Euribor sobe a seis e 12 meses e desce a três meses

  • Lusa
  • 28 Agosto 2023

A taxa Euribor caiu esta segunda-feira a três meses e subiu a seis e a 12 meses, em relação a sexta-feira.

A taxa Euribor caiu esta segunda-feira a três meses e subiu a seis e a 12 meses, em relação a sexta-feira.

  • A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu esta segunda-feira para 4,070%, mais 0,025 pontos do que na sexta-feira, depois de ter subido até 4,193% em 7 de julho, um novo máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo a seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 7 de julho de 2022, subiu esta segunda-feira 0,009 pontos, relativamente a quinta-feira, para 3,944%, contra o máximo desde novembro de 2008, de 3,972%, verificado em 21 de julho.
  • A Euribor a três meses, por sua vez, desceu para 3,771%, menos 0,017 pontos do que na sexta-feira, contra um máximo de 4,193% em 7 de julho deste ano.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, realizada em 27 de julho, o BCE voltou a subir os juros, pela nona sessão consecutiva, em 25 pontos base — tal como a 15 de junho e 4 de maio –, acréscimo inferior ao de 50 pontos base efetuado em 16 de março, a 2 de fevereiro e a 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas.

Antes, em 27 de outubro e em 08 de setembro, as taxas diretoras subiram em 75 pontos base. Em 21 de julho de 2022, o BCE tinha aumentado, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se a 14 de setembro.

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Dívida fiscal incobrável aumenta 904 milhões de euros em 2022

  • ECO
  • 28 Agosto 2023

Em 2022, a dívida fiscal incobrável aumentou 904 milhões de euros, ultrapassando já os 8,68 mil milhões de euros. Trata-se de um valor recorde desde 2012.

No ano passado, a dívida fiscal incobrável aumentou 904 milhões de euros, ultrapassando já os 8,68 mil milhões de euros, isto é, uma subida de 12% face aos mais de 7,78 mil milhões de euros de 2021, avança o Correio da Manhã.

Trata-se de um valor recorde desde 2012 e é o mais alto do conjunto da carteira da dívida fiscal, que inclui as dívidas suspensas, nos termos da lei, e a dívida ativa, que pode ser cobrada pelo Fisco. No final de 2022, no conjunto da carteira da dívida fiscal, os contribuintes tinham uma dívida total à Autoridade Tributária de 24,27 mil milhões de euros.

Ainda de acordo com o relatório sobre o Combate à Fraude e Evasões Fiscais e Aduaneiras 2022, onde constam estes dados, na última década, a dívida fiscal incobrável ou de muito difícil cobrança aumentou de 3,46 mil milhões de euros para mais de 8,68 mil milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 151%.

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Banco Montepio deixa capital do Finibanco Angola

Banco português vendeu ao Access Bank o resto do capital que ainda detinha do Finibanco Angola, pelo equivalente a dez milhões de euros, deixando de ter exposição ao mercado angolano.

O Banco Montepio anunciou esta segunda-feira que “concluiu com sucesso” a venda da participação que ainda detinha no Finibanco Angola ao nigeriano Access Bank, estando em causa 29,22% do capital social. Com esta operação, o Montepio diz que deixa de ter exposição ao mercado angolano, o que lhe permite focar-se no mercado português.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição sublinha que a venda foi concretizada por pouco mais de nove mil milhões de kwanzas, ou seja, cerca de dez milhões de euros.

A transação anunciada esta segunda-feira complementa outra que foi concluída em julho, mediante a qual o Montepio vendeu 51% do capital social e direitos de voto do Finibanco Angola ao mesmo comprador, o Access Bank, pelo equivalente a 17,2 milhões de euros, anunciou ao mercado no passado dia 5 de julho.

Ao vender as restantes ações que ainda detinha, o Banco Montepio deixa de ter exposição a Angola, assegura. “Com a alienação de toda a participação no Finibanco Angola, o grupo Banco Montepio deixa de ter qualquer exposição no mercado angolano e materializa a estratégia de simplificação da estrutura societária do grupo e enfoque no mercado doméstico, reforçando, também, o rácio de capital total em 24 pontos base”, lê-se no comunicado divulgado ao início da manhã desta segunda-feira.

“O impacto desta transação nos resultados líquidos consolidados do Banco Montepio face às demonstrações financeiras de 30 de junho de 2023 foi de -86 mil euros, tendo a solvabilidade sido reforçada com um impacto favorável no rácio de capital total, estimado em base proforma no final do primeiro semestre de 2023, de oito pontos base, espoletado pela diminuição dos ativos ponderados pelo risco”, acrescenta a nota.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h36)

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Desemprego está a crescer mais nos concelhos industriais

  • ECO
  • 28 Agosto 2023

Para travar despedimentos, o Governo prepara-se para lançar um plano de formações tendo em vista suportar parte dos salários dos trabalhadores que estão parados.

No último ano, os concelhos com maior propensão industrial foram os que registaram os maiores aumentos do desemprego. Para travar os despedimentos, o Governo prepara-se para lançar um plano de formações, tendo em vista suportar parte dos salários dos trabalhadores que estão parados, avança o Jornal de Notícias. Há uma portaria em preparação para ser publicada no início de setembro, de acordo com o mesmo o jornal.

Mais de metade dos novos desempregados está na região Norte, onde predominam os setores do têxtil e do calçado. Desde julho de 2022, Guimarães foi o concelho que registou o maior crescimento do número de desempregados, com 5.415 novos inscritos, isto é, mais de metade dos 10.578 contabilizados no país.

Para colmatar esta situação, o Ministério do Trabalho está a negociar com o setor, desde abril, um programa de formações dirigido aos trabalhadores das indústrias afetadas pela quebra de encomendas, nas quais se inclui o têxtil e vestuário. De acordo com o Jornal de Notícias, o objetivo é que o IEFP financie uma parte dos salários, sendo que a portaria deverá ser publicada no início de setembro.

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Hoje nas notícias: Desemprego, Fisco e Renault

  • ECO
  • 28 Agosto 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

No último ano, os concelhos com maior propensão industrial foram os que registaram os maiores aumentos do desemprego. Em 2022, a dívida fiscal incobrável aumentou 904 milhões de euros, ultrapassando já os 8,68 mil milhões de euros. Tribunal de Lisboa conclui que o grupo Renault cometeu um crime informático ao bloquear as baterias de mais de uma centena de carros elétricos do modelo Zoe. Estas são algumas das notícias em destaque nos jornais desta segunda-feira.

Desemprego concentrado nos concelhos industriais

No último ano, os concelhos com maior propensão industrial foram os que registaram os maiores aumentos do desemprego. Mas de metade dos novos inscritos está na região Norte, onde predominam os setores do têxtil e do calçado. O Governo prepara-se para lançar um plano de formações para travar despedimentos, suportando parte dos salários.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Fisco deixa escapar mais 904 milhões de euros

No ano passado, a dívida fiscal incobrável aumentou 904 milhões de euros, ultrapassando já os 8,68 mil milhões de euros, isto é, uma subida de 12% face aos mais de 7,78 mil milhões de euros de 2021. Trata-se de um valor recorde desde 2012 e é a mais alta do conjunto da carteira da dívida fiscal, que inclui as dívidas suspensa, nos termos da lei, e ativa, que pode ser cobrada pela Autoridade Tributária (AT).

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Tribunal diz que Renault cometeu crime ao bloquear baterias de elétricos

O Tribunal de Lisboa considera que o grupo Renault cometeu um crime informático ao bloquear as baterias de mais de 100 carros elétricos do modelo Zoe. A juíza responsável pelo caso enviou a sentença para o Ministério Público. A marca francesa alega ter sido vítima de burla por parte do stand E-drive, o que este nega.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Grupo Lagoa investe 16 milhões para entrar na corrida ao lítio

O grupo Lagoa vai investir 16 milhões de euros num projeto-piloto que irá ocupar parte da fábrica do grupo, em Pombal, para concentrar os minerais de lítio presentes nos depósitos pegmatíticos explorados na zona de Ribeira de Pena. O grupo está ainda a avaliar a possibilidade de instalação de uma unidade de transformação de lítio maior através de um memorando de entendimento com a AMG Brasil.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Banco Master retira proposta de compra do BNI Europa

O Banco Mater retirou o pedido feito ao Banco Central Europeu (BCE) para a compra do BNI Europa, avança o Jornal Económico. Fonte ligada ao processo aponta que o grupo brasileiro alterou a sua estratégia de expansão para o exterior, pelo que é esse o motivo que conduziu à não concretização da operação.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso livre).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 28 de agosto

  • ECO
  • 28 Agosto 2023

Ao longo desta segunda-feira, 28 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Já há “em torno de dez” estafetas a reclamar em tribunal contrato com a Glovo

Depois de ter dado entrada em junho um primeiro processo, mais estafetas avançaram para tribunal para reclamar um contrato de trabalho com a Glovo. Há uma audiência marcada para setembro.

Cerca de uma dezena de estafetas já avançaram com ações judiciais para verem reconhecido o seu vínculo laboral com a plataforma de entregas Glovo. Isto ao abrigo das alterações à lei do trabalho, que entraram em vigor em maio e que abrem a porta a que os estafetas sejam considerados trabalhadores dependentes das plataformas digitais. Para o início de setembro, já está marcada uma audiência, no Porto, no âmbito de um desses processos.

A lei laboral já previa um mecanismo de presunção do contrato de trabalho, mas este não estava adaptado às características especiais da relação entre os estafetas e as plataformas digitais.

Ora, numa altura em que em diversos países se discute se está em causa ou não uma relação de trabalho dependente, em Portugal entrou em vigor em maio um pacote de alterações legislativas, que abre a porta a que os estafetas sejam mesmo considerados trabalhadores das plataformas, desde que sejam identificados alguns indícios dessa subordinação. Por exemplo, se a plataforma fixar a retribuição, tiver poder disciplinar ou controlar a prestação da atividade, conforme já detalhou o ECO, neste descodificador.

Foi ao abrigo destas novas regras que em junho avançou uma primeira ação judicial de uma estafeta pelo reconhecimento de um vínculo laboral com a Glovo. A 13 de julho, deu-se a primeira audiência nesse âmbito, mas não foi possível chegar a acordo.

Francisco Pinho, advogado dos estafetas, explica, em conversa com o ECO, que essa plataforma de entregas não apresentou qualquer contraproposta, na referida audiência, pelo que o processo entrou, entretanto, em fase de contestação. Depois das férias judiciais, deverá ser marcada uma nova audiência, indica.

Mas não há apenas um estafeta a lutar no tribunal por um contrato de trabalho. De acordo com o advogado Francisco Pinho, já há “em torno de dez” estafetas a reclamar esse vínculo. E o número tenderá a aumentar. “Há muita gente a procurar-nos”, afirma.

Dos cerca de dez processos em curso, todos são relativos à Glovo, revela. Avança também que está marcada uma audiência para o início de setembro, no âmbito de um desses processos.

Ao ECO, o porta-voz do movimento Estafetas em Luta, Marcel Borges, também sublinha que estão em curso cerca de dez processos, havendo outros estafetas que “estão a correr atrás de apoio judiciário”, porque a maioria “não tem condições de pagar” os custos associados. Como sinal para o que poderá estar no horizonte, de recordar que em junho esse responsável tinha declarado que em torno de 30 estafetas estavam a preparar-se para recorrer aos tribunais, com base nas novas regras.

Importa explicar também que nem todos os estafetas desejam ter um vínculo reconhecido com as plataformas digitais. O Movimento dos Estafetas, por exemplo, opõe-se, porque defende a autonomia e flexibilidade que diz haver no atual modelo de relação laboral com as plataformas.

Dúvidas em torno da fiscalização

Elementos da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), durante uma ação a trabalhadores das plataformas do setor alimentar, em Lisboa, 28 de junho de 2023ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Mesmo que os estafetas não avancem para tribunal ou peçam à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para verificar a relação com as plataformas, o reconhecimento de um contrato de trabalho entre essas partes pode acontecer. Como? Se a ACT, numa ação inspetiva, encontrar os tais indícios de dependência e desencadear, então, esse processo, à semelhança do que vem fazendo com os falsos recibos verdes.

No entanto, a fiscalização do trabalho nas plataformas digitais está envolta em dúvidas. Em declarações ao ECO, Marcel Borges assinala que os estafetas têm sido, sim, fiscalizados, mas não há conhecimento de as plataformas terem sido também questionadas pelos inspetores. Em junho, o porta-voz já dizia que, no cenário atual, quando os estafetas “procuram a ACT, o tiro sai pela culatra”.

O ECO pediu à ACT um balanço dos primeiros meses de fiscalização, mas não obteve ainda resposta.

Carla Cardoso, dirigente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT), já adiantou, porém, que as ações não têm sido, do seu conhecimento, consequentes, até porque ainda há dúvidas sobre como identificar essas relações de trabalho.

A sindicalista frisou, de resto, que só foram dadas três horas de formação sobre as alterações feitas em maio ao Código do Trabalho, que “pouco ou nada” ajudaram na interpretação das novas regras relativas ao trabalho nas plataformas.

A lei prevê que a ACT desenvolva, no primeiro ano de vigência da lei, “uma campanha extraordinária e específica de fiscalização deste setor, sobre a qual é elaborado um relatório a ser entregue à Assembleia da República”.

Em julho, após as primeiras ações inspetivas, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, observou que cerca de metade dos trabalhadores das plataformas que foram sujeitos a fiscalização estavam em situação irregular, do ponto de vista da sua relação laboral.

“Este é um primeiro indício de que, de facto, temos aqui muito para garantir e transformar, para que a Agenda do Trabalho Digno seja uma realidade efetiva na vida dos trabalhadores”, considerou a governante, na altura.

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Fed e BCE. Nos céus nublados da ‘Sintra do Oeste’, a inflação foi a estrela visível

Em Jackson Hole, Lagarde e Powell falaram muito sobre incerteza, mas a certeza que os uniu foi a da necessidade de continuar a combater a inflação. Investidores ficaram na expectativa.

O discurso de Jerome Powell no Jackson Hole Economic Symposium deste ano, na passada sexta-feira, não foi tão extremo como o de 2022, quando a promessa de uma política monetária ultra-restritiva para combater a inflação levou os índices acionistas americanos a tombarem mais de 3%. Desta vez, o presidente da Reserva Federal (Fed) foi mais equilibrado, com uma mensagem de continuidade que manteve os investidores na expectativa.

Powell recordou que a Fed ‘apertou’ significativamente a política ao longo do ano passado e embora a inflação tenha descido do pico continua “demasiado elevada” e portanto está preparada para aumentar ainda mais as taxas de juro, pretendendo manter a política num nível restritivo até estar confiante de que a inflação está a descer de forma sustentável em direção ao objetivo.

Para Marco Silva, consultor da corretora ActivTrades, “o facto da subida de preços na componente core [sem preços de bens alimentares e energia] se manter acima dos 4% em termos anuais é uma preocupação que não permite que o banco central norte-americano esteja demasiado tempo à espera que a restrição da política monetária, que teve início o ano passado, tenha o seu impacto total antes de haver mais alterações“.

O consultor sublinhou, em nota de reação, que não apenas os juros poderão aumentar, mas como já se tem dito por inúmeras vezes, não haverão cortes durante um período de tempo considerável, podendo ocorrer só mesmo em 2024, provavelmente no segundo a terceiro trimestre.

Marco Silva vincou que “os investidores tentam guiar-se pelas estrelas num céu nublado”, referindo-se à parte final do discurso de Powell, na qual utiliza essa ideia para garantir que a Fed vai agir de forma cautelosa, mas sempre em busca da estabilidade de preços. As decisões sobre as taxas de juro nas reuniões de setembro, na qual é esperada uma pausa nas subidas, e nas de novembro e dezembro, com uma eventual última subida, vão depender dos dados que irão sair, “reafirmando assim as incógnitas que assombram a economia dos EUA”.

Ao contrário do que aconteceu no ano passado, as reações nos mercados foram tímidas. Após algumas horas sem direção, os principais índices em Wall Street acabaram por fechar a sessão de sexta-feira a subir: o Dow Jones 0,73%, o S&P 500 0,67% e o Nasdaq Composite 0,94%. No mercado secundário de dívida soberana, a yield da obrigações americanas a 10 anos fechou praticamente inalterada nos 4,2314%.

Segundo David Sadkin, presidente da Bel Air Investment Advisors, esta reação é explicada pelo facto de que no discurso de Powell “havia algo para todos”. Os ‘ursos’, que apostam na queda dos índices, ouviram o presidente da Fed dizer que será restritivo e poderá aumentar as taxas de juro. “Os ’touros’ [que apostam em subidas dos índices], a mensagem foi de progressos contra a inflação, atraso em relação aos efeitos da política monetária e um possível modo de espera“, disse, citado pela Reuters.

Marco Silva conclui que “Powell não inventou, reafirmando tudo o que já se sabia, enquadrando com outras palavras o cenário que a Fed tem mantido há já alguns meses, ou seja o objetivo para a inflação é e será de 2%, e não irão relaxar até que esse patamar seja atingido”.

Número mágico também para o BCE

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) também discursou na sexta-feira, tendo antes da intervenção apelidado o simpósio de Jackson Hole de “Sintra do Oeste”, em referência ao Fórum BCE, que é organizado pelo banco central da Zona Euro nessa vila portuguesa anualmente.

Lagarde concluiu que numa era de incerteza, para o BCE a prioridade é “fixar as taxas de juro em níveis suficientemente restritivos durante o tempo necessário para alcançar um regresso atempado da inflação ao nosso objetivo de médio prazo de 2%”.

O discurso, complexo mas sem novidades além do enfoque na inflação, foi recebido sem drama pelos investidores em ativos europeus. Os principais índices fecharam a sessão de sexta-feira praticamente inalterados, o euro atenuou a depreciação durante a sessão para fechar a desvalorizar 0,12% face à moeda norte-americana nos 1,07965 dólares.

Em declarações à Bloomberg, Christine Lagarde evitou falar sobre uma eventual pausa nas subidas das taxas de juro na reunião de 14 de setembro, focando antes na questão dos salários.

Estaremos muito, muito atentos à evolução salarial porque, obviamente, uma das partes mais fortes da economia onde os preços estão a subir são os serviços e os serviços são intensivos em mão de obra”, disse na entrevista.

Adiantou que é fundamental manter as expectativas públicas de inflação em 2%, observando que “se os sindicatos e associações empresariais entenderem que, em relativamente pouco tempo, a inflação voltará a 2%, eles não vão querer alimentar mais a inflação tendo aumentos salariais ou de margem que não seriam consistentes com isso“.

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TAP pode mexer com ranking das companhias na Europa. Air France – KLM é a que mais cresce

Lufthansa é a maior dos três principais interessados na reprivatização, mas a IAG pode destroná-la no número de passageiros. O grupo franco-neerlandês teria o maior impulso.

A corrida à reprivatização da TAP tem à partida três interessados, que são também três pesos-pesados da indústria na Europa: Lufthansa, IAG e Air France – KLM. Protagonistas da consolidação do setor, olham para a companhia portuguesa como uma oportunidade para aumentar o mercado, ganhar volume e somar destinos. O grupo alemão é dos três o maior e mais valioso, mas a dona da British Airways e da Iberia pode superá-lo. A Air France – KLM é a que mais pode crescer.

Só depois de conhecidas as condições da reprivatização é que os diferentes interessados deverão assumir formalmente que estão na corrida, o que poderá acontecer ainda em setembro, segundo chegou a afirmar o ministro das Finanças, Fernando Medina. Enquanto o decreto-lei não chega, vão aquecendo os motores.

Quer o grupo IAG quer a Air France – KLM já contrataram assessores legais, financeiros e de comunicação para preparar o “ataque” à venda parcial do capital da TAP SA, que desde o final de 2021 é detida inteiramente pelo Estado. O ECO questionou a Lufthansa, mas não obteve resposta até à publicação do artigo.

O grupo alemão, que além da Lufthansa integra a Austrian Airlines, a Brussels Airlines, a Eurowings e a Swiss, é o que tem maior arcaboiço. No ano passado, transportou mais de 100 milhões de passageiros e até junho já somava 55 milhões. Comprando a TAP, deixaria ainda a maior distância os concorrentes.

 

Já para o IAG, detentor da British Airways, Iberia, Aer Lingus ou Vueling, a aquisição da companhia portuguesa significaria ultrapassar a Lufthansa neste indicador, chegando aos 108,5 milhões de passageiros, se assumirmos os valores de 2022. Nos primeiros seis meses deste ano, as operadoras do IAG transportaram 54,3 milhões de passageiros, já quase tanto como o grupo alemão.

Sendo mais pequena, a Air France – KLM é a que mais cresceria percentualmente: 16,5%, passando a somar 97 milhões de passageiros. Entre janeiro e junho deste ano transportou 44,3 milhões, o que adicionados aos 7,58 milhões da TAP a empurraria para perto das concorrentes (51,9 milhões).

A aquisição da TAP permitiria também reforçar a oferta dos três grupos na ordem dos 16% a 19%. Se a Lufthansa oferece o maior número de lugares para o atual verão IATA (83,15 milhões), que vai de 27 de março a 28 de outubro, quando se inclui a distância das rotas é o grupo IAG que salta para a frente. O dono da British Airways e Iberia disponibilizou 139 milhões de lugares-quilómetro (ASK, na sigla em inglês), o indicador mais usado pela indústria para aferir a capacidade, segundo dados da OAG Aviation.

Integrar a transportadora portuguesa no portefólio permitiria quer à Lufthansa quer à Air France – KLM, que é ainda dona da Transavia, ombrear com o IAG. Com um crescimento percentual de 19%, o grupo franco-neerlandês seria o mais beneficiado.

A constelação de companhias da empresa alemã destaca-se como tendo a maior frota de aviões. Ranking que a compra da transportadora portuguesa, limitada pelo plano de reestruturação e o aeroporto Humberto Delgado, não permite alterar. Fica, no entanto, patente que qualquer uma delas daria à TAP outro poder negocial no leasing das aeronaves.

Os dados não incluem a compra da Air Europa pelo IAG, num negócio de 400 milhões (80% do capital), mas que aguarda ainda a luz verde da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, que abriu uma investigação aprofundada. A Lufthansa comprou uma posição minoritária (40%) na italiana ITA, que aguarda também luz verde regulatória.

A Lufthansa também sobressai no volume de negócios. No último exercício completo, registou 32,8 milhões de euros em receitas, bem acima dos concorrentes (ver gráfico abaixo).

A forte recuperação do volume de negócios face à pandemia, iniciada em 2022, prosseguiu no primeiro semestre deste ano e encurtou o fosso. O grupo alemão continua a liderar, com 16,4 mil milhões, mas seguido mais de perto pela Air France – KLM (14 mil milhões) e o IAG (13 mil milhões). A TAP ainda não divulgou os resultados do primeiro semestre, mas mais uma vez levaria a um maior nivelamento, caso o IAG ou o grupo franco-neerlandês vencessem a privatização.

Já quando se olha para a margem operacional nos primeiros seis meses deste ano, a Lufthansa (4,9%) surge como a menos rentável, face aos 9% das concorrentes. Os 414 milhões de lucros conseguidos entre janeiro e junho ficam também aquém dos 921 milhões da IAG, mas acima dos 260 milhões do grupo franco-neerlandês.

Ainda no plano financeiro, o dono da British Airways e Iberia é o mais endividado, com uma dívida líquida de 7,6 mil milhões, e o menos é a Air France – KLM, com 4,9 mil milhões. A alavancagem não é muito diferente: 1,2 vezes o EBITDA no grupo franco-neerlandês, 1,5 vezes na IAG e 1,7 vezes na Lufthansa.

A aquisição da TAP também poderá também vir a alterar o jogo de forças na bolsa. Lufthansa e IAG valem ambas mais de nove mil milhões de euros, com vantagem curta para o grupo alemão. Ambos muito abaixo da Ryanair, que chega aos 17,9 mil milhões de euros. A Air France KLM fica a uns distantes 3,6 mil milhões.

 

É com estes argumentos que os interessados na reprivatização da TAP se vão posicionar na corrida à próxima noiva do setor na Europa, . As rotas para o Brasil são o grande atrativo da companhia portuguesa, como tem sido sublinhado pelos concorrentes, mas também as ligações a África ou aos EUA.

O músculo operacional e financeiro será importante mas não decisivo num concurso onde o preço não será o único fator. A preservação da marca, do hub no aeroporto de Lisboa e das rotas serão também determinantes para a escolha, como já sinalizou o Governo.

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O Atlântico, a nova carta do humanismo

  • BRANDS' ECO
  • 28 Agosto 2023

A Agrimútuo, o Institut du Monde Lusophone e a CE-CPLP uniram-se em parceria no evento dedicado ao Humanismo e à Lusofonia.

Este evento celebrou o 27º aniversário da CPLP e contou com a presença do prestigiado filósofo e sociólogo francês, Edgar Morin, que aos 102 anos de idade se deslocou a Portugal para participar na Conferência O ATLÂNTICO – A NOVA CARTA DO HUMANISMO.

A conferência, teve lugar na Fundação Oriente, Edifício Álvares Cabral, Doca de Alcântara (Norte) em Lisboa, no dia 4 de setembro, e foi organizada pela Agrimútuo, CE CPLP, Confederação Empresarial da CPLP e IMLUS, Instituto do Mundo Lusófono. Esta conferência contou com a abertura de Guilherme d’Oliveira Martins, Administrador Executivo da Fundação Calouste Gulbenkian e foi encerrada por Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Se não teve a oportunidade de assistir presencialmente, veja o vídeo da conferência AQUI.

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Marques Mendes admite candidatura presidencial “se houver utilidade para o país”

  • Lusa
  • 27 Agosto 2023

Marques Mendes admitiu uma candidatura presidencial "se houver utilidade para o país" e "um mínimo de condições para avançar", rejeitando ter qualquer decisão neste momento ou acordo com Montenegro.

O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes admitiu, pela primeira vez, uma candidatura presidencial “se houver utilidade para o país” e “um mínimo de condições para avançar”, mas rejeitou ter qualquer decisão neste momento ou acordo com o líder social-democrata Luís Montenegro.

No seu comentário televisivo na SIC, Mendes foi questionado sobre o significado político da sua presença na Festa do Pontal, a rentrée do PSD a meio de agosto no Algarve, e se tal estaria relacionado com um eventual acordo para um apoio de Luís Montenegro a uma candidatura sua a Belém. “Nunca na minha vida falei com Luís Montenegro sobre eleições presidenciais, não há nada a falar, não há qualquer acordo”, assegurou Marques Mendes, dizendo que, neste momento, “não há nem decisão nem sequer inclinação”.

No entanto, o antigo presidente do PSD quis acrescentar as condições para tomar ou não essa decisão no futuro. “Se eu um dia achar que com uma candidatura à Presidência da República posso ser útil ao país — é isso que conta -, se vir que tem alguma utilidade para o país uma candidatura minha e um mínimo de condições para se concretizar, sou franco, tomarei essa decisão, independentemente de acordo ou não acordo”, afirmou.

O antigo líder parlamentar frisou que se trata de “uma decisão livre, pessoal e individual”. “Insisto: se houver utilidade para o país e um mínimo de condições, se não houver estes requisitos não haverá decisão nenhuma e também está tudo bem”, disse, considerando que “é uma decisão muito pesada” e salientando faltar “uma eternidade” para as presidenciais de janeiro de 2026.

Luís Marques Mendes, 65 anos, é advogado e comentador televisivo, foi ministro adjunto de Cavaco Silva e ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo de Durão Barroso. Foi eleito presidente do PSD em abril de 2005, reeleito nas diretas que introduziu no partido em 2006 e sucedido em 2007 por Luís Filipe Menezes.

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Lula da Silva quer que CPLP proponha português como língua oficial da ONU

  • Lusa
  • 27 Agosto 2023

O Presidente brasileiro defendeu que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) proponha que o português seja língua oficial das Nações Unidas, aproveitando a liderança de António Guterres.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu este domingo, na cimeira de São Tomé, que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) proponha que o português seja língua oficial das Nações Unidas. A proposta do Presidente brasileiro surgiu durante a sessão restrita da 14.ª cimeira, num momento em que os chefes de Estado e de Governo aprovaram as resoluções.

“Temos de aproveitar que temos um secretário-geral das Nações Unidas que fala português [o ex-primeiro-ministro português António Guterres] e acho que nós deveríamos entrar com informações e um pedido nas Nações Unidas para que a língua portuguesa seja transformada em língua oficial das Nações Unidas”, propôs Lula da Silva, recebendo aplausos dos presentes.

O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, que assumiu hoje a presidência rotativa da CPLP e conduzia os trabalhos da cimeira, respondeu: “Muito bem, Presidente Lula, está registado, vamos continuar este trabalho e certamente teremos o objetivo conseguido”.

A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza hoje a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.

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