IGCP não antevê mudanças nos Certificados de Aforro
O ambiente de incerteza em relação à política monetária do BCE retira de cima da mesa a possibilidade de o IGCP promover uma mexida na remuneração dos Certificados de Aforro.
A corrida aos Certificados de Aforro em 2022 não foi apenas notada com o aumento de 7,2 mil milhões de euros de emissões em 2022 para um valor recorde de 20 mil milhões de euros.
De acordo com dados avançados esta quarta-feira por Miguel Martín, presidente da Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), durante a sua audição na Comissão de Orçamento e Finanças, “foram abertas mais de 80 mil novas contas Aforro no ano passado”, cerca de quatro vezes mais do que se regista anualmente.
Numa altura em que também a taxa de juro destes produtos de dívida desenhados para o retalho se aproxima do valor máximo permitido por lei, o IGCP não coloca de lado a possibilidade de estudar novas alternativas para financiar a República.
Porém, por considerar que “estamos a trabalhar num cenário incerto em relação à política monetária do BCE”, Miguel Martín não antecipa qualquer mexida na remuneração dos Certificados de Aforro. “A alteração de condições é algo que o IGCP avalia de forma permanente e, quando as condições de mercado são mais certas, reúnem-se melhor as condições para se poder avaliar a oportunidade de se introduzir mudanças.”
Além disso, o presidente do IGCP ressalva “a estabilidade que os Certificados de Aforro oferecem aos aforradores deve pesar sobre qualquer alteração” que possa ser promovida pelo Estado, quer seja ao nível de alterações sobre este produto ou com o lançamento de novos.
Segundo o presidente do IGCP, verificou-se no ano passado um “volume extraordinariamente elevado de subscrições de Certificados de Aforro” que culminou em mais de 34 mil milhões de euros de poupanças das famílias junto do Estado, o equivalente a menos de 20% do volume total aplicado atualmente em depósitos nos bancos.
A subida das taxas de juro no mercado monetário contribuiu para esta corrida dos aforradores aos Certificados de Aforro, que poderia até ser maior se a rede de comercialização destes produtos fosse mais alargada.
Sobre a possibilidade de os Certificados de Aforro e do Tesouro poderem ser comercializados para lá das agências dos Correios (e até em breve através do homebanking do Banco CTT), o presidente do IGCP refere que isso não acontece porque os bancos não têm interesse.
“A banca não está interessada em comercializar os Certificados de Aforro porque considera que canibaliza os seus depósitos”, justifica Miguel Martin, sublinhando que esta é uma situação que “não acontece em outros países da Zona Euro.”
Para o Estado, o alargamento da rede de comercialização dos produtos de poupança do Estado seria um elemento muito positivo, pois traria mais concorrência ao mercado potenciando assim uma redução da despesa com a emissão destes produtos que, segundo o presidente do IGCP se repercute num custo entre 0,585% e 0,26%, consoante o montante de subscrição.
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