Discutir o setor de gaming ibérico para “subir” de nível

O primeiro GamIberica – Iberian Games Summit decorre esta sexta-feira na Exponor no âmbito do Meo XL Games, para discutir o mercado ibérico de gaming.

Discutir o setor de gaming em Portugal e Espanha e que ensinamentos poderão ser retirados dos dois mercados é o objetivo da primeira edição do GamIberica – Iberian Games Summit, ciclo de talks que decorre esta sexta-feira na Exponor, em Matosinhos, no âmbito do Meo XL Games.

O mercado espanhol (de jogos) é muito superior ao nosso, mas há muitas semelhanças, muitas proximidades culturais e até, obviamente, geográficas entre Portugal e Espanha. Há muito a aprender sobre neste mercado que é de longe, o maior mercado de entretenimento deste século, e que Espanha já trilha nos últimos 15 anos e com quem temos muito a aprender e a tentar reproduzir no nosso país”, começa por comentar Ricardo Correia, do Indie X que organiza este ciclo de talks que arranca às 15h no auditório da Exponor.

Em setembro, seguiu para Barcelona uma delegação de oito estúdios nacionais e agora em novembro é o movimento contrário, com estúdios e associações representativas do setor espanholas a rumar a Matosinhos. A ideia é tornar este intercâmbio anual, unindo o universo de jogos dos dois lados da fronteira.

“Start New Game” — com a participação de Joan Francesc Bañó (GameBCN), Laura Gonzalez (PowerUp+) e Francisco Moreira (Startup Lisboa) — é um dos painéis previstos numa altura em que, em Lisboa, sob o chapéu da Unicorn Factory Lisboa, se prepara o arranque em breve de um hub temático dedicado ao gaming.

Em Matosinhos, o objetivo é discutir o papel das startups e de “como podem ser agentes de crescimento dos estúdios que estão a ser criados ou daqueles que tenham interesse em localizar-se nos dois territórios”, explica Ricardo Correia.

O responsável da Indie X acredita no potencial de Portugal na atração de empresas do setor. “Cada vez mais empresas estão a trazer pequenos e médios escritórios para Portugal e estão a absorver todos os recursos humanos disponíveis no mercado de trabalho“, comenta.

“Tendemos a pensar nas grandes companhias que vêm para o nosso país, mas existe outro segmento de empresas médias e, neste caso do Brasil, em que, por proximidade linguística, cultural e que dada a globalização do mercado dos dias de hoje encontram posições favoráveis no nosso país para encontrar o seu espaço“, destaca o responsável do Indie X.

Chegam atraídos (também) pelo talento disponível. “Na última década, muita gente que tem estado lá fora a trabalhar com grandes companhias estão a regressar. Não só tens pessoas altamente talentosas, como um mercado a ser alimentado por um número crescente de cursos universitários e profissionais, uma coisa que não existia há cerca de sete anos. Não só tens a formação a alimentar o mercado, como cada vez mais pessoas a ganharem experiência e elas próprias a poderem integrar o mercado em posições de liderança”, refere Ricardo Correia.

Indie Studios: What Future Lies Ahead? é o painel que encerra o encontro com David Lorenzo (Pentakill Studios), Calebe Motta (Octopus Embrace), Ana Ribeiro (ARVORE Immersive Experiences) e Luís Almeida (UpFox Labs).

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Governo mesmo em gestão quer cumprir metas do PRR

Esta sexta-feira, Governo vai andar numa roda viva em eventos para cumprir alguns dos compromissos assumidos com Bruxelas para garantir pagamento do quinto cheque do PRR. Ministra diz que é prioridade

Apesar de o Executivo estar a dias de entrar em gestão, na sequência da demissão do primeiro-ministro, a ministra Mariana Vieira da Silva deixou a garantia de que a prioridade é cumprir todas as reformas e investimentos necessários para que o país possa pedir o pagamento do quinto cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), previsto para março.

“Depois de o Governo entrar em gestão e a queda da Assembleia da República, será uma prioridade para o Governo o cumprimento de todas as metas do PRR que correspondam ao quinto pedido de desembolso, no sentido de procurar permitir que tudo está pronto para que, quando o próximo Governo tomar posse, possa fazer o pedido de desembolso”, disse a ministra da Presidência na conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros.

Em causa estão 3,19 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido (1,87 mil milhões) e empréstimos (1,31 mil milhões), sujeitos ao cumprimento de 42 marcos e metas. A grande maioria deve estar cumprida até ao final do ano.

Apesar da crise política, o Governo tem acelerado nos últimos dias a aprovação de medidas referentes a este quinto cheque, nomeadamente a aprovação em Conselho de Ministros da despesa para financiar a construção da Linha Violeta do Metropolitano de Lisboa, que vai ligar à superfície os concelhos de Loures e Odivelas — 390 milhões são suportados por um empréstimo do PRR e os restantes 137,3 milhões saem do Orçamento do Estado para 2024.

Esta sexta-feira é assinado o contrato para a construção da Plataforma Naval Multifuncional – que devia ter sido no terceiro trimestre –, um dos marcos essenciais para o quinto cheque do PRR. Trata-se de um navio polivalente e inovador preparado para atuar em operações de emergência, vigilância, investigação científica e oceanográfica, bem como monitorização ambiental e meteorológica.

O primeiro-ministro faz questão de estar na cerimónia de apresentação e assinatura do contrato, tal como estará horas depois na inauguração da residência da Universidade de Lisboa, que disponibilizará 335 novas camas. Sendo que esta é a primeira de quatro novas residências desta universidade financiadas por fundos do PRR.

Graças à reprogramação do PRR, o alojamento estudantil a custos acessíveis deixou de constar entre as medidas que condicionam o desembolso do quinto cheque, tendo passado para o sétimo. Antes da reprogramação era necessário ter 7.000 novos lugares adicionais disponibilizados aos alunos do ensino superior até ao terceiro trimestre de 2023, mas agora a meta é de 7.200 até ao terceiro trimestre de 2024.

O desembolso do quinto cheque depende também da assinatura do contrato de gestão para a construção do Hospital Oriental de Lisboa. Tudo apontava para que esta assinatura do contrato com a Mota-Engil tivesse ocorrido durante o mês de outubro, mas até agora ainda não há novidades.

Bruxelas exige ainda que haja alojamentos com obras de construção iniciadas ou adjudicadas para alojamentos de emergência e de transição no âmbito da Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário, lançada em 2021. Os investimentos de Oliveira do Hospital são um exemplo que se inserem nesta medida que exige que as casas respeitem as normas de eficiência.

É também necessário ter assinados contratos para a requalificação e conservação de edifícios que são património cultural e de teatros nacionais. Por isso mesmo, esta sexta-feira, a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, participa na cerimónia de assinatura do contrato de financiamento da intervenção de consolidação estrutural das Muralhas de Santarém e do Mosteiro de Santa Clara e na Igreja Matriz de Vila do Conde.

Na tentativa de garantir que tudo estará cumprido, esta quinta-feira foi aprovada em Conselho de Ministros a criação do Observatório Nacional de Pobreza Energética, sendo que o marco definido era a entrada em vigor da legislação que o cria no terceiro trimestre deste ano.

Estava ainda previsto o lançamento do primeiro leilão para a compra centralizada de biometano sustentável, mas, apesar de a portaria já ter sido publicada, o lançamento do respetivo leilão ainda não aconteceu. Já o sistema de incentivos à recuperação (sistema de depósito e reembolso) para garrafas de plástico não reutilizáveis, metais ferrosos e alumínio está a ser ultimada, avançou o Público em outubro, mas não há data para a entrada em vigor deste sistema, definido na lei que entrou em vigor em dezembro de 2018.

Totalmente dependente do Governo está também a entrada em vigor do pacote legislativo que reorganiza a Administração Pública. Esta é a legislação “necessária para a aplicação das alterações funcionais e orgânicas da administração pública central com base no relatório entregue pela estrutura de missão criada pela resolução do Conselho de Ministros”.

Mas ainda há muitos marcos e metas em falta, como, por exemplo, a entrada em vigor do ato jurídico que cria a Unidade Técnica de Avaliação Tributária e Aduaneira (U-TAX) permanente, que estava prevista para este último trimestre do ano, ou a entrada em vigor de legislação tendo em vista o desenvolvimento do mercado de capitais.

Por cumprir está também a entrega, por um instrumento de capitalização, de 650 milhões de euros a empresas portuguesas não financeiras em capital próprio e quase-capital próprio. Uma medida que terá de ser operacionalizada pelo Banco Português de Fomento.

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Trégua de quatro dias entre Israel e Hamas entra em vigor

  • Lusa
  • 24 Novembro 2023

Israel e o Hamas chegaram a um acordo para um cessar-fogo que permitirá a libertação de 50 reféns que as milícias islamitas mantêm dentro da Faixa de Gaza, em troca da libertação de 150 prisioneiros.

A trégua de quatro dias acordada entre Israel e o grupo islamita Hamas, que prevê a libertação de 50 reféns em troca da libertação de prisioneiros palestinianos, entrou em vigor esta sexta-feira às 07:00 (05:00 em Lisboa).

A trégua entrou em vigor depois de uma noite em que Israel continuou a atacar a Faixa de Gaza e em que o Hamas lançou mísseis contra dois colonatos israelitas situados perto do enclave palestiniano, cujos habitantes já tinham sido retirados.

Cerca de duas horas antes de a trégua entrar em vigor, o diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, Mounir Al-Bursh, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que os soldados israelitas estavam “a realizar uma operação no Hospital Indonésio“, localizado no norte de Gaza, onde 200 pacientes ainda estão a ser tratados.

As brigadas Al Qassam, braço armado do Hamas, celebraram a “trégua humanitária” que permitirá a “troca de prisioneiros”. “Por cada prisioneiro sionista, serão libertados três prisioneiros palestinianos, incluindo mulheres e crianças“, sublinharam.

O Hamas confirmou “a cessação total das atividades militares” durante quatro dias.

Uma fonte de segurança do Egito disse à AFP que uma delegação de segurança egípcia estará presente em Jerusalém e Ramallah para garantir o “cumprimento da lista” de prisioneiros palestinianos libertados.

Autoridades de segurança de Israel, acompanhadas por pessoal da Cruz Vermelha e agentes egípcios, serão enviadas à fronteira de Rafah para receber os reféns libertados de Gaza, que então voarão para Israel, acrescentou a fonte.

O posto fronteiriço de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito e é a única via de acesso ao território governado pelo grupo Hamas não controlada por Israel, irá também assistir à entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed Al-Ansari, disse na quinta-feira que 13 mulheres e crianças detidas pelo Hamas em Gaza, todas membros da mesma família, serão libertadas, enquanto um número ainda desconhecido de prisioneiros palestinianos detidos por Israel será libertado ao mesmo tempo.

Depois de mais de um mês e meio de guerra, Israel e o Hamas chegaram a um acordo para um cessar-fogo, que permitirá a libertação de 50 reféns que as milícias islamitas mantêm dentro da Faixa de Gaza, em troca da libertação de 150 prisioneiros palestinianos. Em ambos os casos, são mulheres e menores.

Fontes israelitas confirmaram à agência de notícias EFE que, por cada dez reféns adicionais que o Hamas estiver disposto a libertar após os quatro dias, a trégua poderá ser prorrogada por mais um dia, até um máximo de dez dias.

Estima-se que as milícias palestinianas em Gaza tenham como reféns cerca de 240 pessoas, cerca de 210 nas mãos do Hamas e outras 30 nas mãos da Jihad Islâmica Palestiniana.

No total, há pelo menos 40 crianças reféns em Gaza, segundo as autoridades israelitas, que receberam na quinta-feira a lista dos 50 reféns que serão entregues pelo Hamas, embora esta não tenha sido tornada pública por precaução.

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Estado contrata escritório do advogado de Joe Berardo por 1,2 milhões

  • ECO
  • 24 Novembro 2023

Em causa estão serviços jurídicos prestados ao Turismo de Portugal. Advogado é arguido no processo em que são investigadas suspeitas da prática de vários crimes nos créditos concedidos pela Caixa.

O Estado vai pagar ao escritório de André Luiz Gomes, advogado de Joe Berardo, 1,2 milhões de euros por serviços jurídicos, segundo uma notícia avançada esta sexta-feira pelo Correio da Manhã.

De acordo com o jornal, o contrato com a Clareira Legal – Sociedade de Advogados foi celebrado em meados deste mês, por ajuste direto, pelo Turismo de Portugal. Esta última entidade foi mandatada por um despacho do ministro da Economia, António Costa Silva, “para assegurar os atos e os meios necessários à representação do Estado Português nas ações arbitrais desencadeadas pelas concessionárias de jogo em Portugal”.

O advogado André Luiz Gomes, à semelhança de Joe Berardo, é arguido no processo em que o Ministério Público investiga suspeitas da prática de vários crimes nos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos ao grupo de Berardo. Em causa estão suspeitas de fraude fiscal, falsidade informática e branqueamento de capitais.

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Ministério Público investiga suspeitas de favor no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Santa Maria

  • ECO
  • 24 Novembro 2023

Nome do Presidente da República surge várias vezes no decurso do caso. Caso Marcelo venha a ser a ser suspeito, a abertura de processo teria que ser votada na Assembleia da República.

O Ministério Público (MP) está a investigar suspeitas de favor no caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e no qual a casa civil do Presidente da República terá tido intervenção. O Público avança esta sexta-feira que o inquérito está a correr no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa e, para já, corre contra desconhecidos.

As meninas chegaram a Portugal vindas do Brasil acompanhadas pela mãe e um fisioterapeuta, já com consulta marcada no hospital, apesar de não terem Cartão de Cidadão. O nome do Presidente da República surge várias vezes no decurso do caso das meninas que conseguiram obter em tempo recorde a nacionalidade portuguesa, o que terá sido possível porque a mãe tinha dupla nacionalidade. Ademais, a família será conhecida de uma companheira do filho de Marcelo Rebelo de Sousa, que já admitiu ter havido intervenção da sua casa civil neste caso.

O caso foi revelado por um trabalho de investigação da TVI. O Presidente da República não é considerado suspeito, mas, se vier a ser, a abertura de processo teria de ser votada na Assembleia da República e o caso seria investigado junto do Supremo Tribunal de Justiça, como ocorre atualmente com o processo que nasceu da Operação Influencer e que visa o primeiro-ministro demissionário António Costa.

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Hoje nas notícias: Suspeitas, Operação Influencer e dívida do SNS

  • ECO
  • 24 Novembro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Estão a ser investigadas pelas autoridades suspeitas de favorecimento no caso das gémeas luso-brasileiras, um caso em que terá havido intervenção do Presidente da República. A dívida do Serviço Nacional de Saúde continua acima dos dois mil milhões de euros. E a Polícia Judiciária pode ser chamada a colaborar na Operação Influencer. Estas são algumas das notícias em destaque nos jornais esta sexta-feira.

MP investiga suspeitas de favor no caso das gémeas brasileiras

O Minis­té­rio Público (MP) está a inves­ti­gar desde o iní­cio do mês o caso das gémeas luso-bra­si­lei­ras com uma doença rara que foram tra­ta­das no Hos­pi­tal de Santa Maria, em Lis­boa, com um remé­dio que custa dois milhões de euros por cri­ança. As meninas vieram do Brasil acompanhadas pela mãe, um médico e um fisioterapeuta, e a família será conhecida de uma companheira do filho do Presidente da República, que já admitiu ter havido intervenção da sua casa civil neste caso. O Público apurou que o inquérito está em curso no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa, mas, para já, decorre contra desconhecidos. Se Marcelo Rebelo de Sousa viesse a ser suspeito, a abertura do processo teria que ser votada no Parlamento.

Leia a notícia completa em Público (acesso pago).

Dívidas do SNS aos fornecedores externos tocam máximos

A dívida do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos fornecedores externos atingiu quase 2,3 mil milhões de euros em setembro. O ano começou com a “herança” de mais de 1,6 mil milhões de euros de dívida do ano anterior, depois de ter alcançado um pico de 2.471 milhões em novembro de 2022. Para observar valores tão elevados, é preciso recuar aos anos da troika: no final de 2011, o valor da dívida do SNS aos fornecedores atingiu três mil milhões de euros e pôs em causa o fornecimento de medicamentos hospitalares.

Leia a notícia completa em Expresso (acesso pago).

PJ pode ir a jogo na investigação da Operação Influencer

A Polícia Judiciária poderá ser chamada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal para trabalhar em conjunto com os três procuradores que lideram a investigação no âmbito da Operação Influencer. As buscas do dia 7 de novembro à residência oficial do primeiro-ministro e à casa do ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, contaram com a colaboração de agentes da PSP, que trabalham diretamente para o Ministério Público. Mas, nos últimos dias, tem-se discutido a possibilidade de o caso passar para as mãos da polícia liderada por Luís Neves, decisão que não encontraria resistência dentro da PSP, segundo o jornal. Além disso, a investigação deverá ser separada para evitar um megaprocesso difícil de gerir.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

AICEP duplica apoios à promoção externa para 65 milhões

Os apoios à internacionalização das empresas vão duplicar depois de terem sido aprovados projetos no valor de 29 milhões de euros. Somando à comparticipação individual das empresas, serão mais 36 milhões de euros que a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal terá disponível para apoiar as empresas no estrangeiro, o que perfaz um total de 65 milhões de euros no âmbito do Compete 2030, mais do dobro do que no ano passado.

Leia a notícia completa em Dinheiro Vivo (acesso livre).

Estado paga 1,2 milhões ao escritório do advogado de Berardo

O Estado vai pagar ao escritório do advogado de Joe Berardo 1,2 milhões de euros por serviços jurídicos, noticia o Correio da Manhã. O contrato com a Clareira Legal – Sociedade de Advogados foi celebrado em meados deste mês, por ajuste direto, pelo Turismo de Portugal, depois de esta última entidade ter sido mandatada por um despacho do ministro da tutela António Costa Silva “para assegurar os atos e os meios necessários à representação do Estado Português nas ações arbitrais desencadeadas pelas concessionárias de jogo em Portugal”. O advogado André Luiz Gomes é arguido no processo em que o MP investiga suspeitas da prática de vários crimes nos créditos concedidos pela CGD, banco público, ao grupo de Joe Berardo.

Leia a notícia completa em Correio da Manhã (acesso pago).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 24 de novembro

  • ECO
  • 24 Novembro 2023

Ao longo desta sexta-feira, 24 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A Seramount reconhece a MetLife pelos seus esforços em inclusão

  • Servimedia
  • 24 Novembro 2023

A empresa de seguros MetLife foi reconhecida pelas suas práticas de contratação, programas de desenvolvimento de talento, cultura no local de trabalho e compromisso para um ambiente inclusivo.

Os prémios foram concedidos pela Seramount, uma consultoria de pesquisa e serviços profissionais estratégicos dedicada a apoiar ambientes de trabalho inclusivos e de alto desempenho.

A empresa avaliou várias práticas e programas da MetLife focados na diversidade, equidade e inclusão (DEI) e responsabilidade de liderança para determinar sua inclusão em listas e índices.

As operações da MetLife em Portugal e Espanha foram incluídas no Índice de Inclusão Global, que avalia os esforços e o compromisso da empresa em termos demográficos, melhores práticas de contratação, retenção e progressão, e cultura corporativa.

A empresa também foi reconhecida como uma das Melhores Empresas para Mulheres Executivas. A MetLife foi avaliada em todos os aspetos da progressão da mulher, incluindo planejamento de sucessão, funções com impacto em perdas e ganhos, equidade salarial entre homens e mulheres, programas de apoio e programas de flexibilidade.

“Na MetLife, sempre acreditamos que uma cultura de trabalho forte e diversa é a base do sucesso sustentável”, afirma Oscar Herencia, vice-presidente da MetLife para o Sul da Europa e diretor-geral da MetLife na Ibéria. “Por isso, não apenas buscamos desenvolver práticas de RH líderes, mas também acreditamos na contribuição e no potencial de todos que fazem parte desta organização: com as oportunidades adequadas, as pessoas crescem, e o fato de estarmos incluídos no Índice de Inclusão da Seramount valida nossas crenças e destaca nosso compromisso compartilhado de construir um ambiente em que cada indivíduo se sinta valorizado, respeitado e capacitado”.

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Ministério Público debaixo de fogo. São justas as críticas?

Quinze dias depois da demissão de Costa, a PGR quebrou o silêncio e diz que não vai qualificar se a decisão do juiz de instrução foi ou não uma derrota para o MP. Serão justas as críticas ao DCIAP?

Nos últimos dias, assistimos a inúmeras posições públicas e políticas à atuação do Ministério Público (MP) no que toca à ‘Operação Influencer’. Foram apontados erros à investigação e o juiz de instrução deixou cair o crime de corrupção de que eram acusados vários arguidos. A ECO/Advocatus ouviu procuradores, advogados e juízes, que esgrimem argumentos a favor e contra a atuação do MP.

Por um lado, o parágrafo do comunicado do gabinete de imprensa da PGR, enviado às redações um minuto depois da saída de Lucília Gago do gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa, revelava que o primeiro-ministro António Costa estava a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça. O que acabou por provocar a sua demissão e a convocação de eleições antecipadas por parte do Presidente da República.

A que se juntaram três erros no despacho de indiciação feito pelos três magistrados do DCIAP e a posterior libertação dos detidos, decidida pelo juiz de instrução – e contra a proposta do MP. Tudo isto causou um mau estar no seio desta magistratura, o que levou a procuradora-geral da República a pedir explicações ao diretor do DCIAP. Embora, publicamente, Luícilia Gago se tenha mantido em silêncio durante quinze dias, na quarta-feira, questionada sobre os erros do Ministério Público nesta operação, disse que se trata de “uma pergunta complexa”. E perante essa complexidade, refugiou-se no silêncio: “A pergunta envolve várias vertentes relativamente às quais não me vou pronunciar, nomeadamente a referência a erros”.

A propósito das medidas de coação determinadas pelo juiz de instrução – que mandou todos os arguidos detidos para casa e que deixou cair os crimes de corrupção imputados pelo Ministério Público – Lucília Gago disse: “não vou qualificar, as medidas falam por si”. E a seguir riu-se. Refira-se que o Ministério Público tinha pedido prisão preventiva para os principais arguidos.

E que erros fez o Ministério Público?

Em causa está a confusão com o apelido do primeiro-ministro e do ministro da Economia numa escuta, a que se juntou o local de encontro entre o chefe de gabinete, um empresário e Lacerda Machado, que não aconteceu na sede do PS mas em São Bento, residência oficial do primeiro-ministro. E ainda uma portaria constante no despacho que dizia que a Start Campus tinha alegadamente interesse em aprovar mas veio a saber-se que, afinal, a portaria em nada estava relacionada com o data center de Sines.

Desde então, levantaram-se vozes a minimizar os indícios criminais na investigação em causa e a denegrir o trabalho dos três procuradores do DCIAP.

A Operação Influencer

A operação de 7 de novembro do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa. Que acabaram todos em liberdade, depois do juiz de instrução ter deixado cair os crimes de corrupção da indiciação do MP.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

Segundo o Ministério Público, na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Após o interrogatório aos detidos na operação Influencer, o juiz de instrução criminal considerou Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo do primeiro-ministro) fortemente indiciado por tráfico de influência e sujeitou-o a prestar uma caução de 150 mil euros e a entregar o respetivo passaporte.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, Rui de Oliveira Neves

Já quanto a Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa, demitido na sequência da investigação), foram validados fortes indícios do crime de tráfico de influência, ficando proibido de se ausentar para o estrangeiro.

O autarca Nuno Mascarenhas e os administradores Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, da Start Campus, ficaram sujeitos unicamente a Termo de Identidade e Residência (TIR), tendo a empresa ficado obrigada a prestar caução de 600 mil euros. Para o autarca não foram validados indícios de quaisquer crimes, enquanto os dois administradores estão indiciados por tráfico de influência e oferta indevida de vantagem.

O juiz não validou os indícios apontados pelo MP da prática de corrupção e prevaricação que recaíam sobre os arguidos. Esta investigação motivou a abertura de um inquérito conexo junto do MP no Supremo Tribunal de Justiça, relacionado com escutas de conversas entre arguidos e o primeiro-ministro demissionário, António Costa.

O artigo de opinião ‘demolidor’

Mas se as declarações dos (vários) políticos ligados à (forte) máquina socialista não causaram tanto burburinho no seio do DCIAP, já o artigo de opinião da vice-PGR, Maria João Fernandes, publicado no jornal Público na segunda-feira sob o título “Ministério Público: como chegamos aqui? , serviu para acordar todo um setor.

Não se referindo diretamente à ‘Operação Influencer’, a procuradora-geral adjunta Maria José Fernandes defendeu que existe no Ministério Público quem entenda que “a investigação criminal pode ser uma extensão de poder”, denunciando situações de recolha de meios de prova por vezes “intrusivas e humilhantes”.

“No DCIAP deveria privilegiar-se o pensamento crítico, a discussão interdisciplinar, nomeadamente com colegas de outras jurisdições tocantes ou conexas”, escreve, dizendo temer que se “tornem cabines herméticas, onde pontuam algumas ‘prima donnas’ intocáveis e inamovíveis”. O tom crítico vai ainda mais longe quando a procuradora-geral adjunta defende que se permitiu a criação de “uma bruma de auto-suficiência totalmente nefasta e contrária ao que deve ser a qualidade e a excelência desta profissão” na carreira de procurador.

“Os desfechos de vários casos já julgados permitem extrair que há aspetos do trabalho dos procuradores de investigação a carecer de revisão e aprimoramento pelo exercício da autocrítica”, assinala.

As críticas ao trabalho do Ministério Público são justas?

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), Adão Carvalho, usou desde logo o cargo que ocupa como representante sindical para defender a corporação. “O MP tem exercido as suas funções no estrito cumprimento da lei, exercendo a ação penal sem avaliar qualquer cenário político hipotético ou qualquer desfecho governativo, tal como tem de ser em obediência à Constituição da República e às regras de um Estado de direito democrático. É nisto que consiste o respeito pela separação de poderes e a não sobreposição de um poder em relação a outro. Os magistrados não são fazedores de opinião pública ou comentadores de serviço”, disse, em declarações à Advocatus. Que acrescentou que “toda a atividade do Ministério Público é devidamente escrutinada no processo”.

"O MP tem exercido as suas funções no estrito cumprimento da lei, exercendo a ação penal sem avaliar qualquer cenário político hipotético ou qualquer desfecho governativo.”

Adão Carvalho

Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

Relembrando que, para além disso, “os magistrados do Ministério Público são avaliados regularmente através de inspeções ordinárias ou extraordinárias, por um órgão – o Conselho Superior do Ministério Público – de que fazem parte cinco elementos indicados pela Assembleia da República e dois pelo Ministério da Justiça”. Assegurando que os magistrados do Ministério Público têm, “pois, formas de escrutínio da sua atuação legalmente estabelecidos e dos mais exigentes que existem ao nível dos países da Europa”.

Já o advogado Dantas Rodrigues critica o excessivo poder que o MP tem, atualmente. Depositar tanto poder em apenas um único órgão não beneficia os cidadãos e nem sequer os próprios procuradores, desacreditando a sua autonomia avaliativa e o seu sentido de independência”.

“Será mesmo que poderemos confiar no Ministério Público, que cometeu três erros fatais? O rombo provocado no casco do navio da execução da política criminal afeta – e muito – o nosso sistema judicial. A brusca manobra do leme, executada pelos Procuradores do Ministério Público, constitui causa suficiente para se reformular o Código do Processo Penal, o Estatuto do Ministério Público e o Código de Conduta dos Magistrados do Ministério Público antes que o sistema de justiça vá a pique”, defende, em declarações ao ECO/Advocatus.

"É suposto que a atividade do Ministério Público, como sucede aliás com qualquer órgão do Estado, se sujeite a escrutínio público, desde logo através dos órgãos de comunicação social.”

Miguel Pereira Coutinho

Advogado da Cuatrecasas

Miguel Pereira Coutinho, advogado da Cuatrecasas, já é mais cauteloso nas críticas, defendendo que “é evidente que o Ministério Público não está isento de erros. Aliás, nem os advogados ou os juízes o estão. E entendo também que é suposto que a atividade do Ministério Público, como sucede aliás com qualquer órgão do Estado, se sujeite a escrutínio público, desde logo através dos órgãos de comunicação social”.

Mas avisa: “uma coisa é escrutínio, outra coisa é ingerência. É importante não perder de vista que a Constituição atribui ao Ministério Público autonomia e estatuto próprio, o que não pode deixar de ser respeitado”. Acrescentando que temos de ter em mente que, dentro de um processo criminal, a atividade do Ministério Público já é sujeita a controlo. O simples facto, por exemplo, de haver um despacho do juiz de instrução criminal que, diante das promoções do Ministério Público, não valida determinados indícios ou que opta por aplicar medidas de coação mais leves em vez da prisão preventiva, é uma prova que essa sindicância existe. É uma demonstração de que o sistema de checks and balances funciona e que não há poderes ilimitados”.

Miguel Pereira Coutinho, Associado Sénior da Cuatrecasas, em entrevista ao ECO/Advocatus - 03MAR23
Miguel Pereira Coutinho, Associado Sénior da Cuatrecasas, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Juízes e Eurojust comentam o caso

Esta semana, também o ex-membro nacional do Eurojust, António Cluny, considerou que certos casos judiciais deviam levar a “uma profunda reflexão do Ministério Público sobre o seu desempenho”, mas também de “autocrítica” do poder político sobre as leis produzidas. “Já defendo há muito tempo que sempre que há um caso importante era essencial discutir internamente [no MP] e extrair dele as lições necessárias, tendo em vista aproveitar tais ensinamentos para processos futuros da mesma natureza”, disse António Cluny, acrescentando que “a natureza do MP enquanto magistratura e nas condições dos inquéritos criminais tem a ver com a sua orgânica mais elástica do que a dos juízes”.

“Os juízes são um órgão jurisdicional por si próprio, enquanto o MP pode constituir equipas de magistrados para investigar e acompanhar um novo processo”, precisou.

Em sua opinião, a “questão está em saber quando há um insucesso, o que é que correu mal”, acrescentando: “Se analisarmos vários casos que não terão corrido bem, podemos chegar (ou não) à conclusão que as causas são as mesmas, assim como é importante tirar ensinamentos do processo que correram bem”.

Para António Cluny, numa e noutra situação (de sucesso ou insucesso) há que procurar “aproveitar essa experiência” e os ensinamentos retirados para procedimentos futuros. “Essa é a grande riqueza que o MP tem de aproveitamento do conhecimento”, adiantou, notando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as Procuradorias Regionais podem colher tais ensinamentos para novos processos da mesma natureza.

Já da parte dos juízes, a resposta foi em defesa do MP. O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), Ramos Soares considerou “excessivo e prematuro” nesta fase “pendurar já o Ministério Público no pelourinho ou endeusá-lo“, porque se desconhece como vai terminar a investigação.

Perante as muitas críticas que têm sido feitas ao processo, que “provocou indiretamente uma crise política” com a demissão do primeiro-ministro, o dirigente da ASJP disse “não embarcar na tese de ninharia penal”, ao assinalar que estão em causa “pessoas com responsabilidades governativas ou próximas de pessoas com responsabilidades governativas que podem ter cometido crimes de tráfico de influência e recebimento indevido de vantagem”, sublinhando que “os factos conhecidos pela imprensa são graves”.

Quanto à polémica gerada pelo último parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da ASJP defendeu que “o parágrafo não caiu do céu“.

“Uma pessoa reage a um parágrafo não por causa da sequência de palavras e letras, mas porque o parágrafo tem um determinado significado. E o significado daquele parágrafo e dos parágrafos todos daquele comunicado da PGR é que certas pessoas podiam ter praticado atos que, tendo chegado ao conhecimento do MP, foram considerados suspeitos, e o MP foi obrigado, porque a lei obriga, a abrir uma investigação para confirmar ou não essas suspeitas e esses atos”, disse.

O juiz desembargador traçou uma linha divisória entre lobbying e “a chamada cunha”, frisando que tais conceitos não são confundíveis, desde logo pela lei portuguesa, onde o lobbying não está regulado, mas em que existe a tipificação criminal de determinados comportamentos enquadrados no que se designa como “cunha”.

Até se conhecerem todos os factos do processo, Manuel Soares considera que “ninguém responsável consegue dizer que o MP está a perseguir criminalmente pessoas por factos que não são crime”.

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Desemprego sobe há quatro meses, mas economistas afastam rutura do “dique”

Desde julho que o número de desempregados no IEFP está a subir. Economistas não estão surpreendidos, tendo em conta o abrandamento da economia. Veem novos agravamentos (ainda que limitados) em 2024.

Apesar das provas de resiliência já dadas pelo mercado de trabalho português, desde o verão que o número de desempregados inscritos nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está a aumentar. Com duas guerras em curso no globo e a economia nacional a abrandar, os economistas não estão surpreendidos. E já apontam para novos aumentos em 2024, embora o Governo esteja a contar com estabilidade. O risco de rutura desse “dique”, nas palavras do Governo e do Banco de Portugal, não é, pelo menos por agora, significativo.

“Com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e debilidade em outubro, é natural esperar uma deterioração do mercado de trabalho. Estes valores não são surpreendentes“, sublinha Pedro Braz Teixeira, economista que lidera o gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade.

Esta semana, o IEFP deu a conhecer os dados do desemprego registados em outubro e verificou-se um agravamento em cadeia pelo quarto mês consecutivo [ver tabela abaixo].

Há quatro meses que desemprego registado está a subir

Fonte: IEFP

Depois de subidas de 2,3%, 3,9% e 1,6% em julho, agosto e setembro, respetivamente, em outubro estivavam inscritos 303.356 desempregados nos centros do IEFP, mais 3.243 do que no mês anterior, o equivalente a um aumento de 1,1%.

Já em comparação com o desemprego registado há um ano, verificou-se um agravamento de quase 5%, estando em causa mais 14 mil novos desempregados face ao universo contabilizado em outubro de 2022.

Apesar desses agravamentos consecutivos, Pedro Braz Teixeira não parece alarmado. Antes, faz questão de lembrar que no verão do ano passado (em julho) o número de desempregados inscritos tinha atingido o valor mais baixo em duas décadas, o que pode estar agora a causa um “efeito de base significativo“.

E também Tiago Sequeira, professor da Universidade de Coimbra, não sinaliza estar preocupado com esta evolução dos dados registados pelo IEFP, sublinhando que a medida oficial é a divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística. E esta tem conservado a estabilidade como tendência, embora seja “expectável que ao abrandamento da atividade económica nos dois últimos trimestre de 2023 corresponda um aumento do desemprego” medido pelo gabinete de estatísticas, admite o economista.

Estabilidade em 2024? Economistas mais inclinados para agravamento do desemprego

Apesar de não estarem alarmados quanto à evolução recente do desemprego registado, tanto um economista como outro concordam que o próximo ano poderá ser menos tranquilo do que o esperado pelo Governo.

Na proposta de Orçamento do Estado para 2024, o Executivo projeta uma taxa de desemprego de 6,7% para 2024, valor idêntico ao deste ano. Mas os economistas acreditam que poderão estar agravamentos (ainda que limitados) no horizonte.

“As previsões do governo ficaram desatualizadas com a guerra em Israel e pela própria queda do Executivo. É mais razoável que haja uma subida da taxa de desemprego, embora limitada“, antecipa o responsável do Fórum para a Competitividade.

Aliás, Pedro Braz Teixeira identifica a indefinição política e a guerra como principais riscos para o mercado de trabalho, já que, se houver um alastramento do conflito, os preços da energia irão aumentar e o Banco Central Europeu (BCE) poderá ver-se “obrigado” a voltar a subir as taxas de juro, agravando o abrandamento das economias europeias. Tiago Sequeira concorda e aponta para um crescimento “ligeiro a moderado do desemprego” em 2024.

A estas vozes juntam-se a de João Cerejeira, professor da Universidade do Minho, e de Pedro Martins, professor da Universidade Nova de Lisboa.

“É de esperar que o desemprego continue a crescer nos próximos meses, nomeadamente pela diminuição de novas contratações e pela não renovação de contratos a termo. Não sendo um cenário de catástrofe (longe disso), é um cenário que merece atenção“, antevê o primeiro. “Há claramente nuvens negras no horizonte. A incerteza política nacional, os conflitos internacionais, as previsões de crescimento mais baixo são tudo fatores que apontam para o aumento do desemprego“, confirma o segundo.

Com o Governo prestes a cair, João Cerejeira salienta que essa crise afetará as perspetivas do mercado de trabalho, “principalmente na componente do investimento público“. E acrescenta como riscos a retração da procura externa, o elevado preço da habitação — o que prejudica a mobilidade da força de trabalho, fator especialmente relevante num mercado caracterizado por falta de mão de obra adequada — e a manutenção da carga fiscal sobre o trabalho elevada, o que “retira capacidade às empresas de competirem por quadros técnicos em profissões com mercado global”.

Também Pedro Martins, que foi secretário de Estado do Emprego, identifica a concorrência de empresas estrangeiras junto dos trabalhadores como um dos maiores obstáculos colocados aos empregadores nacionais. “Tanto via emigração como trabalho remoto a partir de Portugal”, detalha.

Mercado de trabalho será dique ou primeira peça do dominó?

ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

Apesar das incertezas e de todos os desafios, de modo global, o mercado de trabalho português tem conseguido um bom desempenho até agora: o emprego tem crescido e o desemprego continua próximo dos níveis mais baixos já registados. Tanto que o governador do Banco de Portugal considerou-o “o ponto-chave que ditará o sucesso do ajustamento” da economia, após o período de elevada inflação e quando se sentir o efeito total da política monetária.

Continuará a funcionar como um dique para conter as tensões que se vão criando em todas as dimensões da economia ou vai ser primeira peça do dominó e gerar uma aterragem que não seja aquela com que contamos?”, questionou Mário Centeno.

Ora, apesar dos dados negativos do IEFP, das previsões de agravamento do desemprego e até do disparo dos trabalhadores em layoff — isto é, com contratos de trabalho suspensos ou horários de trabalho reduzidos –, os economistas acreditam que esse dique não está, por agora, em grande risco de rutura.

Surgem algumas fissuras no dique que podem evoluir para uma situação mais preocupante, nomeadamente se as economias europeias, nomeadamente (Espanha, França e Alemanha) não recuperarem no próximo ano.

João Cerejeira

Professor da Universidade do Minho

“A desaceleração da economia portuguesa está diretamente relacionada com a evolução da economia europeia, que, por sua vez, está dependente da conjuntura internacional. O abrandamento da economia chinesa e o conflito no médio oriente são os fatores com maior potencial desestabilizador para a economia e, em consequência, para o mercado de trabalho”, descreve Tiago Sequeira.

Mais assertivo, Pedro Braz Teixeira deixa claro: “o perigo de rutura do dique, neste momento, não parece significativo“. João Cerejeira também não vê esse perigo, mas assinala que “surgem algumas fissuras que podem evoluir para uma situação mais preocupante, nomeadamente se as economias europeias, nomeadamente (Espanha, França e Alemanha) não recuperarem no próximo ano”.

nuvens no horizonte, mas, a menos que expluda uma crise internacional, provavelmente não trarão uma tempestade demasiadamente severa.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 24 Novembro 2023

No segundo dia de votações na especialidade do Orçamento do Estado, há dados do Banco de Portugal e termina a cimeira entre a UE e o Canadá. É também a Black Friday.

A semana termina com mais uma ronda de votações no Parlamento das propostas do Orçamento do Estado para o próximo ano. Num dia em que os descontos da Black Friday prometem concentrar atenções, há dados do Banco de Portugal e um estudo sobre o setor do vinho em Portugal. Lá fora, termina a 19.ª cimeira UE-Canadá.

Hoje é dia de Black Friday

Embora várias lojas já estejam com descontos nos seus produtos desde o início do mês, a Black Friday é oficialmente esta sexta-feira, iniciando o período das compras do Natal. Um estudo anual da plataforma blackfriday.pt, levado a cabo pela consultora GfK, adiantou que este ano 72% dos portugueses planeiam gastar uma média de 290 euros nesta mega campanha de promoções, 11% acima do valor de 2022.

Mais votações na especialidade do OE2024

O Parlamento continua esta sexta-feira a maratona de votações das mais de 1.800 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) no âmbito da discussão na especialidade. O processo estende-se até à próxima quarta-feira, 29 de novembro, dia em que será feita a votação final global do documento.

Quanto investimento atraiu o país?

O Banco de Portugal atualiza esta sexta-feira as estatísticas sobre o investimento direto. No primeiro semestre do ano, as transações de investimento direto estrangeiro em Portugal totalizaram dois mil milhões de euros, o que atirou o stock para 174 mil milhões de euros, o equivalente a 69% do Produto Interno Bruto (PIB). O banco central também revelou que o investimento direto de Portugal no exterior foi de 3,4 mil milhões de euros.

Estudo faz raio-X ao setor do vinho

A ACIBEV – Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal e a NOVA School of Business and Economics apresentam esta sexta-feira o estudo “Setor do Vinho – Avaliação de Impacto Socioeconómico em Portugal”, coordenado pelo professor Pedro Brinca. Em 2022, segundo dados da associação ViniPortugal, as exportações de vinhos portugueses atingiram um novo recorde, atingindo 941 milhões de euros, mais 1,52% face a 2021. Além disso, esta semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que desde 2006 que não se produzia tanto vinho em Portugal.

Termina a cimeira UE-Canadá

A cimeira entre a União Europeia (UE) e o Canadá, que está a decorrer desde ontem em St John’s, naquele país, termina esta sexta-feira. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, são os representantes do bloco comunitário naquela que é a 19.ª cimeira UE-Canadá. Está previsto que os dirigentes emitam uma declaração conjunta no final do encontro, no qual esteve em discussão o apoio à Ucrânia, a crise no Médio Oriente e as relações económicas entre as duas partes.

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Luz Saúde faz aumento até 20% do capital no âmbito da entrada em bolsa

Grupo de saúde liderado por Isabel Vaz irá realizar um aumento correspondente a um máximo de 20% do capital dirigido aos investidores que forem selecionados pela Fidelidade para o IPO.

PWC CEO Survey Portugal - 09MAI2019
Isabel Vaz, CEO do grupo Luz Saúde.Hugo Amaral/ECO

A Luz Saúde pretende realizar um aumento de capital até um máximo de 20% do seu capital no âmbito do processo da oferta pública inicial (IPO, sigla inglesa) que está em curso pela Fidelidade e que irá levar o grupo de saúde de novo para a bolsa de Lisboa no próximo ano.

O aumento será realizado por novas entradas em dinheiro, através da emissão de novas ações que serão subscritas pelo grupo de investidores institucionais nacionais e estrangeiros que for selecionado pela Fidelidade para participar na sua oferta particular de ações, segundo se pode ler na proposta que vai ser votada na assembleia extraordinária marcada para 22 de dezembro e onde a Fidelidade irá aprovar os planos do IPO.

O conselho de administração liderado por Isabel Vaz considerou que é “vantajoso” avançar com o aumento de capital em simultâneo com o IPO. O aumento de capital servirá para a Luz Saúde “obter capitais próprios adicionais para o desenvolvimento da sua atividade”.

De acordo com a proposta, “o preço de subscrição das novas ações no âmbito do aumento de capital deverá coincidir com o preço de venda das ações por parte da Fidelidade na oferta de venda, tendo como limite o valor nominal de cada nova ação, ou seja, um euro, sendo, todavia, tal preço fixado em face dos resultados do processo de bookbuilding”, adianta a Luz Saúde.

No aumento de capital, a Luz Saúde irá emitir até um montante máximo de 23,9 milhões de novas ações ordinárias, mas o montante concreto e a quantidade de novos títulos a emitir ainda vão ser determinados pelo conselho de administração “em função da procura verificada” no IPO.

Esta operação ainda se encontra sujeita ao cumprimento de várias condições, nomeadamente o sucesso do próprio IPO.

Aliás, fonte oficial revelou esta semana ao ECO que “a publicação da convocatória da assembleia geral e inclusive a aprovação das propostas que venham a ser submetidas não determinam a concretização do processo de venda”.

“Apenas terá lugar se estiverem reunidas as condições que o acionista vendedor considera adequadas para tal”, acrescentou a mesma fonte.

"A publicação da convocatória da assembleia geral e inclusive a aprovação das propostas que venham a ser submetidas não determinam a concretização do processo de venda. Apenas terá lugar se estiverem reunidas as condições que o acionista vendedor considera adequadas para tal.”

Fidelidade

No âmbito deste processo, a seguradora detida pelo grupo chinês Fosun deverá avançar para a venda de uma participação entre 30% a 45% do capital do grupo de saúde e que poderá permitir um encaixe entre 300 milhões e 450 milhões de euros. A Fidelidade espera obter uma avaliação de mais de mil milhões de euros para o grupo que tem 28 unidades hospitalares e clínicas e perto de 14 mil funcionários em Portugal.

O grupo chinês informou esta terça-feira que obteve a autorização do regulador da bolsa de Hong Kong para avançar com a operação e indicou que, sujeito à aprovação das autoridades portuguesas, será submetido um prospeto na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) “no devido tempo”.

Como o ECO revelou em maio, Citi e UBS lideram um sindicato bancário para concretizar um IPO da Luz Saúde que vem sendo trabalhado num ambiente de mercado desafiante devido à subida das taxas de juro e, mais recentemente, aos riscos geopolíticos relacionados com a guerra no Médio Oriente.

A Luz Saúde registou rendimentos operacionais de 600 milhões de euros em 2022, um aumento de 10,6% em comparação com 2021. Fechou o ano passado com lucros de 26,9 milhões de euros, mais 62% em termos homólogos.

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