Rússia avisa G7 que se bloquearem exportações não há acordo dos cereais

  • Lusa
  • 23 Abril 2023

Os países do G7 estão a considerar proibir a maior parte das suas exportações para a Rússia, alargando as sanções ao país liderado por Vladimir Putin.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia avisou neste domingo os países do G7 que se impuserem um veto às suas exportações para a Rússia, pode significar o fim do acordo de cereais ucranianos.

“A ideia do G7 sobre a proibição total das exportações para o nosso país é magnífica por definição, pelo facto de implicar também a cessação das importações dos produtos mais sensíveis do nosso país para o G7“, alertou Dmitri Medvedev no Telegram.

O ex-presidente russo, que se destacou recentemente pelos seus comentários rudes e agressivos nas redes sociais, esclareceu que “neste caso acabará o acordo de cereais e de muitas outras coisas de que precisam”.

A agência de notícias japonesa Kyodo informou, citando fontes do governo japonês, que os países do G7 estão a considerar proibir a maior parte das suas exportações para a Rússia.

Esta situação surge a cerca de um mês da reunião da cúpula do G7 na cidade japonesa de Hiroshima (oeste), marcada para maio, onde se espera que, a exemplo das reuniões ministeriais já realizadas sob a presidência do Japão, a guerra na Ucrânia seja uma das questões centrais.

“Sabemos que há notícias sobre isso, mas evitamos fazer comentários”, disse à EFE uma porta-voz do Ministério do Exterior japonês, em consonância com a posição do porta-voz do governo.

Estas informações chegam pouco depois de uma publicação que dá conta que os Estados Unidos e a Ucrânia estariam a considerar impor tal veto.

Os países do G7 já congelaram a exportação de uma ampla gama de produtos para a Rússia, incluindo aqueles com potencial uso militar e bens de luxo, mas a extensão do veto pode afetar carros, pneus, cosméticos ou roupas, segundo refere a EFE.

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Portugueses não pousam os livros. Vendas sobem 13% até março, para 39,3 milhões

Depois de uma subida de 16% nas receitas de vendas de livros, para 175 milhões de euros, o arranque do ano traz boas notícias para o setor livreiro. Hoje é o Dia Mundial do Livro.

Os portugueses parecem não querer pousar os livros. Até março, venderam-se 2,8 milhões de obras, gerando 39,3 milhões de euros em receitas, uma subida de 13% face aos primeiros três meses do ano passado, indicam os dados da GFK que o ECO teve acesso. Hoje é o Dia Mundial do Livro.

Depois de no ano passado, as vendas de livros terem subido 16% para 175 milhões de euros em receitas, o arranque de 2023 traz boas notícias para o setor livreiro. Um total de 2,8 milhões de livros saiu das livrarias e hiper/supermercados para casa dos leitores, uma subida de 8%, gerando receitas globais de 39.3 milhões euros (+13%).

E na hora de comprar, os consumidores optaram pelas livrarias. Este canal gerou o grosso das vendas em unidades, tendo sido responsável por 2 milhões das unidades vendidas e por 31,5 milhões de euros das receitas. Já o canal dos hiper e dos supermercados vendeu 800 mil obras no primeiro trimestre, gerando 7,8 milhões de euros em receitas.

Tendência que já se observava no ano passado, com as livrarias a deterem a fatia de leão das 12,7 milhões de unidades vendidas e dos 175 milhões de euros em receita. Este canal vendeu 8,8 milhões em obras, gerando 137 milhões de receita.

Quanto aos hiper, esse canal viu sair 3,9 milhões de unidades das prateleiras, gerando um encaixe de 37,4 milhões, no ano em que “A Mulher do Dragão Vermelho”, de José Rodrigues dos Santos, “A Mais Breve História da Rússia”, de José Milhazes, e “Isto Acaba Aqui”, de Colleen Hoover, lideraram as vendas.

Literatura (24%), Ficção Infantil/Juvenil (22%) e Não Ficção Infantil/Juvenil (12%) foram as categorias mais vendidas no ano passado.

Consumidores optam (também) por venda online

E na hora de vender online, é também a ficção que domina, com os leitores a ‘reciclarem’ as obras que têm lá em casa. De acordo com um estudo da GFK, para a plataforma online de revenda de livros Wallapop, “92% das pessoas que assumiram vender online revelaram que o fizeram em plataformas de produtos reutilizáveis com os livros de literatura e narração a serem os mais vendidos (57%)“, pode ler-se em comunicado. Seguem-se os livros antigos (43%), livros de crianças e jovens (40%) e livros práticos e de referência (35%).

Quem vendeu livros no último ano, uma larga maioria (77%) conta vender o mesmo número de livros ou ainda mais do que fizeram em 2022.

E quem compra neste tipo de plataformas conta continuar a fazê-lo: “86% dos inquiridos que fizeram compras de livros reutilizado no último ano a pretenderem comprar o mesmo número de livros reutilizados ou ainda mais em 2023.

Na compra é também a ficção que domina. Com as obras de literatura e narração (54%), seguida de livros antigos (29%) e livros práticos e de referência (29%) a serem os mais procurados pelos portugueses nas plataformas de produtos reutilizáveis.

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Catarina Martins critica “silêncio ensurdecedor” de PM sobre a TAP

  • Lusa
  • 23 Abril 2023

Na segunda-feira, o partido vai apresentar no parlamento um projeto de resolução para a Proteção dos Rendimentos Face à Inflação e Rejeição do Programa de Estabilidade 2023/27.

A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou neste domingo o “silêncio ensurdecedor” do primeiro-ministro em relação às questões associadas à TAP, salientando que “já nem se pode escudar” nas explicações de nenhum ministro.

“O silêncio do primeiro-ministro [António Costa] sobre as questões da TAP é ensurdecedor e difícil de explicar. Neste momento, o primeiro-ministro já não se pode escudar em nenhum ministro para dar explicações, uma vez que nenhuma explicação de um ministro vale. Além disso, um ministro diz uma coisa e outro ministro diz o contrário”, afirmou Catarina Martins.

“Este é mesmo o momento em que o primeiro-ministro tem de começar a dar explicações ao país num ‘dossier’ em que julgo que estamos chocados, e que todo o país fica chocado, com a incompetência, irresponsabilidade e leviandade com que se tem tratado uma empresa estratégica para Portugal e que implica milhões de euros para o país”, acrescentou.

A coordenadora bloquista falava aos jornalistas numa conferência na sede nacional do BE, em Lisboa, para anunciar que, na segunda-feira, o partido vai apresentar no parlamento um projeto de resolução para a Proteção dos Rendimentos Face à Inflação e Rejeição do Programa de Estabilidade 2023/27, apresentado pelo Governo no dia 17 deste mês.

“Consideramos que o plano do Governo para o país empobrece a população e desprotege os serviços públicos em Portugal”, afirmou Catarina Martins.

Questionada sobre as palavras do Presidente da República, em que Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que pode haver boas e más notícias em relação a uma eventual dissolução do Governo, Catarina Martins referiu que, apesar de não ser “nem comentadora nem descodificadora do chefe de Estado, o facto é que existe um executivo “que está envolvido em inúmeros casos que são graves”.

“Temos o caso de ministros que dão versões contraditórias no parlamento em ‘dossiers’ que envolvem milhões de euros, como a TAP, em que o primeiro-ministro é incapaz de explicar, afinal, quem é que tem razão, se é a ministra Mariana Vieira da Silva, se é a ministra Ana Catarina Mendes, que diz que há pareceres jurídicos que não se mostram, ou se é o ministro das Finanças que diz que esses pareceres nem sequer existem”, sustentou a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Para Catarina Martins, este é “apenas um dos múltiplos casos” em que se nota que a causa pública “não é tratada da forma que exige a democracia e a ética republicana”, que tem provocado instabilidade no país, agravada com os problemas na educação, saúde, forças de segurança e justiça.

“Não podemos continuar a ter as escolas com falta de aulas. Neste momento, há muitos alunos sem aulas e não por causa das greves. É porque faltam 30.000 professores na escola pública. […] E com o Programa de Estabilidade que apresenta nada disso vai ser resolvido, não há margem”, sublinhou, o mesmo defendendo em relação ao setor da Saúde.

“Temos urgências a fechar na Saúde, e temos uma espécie de mapa sobre a que porta é que se pode dirigir em cada dia, porque nunca se sabe qual a porta que estará aberta ou fechada nas urgências. […] Com o Programa de Estabilidade que [o Governo] apresenta, não vai haver nenhuma margem para resolver isto”, acrescentou.

Para a líder bloquista, o que se passa na Saúde e na Educação está a acontecer também na Justiça, nas forças de segurança e ainda na Habitação, “em que o Governo faz anúncios sucessivos sobre medidas que redundam em absolutamente zero, enquanto as pessoas veem a sua vida cada vez mais instável”.

“Ao debate democrático em Portugal é preciso, sobretudo, falar das condições concretas da vida das pessoas. Para a população portuguesa, é muito complicado continuar a ouvir declarações sobre se há ou não estabilidade na política, sem que se fale das condições de estabilidade da vida das pessoas”, afirmou.

“As pessoas é que importam. É preciso saber como as pessoas vão conseguir pagar as contas no supermercado, se vão ter uma casa para viver, se vão ao hospital saber se está aberto e se há uma escola para os seus filhos com professores”, concluiu.

Nesse sentido, Catarina Martins insistiu na ideia de se deve discutir “as condições objetivas das pessoas no país”, uma vez que, caso contrário, “corre-se o risco de haver um debate entre protagonistas políticos, que não diz absolutamente nada às pessoas”.

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Saiba porque deve ter um fundo de emergência na sua carteira

O primeiro passo de qualquer estratégia de investimento deve passar por construir um refúgio contra as tempestades do mercado. Fique a saber como pode construir um fundo de emergência sólido.

Março foi um mês recheado de sobressaltos nos mercados, por conta do colapso do segundo maior banco da história dos EUA e do resgate do Credit Suisse pelo Estado suíço e do UBS.

Para muitos investidores, estes episódios foram momentos de muito stress e de muita tensão, particularmente para aqueles que têm sentido no bolso a subida das taxas de juro e o aumento do custo de vida dos últimos meses.

Para esses, a possibilidade de fechar algumas das posições acionistas esteve (e continua a estar) em cima da mesa. É difícil aguentar uma queda de 10%, 20%, 30% ou mais no espaço de poucos dias. Mais ainda quando do lado da despesa (prestação da casa e da despensa), a fatura não para de subir. Mas é sobretudo nessas alturas que os investidores se apercebem que a sua carteira de investimentos está longe de estar devidamente organizada.

O dinheiro do “fundo de emergência” deve ser aplicado em ativos de baixo risco e com elevada liquidez.

Para evitar passar por uma situação dessas num próximo episódio de queda dos mercados (que vai acontecer), os investidores devem fazer uma avaliação à alocação dos seus investimentos e começarem pela base: da mesma forma que se constrói uma casa pelo chão, também a construção de uma carteira de investimentos começa por garantir, desde logo, a existência de fundações sólidas. Só depois vêm as paredes, as janelas e mais tarde o telhado.

Isso significa começar por dedicar toda a atenção (e esforço financeiro) a construir uma base sólida que ofereça estabilidade financeira e, sobretudo, tranquilidade emocional. O objetivo é construir um porto de abrigo que, em caso de se levantar uma tempestade avassaladora do dia para a noite, terá sempre um refúgio com meios suficientes para salvaguardar as necessidades básicas e com força para servir de alavanca para um novo recomeço. Damos a este porto de abrigo o nome pomposo de “fundo de emergência”.

Fundações seguras e sólidas

A dimensão do “fundo de emergência” não deve ser inferior a 8 ou 12 meses das suas despesas fixas. Nestas contas entram a prestação da casa e de restantes créditos, as despesas com a água, luz, água e telecomunicações, a prestação do colégio dos miúdos, o combustível do carro e todas as outras despesas recorrentes do seio familiar.

Desta forma, na eventualidade de alguma surpresa terá um “balão de oxigénio” de 8 a 12 meses para se levantar sem provocar um choque demasiado doloroso no dia a dia da família.

O dinheiro do “fundo de emergência” deve ser aplicado em ativos de baixo risco e com elevada liquidez. O mais importante não é ganhar dinheiro, mas garantir que as poupanças lá colocadas estarão disponíveis a qualquer hora para salvaguardar uma qualquer emergência (situação de desemprego, arranjo do carro, etc.).

Os depósitos bancários cumprem na perfeição este requisito. No entanto, não é agradável saber que os bancos continuam a mostrar-se pouco simpáticos com as poupanças das famílias.

Por isso, os Certificados de Aforro, apesar de não serem tão líquidos como os depósitos porque só são reembolsáveis um trimestre após a data da sua subscrição, são o produto de baixo risco mais rentável à disposição dos pequenos aforradores: em abril, a taxa de juro das novas subscrições e capitalizações de Certificados de Aforro será de 3,5%.

Para ter o melhor dos dois mundos (total liquidez e alguma rendibilidade), o mais indicado pode passar por equilibrar a exposição do “fundo de emergência” a estes dois produtos, numa proporção de, por exemplo: por cada dez euros em depósitos estarão aplicados 30 euros em Certificados de Aforro.

A partir daqui, com um “fundo de emergência” sólido e bem preparado contra tempestades, a carteira dos investidores está pronta para agarrar as inúmeras oportunidades que o mercado oferece quando fica pintado de vermelho.

Texto incluído na edição de 10 de abril do Portefólio Perfeito que pode subscrever através deste link.

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“TAP é eixo fundamental” entre Brasil e Portugal, diz diretor da Câmara de Comércio

  • ECO
  • 23 Abril 2023

Investimento brasileiro em Portugal ronda os 4 mil milhões de euros, dinheiro que José Manuel Diogo acredita que em parte vai ficar em Portugal e vai multiplicar-se.

Portugal não pode facilitar na relação com o Brasil no âmbito da privatização da TAP. O diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, José Manuel Diogo, assinala que a companhia aérea portuguesa “é um dos eixos fundamentais da relação entre Portugal e o Brasil, que torna o Brasil próximo de Portugal”.

“Num processo de privatização esta ligação não pode ser descurada, nem se pode facilitar, porque a relação com o Brasil tem uma dimensão estratégica também do ponto de vista da mobilidade“, refere o responsável em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1.

A meio da visita de Estado do Presidente do Brasil a Portugal, José Manuel Diogo nota que o investimento brasileiro em Portugal “ronda os 4 mil milhões de euros, dinheiro que em parte “vai ficar em Portugal e vai multiplicar-se”.

O líder da Câmara de Comércio Luso-Brasileira sinaliza ainda que os brasileiros atualmente já não procuram o país apenas por uma questão de segurança, mas sim para fazer investimento e chamam outros brasileiros para fazerem o mesmo. “Se nós abrimos as portas vamos ter de viver com elas abertas”, antecipa.

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Inflação alta é “consequência do populismo”, avisa Larry Fink

  • ECO
  • 23 Abril 2023

Larry Fink fala num mundo em transição numa crise bancária concentrada nos Estados Unidos. "Guru" dos mercados defende que Europa devia implementar esquema de incentivos igual aos dos Estados Unidos.

Larry Fink avisa que a inflação alta é culpa do populismo e da fragmentação do mundo. O líder da gestora de ativos BlackRock e um dos “gurus” da bolsa avisa que o mundo está em transição e que a crise bancária está confinada às instituições regionais dos Estados Unidos.

“Creio que a inflação é uma consequência do populismo e também é resultado da fragmentação. A inflação não surge por artes mágicas mas sim pelas medidas políticas aplicadas em cada momento, dos estímulos fiscais às medidas que limitar a inflação”, refere o líder da gestora de ativos em entrevista ao jornal espanhol El País (acesso pago).

Quando se fala na fragmentação económica, Larry Fink lembra as conversas com os líderes mundiais: “cada vez que falo com alguém surge a questão se deve reduzir a sua dependência da China. Isso pressupõe uma grande mudança”. O líder da BlackRock diz que, ao mesmo tempo, “os próprios líderes dos governos estão a gerar fragmentação ao evocar razões de segurança nacional” na tomada de algumas medidas.

O “guru” nota também que o problema da inflação é que “ao mesmo tempo que se sobem as taxas de juro para arrefecer os preços, muitos governos põem em marcha planos fiscais muito agressivos. Isso complica a tarefa dos bancos centrais”.

Larry Fink defende ainda que a Europa deveria avançar com um esquema de incentivos para a transição energética semelhante ao dos Estados Unidos. “Seria o melhor que poderia acontecer ao mundo. Se o planeta pode descarbonizar a economia mais depressa, o que haveria de ter de errado nisso?”

Por fim, Larry Fink classifica a criptomoeda bitcoin como um “ouro digital”, um “ativo de refúgio” de último reforço para “todos os que não confiam nos governos, que se preocupam com o futuro do dinheiro e que defendem um sistema financeiro descentralizado”.

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Ministra da Habitação admite coexistência de apoios municipais com governamentais

  • ECO
  • 23 Abril 2023

Marina Gonçalves garante que programa de apoio ao arrendamento Porta 65 passará a ser contínuo a partir de junho.

Marina Gonçalves garante que os programas de apoio ao arrendamento dos municípios podem coexistir com as iniciativas do Governo para esta área. A ministra da Habitação assegura ainda que a partir de junho o programa de apoio ao arrendamento para jovens, o Porta 65, passará a ser contínuo.

Quando questionada sobre a possibilidade de a câmara do Porto poder suspender o programa de apoio à habitação Porto Solidário, a ministra responde: “o decreto-lei prevê um apoio que é cumulativo, na forma como foi criado, portanto não há problema de coexistência no nosso decreto-lei”, refere Marina Gonçalves em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF (acesso pago).

Sobre o programa Porta 65, a ministra reforça que na nova versão “será um apoio a cinco anos, com regras muito semelhantes, ainda que, obviamente, com a especificidade dos agregados a que estamos a chegar”.

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Aeroporto de Beja sem pessoal permanente para controlo alfandegário

  • ECO
  • 23 Abril 2023

Situação põe em risco para o controlo da fronteira externa de Portugal e da União Europeia (UE). Só agora a Autoridade Tributária está a procurar resolver a situação.

O posto aduaneiro do aeroporto de Beja está a funcionar sem pessoal permanente há vários anos. Isto significa que nem todos os movimentos de pessoas e mercadorias transportados nos jatos privados e nos voos comerciais são alvo de verificação alfandegária. A situação põe em risco para o controlo da fronteira externa de Portugal e da União Europeia, escreve neste domingo o jornal Público (acesso pago).

A estrutura aduaneira de Beja pertence à jurisdição da Alfândega de Faro e, como neste momento não há uma pessoa em permanência na estrutura alentejana, o que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) faz é enviar um funcionário do aeroporto de Faro a Beja em voos selecionados, os que chamam a atenção por terem um maior perfil de risco.

As eventuais falhas na deteção de mercadorias ilícitas, de produtos contrafeitos ou mesmo no combate ao tráfico de droga colocam riscos à economia portuguesa e ao mercado interno europeu a partir da fronteira nacional, ao potenciarem riscos de evasão e de fluxos ilegais nas fronteiras. Só agora a AT está a fazer diligências internas para reforçar a presença no local.

O mesmo jornal lembra que situação semelhante ocorreu no aeródromo de Tires antes de vir a público que um jato privado com 500 quilos de cocaína apreendido no Aeroporto Internacional de Salvador, no Brasil, tinha justamente como destino final o aeródromo português após uma paragem programada para Cabo Verde.

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G7 condena uso da Rússia de alimentos como “ferramenta de coação geopolítica”

  • Lusa
  • 23 Abril 2023

O grupo sublinhou o apoio às iniciativas da UE, Ucrânia e Turquia para abrir rotas de exportação de cereais a partir do território em guerra, um dos maiores produtores do mundo.

Os ministros da Agricultura dos países do G7 condenaram neste domingo o uso dos alimentos “como meio desestabilizador e ferramenta de coação geopolítica” pela Rússia durante a invasão da Ucrânia, a quem prometeram ajuda.

“Continuamos a condenar nos termos mais fortes a guerra de agressão ilegal, não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia”, refere a declaração conjunta adotada pelo Grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7), no final de dois dias de reuniões na cidade de Miyazaki, no sudoeste do Japão, aos quais se juntou o representante europeu.

Os titulares da pasta da Agricultura do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e a UE expressaram “profunda preocupação com o impacto devastador que a guerra está a ter na segurança alimentar global, especialmente através de aumentos repentinos nos preços dos cereais, combustível e fertilizantes, que estão a afetar desproporcionalmente os mais vulneráveis”, nota a declaração.

O grupo sublinhou o apoio às iniciativas da UE, Ucrânia e Turquia para abrir rotas de exportação de cereais a partir do território em guerra, um dos maiores produtores do mundo.

O G7 comprometeu-se ainda em “apoiar os mais afetados pela militarização dos alimentos por parte da Rússia”, através de medidas que garantam o acesso a alimentos e fertilizantes.

Os sete responsáveis reafirmaram ainda o compromisso de apoiar a reconstrução e recuperação da Ucrânia, partilhando com Kiev experiências e conhecimentos agrícolas, bem como contribuindo para a reconstrução de infraestruturas e o acesso dos agricultores a financiamento e sementes através de organismos internacionais.

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Degrowth. Críticos falam em teoria “inviável” mas PIB já não chega para avaliar bem-estar

As preocupações ambientais têm estado na ordem do dia e muitos questionam o papel do crescimento económico na sustentabilidade do planeta. Soluções não são consensuais mas indicadores devem evoluir.

“Temos de começar a pensar também em decrescimento”. A frase não é de um economista, mas sim de um ator e encenador, João Reis, que acabou por despoletar uma discussão sobre os contornos desta teoria que propõe colocar um travão na economia para salvar o planeta.

A ideia de descolar o crescimento do desenvolvimento é polémica e divide opiniões, mas tem vindo a ganhar tração numa altura em que as alterações climáticas são uma ameaça cada vez mais presente. Muitos são os críticos da teoria, mas raro é quem não admita que é necessário fazer adaptações à forma como olhamos para a economia e a sociedade para evitar atingir os limites do planeta.

Economistas ouvidos pelo ECO assumem também que o crescimento do PIB pode não ser um indicador fiável do bem-estar, pelo que sugerem mais métricas a serem tidas em conta na avaliação do desenvolvimento de uma sociedade.

O chamado degrowth (decrescimento, em português) é “uma forma de discutir o crescimento que já vem de há muito: ainda nos anos 70 no âmbito do clube de Roma, que produziu um relatório sobre essa matéria”, explica José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, ao ECO. “No fundo, está relacionada com ideia de que o crescimento em si mesmo não é desenvolvimento, ou seja, o crescimento pode ser uma condição para o desenvolvimento mas não é necessariamente garantido que leve a desenvolvimento”, continua.

A sustentabilidade está também na génese desta teoria, que diz que o “crescimento que temos tido e podemos ter é tão utilizador de recursos que vai depauperar os recursos de que dispomos, porque os usa intensivamente e vai criar efeitos contraproducentes que são os ambientais”.

Agrega assim duas ideias: de que o crescimento económico é “meramente uma avaliação quantitativa e não nos diz nada sobre qualidade das sociedades”, bem como a noção de que “atingimos um nível tal de exaustão de recursos e degradação ambiental que é necessário decrescer”.

O que importa não é o crescimento económico linear infindável: à medida que os países ficam mais ricos, a contribuição para o desenvolvimento vai sendo menos importante

Pedro Conceição

Diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano

Segundo os dados do Banco Mundial, o PIB mundial a preços constantes multiplicou-se por quase oito vezes entre 1961 e 2021. Já o PIB português era, em 2021, seis vezes maior do que o registado 60 anos antes. E vivemos melhor, mas será que é “em média seis vezes mais”? “Provavelmente não”, concede José Reis.

Pedro Conceição, economista português que é responsável pelo Relatório do Desenvolvimento Humano, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, também salienta que a relação entre o crescimento económico e o desenvolvimento não é linear. “O crescimento económico e a expansão das economias é importante porque as pessoas precisam de rendimentos para comprar bens e serviços importantes, mas no índice de desenvolvimento humano, o rendimento nacional bruto (RNB) não entra de forma linear”, explica ao ECO.

Portugal em 38º lugar no Índice de desenvolvimento humano

“À medida que cresce, a importância diminui”, destaca, sendo que é aplicada uma “transformação logarítmica do RNB, porque o que importa não é o crescimento económico linear infindável: à medida que os países ficam mais ricos, a contribuição para o desenvolvimento vai sendo menos importante”, explica.

O índice avalia três “dimensões-chave do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, ser instruído e ter um padrão de vida decente”. Portugal situa-se no 38º lugar no índice de desenvolvimento humano, segundo a última edição de 2021, tendo subido um lugar face a 2020. A liderar o índice está a Suíça, seguida pela Noruega e Islândia.

O tema tem já sido mencionado a nível internacional, sendo que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU citou recentemente o decrescimento num relatório e o Parlamento Europeu está a organizar uma conferência chamada “Beyond Growth” na próxima primavera. Vai contar com a participação de Pedro Conceição, num painel sobre ir além do indicador do PIB, sendo que também está prevista a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na conferência.

Estamos demasiado presos ao PIB?

A métrica do crescimento do PIB é assim outro dos pontos a ser discutido à luz desta teoria. O economista João César das Neves diz ao ECO que este pode não ser um bom indicador do bem-estar: “É apenas o mais usado, e considera um elemento muito relevante, o rendimento, mas não é de todo um bom resumo do bem-estar”. “Tal como a nossa conta bancária não é um bom resumo da felicidade pessoal”, acrescenta.

Já Pedro Brinca salienta que “existem muitas limitações ao PIB enquanto medida de bem-estar, e por isso é muitas vezes acompanhado por outros indicadores complementares que ajudam a descrever melhor as condições de vida de um país, como a taxa de desemprego, taxa de pobreza, esperança média de vida, mortalidade infantil, indicadores relacionados com a segurança”. “Não obstante é uma medida que é objetiva, tem regras específicas de contabilização, é comparável no tempo e entre países e tipicamente encontra-se fortemente correlacionada com a maioria das outras variáveis que medem o bem-estar das populações”, defende.

Existem muitas limitações ao PIB enquanto medida de bem-estar, e por isso é muitas vezes acompanhado por outros indicadores complementares que ajudam a descrever melhor as condições de vida de um país

Pedro Brinca

Economista

E que outros indicadores se poderiam usar? César das Neves destaca que “temos de ter em conta indicadores de saúde, de educação e cultura, de condições de vida, de consumo, de pobreza, de desigualdade, além de elementos mais difíceis de medir como a liberdade pessoal, a democracia política, a confiança comunitária, a paz e civilização nacional, serenidade espiritual”.

O economista da Nova SBE também aponta que há “indicadores sintéticos, como o índice de desenvolvimento humano, e que para além do PIB captura outras dimensões como a esperança média de vida e os níveis de educação”. “Existe o life satisfaction index, que faz inquéritos as populações dos diferentes países para perceber quão felizes, numa determinada escala, as pessoas se sentem”, no entanto estes “encerram em si uma subjetividade muito grande e encontram-se fortemente correlacionados com o PIB”, ressalva.

Pedro Conceição, por sua vez, defende que “há um problema na medição do PIB: se fosse medido de forma mais correta, dando conta da degradação ambiental, o que aparece como crescimento económico muito alto nos países poderia não ser assim tão elevado”. Isto já que “na verdade aquilo que consideramos o crescimento económico, utilizando os padrões em vigor, não dá conta daquilo que os economistas chamam externalidades”.

Tomando o exemplo da destruição de uma floresta para produzir papel, é uma atividade que “aumenta o PIB mas não dá conta da destruição do ecossistema”. Por esta razão, já estão a ser desenhadas algumas formas de medir a degradação do capital ambiental, sendo que o responsável adianta mesmo que a comissão estatística da ONU aprovou um novo sistema de contabilidade económica ambiental, “paralelo à contabilidade nacional”, mas que ainda não foi implementada.

É de salientar que há outros movimentos que defendem que se deve olhar para além do PIB, como é o caso da economia donut. Esta consiste em dois anéis, que combinam os limites do planeta, que não devem ser ultrapassados, com as bases sociais, que devem ser garantidas. O modelo foi criado pela economista britânica Kate Raworth, da Universidade de Oxford, e apresentado primeiro num artigo, em 2012, e depois num livro, publicado em 2017.

O “donut” proposto por Kate RaworthDEAL

No entanto, para Pedro Conceição esta pode não ser a abordagem certa. “Não sei até que ponto esta ideia de que há limites é mobilizadora de ações, que inspirem pessoas a caminhar na direção da sustentabilidade”, defende.

Decrescimento pode não ser “viável” mas economia “deve ter em conta os custos que gera no ambiente”

As opiniões dividem-se sobre o decrescimento, mas muitos economistas consideram que não é realista ou viável e há quem diga também que é “dispensável”. Apesar das críticas, já começa a ser claro que é necessário “ter em conta os custos que o crescimento da economia gera no ambiente”.

Há algumas figuras sonantes do lado dos críticos desta teoria, ainda que admitam que é necessário mudar algo para fazer face às alterações climáticas. No ano passado, Bill Gates disse que esta teoria era irrealista: “Não acho realista dizer que as pessoas vão mudar completamente seu estilo de vida por causa de preocupações com o clima”, disse Gates a Akshat Rathi num episódio do podcast da Bloomberg, “Zero”.

A solução, de acordo com Gates, é criar melhores alternativas tecnológicas onde seja o mesmo preço ou mais barato atingir o mesmo objetivo de maneira consciente do clima.

Já Martin Wolf, Chief Economics Commentator do Financial Times, mostrou-se cético relativamente ao decrescimento, defendendo ao invés que o foco para salvar o planeta devia estar na transformação tecnológica, na conferência de sustentabilidade do Jornal de Negócios realizada este mês.

O decrescimento – a ideia de que temos de criar menos riqueza de forma a não pormos em causa a saúde do planeta – não é uma política que seja viável política ou socialmente

Pedro Brinca

Economista

Por cá, o economista Pedro Brinca é taxativo: “O decrescimento – a ideia de que temos de criar menos riqueza de forma a não pormos em causa a saúde do planeta – não é uma política que seja viável política ou socialmente”. O economista defende que este tipo de raciocínio ignora “o impacto que a inovação tecnológica tem no aumento da produtividade, da capacidade de com os mesmos recursos, produzirmos muito mais, ou seja, a ideia de que uma maior produção implica necessariamente uma cada vez maior exaustão dos recursos é desafiada pelo facto de que a ‘disponibilidade’ de recursos não é definida apenas pela sua disponibilidade física – é também definida pela capacidade que temos de os utilizar de formas cada vez mais eficientes”.

Mesmo seguindo esta tese, o economista admite que “é óbvio que existem graves problemas ambientais que têm de ser resolvidos”, considerando ao invés que “existem maneiras mais inteligentes de os resolver”. “Os incentivos para a investigação no melhoramento das energias renováveis e na sua aplicação é uma ferramenta que tem permitido a que em algumas geografias as emissões possam ser mais baixas apesar de as necessidades energéticas poderem até ter crescido”, nota.

Para João César das Neves, pode fazer sentido discutir o decrescimento “em certos setores, regiões ou estratos”. “Em geral, o crescimento da economia continua a ser indispensável, mas deve ter em conta os custos que gera no ambiente”, pelo que “se esses custos forem integrados (e há várias formas de o fazer há muito apresentadas), é possível crescer de forma sustentada”, diz.

Já Pedro Conceição defende que “o que inspira as preocupações do degrowth é legítimo, porque há uma correlação muito grande entre crescimento económico e degradação do ambiente e alterações climáticas”. No entanto, admite que “mecanicamente reduzir o crescimento não é necessariamente a solução”.

“O problema não é o crescimento económico em si, mas vem do facto que o crescimento económico hoje em dia é alimentado pela produção de energia que utiliza combustíveis fósseis”, bem como a utilização de materiais, como o plástico, onde não há perspetiva do ciclo de vida, considera.

Para o responsável do relatório de desenvolvimento publicado pelo programa da ONU, a solução “passa por investimentos em energias renováveis e isso pode até criar crescimento económico”.

José Reis também defende que há a possibilidade de, “se tratarmos bem as questões ambientais e sociais, podermos ainda continuar a crescer porque os desequilíbrios não se verificariam”.

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Lula quer empresários portugueses e brasileiros a partilharem empresas

Apex, agência de investimento do Brasil, vai abrir escritório em Portugal, anunciou Lula da Silva após cimeira luso-brasileira.

Em vez de andarem às compras, os empresários de Portugal e do Brasil têm de partilhar mais as sociedades. Lula da Silva lançou o desafio neste sábado, após a cimeira luso-brasileira com o primeiro-ministro português, António Costa. Foram assinados 13 novos acordos de cooperação, depois de mais de seis anos sem qualquer encontro bilateral entre os dois países.

“Queremos convencer os empresários brasileiros não a comprar empresas em Portugal e portugueses a comprarem empresas no Brasil mas sim a construir políticas de partilha de sociedades, para as empresas crescerem juntas”, ambicionou o Presidente do Brasil em declarações após a cimeira. Lula da Silva garante que o Brasil “está de volta” e quer “partilhar com Portugal as oportunidades de crescimento e de investimento”.

A dois dias do fórum económico que vai decorrer no Porto, o chefe de Estado brasileiro anunciou que a agência de promoção de investimentos, a Apex, vai abrir um escritório em Lisboa. O objetivo é “mostrar a seriedade e o carinho da nossa relação”, assegurou Lula da Silva. A Apex é o equivalente no Brasil à agência portuguesa AICEP.

Lula da Silva reforçou a mensagem da recuperação com o Brasil com o facto de ter “14 mil obras paralisadas” na área das infraestruturas e de “4.000 obras paralisadas” só na área da educação. O Presidente do Brasil notou ainda: “Portugal, para nós, não é um país estrangeiro. É uma extensão da nossa casa. É assim que precisamos de nos relacionar”.

Do lado português, António Costa garantiu que as cimeiras luso-brasileiras “voltarão a ser anuais” e sinalizou os 13 acordos assinados neste sábado. O documento prevê, por exemplo, as equivalências no ensino básico e secundário, o reconhecimento mútuo das cartas de condução entre os dois países e o alargamento da parceria com a Embraer na reparação de material militar brasileiro na aviação.

Também foi assinado um memorando no domínio da energia com o objetivo de promover “o desenvolvimento e a implementação da cooperação institucional, técnica e científica, bem como a partilha de conhecimento, e incentivar a realização conjunta de programas, projetos e atividades. Estão previstos “programas e iniciativas de eficiência energética, na integração de eletricidade de base renovável na rede, no armazenamento de energia e de combustíveis renováveis, como o hidrogénio e o biometano.

Na área da geologia e minas, o executivo nacional e o brasileiro dizem querer “promover o desenvolvimento e a implementação da cooperação institucional, técnica e científica, bem como a partilha de conhecimento, e incentivar a realização conjunta de programas, projetos e atividades”. Este compromisso prevê “a constituição de parcerias, partilha de conhecimentos na pesquisa geológica e na exploração mineral e a contribuição para a transição energética sustentável na ótica da verticalização do setor”.

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Brasil e Portugal deploram “anexação” da Ucrânia pela Rússia e pedem “paz justa e duradoura”

O Presidente do Brasil e primeiro-ministro português querem rever o enquadramento fiscal do investimento direto ao nível bilateral para evitar a dupla tributação.

Os governos do Brasil e de Portugal “deploram a violação” da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes do território ucraniano, pedem compromisso com o direito internacional e uma “paz justa de duradoura”.

Esta posição consta da Declaração Conjunta assinada por Portugal e Brasil no final da XIII Cimeira Luso Brasileira, neste sábado, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Uma declaração que foi divulgada antes da conferência de imprensa do Presidente brasileiro, Lula da Silva, e do primeiro-ministro português, António Costa.

“Os chefes de Governo enfatizaram o seu compromisso com o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e a resolução pacífica de conflitos. Deploraram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes do seu território como violações do direito internacional”, lê-se no texto.

Na parte final deste mesmo texto lê-se que Portugal e Brasil “ressaltaram ainda a necessidade de promover uma paz justa e duradoura”.

Também em relação à guerra na Ucrânia, os executivos de Brasília e de Lisboa “lamentaram a perda de vidas humanas e a destruição da infraestrutura civil, bem como o imenso sofrimento humano e o agravamento das vulnerabilidades da economia mundial causados pela guerra”.

“Expressaram preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança alimentar e energética, especialmente nas regiões mais pobres do planeta”, realça-se.

Também em matéria de consequências económicas e sociais resultantes deste conflito no leste da Europa, Portugal e Brasil “convergiram no apoio ao pleno funcionamento da Iniciativa de cereais do Mar Negro”.

Nos primeiros pontos da declaração conjunta, António Costa e Lula da Silva “reafirmaram o seu compromisso intransigente com a defesa de um multilateralismo eficaz, assente no direito internacional e na Carta das Nações Unidas, reiterando o seu firme apoio à paz e segurança internacionais, à soberania e à integridade territorial dos Estados”.

“Enfatizaram ainda a imperiosa e inadiável necessidade de enfrentar os desafios globais das alterações climáticas e da segurança alimentar e contribuir para o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza e a inclusão social”, refere-se.

Em matéria de Defesa, os executivos de Portugal e do Brasil “expressaram satisfação pelo relacionamento entre os respetivos ministérios e Forças Armadas, salientando a participação de militares brasileiros no contingente português da Missão de Treino da União Europeia na República Centro-Africana”.

No que concerne à cooperação na área das indústrias de Defesa, os governos de Lisboa e de Brasília “salientaram a importância do projeto conjunto de desenvolvimento do KC-390, cuja primeira de cinco aeronaves adquiridas por Portugal foi apresentada em 2022 em Beja e se encontra em fase de certificação” desde março passado.

“Ainda neste âmbito, identificaram “oportunidades únicas para fortalecer as relações entre os dois países, face ao potencial de cooperação existente, nomeadamente nas áreas do Espaço, Ciberdefesa, Aeronáutica, Sistemas de Vigilância e Radares, entre outros”, acrescenta-se.

Revisão de normas fiscais bilaterais

O Presidente do Brasil e primeiro-ministro português querem uma rápida conclusão do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul e rever o enquadramento fiscal do investimento direto ao nível bilateral para evitar a dupla tributação.

“Os dois chefes de Governo convergiram na relevância do relacionamento comercial para os respetivos países e reafirmaram o seu mútuo empenho no desenvolvimento de iniciativas e ações conjuntas destinadas a reforçar e diversificar as trocas comerciais bilaterais, entre as quais se destaca a realização do Fórum económico bilateral à margem da cimeira, salientando a importância estratégica de uma rápida conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul”, lê-se no comunicado final.

Após uma alusão à necessidade de reorganização e reforço das cadeias de valor, no plano dos investimentos, os dois executivos observaram uma “crescente consolidação de uma nova dinâmica que posiciona o Brasil no topo dos países com maior investimento português no estrangeiro, sendo que, em sentido inverso, o Brasil é hoje o segundo maior investidor direto fora da União Europeia em Portugal”.

Portugal e o Brasil “reafirmaram o interesse em ver ampliados os investimentos” bilaterais e indicaram como áreas prioritárias para o aprofundamento do relacionamento económico e comercial “o setor das infraestruturas, energia, novas tecnologias, saúde, espaço, defesa e mar e oceanos”.

“Reconheceram a importância de um enquadramento fiscal favorável ao desenvolvimento das trocas comerciais e dos fluxos de investimento entre ambos os países, tendo concordado estabelecer contactos de nível técnico com vista a uma atualização do referido enquadramento”, lê-se.

Neste contexto, manifestaram a expectativa de que as negociações relativas ao protocolo que altera a convenção para evitar a dupla tributação “possam ser concluídas com a máxima brevidade possível, contribuindo assim para a criação de condições mais favoráveis à promoção do investimento direto mútuo e à luta contra a fraude e a evasão fiscal”.

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