UBS oferece até mil milhões para comprar Credit Suisse, avança FT

O acordo entre os dois maiores bancos da Suíça poderá ser assinado este domingo à noite. No entanto, Credit Suisse acredita que valor é muito baixo.

O UBS fez uma oferta para comprar o Credit Suisse por até mil milhões de dólares, avança o Financial Times este domingo. No entanto, o Credit Suisse estará a lutar contra o acordo que valoriza o banco abaixo do valor de mercado. As autoridades suíças estarão a planear mudar as leis do país para evitar uma votação dos acionistas sobre a transação, tendo em vista finalizar um acordo antes de segunda-feira, quando os mercados reabrirem.

O acordo entre os dois maiores bancos da Suíça poderá ser assinado no domingo à noite e será cotado a uma fração do preço de fecho do Credit Suisse na sexta-feira. Isto depois de uma semana de turbulência que “limpou” 2,5 mil milhões de francos suíços ao valor da instituição na bolsa.

Credit Suisse afundou 25% numa semana

Fonte: Reuters

A oferta terá avançado com um preço de 0,25 francos suíços por ação a ser pago em ações do UBS, muito abaixo do preço de fecho do Credit Suisse de 1,86 francos suíços na sexta-feira, noticia o jornal britânico com base em fontes próximas do assunto. No entanto, a situação está a evoluir rapidamente e os termos ainda podem mudar.

A Bloomberg avança que o Credit Suisse acredita que a oferta é muito baixa e prejudicaria acionistas e funcionários que têm ações, segundo indicaram pessoas com conhecimento do assunto.

O UBS tem estado em negociações para comprar parte ou a totalidade do Credit Suisse, sendo que avançaram durante este fim de semana reuniões separadas com os conselhos de administração dos dois maiores bancos da Suíça para avaliar uma eventual fusão.

O Banco Central da Suíça e o regulador Finma estiveram a coordenar as negociações num esforço para restaurar a confiança no sistema financeiro helvético. Uma intervenção que surge depois de o banco central ter lançado uma boia de salvação ao Credit Suisse no valor de 50 mil milhões de francos suíços, que não foi suficiente para conter a pressão dos mercados.

O governo suíço estará a preparar medidas de emergência para acelerar a aquisição e planeia introduzir uma legislação que contornará o período normal de consulta de seis semanas exigido para os acionistas do UBS para que o acordo possa ser selado imediatamente, apurou o FT. As autoridades suíças já terão garantido a pré-aprovação dos reguladores relevantes nos EUA e na Europa, que devem emitir declarações coordenadas hoje.

Suíça pondera nacionalização de Credit Suisse caso não haja acordo com UBS

Apesar da maratona de negociações nos últimos dias, ainda não é certo que se chegue a um acordo para a UBS adquirir o Credit Suisse. Perante o cenário de ausência de consenso, a Suíça coloca em cima da mesa a possibilidade de uma nacionalização total ou parcial, avança a Bloomberg.

As autoridades suíças estarão assim a considerar uma nacionalização total ou parcial do Credit Suisse como a única outra opção viável fora de uma aquisição do UBS, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto, revela a Bloomberg.

Há várias opções a serem avançadas, numa altura em que as autoridades estão a tentar finalizar uma solução para o banco idealmente antes dos mercados asiáticos abrirem, o que ocorre já perto da uma da manhã na Europa.

(Notícia atualizada às 15h15)

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“Empresário exemplar” e “exemplo de capacidade empreendedora”. As reações à morte de Nabeiro

Da esquerda à direita, figuras da política portuguesa elogiam o exemplo de cidadania e o "espírito empreendedor" do fundador da Delta Cafés.

As reações à morte do empresário Rui Nabeiro, aos 91 anos, começaram a chegar. Da esquerda à direita, figuras da política portuguesa elogiam o exemplo de cidadania e o “espírito empreendedor” do fundador da Delta Cafés.

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o legado de Rui Nabeiro “ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país”, elogiando o “percurso inspirador” e o exemplo de cidadania, humildade e responsabilidade social.

“O legado do Comendador Rui Nabeiro ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país. O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer”, enalteceu António Costa, numa publicação na rede social Twitter acompanhada de três fotografias, a preto e branco, nas quis o primeiro-ministro aparece com Rui Nabeiro.

António Costa destacou o “exemplo de cidadania e humildade”, mas também de “responsabilidade social e de paixão pela sua terra”, considerando que o empresário, que hoje morreu aos 91 anos, teve “uma vida em prol da comunidade”. “Os meus sentimentos à família, amigos e a todos os campomaiorenses”, afirmou.

O Presidente da República também já reagiu, considerando que Rui Nabeiro “foi um precursor” e que a sua “preocupação social e participação cívica” devem “ser um exemplo e uma inspiração” para os que podem devolver à sociedade.

“O Presidente da República lamenta a morte do empresário Rui Nabeiro e apresenta à família as mais sentidas condolências. Ainda ontem [sábado], ao fim da tarde, o Presidente da República teve a oportunidade de o visitar no hospital”, refere uma nota no sítio oficial da Presidência da República.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “num tempo económica e socialmente desafiante, o exemplo de Rui Nabeiro, na sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país, devem ser um exemplo e uma inspiração para todos quantos podem devolver à sociedade um pouco daquilo que esta lhes deu”.

“Rui Nabeiro foi um precursor, construiu uma marca global, como há poucas no nosso país, mantendo sempre a sede e o coração da sua atividade em Campo Maior, terra onde nasceu e onde deixa um generoso legado”, elogia.

Já o presidente do PSD, Luís Montenegro, recordou hoje Rui Nabeiro como “um homem bom, um exemplo de capacidade empreendedora e responsabilidade social”, considerando que o empresário mostrou ser “possível criar riqueza com trabalho e inovação”.

“Rui Nabeiro foi um homem bom, um exemplo de capacidade empreendedora e responsabilidade social”, enalteceu Luís Montenegro, através de uma mensagem na rede social Twitter na qual apresentou “sentidos pêsames” à família do empresário.

Para o líder do PSD, Rui Nabeiro “mostrou que é possível criar riqueza com trabalho e inovação e que, a partir daí, se gera emprego e qualidade salarial”.

 

Quando ao ministro da Economia, considerou que o desaparecimento de Rui Nabeiro, que morreu hoje, marca uma “enorme perda”, destacando a visão estratégia do empresário e a importância que deu à responsabilidade social muito antes de esta entrar no debate.

“Hoje é um dia muito triste para Portugal. O desaparecimento de Rui Nabeiro marca uma perda enorme para o país. É um exemplo de um empresário que desenvolveu uma visão estratégica, que foi capaz de criar riqueza, de disseminar a sua empresa pelos quatro cantos do mundo”, disse à Lusa o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.

O governante destacou ainda que Rui Nabeiro “teve a assunção da responsabilidade social”, muito antes de esta se tornar um “mantra dos debates atuais”, com a ligação “profunda não só aos colaboradores, mas também a toda a comunidade envolvente”. Classificando a trajetória do empresário de “extraordinária”, Costa Silva afirmou que se o país tivesse mais homens como Rui Nabeiro, “talvez a economia portuguesa hoje fosse diferente e mais avançada”.

O ministro deixou ainda os seus pêsames à família, defendendo que todos devem lutar para que o “legado extraordinário continue a desenvolver e a prosperar” e manifestando-se convicto de que “nas mãos da sua família isso vai acontecer”.

Reação chegou também do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, considerou hoje que Rui Nabeiro foi “um dos maiores e melhores empresários portugueses” e “muito atento aos direitos dos seus trabalhadores”, recordando o “amor a Portugal e à sua terra”.

“Rui Nabeiro distinguiu-se pelo amor a Portugal e à sua terra de sempre, Campo Maior, que serviu como autarca e cidadão”, referiu Santos Silva numa publicação na rede social Twitter em reação à morte do empresário Rui Nabeiro.

Para o presidente da Assembleia da República, o fundador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés “foi um dos maiores e melhores empresários portugueses, muito atento aos direitos dos seus trabalhadores”. “Permanecerá na memória de todos”, enfatizou.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também lamentou a morte do empresário Rui Nabeiro, realçando o seu prestígio e “princípios e formas de estar na vida”, que outros deveriam acompanhar. Rui Nabeiro era “uma pessoa muito prestigiada, muito conhecida no país inteiro, até do ponto de internacional e, em particular, nesta região” do Alentejo, disse à agência Lusa o secretário-geral comunista.

A Câmara de Lisboa também deixou uma mensagem de pêsames, com uma publicação onde “lamenta profundamente a morte do Comendador Rui Nabeiro e envia à família e amigos, as mais sentidas condolências”. “Rui Nabeiro foi agraciado com a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa, em 2021”, recordam.

Já a Câmara de Campo Maior (Portalegre) decretou cinco dias de luto municipal pela morte do empresário Rui Nabeiro, considerado um “pai” para as gerações mais recentes daquele concelho, disse à agência Lusa o presidente do município. “Rui Nabeiro é a figura de destaque, é a figura que se pode considerar o pai destas gerações recentes do povo de Campo Maior, é uma referência, uma figura incontornável, é um humanista”, disse Luís Rosinha.

Patrões homenageiam “exemplo de fazer bem”

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, sublinhou hoje que Rui Nabeiro foi um exemplo de fazer bem, cuja dimensão humana deve servir de “farol” a todos. Para António Saraiva, o país viu hoje partir um dos seus melhores empresários, um homem que era “um exemplo de fazer, de fazer bem, de responsabilidade”.

O líder da CIP salientou que, além de ter construído do nada uma empresa de referência nacional e internacional, se destacou pelos valores, princípios e ética. Numa declaração à Lusa, o presidente da CIP referiu-se a Nabeiro como um exemplo de determinação e de visão “porque sempre apontou para três objetivos na atividade empresarial”, que deviam ser seguidos pelo país: dimensão empresarial, inovação e internacionalização.

António Saraiva destacou ainda a dimensão humana de Rui Nabeiro e a forma como era apreciado por todos os colaboradores, pela região onde vivia e mesmo por todo o país e cujo percurso “deve servir de farol, de luz avisadora para outros exemplos que felizmente o país tem”. Confiante de que o neto de Rui Nabeiro continuará a obra do avô, o presidente da CIP acentuou o legado que o empresário deixou e que estava refletido na sua capacidade de aliar a gestão a princípios, valores, ética, humanismo e responsabilidade social.

Já a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) enalteceu o “extraordinário exemplo de empreendedorismo, resiliência e inovação” de Rui Nabeiro, manifestando “grande pesar” pela morte do empresário, aos 91 anos.

“Rui Nabeiro foi um extraordinário exemplo de empreendedorismo, resiliência e inovação. A sua visão e determinação foram cruciais para transformar a Delta Cafés numa marca líder em Portugal e uma referência internacional no setor do café. Ao longo de décadas, liderou a empresa com paixão e dedicação, procurando sempre novas formas de melhorar e expandir o negócio”, referiu a entidade.

Num comunicado enviado às redações, a CCIP considerou que a morte de Rui Nabeiro é “uma perda enorme não apenas para a família, amigos e colaboradores, mas também para a comunidade empresarial portuguesa e para o país como um todo”, recordando ainda a visão do empresário e as suas preocupações sociais ao longo de uma “notável carreira”.

“Foi também um humanista, alguém que colocou o bem-estar dos seus colaboradores, clientes e comunidade no centro da sua atividade. Conhecido pela generosidade e sensibilidade social, deixa um legado de responsabilidade e compromisso social que será sempre lembrado”, assinalou a CCIP, que enviou “sinceras condolências” à família Nabeiro e aos trabalhadores das suas empresas.

Legado do empresário vai perdurar durante várias gerações, diz CEO da Sonae

A presidente executiva do grupo Sonae, Cláudia Azevedo, acredita que o legado de Rui Nabeiro irá perdurar durante várias gerações, considerando que o nome do empresário estará sempre ligado à preocupação na criação de valor social.

Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, Cláudia Azevedo manifestou, em nome pessoal e da Sonae, às condolências à família do empresário de Rio Maior, que morreu hoje aos 91 anos. “Apesar do desaparecimento do Homem, estou certa de que o seu legado perdurará durante várias gerações”, afirma.

A empresária recorda que “durante muitos anos” o grupo contou com a presença de Rui Nabeiro na abertura de centenas das suas lojas, “comprovando a generosidade que sempre teve para com a Sonae”. “O seu nome estará para sempre ligado a um dos grandes empresários nacionais e a uma grande preocupação na criação de valor social”, salientou.

(Notícia em atualização)

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De um armazém de 50 metros quadrados para uma faturação de 460 milhões, Nabeiro levou Delta para o topo

Rui Nabeiro criou a Delta em 1961 com apenas duas bolas de torra de 30 quilos. Marca cresceu e já está presente em 40 países, tendo em vista continuar a expandir-se.

Tudo começou num pequeno armazém com 50 metros quadrados, em Campo Maior. Foi a partir desta vila alentejana que Rui Nabeiro criou uma marca de cafés, em 1961, que se viria a tornar um nome reconhecido por todos os portugueses, mas que está também presente noutros países para encher as chávenas de café Delta um pouco por todo o mundo.

Nabeiro, que morreu este domingo aos 91 anos, começou a atividade com apenas duas bolas de torra de 30 quilos de capacidade, como se lê na história da empresa, mas pouco tempo depois começou a ser distribuída por todo o país. Em 1963, a Delta Cafés abriu um entreposto comercial em Lisboa, ao que se seguiu um no Porto no ano seguinte.

Foi depois a partir dos anos 70 que a estrutura comercial da Delta Cafés se consolidou, com o desenvolvimento de novos produtos e serviços. “É neste contexto que surge em 1984 a separação da atividade de comercial, assegurada pela empresa Manuel Rui Azinhais Nabeiro Lda., da atividadede industrial, desenvolvida pela Novadelta, primeira empresa certificada neste setor, em 1994, pelo sistema de normas NP 29002“, indica a empresa. O grupo chegou a ter a maior fábrica de torrefação da Península Ibérica, que existia na altura.

Quatro anos depois dessa primeira certificação avança uma reengenharia no Grupo Nabeiro/Delta Cafés, que dá origem à criação de 22 empresas, com várias áreas estratégicas tendo em vista reforçar a atividade principal do grupo. Entretanto consegue a certificação dos produtos Delta Diamante, Platina e Ouro, hoje conhecidas nos vários cafés e pastelarias de Portugal.

Entretanto foi também criado o conceito Delta Q, em 2007, numa evolução que acompanhava as principais tendências do setor.

Toda esta evolução foi supervisionada pelo fundador, o comendador Rui Nabeiro, que em 2021 passou o leme da presidência executiva da empresa para o neto Rui Miguel Nabeiro. O fundador Rui Nabeiro continuava ainda assim a ser presidente do Conselho de Administração, órgão composto pelos membros da família João Manuel Nabeiro e Helena Nabeiro (filhos) e Rui Miguel Nabeiro, Ivan Nabeiro, Rita Nabeiro (netos) e ainda António Cachola.

Com presença em 40 países, o grupo Delta fechou o ano passado com “uma faturação de 460 milhões de euros”, o que representa “um crescimento de 12% a nível global”, como adiantou Rui Miguel Nabeiro numa entrevista no mês passado. A Delta quer “competir com as grandes marcas de cápsulas” de café e por isso, prepara-se para abrir novas lojas próprias em Madrid e Paris.

A Delta torra mais de 100 toneladas de café por dia e mais de 25% do volume de negócios é exportado. Conta ainda com mais de três mil colaboradores, atualmente.

Esta empresa já tem mais de 60 anos mas continua no topo, sendo que ainda em 2022 a Delta foi a a marca com maior relevância e reputação no país em 2022, segundo o estudo elaborado pela consultora OnStrategy. Já Rui Nabeiro ocupava a primeira posição na categoria Economy Business Leaders.

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Bancos dos EUA pedem às autoridades que garantam todos os depósitos

  • Lusa
  • 19 Março 2023

Uma aliança de bancos norte-americanos pediu aos reguladores federais que garantissem todos os depósitos dos seus clientes durante dois anos, independentemente do valor.

Uma aliança de bancos norte-americanos pediu aos reguladores federais que garantissem todos os depósitos dos seus clientes durante dois anos, independentemente do valor, para evitar um contágio após a falência de dois bancos.

A medida “interromperia imediatamente o êxodo de clientes de bancos menores, estabilizaria o setor bancário e reduziria muito o risco de outras falências”, argumentou a Aliança de Bancos de Média Dimensão da América, numa carta dirigida às autoridades.

Atualmente, nos Estados Unidos, a agência responsável pela garantia dos depósitos (FDIC) protege os depósitos bancários até 250 mil dólares (232.500 euros), mas a carta, citada pela Bloomberg, pediu no sábado a proteção de todos os depósitos, mesmo acima do limite.

O período de turbulência no setor bancário começou em 08 de março, com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), a que se seguiu a falência do Signature Bank, causando uma crise de confiança no setor, disse a aliança.

“Independentemente da saúde geral do setor bancário, a confiança foi afetada para todos, exceto para os grandes bancos”, sublinhou a carta. A aliança apelou à FDIC, à Reserva Federal e à secretária do Tesouro, Janet Yellen, para “restaurarem a confiança” no sistema financeiro. O grupo de bancos ofereceu-se para financiar a medida, aumentando o valor das contribuições que já pagam à FDIC para garantir os depósitos dos clientes.

Após o colapso do SVB, muitos clientes de bancos mais pequenos decidiram retirar o seu dinheiro para depositá-lo em bancos maiores, considerados demasiado importantes para não serem resgatados pelo Estado norte-americano em caso de crise.

Em resposta, a Reserva Federal (Fed) – banco central norte-americano – comprometeu-se a emprestar os fundos necessários a outros bancos para que possam responder aos levantamentos dos clientes.

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CMVM garante não estar condicionada pela mediatização do caso Alexandra Reis

  • Lusa
  • 19 Março 2023

CMVM "não demorará mais do que o estritamente necessário" a tomar uma decisão, assegura Laginha de Sousa.

O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, disse este domingo que a mediatização do caso da saída de Alexandra Reis da TAP não está a condicionar a atuação do supervisor do mercado de capitais.

Em janeiro, a CMVM anunciou estar a avaliar “com todo o cuidado” a informação prestada pela TAP sobre a saída de Alexandra Reis, acrescentando que caso houvesse uma contraordenação essa seria comunicada “o mais rápido possível”.

Em entrevista à rádio Antena 1 e Jornal de Negócios, Laginha de Sousa não quis adiantar em que fase está a ação de supervisão da CMVM, limitando-se a assegurar que a instituição está atenta a tudo o que é publicado e que possa constituir uma mais-valia para o processo.

“Não somos indiferentes àquilo que se passa à nossa volta, mas isso não é no sentido de nos condicionar. É no sentido de perceber se há às vezes aspetos que nos possam estar a faltar”, referiu.

O presidente da CMVM esclareceu ainda que a função do supervisor não é avaliar se a decisão que foi tomada pela empresa foi boa ou má, mas sim assegurar que os investidores “têm a informação que lhe permita avaliar tudo aquilo que entender relevante e tomar as suas decisões”.

Já em relação à atuação da CMVM neste processo, Laginha de Sousa garantiu que o regulador do mercado tem “tudo muito bem documentado” e que as decisões são tomadas “à luz da melhor interpretação e da melhor informação disponível”.

Na primeira audição na comissão de Orçamento e Finanças no parlamento como presidente da CMVM, em janeiro, Laginha de Sousa foi questionado várias vezes sobre a informação prestada pela TAP ao regulador do mercado financeiro sobre a saída de Alexandra Reis, pois a companhia aérea comunicou apenas a renúncia da administradora na informação ao mercado, quando posteriormente se soube que houve uma negociação para a saída.

As respostas vagas do responsável desagradaram vários deputados que iam repetindo a pergunta sobre a ação da CMVM no caso e se considerava que foi prestada informação errada pela TAP.

“A informação disponível não era a que devia estar. Depois, as consequências que pode ter ou não em termos de contraordenação é uma análise que tem de ser feita com todo o cuidado”, afirmou Laginha de Sousa, acrescentando que não pode entrar no caso em concreto pelo sigilo a que a CMVM está sujeita, mas que esta “não demorará mais do que o estritamente necessário” a tomar uma decisão.

Em fevereiro de 2022, a TAP comunicou à CMVM a saída da administradora Alexandra Reis, referindo a companhia aérea que tinha sido Alexandra Reis a renunciar ao cargo.

Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então ‘estalado’ a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado (500 mil euros).

Numa declaração escrita enviada à Lusa, nesse mês, Alexandra Reis disse que o acordo de cessação de funções “como administradora das empresas do universo TAP” e a revogação do “contrato de trabalho com a TAP S.A., ambas solicitadas pela TAP, bem como a sua comunicação pública, foi acordado entre as equipas jurídicas de ambas as partes, mandatadas para garantirem a adoção das melhores práticas e o estrito cumprimento de todos os preceitos legais”.

Em 28 de dezembro, a TAP enviou um novo esclarecimento à CMVM, referindo que a renúncia apresentada por Alexandra Reis “ocorreu na sequência de um processo negocial de iniciativa da TAP, no sentido de ser consensualizada por acordo a cessação de todos os vínculos contratuais existentes entre Alexandra Reis e a TAP”.

Já a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widenerdisse, disse em janeiro, no parlamento, que as comunicações enviadas à CMVM sobre a indemnização de Alexandra Reis foram recomendadas por advogados e garantiu que existem documentos e “provas escritas” sobre todo o processo.

Em 06 de março, a presidente executiva da companhia aérea e presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, foram exonerados pelo Governo depois de anunciados os resultados de uma auditoria da Inspeção Geral das Finanças (IGF), que concluiu que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e a indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida.

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Morreu o empresário Rui Nabeiro (1931-2023), um empreendedor com consciência social

O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo que tem a Delta Cafés, morreu este domingo aos 91 anos. O funeral realiza-se na terça-feira, 21 de março em Campo Maior.

Foto de arquivo datada de 23 abril 2014 do presidente da Delta Cafés, Rui Nabeiro, na sua em Campo Maior.O empresário Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés morreu hoje, 19 março 2023, aos 91 anos, vítima de doença, num hospital em Lisboa.NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro – Delta Cafés morreu hoje aos 91 anos, vitima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa, disse à Lusa fonte do grupo. “É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Presidente e Fundador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, aos 91 anos”, confirmou minutos depois, a família, em comunicado.

Rui Nabeiro tinha um espírito empreendedor, como recorda a família, em comunicado. “O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida”. Rui Nabeiro fundou o seu próprio negócio em 1961, a Delta Cafés, hoje o maior grupo empresarial de produção de café em Portugal, em concorrência com marcas internacionais, com uma faturação da ordem dos 340 milhões e euros e mais de três mil colaboradores.

Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo. Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade”.

Rui Nabeiro foi um empreendedor, criou uma marca de raiz a partir de um pequeno armazém em Campo Maior, foi presidente de Câmara da sua terra natal, chegou a ser condenado por fraude fiscal no final da década de 80, e a viver em Badajoz, mas recorreu da sentença e foi absolvido. Sempre próximo da comunidade local, nunca saiu de Campo Maior, e com uma ligação à população local.

O crescimento empresarial do grupo assentou também na preparação da sucessão do grupo, sempre com perfil familiar, mas com gestão profissional. Rui Nabeiro era presidente do Conselho de Administração, a gestão executiva é do neto, Rui Miguel Nabeiro, e a comissão executiva tem ainda João Manuel Nabeiro e Helena Nabeiro (filhos) e Ivan Nabeiro e Rita Nabeiro (netos) e ainda António Cachola.

O funeral realiza-se na próxima terça-feira, 21 de março. A missa de corpo presente decorrerá nesse dia, às 12:00, seguindo-se um cortejo fúnebre até ao cemitério de Campo Maior, onde será sepultado o empresário, segundo a CNN. Antes disso, na segunda-feira, começam as cerimónias fúnebres, às 09:50, altura em que um cortejo vai sair da Novadelta, passando depois pela Tecnidelta, Sede e Camelo, para terminar na Igreja Matriz de Campo Maior, onde terá lugar o velório, pelas 12:00.

Leia o comunicado na íntegra

O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida. Em 1961, criou a Delta Cafés, dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e hoje em forte expansão nos mercados internacionais. Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo. Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade.

O Comendador Rui Nabeiro encontrava-se hospitalizado no Hospital da Luz, devido a problemas respiratórios.

A data e o programa das cerimónias fúnebres serão oportunamente comunicados.

Campo Maior, 19 de março de 2023

(Notícia atualizada às 17h30)

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Cozido à portuguesa fica 21% mais caro e já custa quase 42 euros

O 'Índice Cozido à Portuguesa' serve para medir o aumento de preços alimentares em Portugal a partir de um prato típico. Preço para quatro pessoas chega a 42 euros.

A inflação não tem dado tréguas e a tendência é, sobretudo, sentida nos preços dos alimentos, o que tem vindo a pesar na fatura das famílias portuguesas na hora de ir ao supermercado. E o ‘Índice Cozido à Portuguesa’, de acordo com os cálculos do ECO, revela um aumento expressivo de preço. Uma receita para quatro pessoas está 21% mais cara face a março de 2022. O custo atual é agora de quase 42 euros, dado que alguns dos seus ingredientes principais, como a couve-coração, o arroz, a cenoura, a batata ou a lombada de porco viram os seus preços disparar entre 124% e 36%.

Em fevereiro, a inflação abrandou para 8,2%, isto é, o quarto mês consecutivo de abrandamento de preços. Contudo, a taxa de inflação dos produtos alimentares não transformados voltou a subir em fevereiro pelo terceiro mês consecutivo, fixando-se em 20,09%. É o valor mais elevado em 38 anos. Há nove meses que os preços dos alimentos estão nos dois dígitos.

Esta tendência é, aliás, sinalizada pela Deco que adianta que o cabaz de bens alimentares subiu, na última semana, para 234,84 euros, isto é, um novo recorde desde o início da monitorização (a 5 de janeiro de 2022). Se compararmos com há um ano atrás (a 16 de março de 2022) este cabaz encareceu 43,26 euros, isto é, um aumento de 22,58%. Já se a comparação for feita com o início da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022) a diferença é ainda maior: encareceu 51,21 euros, o que representa um aumento de 27,89%.

Mas, afinal, quanto custa confecionar um receita de cozido à portuguesa? O ECO fez uma simulação de uma receita para quatro pessoas (250 gramas de carne e verduras por pessoa) tendo por base os dados fornecidos pela Deco e pela Associação dos Comerciantes de Carne do Concelho de Lisboa e Outros (ACCCLO). Para o efeito foram escolhidos 12 produtos: chouriço de carne, chouriço de sangue, farinheira, lombada de porco, chispe, carne de novilho, couve-coração, arroz carolino, cenoura, batata, feijão manteiga e…, claro, o sal.

Destes produtos, a couve-coração foi o produto que mais encareceu. Se há um ano custava 1,03 euros por quilo (kg), atualmente custa já 2,31 euros/kg. Contas feitas, o preço mais do que duplicou (aumentou cerca de 124%, isto é, 1,28 euros). Segue-se a cenoura, cujo preço passou de 0,79/kg para 1,29/kg (63%), o arroz carolino, que custa agora 2,11 euros/kg contra os anteriores 1,20 euros/kg (76%) e a batata vermelha, que passou de 0,88 euros/kg para 1,31 euros/kg (49%), segundo os dados da Deco.

Por sua vez, se em março de 2022 um quilo de lombada de porco custava 2,77 euros, atualmente já custa 3,78 euros, de acordo com os dados da ACCCLO. Trata-se, portanto, de um aumento de 36% (1,01 euros). Ao mesmo tempo, um quilo de carne de novilho para cozer custava há um ano 6,69 euros, estando atualmente a custar 8,07 euros (aumentou 21%, isto é, 1,38 euros), enquanto uma lata de feijão manteiga custava 1,06 euros e custa agora 1,27 euros (aumentou 20%), segundo a Deco. E para temperar não pode faltar o sal, cujo preço/kg passou de 0,39 euros para 0,46 euros (subiu 18%).

Mas a “essência” deste prato tão típico está mesmo nos enchidos e o no chispe, cujos aumentos são menos significativos. Se em março de 2022 um quilo de farinheira custava 5,78 euros, atualmente custa 6,40 euros (aumentou 11%), ao passo que o chouriço de carne passou de 7,69 euros/kg para 8,30 euros/kg (aumentou 8%). Já o chispe passou de 2,33 euros/kg para 2,49 euros/kg (aumentou 7%) e, por fim, o chouriço de sangue passou de 3,87 euros/kg para 4,06 euros/kg (aumentou 5%), adianta a ACCCLO.

Contas feitas, se há um ano confecionar um cozido à portuguesa para quatro pessoas custava 34,38 euros, atualmente o preço subiu 7,38 euros (cerca de 21%), passando a custar 41,85 euros.

Certo é que a escalada de preços na alimentação tem estado na ordem do dia. O setor do retalho assegura que “não há especulação”, mas o ministro da Economia e do Mar chegou a dizer que existe uma “divergência muito grande em alguns produtos entre os preços de aquisição e de venda ao público”, notando que isso “não é criminoso” mas “é um alerta”. Ainda assim, Costa e Silva manifestou-se contra uma eventual fixação de preços.

Para tentar controlar os preços, o Governo garante que tomará “todas as medidas” necessárias, sendo que o primeiro-ministro anunciou na quinta-feira que para a semana o Executivo vai aprovar novas medidas de apoio às famílias. O anúncio surge na semana em que o ministro das Finanças disse ser necessário recalibrar os apoios para passar a ajudar, sobretudo, os mais vulneráveis. Ainda assim, Fernando Medina já veio afastar a hipótese de, tal como Espanha, eliminar a taxa de IVA em certos produtos, justificando que isso não resolve o problema.

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Milhares de trabalhadores descem a Avenida da Liberdade por melhores salários e pensões

  • Lusa e ECO
  • 18 Março 2023

Trabalhadores do setor público e privado estão concentrados para uma manifestação nacional convocada pela CGTP-IN, para reivindicarem aumentos salariais e das pensões.

Trabalhadores do setor público e privado estão concentrados no Marquês de Pombal, em Lisboa, para uma manifestação nacional convocada pela CGTP-IN, para reivindicarem aumentos salariais e das pensões, que começou com cerca de uma hora de atraso.

Foram vários os autocarros estacionados nas imediações da praça do Marquês de Pombal, onde trabalhadores de vários pontos do país se preparam para descer a Avenida da Liberdade com destino aos Restauradores. Acompanhados por um dispositivo policial, os manifestantes que já chegaram empunham cartazes, faixas e bandeiras e começam a organizar-se para a marcha.

A manifestação nacional é convocada pela CGTP-IN, tendo como lema “Todos a Lisboa! Aumento Geral dos Salários e Pensões – Emergência Nacional”, para representar trabalhadores da administração pública dos setores das autarquias, educação, saúde e serviços públicos e também do setor privado, desde a indústria ao comércio, à hotelaria e alimentação, entre outros.

Convocado em 17 de fevereiro, no protesto a intersindical exige o aumento dos salários e pensões “no imediato” de pelo menos 10% ou de 100 euros no mínimo para todos os trabalhadores, bem como a fixação de limites máximos nos preços dos bens e serviços essenciais e a taxação extraordinária “sobre os lucros colossais das grandes empresas”.

A manifestação nacional da CGTP acontece um dia depois de uma greve nacional da administração pública, convocada pela Frente Comum de Sindicatos, estrutura da CGTP.

Milhares de trabalhadores descem a Avenida da Liberdade

Milhares de trabalhadores começaram a descer hoje a Avenida da Liberdade, em Lisboa, já passava das 16:00, em direção aos Restauradores, para reivindicarem aumentos salariais e das pensões, entre outras medidas, face ao aumento do custo de vida.

“Costa, escuta: o povo está em luta” ou “o povo unido, jamais será vencido” são algumas das palavras de ordem que se ouvem entre os manifestantes que reclamam contra “os baixos salários”.

Entre faixas onde se pode ler “contra a precariedade”, “por salários reais” ou “posto de trabalho permanente igual a vínculo de trabalho efetivo”, um grupo de mineiros canta em protesto, outros jovens que defendem que a luta “continua nas empresas e na rua” ou um grupo alargado, com vários pensionistas, que protesta contra “uma vida a trabalhar, as pensões estão a roubar”.

Vários partidos marcaram presença neste protesto, sendo que para além da esquerda — Bloco de Esquerda e PCP já são uma presença habitual nas manifestações da CGTP — também o Chega participou na manifestação.

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Portugueses apostam na Web3 para uma internet sem donos

Porto foi a capital europeia da internet descentralizada nos últimos três dias, juntando especialistas e fundadores de negócios ligados à Web3. Conheça algumas das startups portuguesas envolvidas.

Portugal tem uma palavra a dizer na evolução da internet. Nos últimos três dias, a conferência ETHPorto reuniu a comunidade blockchain no antigo Mercado Ferreira Borges. A Web3 foi o ponto de partida dos debates, da exposição de empresas e da maratona de programação (hackaton) de 48 horas que decorreu numa das salas do atual Hard Club.

A Web3 apresenta-se como “a evolução para uma Internet mais descentralizada e mais segura”, no entender de Mário Ribeiro Alves, um dos organizadores da conferência. Fundador da LayerX, Mário Ribeiro Alves tem sido um dos rostos nacionais a apostar no desenvolvimento desta solução.

A comunidade tecnológica quer evoluir a internet para um modelo sem muros. “Enquanto a web1 era basicamente um ambiente de leitura (aparecimento das primeiras páginas de internet), e a web2 focava em interatividade e colaboração (aparecimento das primeiras redes sociais), a web3 procura dar o controlo e monetização dos seus dados ao próprio utilizador, sem a necessidade de um intermediário que tipicamente controla e monetiza estes dados em seu benefício próprio”, explica Mário Ribeiro Alves, em declarações ao ECO.

Para Sílvia Bessa, outra portuguesa envolvida nesta área, a web1 “foi uma espécie de páginas amarelas ou de catálogos digitais” e a web2 “facilitou a criação e publicação de conteúdo pelos utilizadores” embora “essencialmente centralizada numa meia dúzia de atores a nível mundial”. A web3, segundo esta especialista, “é a nova evolução da Internet e tem como principal objetivo descentralizá-la, garantido o acesso de pessoas a conteúdos sem depender de grandes empresas, ou governos, tornando-a assim mais independente, livre e resistente a censura”.

Antigo Mercado Ferreira Borges, no Porto, recebeu a conferência dedicada à Web3. Além de exposições, houve um hackaton e vários painéis de debate.

A nova forma de internet começou a ser utilizada sobretudo para a parte financeira, “especialmente em países cujo acesso a uma conta bancária ou controlo dos próprios fundos se torna difícil pelo seu contexto geopolítico”. A solução permite que “transações e dados sejam protegidos por criptografia e distribuídos através de uma rede descentralizada”.

El Salvador é pioneiro por isso: este país da América Central ficou conhecido, em 2021, por ter adotado oficialmente a bitcoin como meio de pagamento aceite a nível nacional. No início deste ano, o Parlamento local aprovou uma lei para regulamentar a emissão de ativos digitais pelo Estado e por entidades privados. Criar novas oportunidades de financiamento para empresas e cidadãos foi um dos objetivos desta medida, escreveu na altura a estação Al Jazeera.

Da banca para a identidade

Mário Ribeiro Alves também começou a envolver-se com a Web3 enquanto trabalhava na banca de investimento. “De forma autodidata fui absorvendo conhecimento e comecei a construir comunidades em Portugal de forma a disseminar esse conhecimento. Pelo caminho ajudei alguns projetos locais nesta área”, recorda o português, que criou o próprio negócio nesta área em 2018.

Nascida no Porto, a Taikai – agora conhecida como LayerX – liga as empresas a programadores através de experiências personalizadas de hackatons. Através do trabalho em rede com dezenas de milhares de programadoras, são desenvolvidas tecnologias inovadoras em conjunto com empresas como Microsoft, OutSystems, Pfizer e entidades como a Comissão Europeia.

Hackaton de 48 horas serviu para criar novas soluções para a web3, baseadas na tecnologia blockchain.

Sílvia Bessa foca-se no “desenho e desenvolvimento de novos mecanismos de coordenação e incentivos para alinhar os atores relevantes da ciência”, para “acelerar a criação do conhecimento científico e encurtar o ciclo de inclusão dos novos conhecimentos no desenvolvimento de tecnologias para resolver problemas do quotidiano ou melhorar a humanidade em geral”.

Para a portuguesa, a web3 é muito mais do que “incentivos monetários e criptomoedas”. A solução permite outros objetivos, como “garantir o acesso livre a informação, preservar o conhecimento da humanidade, assegurar inclusão financeira ou criar mecanismos alternativos de coordenação, governação e alocação de recursos para a aceleração da criação de bens de utilidade pública”.

Em Portugal há outros exemplos de startups baseadas nesta evolução da internet. Fundada em 2020, a ImpactMarket aproveita a tecnologia descentralizada do mundo financeiro (DeFi) para combater a pobreza nos países em desenvolvimento. Em 2021, a Talent Protocol aposta na área de talento, transformando um trabalhador num ativo digital, através da emissão de um talent token, que pode ser comprado pelos apoiantes.

Com a descentralização e a distribuição da rede, a web3 pode ajudar a reduzir o controlo das grandes empresas sobre a Internet, e permitir que os utilizadores participem mais ativamente na governança e na tomada de decisões, tal como acontecia nos primórdios da internet

Mário Ribeiro Alves

Fundador da LayerX

A Web3 também permite a criação de “novos modelos de negócio descentralizados“, conhecidos pela sigla DAO. Exemplo disso é a AthenaDAO, que com a portuguesa Inês Santos Silva como uma das fundadoras. Este coletivo pretende usar a tecnologia descentralizada e de criptografia para financiar investigações científicas que melhorem a saúde reprodutiva das mulheres. O lusodescendente Mitchell Amador criou, em 2020, a Immunefi, plataforma que recompensa os programadores especialistas em finanças descentralizadas que detetam falhas de segurança em contratos digitais nesta área.

Na área alimentar, a Lota Digital criou um sistema blockchain que envolve barcos de pesca (vendedores), restaurantes, pequenas lojas, grandes retalhistas e indústria (compradores) e também os consumidores. Que, graças à rastreabilidade digital, saberão tudo sobre o peixe à sua frente no momento de o consumir (origem do peixe, quando foi pescado, qual o barco usado e a tripulação, se cumpria todas as condições laborais ou se foi uma pesca sustentável).

A web3 é a nova evolução da Internet e tem como principal objetivo descentralizá-la, garantido o acesso de pessoas a conteúdos sem depender de grandes empresas, ou governos, tornando-a assim mais independente, livre e resistente a censura

Sílvia Bessa

A Web3 também se aplica a áreas como a identidade digital e ao entretenimento, em que os NFT (non-fungible tokens) são os elementos mais conhecidos. A evolução da internet tem ainda “potencial de ser aplicada em áreas como governação, votação, gestão de cadeias de fornecimento e outras indústrias que requerem confiança e transparência”, assinala Sílvia Bessa.

ETHPorto contou com dois dias de debate dedicados ao futuro da internet.

Internet volta às origens

A descentralização proporcionada pela web3 também “pode contribuir para melhorar a ética na Internet e torná-la mais democrática, permitindo que os utilizadores tenham total controlo sobre os seus dados e transações”, entende Mário Ribeiro Alves. Este caminho pode mesmo levar a internet a regressar às origens.

“Com a descentralização e a distribuição da rede, a web3 pode ajudar a reduzir o controlo das grandes empresas sobre a Internet, e permitir que os utilizadores participem mais ativamente na governança e na tomada de decisões, tal como acontecia nos primórdios da internet”, antevê o fundador da LayerX.

A conferência que decorreu no antigo Mercado Ferreira Borges poderá contribuir para acelerar esta transformação digital. Resta saber se a população vai mesmo beneficiar com isso.

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Carlos Moedas anuncia pacote de 85 milhões para os bairros municipais de Lisboa

  • Lusa
  • 18 Março 2023

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou um pacote de 85 milhões de euros para investir nos bairros municipais, considerando que este investimento será "único na história da cidade".

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou hoje o lançamento de um pacote de 85 milhões de euros (ME) para investir nos bairros municipais, considerando que este investimento será “único na história da cidade”.

“Vamos avançar com um novo pacote de 85 ME – e vejo os olhos a brilhar do presidente da Gebalis – aos quais se juntam os 40 ME, e em que vamos ter que ter a capacidade de concretização, com a ajuda dos senhores presidentes da junta, que são aqueles que estão no terreno. Será um pacote único na nossa cidade e único na história da cidade”, afirmou o autarca.

Numa intervenção na conferência que assinalou os 30 anos do Programa Especial de Realojamento (PER), uma iniciativa da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas salientou que estas verbas contam com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), numa iniciativa secundada pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, e pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU).

Carlos Moedas reforçou que a Câmara Municipal de Lisboa tem atualmente “1.000 habitações em construção”, além de outras 1.000 que foram construídas ou reabilitadas ao longo do último ano e que representaram um investimento de 40 ME na renovação dos bairros municipais.

“Estamos realmente a pôr o pé no acelerador”, disse, justificando o investimento anunciado com o “flagelo” de ver habitações vazias nos bairros municipais da cidade e a falta de construção na anterior década.

“Tivemos décadas em que não construímos habitação pública. A senhora vereadora apresentava os números factuais daquilo que aconteceu entre 2010 e 2020, em que não houve, praticamente. Eram 17 habitações por ano. Somos capazes se estivermos unidos também nas diferentes forças políticas para o fazer, unidos não só em construir, mas para o maior flagelo: vermos que temos habitações vazias nos nossos bairros municipais”, notou.

Por isso, o autarca de Lisboa descreveu o pacote de 85 ME como um “anúncio importante para a política em relação aos bairros municipais”.

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Erdogan anuncia prorrogação de acordo sobre exportação de cereais

  • Lusa e ECO
  • 18 Março 2023

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou a prorrogação do acordo internacional sobre a exportação de cereais ucranianos, sem especificar a duração desta extensão.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou este sábado a prorrogação do acordo internacional sobre a exportação de cereais ucranianos, sem especificar a duração desta extensão, noticiou a AFP.

“Após conversações com ambas as partes, garantimos a prorrogação do acordo que deveria terminar a 19 de março”, afirmou o líder turco num discurso emitido pela televisão. “O acordo sobre o corredor de cereais deveria terminar a partir de hoje. Como resultado de negociações com ambas as partes, prolongámos o tempo. A continuação e estabilidade do acordo é de importância vital”, disse Erdogan, também citado pela Europa Press.

Erdogan participou hoje num evento público em Çanakkale, na Turquia ocidental, onde agradeceu à Ucrânia, à Rússia e às Nações Unidas pelo seu envolvimento nas negociações.

Ancara tinha dito anteriormente que esperava uma prorrogação de 120 dias, enquanto a Rússia insistia num acordo de 60 dias para estender o pacto que permite a exportação de produtos agrícolas ucranianos através dos portos do Mar Negro.

O acordo facilitou a exportação de 24 milhões de toneladas de cereais em mais de 1.600 viagens de navios mercantes desde julho passado. Cinquenta e cinco por cento destes alimentos foram para países em desenvolvimento.

Acordo para exportar cereais pelo Mar Negro válido por mais 120 dias

O acordo entre a Rússia e a Ucrânia para prolongar o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro é valido por 120 dias, revelou hoje o governo de Kiev, citado pela EFECOM. “O acordo foi prorrogado por mais 120 dias”, disse o ministro ucraniano do Desenvolvimento Comunitário, do Território e Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, na sua conta do Facebook.

Kubrakov agradeceu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assim como a todos os países aliados envolvidos na mediação.

“Isto significa que a Ucrânia continua a exportar os seus produtos agrícolas através de três portos”, precisou o ministro, revelando que desde 01 de Agosto 25 milhões de toneladas de cereais tinham sido enviadas “para satisfazer as necessidades do mundo”.

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Miguel Albuquerque recusa-se a aplicar pacote Mais Habitação na Madeira

  • ECO
  • 18 Março 2023

Miguel Albuquerque defende que "a Região tem capacidade e autoridade para legislar sobre o tema".

Miguel Albuquerque critica o pacote de medidas Mais Habitação, apresentado pelo Governo de António Costa, reiterando que não vai aplicar o programa na Madeira, em entrevista ao Diário de Notícias (acesso livre). O presidente do Governo Regional da Madeira exige uma “solução específica, dimensionada e adequada à realidade regional”.

Para o governante madeirense, este conjunto de medidas “é uma ideia louca”, que “até se pode dizer que parece venezuelano”. Destaca o arrendamento forçado de habitações devolutas, que considera que “configura uma restrição desproporcional de direitos, liberdades e garantias, nomeadamente o direito de propriedade”.

Miguel Albuquerque critica ainda as medidas para o Alojamento Local, que diz ser feito um “bode expiatório sem sentido” para os problemas da habitação, sendo também um pacote que “defrauda a confiança dos investidores”. Assim, reitera que “o governo regional recusa-se a aplicar essas medidas do Programa Mais Habitação”, salientando que “a Região tem capacidade e autoridade para legislar sobre o tema”.

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