BA Glass compra empresa mexicana com duas fábricas e 800 trabalhadores
Com a aquisição da Vidrio Formas, que fatura 125 milhões de euros na América do Norte e Central, o grupo sediado em Gaia passa a ter 14 fábricas em oito países, estreando-se a produzir fora da Europa.
A portuguesa BA Glass acaba de fechar um acordo no México para a compra de uma participação maioritária na Vidrio Formas, uma produtora de embalagens de vidro fundada em 1990 e que detém duas fábricas neste país da América do Norte, onde emprega cerca de 800 pessoas, tendo faturado 125 milhões de euros no ano passado.
Para a multinacional sediada em Vila Nova de Gaia, que é controlada pelas famílias de Carlos Moreira da Silva e Silva Domingues, esta aquisição, que deverá ficar concluída até ao final deste ano e que descreve como “um significativo passo em frente na expansão internacional”, representa o alargamento da presença industrial a um novo país e também a um novo continente.
Mais de um século depois de nascer, em 1912, como Barbosa e Almeida e um capital inicial de três contos de reis, a BA Glass conta atualmente com 12 fábricas em sete países europeus. Além das três unidades industriais em Portugal (Avintes, Marinha Grande e Venda Nova), soma duas em Espanha (León e Villafranca de los Barros), duas na Polónia (Sieraków e Jedlice), duas na Bulgária (Sofia e Plovdiv) e uma na Alemanha (Gardelegen), na Grécia (Atenas) e na Roménia (Bucareste).
Do outro lado do Atlântico, o grupo liderado por Sandra Santos passará a contar com duas fábricas na localidade de Lerma, a cerca de 60 quilómetros da Cidade do México, que nos últimos dois anos aumentou em 65% a capacidade produtiva, para 320 toneladas por dia. Especializada na produção de embalagens de vidro para o setor alimentar e das bebidas espirituosas, tem clientes espalhados por vários países da América do Norte e Central, e da região das Caraíbas.
O ECO questionou a BA Glass sobre os detalhes deste negócio, incluindo o valor da compra e os planos de expansão no mercado, mas não obteve resposta até à hora da publicação da notícia. Numa publicação no LinkedIn, esta que é a quarta maior produtora mundial de embalagens de vidro frisa que esta aquisição “reforça a sua posição” no mercado, “aumentando a sua presença internacional e alavancando as capacidades industriais e comerciais do grupo para desenvolver e potenciar a plataforma industrial da Vidrio Formas”.
“Este movimento é um passo importante no compromisso da BA Glass com o seu roteiro de crescimento e a sua determinação em aumentar as operações de sucesso à escala global”, acrescenta. Depois de estar concluída esta operação, calcula o grupo nortenho, deverá ultrapassar um volume de negócios de 1.800 milhões de euros e 600 milhões de euros de EBITDA, passando a contar com perto de 4.800 trabalhadores de mais de 15 nacionalidades.
Inflação vale recorde de vendas e perda de rentabilidade
Esta aquisição no México acontece na ressaca de um exercício de 2022 em que a BAGlass atingiu um novo recorde de vendas de 1.431 milhões de euros dirigidas a um total de 70 mercados, “refletindo basicamente” o aumento dos preços. É que, embora a faturação tenha aumentado 40,8% em termos homólogos, a rentabilidade do grupo baixou 1,9 pontos em comparação com 2021 e 12,7 pontos face a 2020.
No último relatório e contas, o grupo que a 31 de dezembro de 2022 empregava 4.012 pessoas (vs. 3.990 em 2021), um terço das quais em Portugal, declara que este declínio foi “influenciado principalmente pelo disparo nos preços da energia e pela inflação generalizada que impactou os custos gerais de produção”. O aumento verificado nas despesas em 2022, associado sobretudo à energia e às matérias-primas, é estimado em mais de 300 milhões de euros. Em 2022, assinala no mesmo documento, a margem EBITDA foi de 22,6%, a mais baixa dos últimos 15 anos.
Por outro lado, embora a BA Glass tenha aumentado a produção em 1% em relação ao ano anterior, “não foi possível corresponder a todos os pedidos dos clientes”. “Os baixos níveis de stocks e os desafios logísticos aumentaram a complexidade para atingir a excelência no serviço ao cliente”, sublinha a companhia que produz 11 mil milhões de garrafas e recipientes por ano – comida (31%), cerveja (28%) e vinho (18%) são os segmentos que mais pesam no negócio – e que desde 2020 tem Paulo Azevedo (Sonae) no papel de chairman.
Apesar dos “desafios da inflação”, a BA Glass destaca a realização de “investimentos significativos” no montante de 120 milhões de euros ao longo do ano passado, 19% acima do valor do ano anterior. Incluiu um novo forno e a expansão dos armazéns na Bulgária ou a requalificação de outros equipamentos na Marinha Grande e numa das unidades polacas. Perspetivando o futuro, promete “focar-se fortemente” na sustentabilidade, na digitalização e no crescimento e melhoria da produção, com “planos ambiciosos que superam os mil milhões de euros” nos próximos cinco anos.
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