade, pois, desde já, estamos perante uma violação a um direito constitucional – o direito à propriedade privada”, defende o advogado Dantas Rodrigues.

Porém, o advogado considera ainda que não se pode menosprezar que o direito à habitação tenha a mesma consagração e a “mesma dignidade” constitucional, nos termos do artigo 65.º, nº 1, da CRP: “Ora, poderia, por exemplo, o Estado promover a compra dos imóveis devolutos e negociar preços com os proprietários, desde logo, com a finalidade de colocar esses imóveis no mercado de arrendamento; poderia o Estado promover a construção de habitação económica e social e estimular a construção privada com a finalidade de garantir o acesso à habitação”, diz o advogado, falando em alternativas que poderiam ter sido seguidas pelo Governo.

Jane Kirkby, advogada e sócia da Antas da Cunha ECIJA, defende que “sem conhecer a legislação que vai regulamentar a medida do Governo, é impossível afirmar com rigor a sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade. Certo é que o direito à propriedade privada admite limitações, como é o caso da requisição ou da expropriação por utilidade pública. Assim, o juízo de constitucionalidade do diploma legal que regulamentará a medida, passará pela ponderação, perante o que é um manifesto conflito entre dois direitos constitucionalmente consagrados – o direito à propriedade privada e o direito à habitação – da proporcionalidade, racionalidade e adequabilidade da limitação que é introduzida ao direito à propriedade privada em benefício do direito à habitação. É, pois, muito precoce fazer qualquer juízo rigoroso sobre a constitucionalidade de uma medida que ainda nem sequer é lei”, sublinhou.

O que disseram os partidos políticos e Marcelo?

Este pacote de habitação vai ser sujeito a um processo de consulta pública e, no próximo mês, a 16 de março, serão aprovadas definitivamente as medidas no Conselho de Ministros. Mas os vários partidos políticos já começaram a criticar as propostas do Executivo de António Costa.

Questionado sobre as críticas de Carlos Moedas e de proprietários ao programa, denominado “Mais Habitação”, Marcelo Rebelo de Sousa disse entender que seja “muito tentador, no imediato, ter opinião sobre as leis”. Mas o Presidente não se quis pronunciar “sem saber o que as leis dizem exatamente”.

“O Governo e o primeiro-ministro mandaram-me as ideias, mas não mandaram as leis”, disse, acrescentando que, passado o mês em que estarão em debate público, dirá “uma a uma” com as quais concorda e discorda e “se há dúvidas de constitucionalidade ou não”.

O PSD classificou este pacote como um “modelo estatizante e abusivo”, ao impor “uma lógica pública de coerção e abuso do poder sobre os direitos e propriedade dos portugueses”. Para este partido, o programa apresentado “mostra um Governo fechado sobre si mesmo, alheado da realidade, cada vez mais próximo das posições da extrema-esquerda e que, depois de sete anos de falhanço absoluto nas políticas de habitação, entra por um caminho bastante perigoso”.

Parece regressar aos anos 70, com um ataque claro à propriedade privada, aos bens dos portugueses, com o Governo a querer impor uma lógica pública de coerção e abuso do poder sobre os direitos e propriedade dos portugueses”, acusou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento. Para os sociais-democratas, o pacote de medidas apresentadas pelo Executivo “desrespeita as câmaras municipais”.

Debate com o primeiro-ministro - 11JAN23
Debate com o primeiro-ministro na Assembleia da RepúblicaHugo Amaral/ECO

André Ventura, líder do Chega, considerou que as medidas não constituem “uma solução que efetivamente” vá apoiar os portugueses e que o Governo “optou deliberadamente por um modelo de atraso”. Ventura apontou que este programa é composto por “medidas em que a sua maioria, provavelmente cerca de 80%, não dependem da aprovação do Governo, mas dependerão da aprovação parlamentar, terão um longo período de discussão pública ou serão medidas que terão de mexer com instrumentos fiscais em vigor”.

Outro dos críticos a este conjunto de medidas foi o presidente da Iniciativa Liberal. Rui Rocha considerou que o pacote para a habitação vai determinar a “morte do arrendamento local” e é uma “agressão insustentável à propriedade privada”, acusando o Governo de ter reagido “em desespero”. Para o presidente dos liberais, vai ser feita uma “intervenção brutal no mercado habitacional, que vai ter consequências nefastas”, alertando que vai ser alterada a fisionomia das cidades com o “ataque brutal, a morte do arrendamento local”. Rui Rocha condenou a “agressão insustentável à propriedade privada”.

Apesar de defender que foi um “investimento substancial”, o PCP considerou que as medidas constituem “borlas fiscais” vantajosas para os “grandes detentores do património imobiliário”. “O que é preciso mesmo é alterar a lei do arrendamento para defender os inquilinos e conferir estabilidade às suas vidas, o que é preciso é colocar os bancos a pagar estes aumentos das taxas de juro e não acumularem lucros aos milhões com as dificuldades das famílias, o que é preciso é um investimento substancial, não em borlas fiscais, mas de facto em disponibilização de habitação para as pessoas que hoje enfrentam esta carência gritante”, defendeu o deputado Bruno Dias.

Por outro lado, a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua referiu que o pacote da habitação mostra que a “maioria absoluta desistiu do país”, criticando o “oceano de borlas fiscais” à especulação e o facto do preço das casas “continuar astronómico”. Para o BE, as medidas decididas pelo Governo não resolvem qualquer problema da habitação porque “são um prémio fiscal a quem lucrou, são uma borla fiscal à especulação e não vão baixar os preços da habitação, como aliás o primeiro-ministro tão bem admitiu”.

Para a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, são necessários “mais apoios” para a classe média no que toca à habitação e defendeu que ainda há “um caminho a fazer” nesta matéria. Inês Sousa Real salienta que este pacote “peca por tardio” e que algumas “já podiam estar em vigor se a maioria do PS não tivesse rejeitado” propostas anteriormente apresentadas no parlamento como o fim dos vistos gold.

Por fim, o deputado único do Livre, Rui Tavares, acusou o Governo de ter copiado uma proposta do partido sobre crédito à habitação, esperando que o Executivo a tenha “roubado bem”, deixando elogios e avisos. “O Governo demorou seis meses para chumbar a proposta do Livre e no dia a seguir apresentá-la. Não me importo, desde que a tenham roubado bem. Vamos verificar no detalhe se é exatamente igual ao que o Livre tinha, mas, e depois de tanta pirueta, que tenham caído do lado certo”, considerou.

Do apoio nas rendas à bonificação dos juros, estas são as medidas do Governo para a habitação

O pacote de medidas para a habitação apresentado pelo Governo tem um valor estimado de 900 milhões de euros, excluindo o custo com obras, compras ou rendas que venham a ser pagas pelo Estado, provenientes do Orçamento do Estado para 2023. Estas são as propostas:

  1. Fim da concessão de novos vistos gold – Este regime foi lançado em 2012 para atrair investimento estrangeiro e levou muitos estrangeiros a apostar no imobiliário português, principalmente em Lisboa. A proposta insere-se no pilar de combate à especulação imobiliária. Os vistos já concedidos, caso sejam investimentos em imobiliário, passam a depender de pelo menos um de dois fatores para serem renovados: por um lado, tem de ser habitação própria e permanente do proprietário ou de descendente deste; ou se for colocado no mercado de arrendamento de forma duradoura.
  2. Subarrendamento de casas de privados e pagamento de rendas em atraso De forma a aumentar o número de casas no mercado de arrendamento, o Estado vai arrendar as casas disponíveis de proprietários privados a preços de mercado, por um prazo de cinco anos, desde que as possa subarrendar. O subarrendamento será feito pelo valor correspondente a 35% da taxa de esforço do inquilino. O Governo pretende ainda introduzir uma alteração para que todos os pedidos de despejo que deem entrada no Balcão Nacional de Alojamento, após três meses de rendas em dívida, o Estado passe a substituir o inquilino no pagamento ao senhorio, para que este não seja prejudicado.
  3. Terrenos e imóveis de comércio e serviços vão poder servir para habitação – Os terrenos ou imóveis autorizados para comércio e serviços vão poder ser utilizados para construção ou convertidos em habitação sem alteração de planos de ordenamento do território ou licenças de utilização. O Governo vai também lançar dois concursos especificamente para construção modular.
  4. Limite ao aumento de rendas em novos contratos – António Costa anunciou critérios que passam a limitar a subida das rendas no caso de novos contratos de arrendamento. Para novos contratos, a nova renda deve resultar da soma da última renda praticada com as atualizações que poderiam ter sido feitas no período do contrato. Já para contratos de arrendamento já em vigor, o Estado pretende atribuir um apoio até um máximo de 200 euros mensais, durante cinco anos, aos agregados com rendimentos até ao 6.º escalão (incluído) de IRS, quando a taxa de esforço for superior a 35%.
  5. Porta 65 alargado a famílias com quebra de rendimento – O programa que apoia o arrendamento por jovens até aos 35 anos, Porta 65, passará a incluir famílias monoparentais e famílias com quebra de rendimento. Desta forma, passará a funcionar como uma medida de apoio ao rendimento das famílias com contrato de arrendamento.
  6. Imposto sobre as rendas baixa para 25% – A taxa geral de tributação sobre os rendimentos prediais – quando o senhorio não opta pelo englobamento dos rendimentos – descerá dos atuais 28% para 25%. Esta diminuição na taxa autónoma implica alterações também nas taxas mais baixas de IRS que são atribuídas aos contratos de maior duração: entre 5 e 10 anos, reduz de 23% para 15%; entre 10 e 20 anos, recua de 14% para 10%; e a mais de 20 anos, baixa de 10% para 5%.
  7. Isenção de mais-valias para quem vender imóveis ao Estado – Com o objetivo de aumentar a oferta de casas para o mercado de arrendamento acessível, o Governo propõe que os proprietários que vendam imóveis ao Estado ou aos municípios fiquem isentos de pagar imposto de mais-valias. A mais-valia imobiliária resulta da subtração do valor pelo qual foi comprada a casa (depois de aplicado o fator de correção monetária), dos encargos com a valorização (em caso de obras, por exemplo) e das despesas com a alienação e com a aquisição ao valor de venda do imóvel.
  8. Isenção de mais-valias para amortização de crédito à habitação do próprio e de descendentes – Atualmente, só há isenção do imposto de mais-valias se a mais-valia for aplicada no prazo de dois anos na aquisição de casa própria e permanente. Para efeitos de amortização do crédito, também passará a não ser cobrado imposto se for alienada uma segunda casa, para abater o crédito à habitação do próprio ou o crédito de um seu descendente.
  9. Crédito à habitação passa a oferecer taxa fixa – Face à subida das taxas Euribor, o Governo quer obrigar os bancos a disponibilizar uma taxa fixa na contratualização de crédito à habitação. Atualmente, apenas três bancos oferecem soluções de taxa fixa para contratos a 30 anos, um número que sobe para quatro instituições no caso de contratos até 10 anos.
  10. Estado bonifica subida de juros em 50% em empréstimos até 200 mil euros – Para famílias tributadas até ao 6.º escalão do IRS e com créditos à habitação até 200 mil euros, contratados depois de julho de 2018 e em que a taxa de esforço ultrapasse a taxa de juro “stressada” pelos bancos na contratualização do empréstimo, o Estado subsidiará metade do valor que ficar acima do aumento do valor da prestação. O apoio é de até 1,5 do Indexante dos Apoios Sociais, que se traduz num valor global de 760,65 euros. Esta taxa de juro “stressada” é calculada pelos bancos no momento da celebração dos empréstimos para compra de casa com base na cotação do indexante do contrato nessa altura (Euribor a 6 ou 12 meses), acrescida de um “prémio” de três pontos percentuais.
  11. Alojamento Local com taxa extraordinária e sem novas licenças – Os proprietários de Alojamento Local passarão a pagar uma contribuição extraordinária, cuja receita será consignada ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana para financiar políticas de habitação e ter em conta as externalidade negativas que o Alojamento Local produz sobre o preço geral da habitação. Além disso, o Executivo vai proibir a emissão de novas licenças de Alojamento Local, com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde podem ser um “contributo importante” para dinamizar a economia local. As atuais licenças, por sua vez, serão sujeitas a reavaliação em 2030 e, a partir daí, de cinco em cinco anos.
  12. Simplificação dos licenciamentos municipais – O tempo de demora dos processos de licenciamento tem sido criticado pelos promotores, sobretudo pelos custos implicados nessa morosidade. Para simplificar, o Governo propõe que os projetos de arquitetura e de especialidades deixem de estar sujeitos a licenciamento municipal, passando a ser licenciados apenas com base no termo de responsabilidade dos projetistas. As câmaras municipais ou as entidades públicas que não cumprirem os prazos previstos na lei para a emissão de pareceres sofrerão penalizações financeiras: passam a dever juros de mora ao benefício do promotor, que pode usar essas verbas para abater o custo da taxa de licenciamento ou para abater IRS ou IRC se ultrapassar ou valor da taxa.
  13. Crédito de 150 milhões para municípios fazerem obras em casas devolutas – Há muitas décadas que as autarquias têm competência legal para proceder a obras coercivas de casas devolutas e com baixa qualidade de habitabilidade, mas “raramente recorrem a este mecanismo por dificuldades financeiras”, disse António Costa. Como tal, anunciou a criação de uma linha de crédito de 150 milhões de euros para financiar a realização de “obras coercivas por parte dos municípios” em casas devolutas e com baixas condições de habitabilidade.

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Transferências de futebolistas em 2022/23 superaram os 9.000 milhões de euros

  • Lusa
  • 20 Fevereiro 2023

Acima destes 9,12 mil milhões de euros, só os 9,7 mil milhões da temporada de 2019/20, com o mês de janeiro deste ano a registar um novo recorde.

Os clubes profissionais pagaram cerca de nove mil milhões de euros em transferências de futebolistas em 2022/23, o segundo valor mais alto de sempre, aponta um relatório divulgado esta segunda-feira pelo Observatório do Futebol (CIES).

Acima destes 9,12 mil milhões de euros, só os 9,7 mil milhões da temporada de 2019/20, com o mês de janeiro deste ano a registar um novo recorde para a janela de inverno do mercado mundial, confirmando uma tendência de subida de preços que apenas os anos da pandemia de covid-19 ‘abrandaram’.

Nos últimos 10 anos, o valor da inflação atinge os 116%, incluindo cláusulas condicionais, e 90% sem estas, um ‘salto’ que comprova o peso crescente dos valores pagos mediante condições ou objetivos previamente estabelecidos. O documento elaborado pelo CIES mostra que um futebolista que custasse um milhão de euros em 2013/14 hoje seria transacionado por um pouco acima de dois milhões.

O relatório olha para a última década do futebol profissional a nível global, notando uma inflação constante de preços pagos para transacionar futebolistas, com particular influência da Liga inglesa como ‘motor’, tendo em 2022/23 sido responsável por 40,2% do valor investido.

É um aumento considerável quando comparado com a média de 25,4% que representa a quota de responsabilidade pelo mercado entre 2013/14 e 2019/20, confirmando a influência dominante da Premier League. Os preços que os clubes ingleses pagam também estão acima dos outros, e a inflação é mais notória neste campeonato, subindo a um ritmo anual de 12,6% comparado com 8% do restante mercado.

Em média, há um aumento de 9% ao ano na última década, um valor que baixou durante as duas temporadas afetadas pela covid-19, voltando à tendência crescente esta época. Entre os tipos de jogadores com um aumento de preço mais notório estão os defesas centrais (12,5%), laterais (11,1%) e jovens talentos (12,8%), ou seja, abaixo dos 21 anos.

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