O que nos dizem os rendimentos dos contribuintes em Portugal em 2021

Os rendimentos brutos aumentaram e há mais famílias a ganhar mais de 100 mil euros. No entanto, continuam a existir 2,3 milhões de agregados que não pagam imposto.

Há mais pessoas a entregar a declaração do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS), mas a fatia de pessoas que não paga IRS continua a ser superior a 40%.

Os dados sobre a campanha de IRS relativa a 2021, recentemente divulgados pela Autoridade Tributária (AT), revelam ainda um aumento dos rendimentos brutos dos contribuintes e que as pessoas têm também registado mais deduções à coleta para abater no IRS.

  • Rendimento bruto aumentou 6,4% e 59 mil famílias ganharam mais de 100 mil euros. Verificou-se, em termos globais, um aumento de cerca de 6,46% do rendimento bruto, num ano em que o salário mínimo aumentou em 30 euros. Aumentaram as famílias que ganham mais de 100 mil euros por ano, em 14%, para os 59.470 agregados. Por outro lado diminuiu a fatia de pessoas que declaram rendimentos inferiores a 10 mil euros.
  • Cinco distritos concentram mais de dois terços do IRS e Lisboa tem a taxa efetiva de tributação mais alta. Lisboa, Porto, Setúbal, Braga e Aveiro contribuem para 72,65% do total do IRS Liquidado, ou seja, correspondem a mais de dois terços do imposto. A AT tem também dados sobre a taxa efetiva de tributação bruta por
    distritos e Lisboa tem a taxa mais alta: 17,56%. Segue-se o Porto com 13,6% e Setúbal com 13,56%.
  • Despesa com regime fiscal para estrangeiros representa metade dos gastos com benefícios. Nas estatísticas sobre os benefícios fiscais para o ano de 2021 aponta-se que “a despesa fiscal atinge o montante de 2.027 milhões de euros (13,84% do IRS liquidado), sendo que 59,7% respeitam ao Regime dos Residentes não Habituais”. Este regime representou uma despesa de 1.210 milhões de euros, mais 33% que no ano anterior.
  • Mais de 2,3 milhões daqueles que entregaram a declaração não pagam IRS. A AT indica que, em 2021, para 41,59% dos agregados não foi apurado qualquer valor de IRS. Isto quer dizer que entre os 5.575.084 agregados que entregaram a declaração de IRS, mais de 2,3 milhões dos contribuintes não tiveram de pagar porque a remuneração era inferior ao mínimo de existência. Mesmo assim, a proporção de agregados que paga IRS aumentou face a 2020.
  • Deduções à coleta pelas despesas gerais familiares atingem máximo de 1,6 mil milhões de euros. As deduções à coleta por via das despesas gerais familiares atingiram o valor mais elevado desde que esta categoria de dedução ao IRS foi criada, tendo aumentado o número de famílias que apresentaram despesas para abater ao imposto. As despesas gerais familiares são a dedução mais significativa em termos de valor, seguida das despesas com saúde, que ascenderam a 584 milhões de euros e dos consumos em restaurantes, hotelaria, cabeleireiros, oficinas ou despesas com veterinários (76 milhões de euros).

Estes dados dizem respeito à campanha do ano passado, que se referia aos rendimentos de 2021. Atualmente, está a decorrer a entrega do IRS referente a 2022, prolongando-se até 30 de junho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundo soberano saudita dobra participação na petrolífera Saudi Aramco para 8%

  • Lusa
  • 16 Abril 2023

O fundo soberano da Arábia Saudita duplicou a participação na petrolífera Aramco para 8%, após a transferência de uma nova tranche de ações para uma empresa detida pelo Fundo de Investimento Público.

O fundo soberano da Arábia Saudita duplicou a sua participação na gigante petrolífera Aramco para 8%, após a transferência de uma nova tranche de ações para uma empresa totalmente detida pelo Fundo de Investimento Público (PIF).

Segundo avança este domingo a agência oficial de notícias SPA, o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, anunciou a “transferência de 4% das ações da Saudi Aramco pertencentes ao Estado para a Saudi Arabian Investment Company (Sanabil Investments), uma sociedade 100% detida pela PIF”.

O mesmo número de ações tinha já sido transferido no ano passado para o PIF, representando, na altura, 80.000 milhões de dólares (cerca de 73.000 milhões de euros.

A gigante petrolífera saudita Saudi Aramco registou em 2022 lucros recorde de 161.000 milhões de dólares (146.000 milhões de euros) em 2022, obtidos graças à alta dos preços do crude.

No relatório anual divulgado em março passado, a empresa sublinhou que o lucro representava “o maior de sempre”, devendo-se ao aumento dos preços da energia registado na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, que trouxe sanções e a limitação da venda de petróleo e gás russo nos mercados ocidentais.

No documento, a Aramco disse esperar aumentar a produção para aproveitar a procura do mercado, permitindo financiar os planos do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, para desenvolver paisagens urbanas futuristas para afastar a Arábia Saudita do petróleo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sondagem. Temido é a mais bem colocada para enfrentar Montenegro

  • ECO
  • 16 Abril 2023

Barómetro da Intercampus revela que se as legislativas fossem hoje, e caso António Costa não fosse candidato a primeiro-ministro, Temido seria a mais bem posicionada para enfrentar Montenegro.

Se as eleições fossem hoje, e caso António Costa não fosse candidato a primeiro-ministro, a antiga ministra da Saúde Marta Temido seria a mais bem posicionada para enfrentar o atual líder do PSD, Luís Montenegro na corrida a São Bento, de acordo com o Barómetro da Intercampus para o Jornal de Negócios (acesso livre)/ Correio da Manhã (acesso livre).

Em causa está uma sondagem que avalia várias possibilidades, tendo em conta os nomes que se têm perfilado para suceder ao atual Chefe de Governo, num eventual confronto entre PS e PSD. De acordo com este barómetro, se o embate fosse entre a socialista Marta Temido e Montenegro, esta recolhe 36,9% das intenções de voto e o social-democrata obteria 42%, com 21,1% dos inquiridos ainda sem dar uma resposta concreta.

Por outro lado, a sondagem revela ainda que seria contra Fernando Medina que Luís Montenegro teria um melhor resultado: o PSD recolhe 49,8% das intenções de voto, enquanto o PS não vai além dos 22,1% (com uma fatia de 28% que não respondem). Já se o candidato socialista fosse Duarte Cordeiro, este teria 20,8% dos votos, isto é, abaixo de Medina, mas, neste cenário, Montenegro cai para 46,1% intenções de voto (com uma fatia de 33,1% que não respondem).

Nesta sondagem, o antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos obtém 27% das intenções de voto e Montenegro 44,9% (com 28% que não sabem ou não respondem). Já se a cabeça de cartaz socialista fosse Mariana Vieira da Silva, a ministra da Presidência recolhe 30,7% das intenções de voto, contra 43,4% de Montenegro (com uma fatia de 25,9% de indecisos), ou seja, esta governante é a segunda mais bem colocada para enfrentar o atual líder do PSD, segundo esta sondagem.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

G7 promete acelerar esforços para eliminar gradualmente carvão, mas sem fixar prazos

  • Lusa
  • 16 Abril 2023

O documento não acompanha este compromisso com um prazo específico antes de 2050, como vários membros do G7 tinham solicitado, devido a um desacordo com outros membros.

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 concordaram este domingo em acelerar esforços para eliminar gradualmente a utilização de carvão e outros combustíveis fósseis, mas sem estabelecerem um novo prazo.

“Sublinhamos o nosso empenho, no contexto dos esforços globais, em acelerar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis para atingir sistemas energéticos com emissões líquidas nulas [de carbono] até 2050”, pode ler-se na declaração conjunta dos ministros do G7 no final da reunião em Sapporo, norte do Japão.

O documento não acompanha este compromisso com um prazo específico antes de 2050, como vários membros do G7 tinham solicitado, devido a um desacordo com outros membros, como o país anfitrião, cujo aprovisionamento energético é altamente dependente do carvão e do petróleo e gás importados.

Os ministros apelaram à diversificação do abastecimento energético e ao rápido desenvolvimento de “energia limpa, segura, sustentável e acessível” no âmbito do quadro global de ação acordado para 2050, com vista a limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus.

O G7 também manifestou a sua vontade de trabalhar com outros países “para eliminar progressivamente novos projetos de produção de energia a carvão o mais rapidamente possível, a fim de acelerar a transição para a energia limpa de uma forma justa”.

A declaração reconhece, contudo, “a importância da segurança energética nacional, acessibilidade e resiliência”, bem como “a necessidade de abordar a pobreza energética e de prestar apoio aos trabalhadores, regiões e comunidades afetadas”.

O grupo de países que inclui o Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos também se comprometeram a tomar medidas para melhorar as cadeias de fornecimento de energia, perturbadas pela invasão russa da Ucrânia, e reiteraram o apoio a Kiev face à agressão por parte do país vizinho.

Os países do G7 anunciaram ainda a intenção de reduzir para zero a a poluição com origem no plástico até 2040, através da economia circular e da redução ou eliminação gradual dos plásticos descartáveis e não recicláveis, de acordo com o comunicado conjunto do G7.

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 estabeleceram ainda o objetivo de reduzir as emissões de C02 da frota automóvel dos países membros em pelo menos 50% até 2035, em relação aos níveis de 2000.

Isto faz parte do objetivo global de atingir emissões líquidas zero do setor automóvel até 2050, o que exigirá ações-chave da indústria em todos os países, incluindo medidas já implementadas pelos membros do G7 para atingir 100% das vendas de automóveis elétricos até 2035.

Para o conseguir, comprometem-se a cooperar no trabalho de desenvolvimento de infraestruturas de produção de veículos elétricos e sistemas de carregamento, bem como de apoio a combustíveis neutros em termos de emissões, de acordo com a declaração conjunta.

Outras medidas mencionadas são os esforços para “harmonizar métodos para assegurar o fornecimento de materiais de baterias”, e para apoiar a reciclagem de dispositivos de armazenamento de baterias.

Com vista a promover a utilização do hidrogénio como energia limpa, “serão avaliados os desenvolvimentos em tecnologias tais como veículos de células de combustível, veículos híbridos e combustíveis de baixo teor e neutros em CO2, incluindo biocombustíveis e sintéticos”, acrescenta-se na declaração.

G7 continuam a contar com energia nuclear

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 comprometeram-se a alcançar uma sociedade livre de combustíveis fósseis “ao seu próprio ritmo”, mas continuar a contar com a energia nuclear.

A Alemanha, que encerrou os últimos reatores nucleares do país no sábado, criticou o aval do G7 à continuação do recurso à energia nuclear, segundo a agência espanhola EFE.

A ministra do Ambiente alemã, Steffi Lemke, disse numa conferência de imprensa após a assinatura do documento da reunião que “não é segredo que os diferentes países do G7 têm pontos de vista diferentes sobre a energia nuclear”.

Além de Japão e Alemanha, o grupo dos sete países mais industrializados é formado por Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.

No comunicado, o G7 admite que os que optam pela energia nuclear “reconhecem o seu potencial para fornecer energia de baixo carbono a preços acessíveis” para enfrentar a crise climática e “garantir a segurança energética global”.

Os países em causa, segundo o G7, comprometem-se a “maximizar a utilização dos reatores existentes de forma segura e eficiente, e a avançar com um funcionamento seguro a longo prazo”.

O Japão, o anfitrião do encontro por exercer a presidência rotativa do G7, é o país que mais tem defendido este ponto.

Em dezembro, Tóquio prolongou a vida útil dos reatores nucleares para que possam funcionar além do atual limite de 60 anos.

Trata-se de uma mudança de política destinada a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e assegurar o fornecimento de eletricidade.

O objetivo do país asiático é aumentar o fornecimento de eletricidade gerada pela energia nuclear de 20% para 22% ou 24%, e tornar-se menos dependente do exterior devido à invasão russa da Ucrânia.

Em contraste, a Alemanha desligou as três últimas centrais do país, Isar 2 e Neckar 2, no sul, e Emsland no centro, num adeus definitivo à energia nuclear apesar da crise exacerbada pela guerra contra a Ucrânia.

(Artigo atualizado às 10:57 de dia 17-04-2023 com conteúdo em subtítulo)

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trabalhadores portugueses cortam nos gastos com comida devido à inflação

Estudo mostra que mais de seis em cada dez trabalhadores diminuíram despesas com alimentação. Vão menos a restaurantes, não compram tanto no supermercado e reduziram porções e qualidade das refeições.

Mais de metade (54%) dos trabalhadores portugueses assume ter reduzido “muito ou bastante” as suas despesas para fazer face ao aumento da inflação, com apenas 15% a declarar que pouco ou nada teve de alterar para enfrentar o atual contexto. Um corte nos gastos que afetou mais quem tem contratos a prazo (65% vs. 51% nos contratados a tempo indeterminado) e está em regime 100% presencial (55% vs. 44% no modelo de trabalho híbrido).

De acordo com um estudo realizado pela Netsonda para a Edenred Portugal, a que o ECO teve acesso, a comida foi mesmo a categoria em que os portugueses mais reduziram as despesas, com mais de seis em cada dez inquiridos a afirmar ter diminuído o valor despendido com esta categoria, face ao período que antecedeu o disparo nos preços. Um fenómeno que é transversal aos vários segmentos da população.

Depois da alimentação (64%), as outras áreas em que os portugueses mais baixaram as despesas foram o turismo (57%), a categoria de lazer/desporto (54%), os combustíveis (45%) e a tecnologia (40%). Segundo o inquérito realizado pela consultora, que no mês de novembro fez perto de mil entrevistas para recolher esta informação, seguiu-se a redução dos gastos com eletricidade (29%) e noutros bens de primeira necessidade (21%), como os produtos de higiene pessoal ou da casa.

Quais foram as principais alterações nos hábitos dos trabalhadores portugueses no que toca à alimentação? Passaram a ir menos vezes a restaurantes (82%), enquanto dois terços dos que diminuíram este tipo de despesa compram agora uma menor quantidade de produtos no supermercado e fazem atualmente um maior planeamento de refeições, além de terem baixado a quantidade e a qualidade no prato.

Filipa Martins, diretora-geral da Edenred Portugal, salienta ao ECO que “tanto do ponto de vista social como económico estes são dados preocupantes”, uma vez que “evidenciam um risco crescente de incidência de má nutrição e, em situações limite, de fome junto da população ativa, que tradicionalmente está menos exposta a este risco”.

“A diminuição dos índices e qualidade da nutrição tem também impactos enormes nas empresas, uma vez que a alimentação é crucial para a saúde e esta tem uma relação direta com os níveis de absentismo e produtividade, com repercussões na receita e despesa do Estado. Aliás, é por isso que a atribuição do subsídio de refeição, enquanto facilitador de uma nutrição adequada durante a jornada de trabalho, é tão importante”, acrescenta.

Tanto do ponto de vista social, como económico, estes são dados preocupantes. Evidenciam um risco crescente de incidência de má nutrição e, em situações limite, de fome junto da população ativa, que tradicionalmente está menos exposta a este risco.

Filipa Martins

Diretora-geral da Edenred Portugal

Além disso, prossegue a responsável desta empresa, mantendo-se a tendência de redução das idas a restaurantes, “pode avizinhar-se um novo período de retração para o setor, ainda em recuperação dos dois difíceis anos de pandemia, pelo que é fundamental ter políticas que promovam o setor e garantam a continuidade e sustentabilidade destes estabelecimentos” ligados à restauração.

O estudo quantitativo realizado através da aplicação de um questionário online junto do painel Netsonda e de entrevistas telefónicas aponta os 373 euros como o valor médio mensal que os trabalhadores portugueses gastam com a alimentação. Os trabalhadores com mais de 45 anos (vs. 18-24 anos), com contrato de trabalho a tempo indeterminado (vs. a termo) e que trabalham no setor público (vs. privado) são os que mais gastam em comida, diferenciando-se dos outros targets em análise.

No que toca aos hábitos de consumo ao almoço, o relatório elaborado pela Netsonda, que reclama ter o maior painel online exclusivo para estudos de mercado em Portugal, indica que 45% dos almoços durante a semana de trabalho são feitos na copa da empresa com comida que levam para o escritório, enquanto quase 30% almoçam em casa. A cantina é a terceira opção (15%) e 10% vão a restaurantes – quem almoça fora pelo menos uma vez por semana paga, em média, dez euros pela refeição. Só 1% encomenda agora comida através de serviços de delivery.

As mulheres, os trabalhadores mais novos, os que trabalham em modo 100% presencial ou em empresas privadas com mais colaboradores optam mais vezes por almoçar na copa/levar comida de casa. Pelo contrário, são os homens, os inquiridos na faixa dos 45-54 anos (vs. os mais novos), os que estão parcialmente em trabalho remoto e os que trabalham em organizações privadas quem vai mais vezes aos restaurantes durante a semana de trabalho.

O período de almoço durante o dia de trabalho – para a maioria dos inquiridos (46%), a pausa mais comum dura 45 a 60 minutos – é considerado principalmente uma “maneira de regenerar e obter energia para a continuação do trabalho após o almoço” (82%). Para 37% é um “método exclusivamente necessário para garantir a nutrição”; para 30% uma “oportunidade de aprofundar o relacionamento com os colegas; e há ainda 26% que aproveita para “tratar de assuntos privados”. Apenas 1% diz não fazer intervalo para almoçar.

Para aqueles que abdicam “às vezes ou sempre” de fazer um almoço completo durante o dia de trabalho, como assumem fazer quatro em cada dez dos participantes neste estudo, os principais efeitos sentidos são fadiga/cansaço (33%) e irritabilidade (21%).

Valor médio de 5,9 euros no subsídio de alimentação

O perfil estabelecido na amostra deste estudo é o seguinte: mais de metade da população portuguesa trabalhadora é constituída por indivíduos entre os 35 e os 54 anos, vivendo cerca de um quarto na Grande Lisboa e tendo mais de um terço completado o ensino universitário ou técnico. Perto de 70% trabalha numa organização privada, a maioria tem filhos e 50% recebe entre 751 euros e 1.250 euros líquidos mensais.

Ora, outra das conclusões é que quase nove em cada dez trabalhadores recebem subsídio de alimentação, com o valor médio mensal de 127 euros (equivalente a 5,9 euros diários), isto é, um terço daquela que é a necessidade mensal calculada neste estudo. Por segmentos da população, o valor do subsídio é superior para os homens, para os funcionários abaixo dos 45 anos, para os trabalhadores em regime de trabalho 100% remoto ou híbrido, que trabalham no privado ou em empresas com 50 ou mais colaboradores.

Entre os que têm direito a subsídio de alimentação, 55% recebem-no em dinheiro e os restantes em cartão/voucher – algo que, segundo os dados deste estudo, é uma prática para mais de metade (58%) no setor privado, por contraponto com os funcionários públicos, para os quais receber o subsídio junto com o salário “continua a ser claramente a forma mais comum” (88%).

Um em cada cinco inquiridos reconhece que não sabe onde utiliza o valor do subsídio de alimentação, isto é, não faz distinção entre subsídio e ordenado. Sem surpresa, 98% dos que têm cartão/voucher conseguem mais facilmente identificar onde gastam o subsídio de refeição. A satisfação média com o cartão refeição é de 7,7, numa escala de classificação de 1 a 10.

Filipa Martins, diretora-geral da Edenred Portugal

A diretora-geral da Edenred Portugal defende que o recebimento do subsídio de refeição em cartão / vale “permite que as pessoas tenham uma maior visibilidade do seu orçamento para alimentação e onde o gastam, promovendo uma gestão mais eficiente desta verba”. “Mais do que isso, o recebimento através de vale social, seja em cartão ou voucher, assegura que o montante será, de facto, gasto com o fim para que foi atribuído”, completa.

“A maioria das pessoas que recebe o subsídio de refeição em dinheiro tem dificuldade em perceber se utilizou o valor em alimentação ou para outro fim, uma vez que os rendimentos estão todos englobados. O facto de não se conseguir identificar onde é gasto o subsídio em dinheiro pode significar que o mesmo está a ser canalizado para outros fins que não aquele com que foi atribuído [ter uma alimentação adequada], pondo em causa o benefício fiscal que lhe está associado”, sustenta Filipa Martins.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Regime atual para descendentes de judeus sefarditas pedirem nacionalidade termina em dezembro

  • Lusa
  • 15 Abril 2023

O atual regime para os descendentes de judeus sefarditas portugueses pedirem a nacionalidade vai terminar em dezembro deste ano. Governo considera "estar cumprido o propósito de reparação histórica".

O regime atual para os descendentes de judeus sefarditas portugueses pedirem a nacionalidade vai terminar em dezembro deste ano, por o Governo entender “estar cumprido o propósito de reparação histórica” que deu origem à lei.

O diploma, que altera a lei da nacionalidade, deu entrada na Assembleia da República e prevê, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2024, a revogação da norma que permitia ao Governo conceder a nacionalidade por naturalização “aos descendentes de judeus sefarditas portugueses, através da demonstração da tradição de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa, com base em requisitos objetivos comprovados de ligação a Portugal, designadamente apelidos, idioma familiar, descendência direta ou colateral”.

A proposta de lei salvaguarda que esta revogação não prejudica a apreciação dos requerimentos de concessão de nacionalidade portuguesa apresentados com base nesta norma “até 31 de dezembro de 2023”.

“Atendendo a que nenhum regime de reparação história deve ser eterno, considera-se dever ser fixado um limite temporal para a vigência do regime de exceção consagrado para os descendentes de judeus sefarditas de origem portuguesa, à semelhança do que sucedeu em Espanha, cujo regime teve uma aplicação limitada no tempo, sendo, aliás, muito exigente para a concessão de nacionalidade espanhola aos descendentes de judeus sefarditas”, justifica o executivo, na exposição de motivos do diploma.

Na proposta de lei, refere-se que as alterações introduzidas na lei da nacionalidade em 2013 permitiram “a aquisição da nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos descendentes de judeus sefarditas de origem portuguesa expulsos de Portugal no final do século XV, dispensando o cumprimento dos requisitos de residência em Portugal e do conhecimento da língua portuguesa”.

“Este regime visou promover uma reparação histórica das perseguições sofridas pela comunidade judaica a partir do reinado de D. Manuel I, possibilitando o retorno à comunidade portuguesa dos descendentes dos judeus expulsos ou que fugiram da Inquisição que demonstrem objetivamente a tradição de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa”, recorda-se.

Segundo o Governo, até ao final de 2021, “foram apresentados cerca de 140 mil pedidos de naturalização, tendo sido concedida a nacionalidade portuguesa a cerca de 57 mil descendentes”.

“A partir de 2017, verificou-se um aumento exponencial dos pedidos de naturalização — tendência agravada pela revogação, em 2019, do regime aprovado em Espanha com idêntico propósito –, passando de sensivelmente 7 mil pedidos anuais em 2017, para mais de 50 mil em 2021. No ano de 2021, estes pedidos representaram 72% do total de pedidos de aquisição da nacionalidade portuguesa por naturalização”, refere o executivo.

O Governo salienta que se tem assistido “ao aumento do número de pedidos de naturalização de familiares dos cidadãos que obtiveram a naturalização portuguesa, sendo que a quase totalidade dos naturalizados não vive nem tem ligações a Portugal — ao contrário do que se pretendia com a consagração do regime”.

“Como tem sido tornado público, este regime potenciou a proliferação de empresas que recorrem a publicidade agressiva para aliciar potenciais interessados na naturalização, anunciando as vantagens associadas à obtenção de um passaporte de um Estado-Membro da União Europeia que permite viajar sem necessidade de visto para a generalidade dos países do mundo”, refere ainda o executivo.

Por estes motivos, o Governo considera que se justifica verter na Lei da Nacionalidade “a exigência de os descendentes de judeus sefarditas possuírem uma ligação efetiva e atual a Portugal, demonstrando, no momento do pedido, a existência dessa ligação com o país e com a comunidade nacional”, incluindo no diploma requisitos que já constavam da regulamentação.

Ao mesmo tempo, o Governo salienta que só Portugal prevê “um regime de naturalização de estrangeiros com fundamento apenas na descendência longínqua de judeus sefarditas que foram expulsos há mais de cinco séculos da Península Ibérica e que este regime conta já com sete anos de aplicação”, entendendo “estar cumprido o propósito de reparação histórica” visado pela lei de 2013.

O diploma aproveita ainda para alterar outros aspetos da lei da nacionalidade, como reduzir de três para um ano a medida da pena que impede a concessão de nacionalidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP: PSD exige explicações a Costa sobre alegado acordo do Governo com acionista privado

  • Lusa
  • 15 Abril 2023

O PSD exigiu explicações a Costa sobre um alegado acordo entre o Governo e o acionista privado da TAP em 2017, que teria permitido a Neeleman receber 55 milhões de euros quando saiu da companhia.

O PSD exigiu este sábado explicações ao primeiro-ministro sobre um alegado acordo entre o Governo e o acionista privado da TAP em 2017, que teria permitido ao empresário David Neeleman receber 55 milhões de euros quando saiu da companhia.

Em comunicado, intitulado “Os acordos secretos do socialismo na TAP”, o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz exigiu a António Costa e outros ex-governantes e responsáveis na empresa explicações urgentes sobre uma notícia do jornal Correio da Manhã.

Ficámos agora a saber – de acordo com revelações da imprensa – que terá existido um acordo secreto em 2017. Nessa alegada reunião entre António Costa, Pedro Marques e David Neeleman, o Partido Socialista e o sr. primeiro-ministro terão permitido que o empresário norte-americano pudesse antecipar os 226 milhões de euros antes do prazo de 30 anos que o governo do PSD/CDS tinha estabelecido“, afirmou Miguel Pinto Luz.

O vice-presidente social-democrata acrescentou que “terá sido esta mudança que permitiu que David Neeleman se tornasse no único empresário do setor da aviação civil que lucrou mais de 55 milhões de euros no período da pandemia”.

“São dados que exigem confirmação e justificações urgentes e que servem para adensar a teia de má gestão, compadrio, ligeireza e abuso de poder que o dossiê TAP nos tem relevado publicamente”, exige.

Para o vice-presidente do PSD, “a gravidade dos factos reforça as preocupações do PSD, que reitera a necessidade de ouvir o primeiro-ministro num tema da maior importância para o país”.“Consideramos que é o responsável máximo de tudo o que se passou nos últimos sete anos na TAP”, reforçou.

Pinto Luz referiu que o PSD já tinha pedido a audição parlamentar dos antigos governantes Pedro Marques e Miguel Cruz e do ex-administrador da TAP Diogo Lacerda Machado e irá reforçar na segunda-feira a urgência dessas explicações na Comissão de Economia.

“Tamanho erro de gestão por capricho ideológico custou mais de 3,2 mil milhões de euros aos contribuintes portugueses. Além de, não menos importante, causar graves e importantes danos de consequências ainda por medir na imagem e credibilidade de uma importante marca que é a TAP”, criticou.

Segundo a notícia do Correio da Manhã, foi feita em 2017 uma alteração ao acordo inicial de venda direta da TAP em 2015, no qual tinha ficado estabelecido que os 226 milhões de dólares que a Atlantic Gateway (consórcio composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa) injetou na empresa teriam de permanecer na transportadora aérea durante 30 anos.

No entanto, segundo o jornal, em junho de 2017, o Governo de António Costa garantiu à Atantic Gateway o direito de poder receber os fundos antes do prazo de 30 anos, em caso de um evento de bloqueio ou de incumprimento da Parpública, que concentrava as ações detidas pelo Estado na TAP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Burocracia e falta de organização arrastam obras na ferrovia

São necessários sete anos entre a autorização para lançar projeto de construção e a conclusão da empreitada, segundo a IP. Especialistas defendem autonomia no planeamento.

Construir ou renovar uma linha de comboio implica um processo de sete anos. Este é o período que decorre entre a autorização do Governo para lançar o concurso público para o projeto e a conclusão da empreitada, explicou o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, em entrevista ao ECO. A situação explica o arrastamento das obras ferroviárias anunciadas em 2016 e das quais menos de 20% estão concluídas. Aumentar a autonomia no planeamento pode contribuir para encurtar prazos, defendem os especialistas contactados pelo ECO.

A demora na aprovação dos despachos de delegação de competências pelas Finanças, a necessidade de autorizações de dois ministérios para despesas plurianuais acima dos 100 mil euros e as visitas do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para identificar e licenciar os cortes de árvores são três das situações identificadas por Carlos Fernandes que contribuem para a demora dos projetos antes do começo das obras no terreno. Esse contexto afetou o Ferrovia 2020 e também já está a influenciar o cumprimento dos prazos do Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI 2030).

“Quando olhamos para os atrasos do Ferrovia 2020 e PNI 2030 é verdade que, partindo de realidade onde não há projetos e nem há sequer âmbitos claramente definidos, é inevitável a dilatação dos prazos até finalização da execução”, corrobora o especialista em ferrovia João Cunha. “Isto remete-nos para a necessidade de capacitar a administração pública para ser um edifício de planeamento de políticas públicas de continuidade, independente de ciclos políticos”, propõe o administrador do portal Portugal Ferroviário.

Separada do Instituto da Mobilidade e dos Transportes — que atualmente tem a competência de assessorar o Governo nesta área –, a Direção-Geral dos Caminhos-de-Ferro poderia ser um “órgão autónomo” a contribuir para o planeamento nesta área.

Quando olhamos para os atrasos do Ferrovia 2020 e PNI 2030 é verdade que, partindo de realidade onde não há projetos e nem há sequer âmbitos claramente definidos, é inevitável a dilatação dos prazos até finalização da execução. Isto remete-nos para a necessidade de capacitar a administração pública para ser um edifício de planeamento de políticas públicas de continuidade, independente de ciclos políticos

João Cunha

Administrador do portal Portugal Ferroviário

Manuel Tão considera como “absurdo” que o processo para uma obra ferroviária demore sete anos e lembrou a aposta no alcatrão após 1986. “Depois de termos entrado para a União Europeia construímos perto de 3.000 quilómetros de autoestradas e estes problemas não foram levantados“, recorda o especialista em transportes da Universidade do Algarve.

Quando questionado sobre este ponto durante a entrevista, o vice-presidente da IP defendeu que estes projetos “foram feitos sob modelos de parcerias público-privadas” em que “os processos de licenciamento eram muito mais simples e não existiam autorizações plurianuais”.

O especialista da Universidade do Algarve sinaliza que a base de uma autoestrada, tecnicamente designada de superestrutura, “é semelhante à do caminho-de-ferro”. O que muda é “a exigência do traçado da linha do comboio”, que tem de ter menos pendentes e curvas mais abertas” em comparação com a rodovia. Por outro lado, “a secção transversal [largura] da autoestrada é três vezes maior do que a da ferrovia, com 12 hectares e quatro hectares”, respetivamente.

Falta de coordenação do Estado e orçamentos à cabeça

João Cunha recorda que nos anos de 1980 e 1990 chegaram a funcionar os gabinetes dos nós ferroviários, para as cidades de Lisboa e do Porto, com equipas que reuniam elementos de diversas entidades públicas. No caso de Lisboa, o gabinete foi fundamental para que a ponte 25 de Abril passasse a contar com o tabuleiro inferior, para a passagem do comboio. No Porto, o gabinete foi decisivo para que nascesse a ponte de São João, substituindo a centenária ponte D. Maria Pia.

Os gabinetes foram extintos em 1997, quando a gestão da rede ferroviária foi separada da CP e foi constituída a Refer. Roda e carril passaram a ser geridos por diferentes empresas.

Atendendo a que “aumentou a complexidade” dos projetos, por conta das normas ambientais e da contratação pública”, este especialista critica a “responsabilidade excessiva de orquestração na IP“. João Cunha entende também que o atual contexto “não mobiliza suficientemente o aparelho do Estado para cumprir o que, no fundo, é uma prioridade definida por ele próprio para o desenvolvimento do território”.

Depois de termos entrado para a União Europeia construímos perto de 3.000 quilómetros de autoestradas e estes problemas não foram levantados

Manuel Tão

Universidade do Algarve

Manuel Tão considera que desde a criação da Refer “há um profundo desinteresse na ferrovia” por parte dos políticos. Este especialista lamenta que o ministério das Finanças se tenha transformado no “verdadeiro ministério dos Transportes”.

João Cunha destaca que “continua a existir um problema de coordenação política no governo” e defende que as verbas sejam programadas com muito mais antecedência. “Como é possível apresentar-se um programa de investimentos em 2016, balizado por um orçamento global e por uma percentagem de fundos europeus a garantir, e em 2023 ainda andarmos a falar de delegação de competências e cabimentações orçamentais para esse programa? Os programas devem ser cabimentados à cabeça, com orçamentos plurianuais para todas as atividades, de projeto a execução, e com as restrições convenientes incorporadas”, propõe.

O vice-presidente da IP aguarda que o ministério das Finanças autorize o despacho de delegação de competências do Governo para que possam ser lançados os restantes projetos do PNI 2030, como a ampliação da Gare do Oriente, a eletrificação do troço Régua-Pocinho (Linha do Douro), a modernização do Caldas da Rainha-Louriçal (Linha do Oeste), a ligação entre a Linha de Cascais e a Linha de Cintura e a aposta no troço Sines-Grândola.

Se os projetos forem lançados depois de 2023, “já não é fácil de os conseguir concretizar neste quadro comunitário”, que dura até 2030, avisa Carlos Fernandes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

China contesta sanções impostas pelos EUA contra mais empresas chinesas

  • Lusa
  • 15 Abril 2023

O Ministério do Comércio da China afirma que o país "opõe-se firmemente" às sanções impostas pelos EUA contra empresas de Pequim e pede a Washington que corrija "imediatamente estas irregularidades".

A China contestou este sábado as sanções dos EUA contra mais empresas chinesas pelas supostas tentativas de escaparem ao controlo norte-americano das exportações para a Rússia, considerando-as uma medida ilegal que ameaça as cadeias de abastecimento globais.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos da América (EUA) colocou na quarta-feira mais cinco empresas com sede na China continental e em Hong Kong na sua lista de entidades sancionadas, impedindo-as de negociar com qualquer empresa norte-americana sem que previamente recebam uma licença especial muito difícil de obter.

Washington tem reforçado a aplicação de sanções contra empresas estrangeiras que considera estarem a apoiar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia, forçando-as a escolher entre negociar com Moscovo ou com os EUA.

Um total de 28 entidades de países como Malta, Turquia e Singapura foi agora acrescentado à lista.

Num comunicado divulgado este sábado, o Ministério do Comércio da China afirma que esta ação dos EUA “não tem base na lei internacional e não é autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

“É uma sanção unilateral típica e uma forma de ‘jurisdição de braço longo’ que prejudica seriamente os direitos e os interesses legítimos das empresas e afeta a segurança e a estabilidade da cadeia de abastecimento global. A China opõe-se firmemente a isso”, refere.

Os EUA, acrescenta, “devem corrigir imediatamente estas irregularidades e interromper sua repressão irracional sobre as empresas chinesas”. O ministério refere que China “protegerá resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”.

As mais recentes sanções aplicadas foram contra as empresas Allparts Trading Co., Ltd.; Avtex Semiconductor Limited; ETC Electronics Ltda.; Maxtronic International Co., Ltd.; e STK Electronics Co., Ltd., registada em Hong Kong.

A lista identifica entidades — essencialmente empresas — que os EUA suspeitam que “estiveram envolvidas, estão envolvidas ou apresentam um risco significativo de estarem ou de virem a envolver-se em atividades contrárias à segurança nacional ou aos interesses da política externa dos Estados Unidos”.

As entidades nomeadas foram designadas como “usuários militares finais” por “tentativa de burlar os controlos de exportação e adquirir ou de tentar adquirir produtos de origem americana para apoiar a base industrial militar e/ou de defesa da Rússia”, afirma o Departamento de Comércio dos EUA.

O protesto chinês foi semelhante ao emitido em fevereiro, depois de os EUA anunciarem sanções contra a chinesa Changsha Tianyi Space Science and Technology Research Institute Co. Ltd., também conhecida como Spacety China.

O Departamento de Comércio norte-americano alegou que a empresa forneceu ao exército privado da Rússia Wagner Group imagens de satélite da Ucrânia, de forma a apoiar as suas operações militares. Uma subsidiária da Spacety China com sede em Luxemburgo foi também acusada.

Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China acusou os EUA de “intimidação frontal e dualidade de critérios” por sancionar suas empresas enquanto intensificava os esforços para fornecer armas defensivas à Ucrânia.

A China tem afirmado uma posição de neutralidade no conflito, mas tem apoiado a Rússia a nível político, retórico e económico, numa altura em que as nações ocidentais impuseram sanções punitivas e tentaram isolar Moscovo devido à invasão da Ucrânia.

Pequim recusou-se a condenar as ações da Rússia, criticou as sanções económicas ocidentais a Moscovo, manteve os laços comerciais e afirmou uma relação “sem limites” entre os países apenas algumas semanas antes da invasão russa.

No mês passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Moscovo e a China anunciou, na sexta-feira, que o ministro da Defesa, Li Shangfu, irá à Rússia na próxima semana para reuniões com o homólogo Sergei Shoigu e outros oficiais militares.

No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, disse na sexta-feira que a China não venderá armas a algum dos lados do conflito, respondendo às preocupações ocidentais de que Pequim poderia fornecer assistência militar direta à Rússia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

📹 Os principais riscos do ChatGPT

O ChatGPT é um programa de inteligência artificial especializado em diálogo. Milhões de pessoas já o estão a usar. Mas... existem alguns riscos. Veja alguns dos principais.

Lançado em novembro de 2022, o ChatGPT atraiu muita gente pelas suas respostas detalhadas e articuladas, embora a precisão da informação tenha sido muito criticada. Milhões de pessoas já estão a usar o ChatGPT para um conjunto bastante alargado de tarefas. Mas existem alguns riscos. Veja alguns dos principais no vídeo que preparámos.

http://videos.sapo.pt/FbQZaPvmvvkZvomoQOHB

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo manda para o Parlamento proposta final da habitação

  • ECO
  • 15 Abril 2023

Depois de aprovado em Conselho de Ministros, o Governo enviou para o Parlamento o projeto de lei com as propostas de mudança na habitação. Leia aqui na íntegra o projeto de lei.

O Governo já enviou para o Parlamento, esta sexta-feira, o projeto de lei relativo às mudanças na habitação, depois da sua aprovação em Conselho de Ministros no passado dia 30 de março. Pode ler aqui o diploma final, que terá agora de ser discutido em sede parlamentar, com agravamento dos impostos sobre o Alojamento Local, o redução do IVA na construção, o arrendamento coercivo e os limites aos aumentos das rendas. Leia aqui o projeto de lei.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fim de uma era. Alemanha diz adeus à energia nuclear com encerramento dos últimos três reatores

Os reatores Isar 2 e Neckarwestheim 2 e a central de Emsland chegam este sábado ao fim de vida, três meses e meio mais tarde do que o previsto incialmente.

Depois de 60 anos, a era da energia nuclear na Alemanha chegou ao fim. Este sábado, 15 de abril, os últimos três reatores do país dão por terminada a sua operação após a crise energética na Europa, espoletada pela guerra na Ucrânia, ter prolongado por mais três meses e meio a respetiva vida útil. Os reatores Isar 2 e Neckarwestheim 2 estão localizados na parte sul do país, e a central nuclear de Emsland fica no norte.

A decisão de encerrar as últimas centrais não foi tomada de ânimo leve, uma vez que o país ainda acreditava que podia ser suficiente para atingir os ambiciosos objetivos climáticos da União Europeia, por ser uma alternativa aos combustíveis fósseis, e também para manter a maior economia do bloco protegida de uma eventual escassez energética.

Para Wolfgang Kubicki, vice-presidente dos Democratas Livres, partido da oposição, a Alemanha tem as centrais nucleares “mais seguras do mundo” e desligá-las seria “um erro dramático” com “dolorosas consequências económicas e ecológicas”, cita a Euronews. E, do lado da opinião pública, uma maioria esmagadora dos eleitores alemães opõe-se à eliminação progressiva da energia nuclear.

Numa sondagem da DeutschlandTrend, divulgada na passada sexta-feira, seis em cada dez inquiridos rejeitam a decisão. Apenas um terço concorda com o fecho das centrais nucleares.

Mas nem os últimos apelos foram suficientes. A decisão vai avante. “A eliminação progressiva da energia nuclear até 15 de abril, ou seja, este sábado, é um assunto encerrado“, frisou a porta-voz do chanceler alemão, em resposta.

Com o encerramento destes três últimos reatores, a Alemanha dá por terminada a decisão anunciada em 2002 de eliminar progressivamente a energia nuclear, estratégia acelerada por Angela Merkel em 2011, após o desastre de Fukushima, no Japão, que ocorreu meses antes. Desde 2003, 16 centrais nucleares já foram encerradas.

Fukushima é a prova que “mesmo num país de alta tecnologia como o Japão, os riscos associados à energia nuclear não podem ser controlados a 100%”, justificou a chanceler, na altura.

Os três reatores foram submetidos a verificações de segurança pela última vez em 2009, processo que, normalmente, ocorre de 10 em 10 anos. Ou seja, em 2019, deveria ter sido feita a última revisão de segurança destas infraestruturas, mas este requisito foi suspenso devido ao encerramento agendado para o final de 2022. O Ministério do Ambiente alemão argumenta que manter estas centrais operacionais, sem o cumprimento dos requisitos, seria ilegal e dispendioso.

A decisão de encerrar as centrais representa, no entanto, algumas ameaças para o país, depois de a Comissão Europeia ter decidido renovar, por mais um ano, o compromisso de reduzir os consumos de gás para a produção para a eletricidade em 15% como forma de garantir reservas suficientes para enfrentar o inverno.

Privada do gás russo, cujo fluxo foi interrompido por Moscovo, a Alemanha ficou exposta a cenários de elevado risco, desde a possibilidade de as suas fábricas serem encerradas até à eventualidade de ficar sem aquecimento em pleno inverno. Para se proteger, a maior economia do bloco europeu viu-se obrigada a recorrer ao carvão e a prolongar a vida destas três centrais nucleares por mais três meses. Até este sábado.

E, embora a temporada passada tenha sido fácil de atravessar, tendo o bloco europeu reduzido os consumos em 19%, certo é que a incerteza em torno do próximo inverno levanta algumas preocupações.

“Com os elevados preços da energia, a incerteza da guerra e a questão premente das alterações climáticas, houve naturalmente apelos à extensão das plantas”, referiu Jochen Winkler, presidente da Câmara de Neckarwestheim, onde está localizado um dos três reatores.

Ainda assim, para o autarca da cidade de 4.000 habitantes, dos quais mais de 150 trabalham na central, “a página já virou” e não há tempo para “voltar atrás”.

Renováveis são o caminho

As três últimas centrais responderam por 6% do total de energia produzida no país, no ano passado, em comparação com 30% em 1997. E à medida que a energia nuclear no país rumava ao ‘zero’, a percentagem de energias “verdes” ganhava terreno. Em 2022, 46% da energia produzida na Alemanha teve origens em fontes renováveis.

Mas mesmo assim, o atual do progresso das energias “verdes” não satisfaz nem o governo de Scholz, nem os ambientalistas que alertam para o facto de a Alemanha arriscar falhas as metas climáticas para 2030 e 2050, sem um impulso e compromisso sério. Segundo o chanceler alemão, a Alemanha precisa de instalar “quatro a cinco turbinas eólicas todos os dias” ao longo dos próximos anos para cobrir as necessidades energéticas do país. E, até 2038, o país quer encerrar todas as centrais elétricas alimentadas a carvão.

Os investimentos recaem agora nas fontes de energia renovável (eólica e solar) que são uma escolha óbvia para a Alemanha em vez da nuclear, dado que as novas instalações de renováveis se tornaram mais baratas do que todas as outras fontes de eletricidade”, defende a associação ambientalista Zero.

De acordo com o Relatório do Estado da Indústria Nuclear Mundial 2021 e o Instituto de Ecologia Aplicada (Öko-Institut), citados pela associação, os custos de energia para geração de energia nuclear são atualmente de 15,5 cêntimos por quilowatt-hora, em comparação com 4,9 cêntimos para energia solar e 4,1 centavos para energia eólica.

Além disso, “os novos projetos de reatores estão a sair muito mais caros do que o previsto”, alerta a Zero. Os custos de um novo “Evolutionary Power Reactor (EPR)” em Flamanville, na França, aumentaram de 3,4 mil milhões para mais de 19 mil milhões de euros, ao mesmo tempo que o projeto provavelmente levará pelo menos mais 11 anos do que o planeado — situação semelhante àquela que ocorreu no Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos.

Para a associação liderada por Francisco Ferreira, “a energia nuclear vincula recursos financeiros que estarão agora mais disponíveis para a transição energética“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.