Maioria defende demissão de Marcelo caso se prove cunha no caso das gémeas

  • ECO
  • 26 Dezembro 2023

A maioria dos portugueses defende que Marcelo Rebelo de Sousa meteu uma "cunha" no caso das gémeas e que, caso fique provado, deve demitir-se do cargo.

Cerca de 58,9% dos portugueses consideram que Marcelo Rebelo de Sousa meteu uma “cunha” para o tratamento com o medicamento das gémeas luso-brasileiras no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Estes números foram avançados pelo barómetro Intercampus para o Correio da Manhã/CMTV.

Caso a interferência fique provada, 61,7% dos inquiridos defende a demissão do Presidente da República. Por outro lado, apenas 26,5% considera que Marcelo é o principal culpado do caso, independentemente da “quota-parte” do seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, do Governo e do Ministério da Saúde.

Segundo o Correio da Manhã, através desta sondagem pode concluir-se que o Presidente da República está numa “posição bastante difícil”. “Há uma maioria assinalável de inquiridos que acha que ele, de facto, meteu cunha. Por outro lado, há uma maioria ainda mais assinalável de inquiridos que acha que o Presidente, se se provar que tal aconteceu, deve resignar”, lê-se.

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Hoje nas notícias: Marcelo, Sonangol e médicos

  • ECO
  • 26 Dezembro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Mais de metade dos portugueses defende a demissão de Marcelo Rebelo de Sousa caso fique provada a sua interferência no caso das gémeas luso-brasileiras. Por outro lado, documentos revelaram que a petrolífera Sonangol foi forçada pelo Governo angolano a entrar no capital do Millennium BCP em 2007. Estas são algumas das notícias em destaque nos jornais esta terça-feira.

Maioria defende demissão de Marcelo caso se prove cunha no caso das gémeas

Cerca de 58,9% dos portugueses consideram que Marcelo Rebelo de Sousa meteu uma “cunha” para o tratamento com o medicamento das gémeas luso-brasileiras, revela o barómetro Intercampus para o CM/CMTV. Caso a interferência fique provada, 61,7% dos inquiridos defende a demissão do Presidente da República. Por outro lado, apenas 26,5% considera que Marcelo é o principal culpado do caso.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Sonangol foi forçada a ser acionista do BCP

A petrolífera Sonangol foi forçada pelo Governo angolano, presumivelmente pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, a entrar no capital do Millennium BCP em 2007. Assim, a participação no banco português foi de natureza política e não de índole financeira. Esta conclusão está presente num documento sobre a regeneração da petrolífera, datado de 24 de agosto de 2020, a que o Jornal de Negócios teve acesso. A Sonangol conta atualmente com uma posição de 19,49% no banco.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Número de médicos aposentados em 2023 volta a bater recorde

Em 2023 reformaram-se 822 médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mais 40 do que em 2022. Este valor ultrapassa a previsão do Governo, que apontava para que menos de 700 profissionais saíssem do ativo este ano. A previsão é que o número de aposentações continue a aumentar nos próximos dois a três anos. Os especialistas pedem um SNS mais capaz de fixar e captar profissionais.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Famílias gastam mais 10% em compras em dezembro do que com 2022

Apesar das taxas de juro altas no crédito à habitação ou da inflação, nos primeiros 20 dias de dezembro os portugueses fizeram mais pagamentos com cartão do que em 2022. Segundo dados do Reduniq Insights, o aumento foi de 14% em relação ao período homólogo, registando-se também um avanço de 10% na faturação total. Entre os setores que mais “pesaram” nas contas das famílias portuguesas está o dos supermercados, moda e restauração.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Mais de 43 mil bebés com direito a cartão do cidadão gratuito

Entre 1 de junho e 1 de novembro, mais de 43 mil recém-nascidos beneficiaram da gratuitidade do cartão de cidadão, segundo dados do Ministério da Justiça. Em causa está uma medida que isenta do pagamento de 7,50 euros todas as crianças até um ano. Para além do registo após o nascimento, é possível ainda fazer o primeiro cartão de cidadão na maioria dos hospitais do país. Este serviço está a funcionar em 44 unidades e maternidades.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

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O dia em direto nos mercados e na economia – 26 de dezembro

  • ECO
  • 26 Dezembro 2023

Ao longo desta terça-feira, 26 de dezembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Dentsu prevê que investimento publicitário cresça 4,6% a nível global

Segundo a previsão da Dentsu, em 2024 os anunciantes vão gastar, em média, 139 dólares per capita a nível mundial, valor 75% superior ao montante que era gasto há 20 anos (80 dólares).

O investimento publicitário a nível global deve crescer 4,6% no próximo ano, embora parte do crescimento se deva à inflação, prevê a Dentsu no seu último relatório “Ad Spend Forecasts December 2023“. No entanto, se o investimento fosse feito a preços constantes, o crescimento seria apenas de 2,5%.

Segundo a Dentsu, o investimento publicitário a nível mundial deve alcançar em 2024 os 752,8 mil milhões de dólares (cerca de 697,7 mil milhões de euros), naquele que é um ligeiro decréscimo face às expectativas do grupo que no final de maio deste ano antevia um crescimento de 4,7% (762,5 mil milhões de dólares) para o próximo ano.

O relatório revela ainda que o investimento publicitário em digital continua numa trajetória ascendente, prevendo um crescimento de 6,5% em 2024, ano em que pode alcançar 442,6 mil milhões de dólares, representando assim 58,8% do total do investimento. No documento é ainda feita a previsão de que em 2026 o digital vai recolher mais de 60% do investimento publicitário global.

Já o investimento publicitário em televisão deve inverter o registo negativo dos dois últimos anos – em que contraiu 0,4% (2022) e 4% (2023) – e crescer 2,9%, alcançando os 173,5 mil milhões de dólares, prevê a Dentsu, que justifica este crescimento com a realização de grandes eventos no próximo ano, como sejam as eleições norte-americanas ou eventos desportivos como os Jogos Olímpicos ou o Euro 2024.

A imprensa, que tem vindo a registar um decréscimo desde 2008 e que desceu 4,9% e 4,6% em 2022 e 2023, deve abrandar a queda, e retrair 3,3% no próximo ano. Vai captar 6,2% do total do investimento publicitário, num montante de 46,6 mil milhões de dólares, antecipa.

Por sua vez, o out-of-home (OOH) deve crescer 4,4% em 2024, alcançando os 42,4 mil milhões de euros e representando 5,6% do investimento a nível global. O OOH tradicional deve crescer 3,6% em 2024, sendo que é entre o digital OOH que se dá o maior crescimento: 8,5%, o mesmo já registado em 2023.

Depois de crescer 4,1% em 2022 e apenas 0,7% em 2023, o investimento publicitário em áudio deve apresentar em 2024 um crescimento de 1,1% para 36 mil milhões de dólares (4,8% do total do investimento global).

Já o cinema deve crescer 6,4% – numa revisão superior à anterior feita pelo grupo que antevia um crescimento de 5,5% – recolhendo 2,8 mil milhões de dólares, ou seja, 0,4% do total do investimento.

A Dentsu prevê também que o investimento publicitário cresça em todas as regiões, com o continente americano (5,8%) – com 353,1 mil milhões de dólares de investimento publicitário – a ultrapassar este ano a região asiática do Pacífico (4%) como a que mais cresce. A região da Europa, África e Médio Oriente, por sua vez, deve crescer 2,7%, para 158,7 mil milhões de dólares.

Segundo o relatório, em 2024 os anunciantes vão gastar, em média, 139 dólares per capita a nível mundial, sublinhando-se que este valor é 75% superior ao montante que era gasto há 20 anos atrás (80 dólares).

Por outro lado a previsão da Dentsu aponta ainda para que o investimento em publicidade represente, em média, 0,75% do produto interno bruto (PIB) dos respetivos países, valor consistente com aquele analisado há 20 anos (0,70%). No entanto, alguns países realizam um maior investimento publicitário em relação ao seu PIB do que os outros, principalmente o Japão (1,26%), o Reino Unido (1,23%) e os Estados Unidos da América (1,13%).

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Dos salários às prestações sociais, é isto que muda no seu bolso em janeiro

Do "aumento histórico" das pensões (por efeito da inflação) e a maior subida "alguma vez ocorrida" do salário mínimo, janeiro promete trazer várias mudanças à carteira dos portugueses. O ECO explica.

Janeiro vai trazer várias mudanças ao rendimento das famílias portuguesas. Os salários tenderão a aumentar – em 2024, a retribuição mínima terá o “maior aumento alguma vez ocorrido” –, as pensões subirão por efeito da inflação e as demais prestações sociais também vão ser reforçadas, nomeadamente o abono de família e o subsídio de desemprego. O ECO preparou um guia para saber com o que contar.

Salário mínimo atinge 820 euros

O salário mínimo nacional vai passar dos 760 euros para 820 euros em janeiro de 2024. Em causa está um aumento de 60 euros ou 7,9%.

“É o maior aumento anual do salário mínimo alguma vez ocorrido“, realçou o primeiro-ministro. Também a ministra do Trabalho tem feito questão de destacar a expressividade dessa subida, tendo, entretanto, acrescentado numa audição parlamentar que, apesar da trajetória ascendente da retribuição mínima garantida, o número de trabalhadores abrangidos por ela está em mínimos de sete anos.

Em outubro do ano passado foi assinado um acordo na Concertação Social que previa uma subida do salário mínimo nacional para 810 euros em 2024, mas o Governo de António Costa veio mostrar abertura para ir mais longe. Os parceiros sociais (à exceção da Confederação Empresarial de Portugal e a CGTP) celebraram, por isso, um entendimento que prevê que, afinal, o salário mínimo chegará aos 820 euros.

Ainda assim, entre os vários países europeus, já há quem tenha anunciado subidas mais expressivas, conforme já escreveu o ECO. Por exemplo, a Polónia planeia subir em 21,5% o seu salário mínimo nacional em janeiro, passando-o de 695,2 euros (a 14 meses) para cerca de 844 euros. Em termos absolutos, é um salto de 149 euros, que colocará a Polónia acima de Portugal.

Salários do privado com referencial de 5% para aumentos

Apesar dos desafios que os empregadores portugueses têm enfrentado, o ano de 2023 foi sinónimo de um aumento dos salários. De acordo com as estatísticas da Segurança Social, a variação salarial média por trabalhador foi de 7,3%, considerando os primeiros dez meses do ano.

Já quanto a 2024, apesar do abrandamento da atividade económica, da escalada dos juros e do impacto das guerras, as confederações patronais (à exceção da Confederação Empresarial de Portugal) assinaram um acordo que prevê um referencial de 5% para os aumentos salariais do privado.

De notar que este referencial não é vinculativo: os empregadores não têm de o cumprir, servindo apenas de “guia” nas negociações com os sindicatos.

Há salários da Função Pública que sobem quase 7%

Os salários da Administração Pública vão aumentar entre 3% e 6,84%, segundo o diploma já aprovado pelo Governo em Conselho de Ministros.

Em concreto, os salários até 1.754,49 euros terão um aumento de cerca de 52 euros e os ordenados acima dessa fasquia terão direito a uma subida de 3%. Em termos nominais, os aumentos oscilam entre 52,53 euros e 198,63 euros.

A Base Remuneratória da Administração Pública, vulgo ordenado mínimo no Estado, vai subir de 769,2 euros para 821,83 euros, o que corresponde a uma subida de 6,8%.

Pensões sobem até 6% em 2024

Em janeiro, as pensões vão subir entre 5% e 6%, cumprindo-se a fórmula prevista na lei, que tem em conta a evolução da economia e dos preços.

Em concreto, as pensões mais baixas (até 1.018,52 euros) terão aumentos de 6%. As pensões intermédias (entre o valor referido e cerca de 3.055,56 euros) terão direito a uma subida de 5,65%. E as pensões mais altas (acima dos tais três mil euros) vão ter uma atualização de 5%.

De acordo com o Ministério do Trabalho, estas atualizações vão abranger 2,7 milhões de pensionistas (dos quais, a maioria terão o tal aumento de 6%) e terão um impacto de 2,2 mil milhões de euros nos cofres públicos.

Ana Mendes Godinho fez questão de realçar que estes “são aumentos históricos e sem cortes“. Isto depois de em 2023 o Governo ter decidido não aplicar logo em janeiro a fórmula legal na sua plenitude, de modo a preservar a sustentabilidade da Segurança Social face aos elevados níveis de inflação.

Prestações sociais também sobem

À boleia da inflação, também as demais prestações sociais vão ser atualizadas em janeiro, segundo as contas do Ministério do Trabalho.

No caso do rendimento social de inserção, o valor de referência vai aumentar 28,14 euros para 237,25 euros por mês. Já o complemento solidário para idosos verá o seu valor de referência subir para 749,37 euros, o correspondente a 6.608 euros por ano.

No que diz respeito às crianças, há a notar que o abono de família terá um aumento de 22 euros face a 2023 (subida mínima de 33 eros, no caso das famílias monoparentais). Já a garantia para a infância (que é destinada às famílias mais vulneráveis) passa a ter como valor de referência 122 euros por mês, 22 euros acima do praticado em 2024.

Convém ainda destacar que, no caso do subsídio de desemprego, o valor mínimo vai passar dos atuais 552 euros para cerca de 585 euros, enquanto o máximo passará de 1.201 euros para cerca de 1.273 euros.

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Albia oferece conselhos para enfrentar a tristeza que as famílias sentem diante da ausência de um ente querido no Natal

  • Servimedia
  • 26 Dezembro 2023

A empresa líder na gestão de serviços funerários em Espanha oferece conselhos para enfrentar a tristeza que as famílias sentem diante da ausência de um ente querido no Natal.

Carvajal assegura que “o fato de lembrarmos intensamente nossos entes queridos falecidos nessas datas é uma resposta psicológica natural” e oferece algumas ferramentas para reverter a tristeza pela perda de seu ente querido, como “expressar e validar as emoções: mostrar livremente os sentimentos que estamos experimentando porque pode nos ajudar a lidar melhor com eles e a nos sentirmos ouvidos pelo nosso entorno mais próximo”.

Ela também defende “lembrar ativamente nossos entes queridos. Procurar formas simbólicas de tê-los presentes, nas nossas ceias ou eventos de Natal, é outra forma de gerenciar e canalizar essas emoções. Para isso, propõe-se preparar essas pequenas homenagens com antecedência, fazendo com que todos aqueles que desejarem participem dos preparativos, além de “buscar apoio. Apoiar-nos em grupos de pessoas que estão passando pela mesma situação nos ajudará a nos sentirmos compreendidos, participando de conversas, encontros e, em geral, atividades em que essas emoções sejam expostas e validadas coletivamente”.

Com relação aos mais jovens da casa, Carvajal diz que é importante “envolver as crianças na situação. Conversar com elas pode ser muito positivo, explicando-lhes que podem falar livremente e expressar suas emoções em relação a esses entes queridos que provavelmente sentirão falta. É importante que as crianças observem os adultos lidando com essa situação e expressando suas emoções sem reprovações”.

O Grupo Albia possui a primeira Unidade de Atenção ao Luto (UAD) em uma empresa funerária, uma área especializada em gerenciamento emocional do luto com o apoio de uma equipe de psicólogos que oferece suporte às famílias.

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Antigo banco do BPN Efisa já foi liquidado

Após duas tentativas falhadas de venda, chegou ao fim o Banco Efisa. Parvalorem ficou com o património avaliado em 30 milhões. Os 14 trabalhadores que ficaram sem emprego foram indemnizados.

O Banco Efisa já foi liquidado, com o património do antigo banco de investimento do BPN avaliado em cerca de 30 milhões de euros a ser transferido para o veículo financeiro Parvalorem, enquanto 14 trabalhadores foram despedidos — alguns dos quais já encontraram novo emprego.

“A liquidação do Banco Efisa estava prevista para este ano, tendo sido efetuado o seu registo com data de 18 de dezembro”, adiantou a Parvalorem em declarações ao ECO.

Foi há cerca de dois anos que se deu o início do processo de liquidação do Efisa, um desfecho precipitado pelas duas tentativas falhadas de venda, primeiro à Pivot (2015) e depois ao grupo árabe Bahrein IIBG Holdings (2021).

Fundado em 1994, o banco fechou 2022 com capitais próprios de 30,8 milhões de euros, após ter registado prejuízos de 1,3 milhões. As contas mostram que tinha cerca de 20 milhões de euros em depósitos e ainda participações na Nexponor, Fund Box e Portugal Ventures e outros fundos internacionais no valor de 3,8 milhões. O património foi transferido para a Parvalorem, um dos três veículos criados em 2012 para gerir os despojos do BPN – que foi vendido ao BIC em 2012 por 40 milhões.

Em relação aos 14 trabalhadores que ficaram sem emprego no âmbito do processo de liquidação, a Parvalorem garante que “foi-lhes colocado à disposição todos os créditos laborais e as indemnizações previstas na lei”. “Alguns já assumiram novos desafios”, assegura ainda a mesma fonte.

Com a liquidação do banco, a Parparticipadas fica um passo mais perto da sua extinção por via da fusão na Parvalorem, seguindo o caminho da Parups (geria as obras de arte). “A Parparticipadas será fusionada na Parvalorem no primeiro semestre do próximo ano”, revela a sociedade liderada por Sofia Torres.

Falta saber o futuro da sociedade gestora Imofundos que está na Parparticipadas. A Parvalorem tentou vender a Imofundos e o fundo Imonegócios (um pacote de imóveis avaliados em 230 milhões) este ano, mas o processo caiu por terra por falta de interesse do mercado. A Parvalorem justificou o insucesso da operação com as regras menos flexíveis dos concursos públicos. E poderá vir a ficar com a Imofundos para não atrasar o fim da Parparticipadas.

O Estado é o único credor das PAR: devem 5,4 mil milhões de euros.

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Acusação do processo de António Mexia, Manuel Pinho e Manso Neto só em março

A acusação do processo dos CMEC/EDP - que envolve António Mexia, Manso Neto e Manuel Pinho - só vai conhecer a acusação em março. Quase 12 anos depois do início da investigação.

A acusação do processo dos CMEC/EDP – que envolve António Mexia, Manso Neto e Manuel Pinho – só vai ser conhecida em março. Quase 12 anos depois do início da investigação.

Segundo o despacho emitido a 14 de dezembro pelo vice-PGR, a que o ECO teve acesso, “vieram os senhores titulares do inquérito prestar informação sobre o estado da investigação, enunciando as causas que ainda determinam a pendência do processo”.

Em face dessa informação, determinou o diretor do DCIAP que se deve aguardar pelo decurso do prazo concedido para conclusão do inquérito. Tendo então o vice-PGR “tomado boa nota dos esclarecimentos prestados, mantém-se a decisão de 13 de setembro quanto ao prazo”. Ou seja: os magistrados terão de concluir o inquérito até 13 de março.

A 13 de setembro foi concedido uma prorrogação do prazo de seis meses para o MP concluir o inquérito. Ou seja: prazo esse que termina a 13 de março. Mas nesse ofício de Carlos Adérito Teixeira, o vice-PGR pedia uma prestação de contas de três em três meses. Que foi o que os magistrados do MP fizeram agora, em dezembro.

“Como já antes se consignou e ponderou, reconhecendo-se o longo tempo de pendência da investigação e a sua excecional complexidade, importa conjugar as exigências que decorrem da finalidade do inquérito e os direitos dos investigados, de modo a que, com a celeridade possível, seja um inquérito objeto de despacho de encerramento”, disse o vice-PGR.

O que é o processo dos CMEC?

Foi há 11 anos que se deu a abertura de inquérito deste processo. O foco da investigação centrava-se nas suspeitas de favorecimento do Governo, na altura de José Sócrates, à EDP. Mas com o decorrer da investigação várias outras suspeitas foram nascendo, como a dos subornos superiores a cinco milhões de euros de Salgado, ex-líder do BES, a Manuel Pinho, à data ministro da Economia de Sócrates. O processo acabou por ser dividido em dois: este relativo a Pinho, Manso Neto e Mexia, ainda sem acusação. E o segundo relativo a Pinho e Ricardo Salgado, ex-líder do BES, que já se encontra na fase de julgamento.

O caso está relacionado com os CMEC no qual Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade. O alegado favorecimento da EDP no desenho final dos CMEC.

Em causa estão benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos por Manuel Pinho à EDP, entre outubro de 2006 e junho de 2012. Os pagamentos teriam alegadamente como destino uma nova sociedade ‘offshore’ de Pinho – chamada “Tartaruga Foundation”, com sede no Panamá – e seriam feitos pela Espírito Santo Enterprises – empresa que também é uma ‘offshore’, nas Ilhas Virgens Britânicas, e que ficou conhecida como o Saco Azul do Grupo Espírito Santo (GES).

Mexia foi constituído arguido a 2 de junho de 2017, na sequência de buscas à EDP. Tal como João Manso Neto, antigo administrador da elétrica, é suspeito de quatros crimes de corrupção ativa e de alegados subornos ao antigo ministro Manuel Pinho (Governo Sócrates), ao ex-diretor-geral da Energia Miguel Barreto e a João Conceição, antigo consultor de Pinho no Ministério da Economia e atual administrador da REN.

Quer a Mexia quer a Manso Neto, o MP imputa ainda o crime de participação económica devido ao negócio relacionado com alegadas irregularidades na adjudicação da construção da barragem do Baixo Sabor ao consórcio Grupo Lena/Odebrecht.

Supremo anula prova principal do processo EDP/CMEC

A 12 de outubro, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a principal prova recolhida no caso do processo EDP/CMEC não é válida para o processo, já que a apreensão de e-mails tem de ser feita com autorização de um juiz de instrução e não meramente por iniciativa do Ministério Público (MP), como aconteceu.

Isto pode pôr em causa todo o processo já que as provas recolhidas que sustentavam uma eventual acusação pelo Ministério Público diziam respeito a emails trocados entre António Mexia, ex-presidente da EDP, e Manso Neto, antigo administrador da empresa. Emails que agora não vão poder ser utilizados por Carlos Casimiro e Hugo Neto, os magistrados do MP titulares do processo.

A dúvida que atrasou o processo EDP/CMEC referia-se à competência para apreender emails já abertos: se era do Ministério Público (MP) ou do juiz de instrução. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) acabou por decidir, num acórdão de fixação de jurisprudência, a que o ECO/Advocatus teve acesso, e por unanimidade, que o MP deveria ter pedido autorização ao juiz de instrução.

Isto porque, após decisões contraditórias do Tribunal da Relação de Lisboa, a defesa de Mexia e Manso Neto, a cargo de João Medeiros e Rui da Costa Pereira, decidiram avançar para o STJ. Uma das decisões considerava os emails que se encontram armazenados num sistema informático só podem ser apreendidos com um despacho do juiz de instrução. Outra decisão sublinhava que só o juiz de instrução pode apreender os emails quando estes não tenham sido abertas pelo destinatário, podendo o MP apreender os mesmos.

Agora, o STJ, vem dizer que compete ao juiz de instrução criminal “ordenar ou autorizar a apreensão de correspondência eletrónica, ou de outros registos de natureza semelhante, independentemente de estarem abertas (lidas) ou fechadas (não lidas)”, diz o texto dos juízes conselheiros. Decisão que foi tomada por unanimidade pelos 15 juízes.

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Costa considera que deixa um país melhor e preparado para enfrentar desafios

  • Lusa
  • 25 Dezembro 2023

"Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria", referiu o primeiro-ministro, na mensagem de Natal.

O primeiro-ministro afirma que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

António Costa defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor”, declarou o líder do executivo no final da sua mensagem.

Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha “boas razões” para confiar no país.

“Juntos vencemos as angústias da pandemia; juntos temos garantido que a tragédia dos incêndios de 2017 não se repete; juntos temos conseguido mais e melhor emprego; diminuímos a pobreza e reduzimos as desigualdades; recuperámos a tranquilidade no dia-a-dia das famílias; juntos temos atraído mais investimento das empresas e conquistado mais exportações; repusemos direitos e equilibrámos as contas públicas; juntos ultrapassámos dificuldades e juntos construímos um país melhor”, advogou.

Na sua perspetiva, há razões para ter confiança que Portugal “está preparado para vencer os grandes desafios” que enfrenta.

O nosso nível de qualificações aproxima-se dos melhores padrões europeus. Recuperámos um défice que tinha séculos. E esta recuperação deve-se ao extraordinário esforço das famílias, dos jovens e, de forma persistente, das políticas públicas nas últimas duas décadas”, realçou.

No plano ambiental, “o maior desafio”, António Costa assinalou que “Portugal é o país da União Europeia em melhores condições para alcançar a neutralidade carbónica até 2045“.

“Até outubro, 63% da eletricidade que consumimos teve origem em renováveis. Este valor será de 80% até 2026. Para Portugal, o investimento na transição energética, para além do dever de contribuir para salvar a humanidade, é também uma extraordinária oportunidade económica de criação de emprego, valorização de recursos naturais e de substituir importações por exportações”, justificou.

Menos dívida, maior liberdade

Já no plano financeiro, o primeiro-ministro realçou que Portugal “conseguiu libertar-se de décadas de crónicos défices orçamentais”.

“Mas fizemo-lo com base no crescimento económico, na valorização dos rendimentos daqueles que trabalham e daqueles que vivem das suas pensões. Termos menos dívida significa maior credibilidade externa, mas significa, acima de tudo, maior liberdade para os portugueses“, considerou.

Por estas razões, de acordo com António Costa, os portugueses, podem “continuar a ter confiança no futuro“.

“A confiança de que vamos continuar a convergir com os países mais desenvolvidos da União Europeia, como voltou a acontecer nos últimos”, referiu.

Nesta sua mensagem, o primeiro-ministro assumiu também que “há problemas” que Portugal tem de ultrapassar e advertiu que “terá de haver sempre força e determinação para os enfrentar”.

“Mas temos muito trabalho em curso que não podemos parar. Perante as adversidades, temos o dever de ser persistentes e de nunca desistir. E é por isso que a mensagem que hoje vos quero deixar é, mais uma vez, uma mensagem de confiança. De confiança, em nós, portugueses; de confiança em Portugal, o nosso país”, acrescentou.

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Bloco económico liderado pela Rússia assina acordo de comércio livre com Irão

  • Lusa
  • 25 Dezembro 2023

A União Económica Euro-asiática (UEE), liderada pela Rússia, assinou esta segunda-feira um acordo de comércio livre com o Irão, durante a cimeira da organização em São Petersburgo.

“O acordo entrará oficialmente em vigor após a ratificação pelos países membros. Penso que os seus parlamentos não irão atrasar este processo e irão aprová-lo rapidamente”, afirmou o representante da UEE, Mikhail Miasnikovich, após a assinatura do acordo.

Até à data, as relações comerciais entre a UEE e a República Islâmica têm sido regidas por um acordo provisório, desde outubro de 2019.

De acordo com as previsões da UEE, a assinatura do acordo de comércio livre permitirá que o comércio triplique dos atuais 6,2 mil milhões de dólares para 20 mil milhões de dólares nos próximos cinco a sete anos.

O Presidente russo, Vladimir Putin, sublinhou que graças ao acordo praticamente todos os bens produzidos na UEE terão acesso isento de direitos ao mercado da Nação persa, onde vivem cerca de 90 milhões de pessoas.

“Os círculos empresariais dos nossos países, que mantêm relações comerciais ativas com parceiros iranianos, estão interessados neste acordo. Agora as condições para a cooperação comercial vão melhorar significativamente“, sublinhou.

No âmbito da cimeira, os países membros da UEE assinaram um roteiro para o desenvolvimento da organização até 2045.

Vladimir Putin, que presidiu à reunião, sublinhou que a declaração adotada “é um novo documento programático que prevê medidas concretas para aumentar os esforços conjuntos em áreas-chave”.

Os líderes da UEE, que inclui a Rússia, a Bielorrússia, a Arménia, o Cazaquistão e o Quirguizistão, debateram também os resultados do trabalho da organização nos últimos anos.

No discurso Vladimir Putin referiu que o comércio entre os países membros da UEE duplicou na última década.

“Gostaria de registar com satisfação que a cooperação no âmbito da UEE está a progredir com êxito e conduz a uma maior realização do potencial económico dos nossos Estados. A UEE completará em breve 10 anos e, durante esse período, o comércio quase duplicou, passando de 1,6 para 2,5 biliões de dólares”, afirmou.

O Presidente referiu ainda que a União aumentou para 90% a utilização das moedas nacionais nas trocas comerciais entre os países membros, uma tendência que “irá sem dúvida aumentar”.

A reunião contou com a presença de Nikol Pashinian, primeiro-ministro da Arménia, país que assumirá a presidência temporária da organização a partir de 1 de janeiro, apesar de Yerevan se ter afastado recentemente de Moscovo e de outras organizações pós-soviéticas lideradas pela Rússia.

No seu discurso, o chefe do governo arménio sublinhou que a UEE é “uma parceria económica que não deve ter uma agenda política e muito menos uma agenda geopolítica”.

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📹 Da população ao turismo, um retrato do país

  • ECO
  • 25 Dezembro 2023

Portugal conta com mais de 10,4 milhões de habitantes, com a idade mediana a ser de 47 anos. E como tem evoluído o preço das casas e o turismo? O ECO preparou um vídeo sobre o retrato do país.  

Portugal tinha, em 2022, mais de 10,4 milhões de habitantes, sendo que o Norte foi a região onde a população mais aumentou, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). A idade mediana em território nacional é de 47 anos, mas há quase metade (45,8%) dos municípios, cuja mediana está acima dos 50 anos. E como tem evoluído o preço das casas e o turismo? O ECO preparou um vídeo.

https://videos.sapo.pt/3SiC8S76ZfIdlMHDsj1Z

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Mais de 50 ações intentadas contra Ordem dos Advogados pelo fim do acordo com brasileiros

A presidente da AEEP revelou à Advocatus que cerca de 53 ações judiciais já foram intentadas contra a OA face ao fim do acordo com a Ordem de Advogados do Brasil, mas o número vai continuar a crescer.

Foi no início de julho que a Ordem dos Advogados (OA) deliberou, por unanimidade, cessar o regime de reciprocidade em vigor com a Ordem dos Advogados do Brasil. Cinco meses depois, a Associação dos Advogados Estrangeiros em Portugal (AEEP) avançou com ações judiciais contra a OA para exigir a nulidade da decisão. Ao todo, já foram intentadas cerca de 53 ações.

Questionada pela Advocatus, a presidente da AEEP Jennifer Dallegrave sublinhou que o número de ações judiciais intentadas contra a OA vão crescer. “Fui levantar o número atualizado. São 53 e a crescer… No tribunal administrativo e fiscal de Lisboa“, referiu.

As ações judiciais interpostas pretendem ver reconhecida pelos tribunais portugueses a ilegalidade da revogação do acordo bilateral que, segundo explicou à Lusa a vice-presidente da AEEP, Kissila Valle, apenas podia acontecer por iniciativa legislativa da Assembleia da República, e não por decisão unilateral de uma das partes.

O regime cessado permitia a inscrição na Ordem dos Advogados em Portugal de um advogado brasileiro sem que este tenha de realizar um estágio ou a prova de agregação, e vice-versa.

Ainda assim, a OA considera que a sua decisão é legítima e irá defender-se em tribunal. “Realçamos que atualmente nenhum advogado brasileiro se encontra impedido de se inscrever na OA, podendo fazê-lo nos mesmos termos que qualquer outro advogado estrangeiro oriundo de país fora da União Europeia, sendo totalmente bem-vindo pela OA, desde que cumpra os requisitos necessários”, referiram.

À Advocatus, João Massano, presidente do Conselho Regional de Lisboa da OA, explicou que estão a seguir a decisão do Conselho Geral e não estão a aceitar advogados brasileiros. “Quanto aos outros Conselhos Regionais não sei o procedimento, mas o Conselho Regional de Lisboa não está aceitar inscrições, pois tal só criaria falsas expectativas, uma vez que o Conselho Geral, de acordo com o comunicado, indeferirá”, disse.

Para a AEEP, a decisão em relação à inscrição de cerca de 100 advogados brasileiros “vem sendo arrastada pelos Conselhos Distritais da Ordem dos Advogados portugueses, violando assim direitos fundamentais destes advogados brasileiros”, e “o protelar destes processos” explica-se com a vontade de aguardar pelo novo enquadramento jurídico das ordens profissionais.

Pode a OA cessar o acordo?

O ponto final do regime de reciprocidade entre as duas ordens está a levantar uma dúvida: terá a Ordem dos Advogados legitimidade para cessar o acordo? Os advogados contactados pela Advocatus consideram que não.

“Sendo a matéria de Associações Públicas reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da República, nos termos do Artigo 165º, n.º 1, alínea s) da Constituição da República Portuguesa, apenas a Assembleia da República poderá por fim ao regime de reciprocidade entre os advogados brasileiros e os advogados portugueses“, explicou Jane Kirkby, sócia da Antas da Cunha Ecija.

A advogada explicou que as competências da OA neste âmbito limitam-se apenas a elaborar proposta de “regulamento de registo e inscrição dos advogados provenientes de outros Estados“. “Esta regulamentação consta dos artigos 17.º e seguintes do Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários aprovado em Assembleia Geral da Ordem dos Advogados de 21 de dezembro de 2015”, acrescenta.

Apesar de considerar que a OA tem competência para alterar o Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários relativamente à inscrição de advogados de nacionalidade brasileira e até alterar ou cessar o Acordo de Reciprocidade, essas competências são “meramente regulamentares”.

“O que significa que está vedado a quaisquer dos seus órgãos cessar ou esvaziar o regime de reciprocidade imposto pelo n.º 1 do artigo 201.º dos Estatutos da Ordem dos Advogados, seja pela alteração ao Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários, seja pela alteração ou cessação do Acordo de Reciprocidade”, disse.

Também António Sarmento de Oliveira, sócio da SPCB LEGAL, defende que a cessação do regime de reciprocidade de que gozam os advogados brasileiros, apenas pode ser determinada por ato legislativo, por envolver uma alteração dos Estatutos.

“Coisa diversa será a alteração das condições dessa reciprocidade, maxime as previstas no artigo 17º do ‘Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários’, que estabelece que os advogados brasileiros que tenham formação superior realizada no Brasil ou em Portugal possam inscrever-se com dispensa da realização de estágio e da obrigatoriedade de realizar prova de agregação na OA Portuguesa”, acrescenta.

O fim do acordo

O fim do regime de reciprocidade entre a OA e a Ordem dos Advogados do Brasil foi aprovado pelo Conselho Geral da OA no início de julho. Na altura, os representantes dos advogados asseguraram que esta tomada de posição não iria afetar os processos de inscrição de advogados que se encontrem em curso.

Mas como justificou a OA o fim do acordo? Entre os motivos apontados estavam a diferença na prática jurídica em Portugal e no Brasil e as queixas recebidas.

Sede da Ordem dos Advogados.Hugo Amaral/ECO

“Embora possa ter existido uma matriz de base comum aos ordenamentos jurídicos de ambos os países, constata-se que em Portugal têm sido adotadas opções legislativas muito distintas das que são implementadas no Brasil, até por força da aplicabilidade e transposição para o direito interno português do direito da União Europeia, o que, inevitavelmente, tem contribuído para que ambos os ordenamentos jurídicos se afastem e tenham evoluído em sentidos totalmente diferentes”, referiram em comunicado.

Assim, a Ordem dos Advogados portuguesa considerou que as normas jurídicas atualmente em vigor em alguns ramos do Direito num e noutro ordenamento jurídico “já não são sequer equiparáveis”.

“É do conhecimento geral que existe uma diferença notória na prática jurídica em Portugal e no Brasil, e bem assim dos formalismos e plataformas digitais judiciais, sendo efetivo o seu desconhecimento por parte dos advogados brasileiros e portugueses quando iniciam a sua atividade em Portugal ou no Brasil, verificando-se que ocorre, por isso mesmo, a prática de atos próprios de advogado de elevada complexidade técnica, por quem não dispõe da necessária formação académica e profissional no âmbito dos ordenamentos jurídicos português e brasileiro”, justificam.

A OA sublinha ainda que existem “sérias” e “notórias” dificuldades na adaptação dos advogados brasileiros ao regime jurídico português, à legislação substantiva e processual e às plataformas jurídicas em uso corrente, “o que faz perigar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos portugueses e, de forma recíproca os dos cidadãos brasileiros”.

Cumpre ainda salientar que foram recentemente transmitidas à Ordem dos Advogados portuguesa inúmeras queixas relativas à utilização indevida do regime de reciprocidade em vigor, o qual só deverá produzir efeitos no âmbito da inscrição como advogado nas respetivas ordens profissionais e não para a obtenção de registo ou inscrição junto de outras Ordens de Advogados ou Associações Profissionais Equiparadas de outros Estados membros da União Europeia, que não são, nem nunca foram, parte deste acordo”, acrescentaram.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) mostrou-se na altura “surpreendida” com a decisão. Em declarações ao jornal “O Globo”, a OAB apontou “discriminação” e “mentalidade colonial” e admite que vai lutar pelos direitos dos brasileiros.

“Estava em curso um processo de diálogo iniciado há vários meses com o objetivo de aperfeiçoar o acordo. A OAB, durante toda a negociação, opôs-se a qualquer mudança que validasse textos imbuídos de discriminação e preconceito contra advogadas e advogados brasileiros. A mentalidade colonial já foi derrotada e só encontra lugar nos livros de história, não mais no dia-a-dia das duas nações”, referiu a OAB.

As conversações entre as instituições decorreram entre o mês fevereiro e o mês de junho de 2023. Apesar de admitir que têm mantido um diálogo aberto com a Ordem brasileira, a Ordem dos Advogados portugueses diz que, segundo informação que foi remetida através de um email no dia 28 de junho de 2023, a OAB afirmou “não dispor de condições para poder proceder às alterações do atual regime de reciprocidade (e que mereceram o acordo de ambas as instituições no passado dia 23 de maio de 2023), nem no imediato, nem dentro de um prazo considerado por este como razoável”.

Atualmente, cerca de 10% dos advogados registados em Portugal são brasileiros. Dados avançados em dezembro de 2022 pela OA mostram que, dos cerca de 34 mil profissionais inscritos na instituição, 3.173 são brasileiros. Desses, quase 60% estão concentrados na região de Lisboa. Um aumento de quase 482%, já que em 2017 eram apenas 536 os advogados brasileiros em Portugal. Em 2019, estavam inscritos 2.270 brasileiros no total.

O acordo que existia até então entre a Ordem dos Advogados do Brasil e a Ordem dos Advogados portugueses favorecia a migração destes profissionais para Portugal, relativamente a outros. A reciprocidade entre Portugal e Brasil passou a constar no estatuto da Ordem dos Advogados Portugueses em dezembro de 2015. Atualmente, existem quase dois mil advogados nascidos em Portugal e que estão a exercer a profissão na Justiça brasileira.

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