Totta duplica reestruturações e tem mais de 10 mil contratos a bonificar
Banco liderado por Pedro Castro e Almeida garante estar a postos para começar a aplicar moratória de juros que entra em vigor na próxima quinta-feira.
Até hoje, o Santander Totta já renegociou 36 mil empréstimos da casa de famílias em dificuldades, o dobro do número que havia anunciado há três meses, sendo que tem mais de 10 mil contratos com juros a bonificarem, avançou o banco liderado por Pedro Castro e Almeida ao ECO.
Entretanto, na próxima quinta-feira, quem quiser fixar a prestação da casa ao abrigo da moratória anunciada pelo Governo há cerca de um mês, o Santander garante que está preparado para responder aos pedidos dos seus clientes: “Estaremos preparados para cumprir os prazos”.
O mecanismo criado pelas Finanças tem por base a aplicação de 70% da Euribor a seis meses nos contratos da casa, independentemente do indexante do empréstimo. Isto traduzir-se-á numa baixa imediata da prestação entre 95 euros e 115 euros num financiamento de 150 mil euros a 30 anos com um spread de 1%, segundo os cálculos do ECO.
A medida, elegível para todos os contratos de habitação própria e permanente com taxa de juro variável ou mista, desde que tenham sido celebrados antes de 15 de março, permitirá “congelar” a prestação da casa durante dois anos. O contrato volta ao regime em que se encontrava antes, sendo que os valores diferidos neste período começam a ser reembolsados quatro anos depois, entre 2029 e 2030.
O banco do grupo espanhol Santander, que reportou esta sexta-feira lucros recorde de 621,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 61,5% em relação ao mesmo período de 2022, revela ao ECO que a moratória de juros “não terá qualquer impacto no exercício deste ano”.
Pico da margem “não está muito longe”
A subida dos resultados líquidos deveu-se, em grande medida, ao aumento da margem financeira, que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros cobrados nos depósitos. No Santander Portugal, essa margem rendeu-lhe mais de mil milhões de euros entre janeiro e setembro, crescendo quase 90% em termos homólogos.
O banco salienta que a margem financeira ainda vai subir mais, mas não por muito mais tempo, devido ao “forte clima concorrencial” nos créditos e nos depósitos, que vai começar a pressionar as taxas de juro dos dois lados. “É difícil estimar o momento de pico da margem financeira, mas não deveremos estar muito longe do seu pico”, salienta a instituição.
Questionado sobre a pausa do Banco Central Europeu (BCE), depois de dez subidas consecutivas que se traduziu num aumento das taxas em 450 pontos base em 15 meses, o Santander acredita que os atuais níveis restritivos dos juros se vão manter “durante os próximos trimestres” e que uma eventual descida “dependerá sobretudo de uma clara e sustentada desaceleração da inflação”.
Banif? Mecanismos serão ativos em “timing próprio”
O Santander Totta está a reclamar quase 160 milhões de euros ao Estado por conta de uma disputa relacionada com impostos diferidos do Banif, adquirido em 2015, que a Autoridade Tributária recusou pagar.
Sobre este tema, o banco lembrou que “existem vários mecanismos, alguns previstos contratualmente, para fazer valer os seus direitos” neste processo e que “serão ativados no seu timing próprio”.
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