Reino Unido admite tomar “medidas robustas” se depósitos continuarem com juros baixos

  • Lusa
  • 13 Agosto 2023

O regulador financeiro do Reino Unido deu até fim de agosto para os bancos que oferecem baixas taxas de juro nos depósitos explicarem como é que esse é um 'valor justo' e admitiu tomar medidas.

No início de julho, a Financial Conduct Authority (FCA) convocou os líderes de grandes bancos (HSBC, Natwest, Lloys Banking Group e Barclays) para falar sobre o facto de não serem tão rápidos na subida dos juros dos depósitos como são rápidos na subida dos juros dos créditos.

Na altura, o Banco de Inglaterra tinha a taxa diretora nos 5% (subiu já este mês para 5,25%) e, segundo o site Moneyfacts, a taxa de juro média dos depósitos era de 2,43%.

Em comunicado, o regulador do setor financeiro do Reino Unido disse que quando “muitas pessoas sentem o aperto das taxas de juros e do crescimento dos preços é mais importante do que nunca que sejam oferecidas taxas de poupança justas e competitivas” e que a reunião “foi construtiva” e que daí saiu o compromisso de os bancos “fazerem mais” para que os clientes recebam melhores juros pela sua poupança.

Já no final de julho, em novo comunicado, a FCA disse que foram feitos progressos mas que “precisam de ser acelerados” e estabeleceu um plano de 14 pontos para forçar os bancos a “passar as taxas de juro para os aforradores adequadamente”.

Assim, o regulador do Reino Unido deu o fim de agosto como prazo para os bancos que oferecem juros mais baixos justificarem como é que tal é “um valor justo” para os clientes. Disse ainda que irá “tomar medidas robustas até o final de 2023 contra aquelas que não puderem demonstrar o valor justo”.

“Queremos um mercado competitivo que ofereça as melhores propostas para os aforradores, em que as taxas de juros sejam revistas rapidamente após as mudanças na taxa diretora e as empresas levem os aforradores a mudarem para contas que remuneram melhor”, afirmou o dirigente da FCA Sheldon Mills, citado no comunicado.

Em Espanha, a vice-presidente do Governo Nadia Calvinõ anunciou, em junho, que iria pedir à autoridade da concorrência e ao Banco de Espanha um estudo sobre a evolução dos juros dos depósitos e os fatores ligados à estrutura e financiamento do mercado que levam aos baixos juros praticados. Já em meados de julho voltou ao tema, dizendo que a banca tem de remunerar os depósitos adequadamente ou significaria que “haveria problemas de concorrência”.

Pressão sobre os bancos arrasta-se até Portugal

A Lusa questionou o Banco Central Europeu (BCE) sobre se está preocupado com a falta de transmissão da sua política monetária do lado dos depósitos e se admite tomar medidas para que haja efetividade da política monetária por essa via.

Frankfurt não respondeu, recordando apenas declarações de dirigentes, nomeadamente do vice-presidente, Luis de Guindos, que disse, em março, que “as taxas devem subir não só para créditos mas também para os depósitos”. “É algo que estamos a analisar com muito cuidado”, afirmou ao irlandês Business Post.

A Lusa também questionou quer o Banco de Portugal quer o Ministério das Finanças sobre se estão a fazer algum tipo de estudo sobre as remunerações dos depósitos e/ou a avaliar medidas para levar ao aumento dos juros, mas não obteve respostas.

Banco de Portugal (BdP), Governo e Presidente da República têm concordado que a remuneração dos depósitos deve aumentar, mas as declarações também têm evidenciado prudência.

O Presidente da República pediu, no início de junho, um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses.

Do lado do Banco de Portugal, o governador defendeu, na apresentação do Boletim Económico de junho, que há “margem para subir” os juros, mas que a decisão não pode ser forçada e que não se pode “empurrar a banca para soluções que no passado só existiram pelos problemas que a banca enfrentava” (pagar elevados juros devido a falta de liquidez), pois é importante “acima de tudo uma banca sustentável”.

Já na entrevista à RTP, Mário Centeno disse que já andava a “pedir um esforço [aos bancos] desde outubro do ano passado” e que tem havido progresso e “vai continuar”.

Pelo Governo, o secretário de Estado das Finanças foi questionado em junho, no Parlamento, sobre o que tem sido feito para forçar os bancos a subir os juros dos depósitos, tendo João Nuno Mendes respondido que a Caixa Geral de Depósitos estava a reforçar as ofertas e que isso iria incentivar a concorrência, logo, a melhoria das remunerações.

Para o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), depois de um período de baixos juros devido ao excesso de liquidez, há agora “claramente uma guerra entre bancos”, considerando Paulo Macedo, na conferência de imprensa semestral, que essa “guerra’ não é contada na imprensa.

Já em final de junho, à margem de um almoço-debate do International Club of Portugal, o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, disse aos jornalistas que as taxas de juro continuarão a subir, mas que o BPI não está “disponível para pagar depósitos a qualquer preço” pois quer preservar a sua rentabilidade.

Os bancos comerciais usam os depósitos para conceder crédito. Atualmente, têm mais depósitos do que o crédito concedido, sendo o rácio de transformação de depósitos em crédito de cerca de 70% (por cada euro de depósitos são transformados em crédito 70 cêntimos).

Quanto aos depósitos em excesso, os bancos depositam, sobretudo, no BCE e recebem juros (a facilidade permanente de depósito está em 3,75%). Entre os grandes bancos, apenas a CGD divulga quanto ganha com esta aplicação, tendo ascendido no primeiro semestre a 258 milhões de euros.

Os lucros agregados dos cinco maiores bancos que operam em Portugal (CGD, BCP, Santander, Novo Banco e BPI) somaram 1.994 milhões de euros no primeiro semestre, mais 735 milhões de euros do que no mesmo semestre de 2022 (um aumento de 58,4%), ajudados, sobretudo, pela margem financeira, favorecida pelas altas taxas de juro nos empréstimos e a lenta subida das taxas de juro nos depósitos.

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Custos e ganhos da JMJ começam a ser contabilizados mas retorno é ainda incerto

São já mais de 200 os contratos disponíveis no Portal Base relativos à Jornada Mundial da Juventude, a maioria dos quais por ajuste direto. Contas do retorno ainda por fazer.

Após uma semana de Jornada Mundial da Juventude, estão ainda por fazer as contas finais dos custos e também do retorno da realização deste que foi o maior evento da Igreja Católica em Portugal. A despesa global deve rondar os 160 milhões de euros, repartidos entre o Estado, os municípios e a Igreja, sendo de salientar que mais de 80% dos contratos públicos foi celebrada ao abrigo do regime de ajuste direto. Já sobre o retorno há promessas de “contas transparentes”, mas o balanço ainda não está completo, com os negócios a reportarem resultados mistos.

O Governo tinha sinalizado que o investimento deveria rondar os 36 milhões de euros, enquanto a Igreja previa gastar cerca de 80 milhões. Quanto às câmaras envolvidas, Lisboa iria avançar com cerca de 35 milhões e Loures com 10 milhões. No entanto, o investimento da Câmara de Loures na JMJ foi de oito milhões de euros, uma verba abaixo do previsto, disse o presidente do município.

Olhando para o Portal Base, é possível encontrar 248 entradas relacionadas com a JMJ, com um valor total que supera os 36 milhões de euros. Desses, 206 foram através do regime geral de ajuste direto, ou seja, mais de 80% do total. Quanto ao valor, os contratos por ajuste direto correspondem a 18,2 milhões de euros, mais de metade do total.

Aqui há contratos que dizem respeito a despesas já previstas, enquanto outros são elementos que foram acrescentados. Os contratos mais caros estão relacionados com o Parque Tejo e o Altar Palco, estruturas que foram utilizadas durante o fim de semana das jornadas. Ainda que tenham sido usadas durante menos tempo do que o Parque Eduardo VII, por exemplo, foram os eventos que juntaram mais pessoas e receberam a vigília.

O contrato de valor mais elevado diz respeito a serviços de fornecimento, montagem e operacionalização de sistemas de áudio e vídeo, iluminação ambiente, e respetivo abastecimento de energia, para o Parque Tejo/trancão, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude 2023, de 5,96 milhões de euros para a Pixel Light, através de um contrato público.

Segue-se a empreitada de construção do Altar-Palco no Parque Tejo-Trancão, no âmbito do evento Jornada Mundial da Juventude 2023, que foi atribuída por ajuste direto à Mota-Engil pelo valor de 4,24 milhões de euros.

Já um contrato com a Avistacidade para a “aquisição de serviços e bens com montagem e operacionalização de 141 blocos modulares de instalações sanitárias com ligação às redes de esgotos, água e eletricidade, para o Setor A, em Lisboa, do Parque Tejo/Trancão” atingiu os 1,1 milhões de euros.

Mais de 30 contratos foram adjudicados pelo Município de Loures e 34 pelo Município de Lisboa, enquanto os municípios de Cascais e de Oeiras contam com 18 registos cada. A EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, contabiliza 16 contratos. A entidade com mais entradas é mesmo a Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, que foi responsável por 36.

Políticos garantem retorno e Moedas promete “contas transparentes”

Depois de todos os custos, existe também retorno proveniente deste evento, ainda que os números e estudos não sejam ainda conhecidos. Para o Presidente da República, o investimento económico “está pago”, mas o montante continua por desvendar, sendo que há avaliações que apenas podem ser feitas após o evento.

Um estudo feito antes das JMJ, elaborado pela consultora PwC, com o apoio do ISEG, estimava um valor acrescentado bruto de quase 500 milhões de euros. Com o evento já realizado, é preciso apurar quais os valores que se verificaram de facto, ainda que uma parte – nomeadamente em termos de imagem de Portugal – seja mais difícil quantificar.

Carlos Moedas assegurou que “haverá um valor tangível” relativo à organização da JMJ, garantindo que essas contas “vão ser perfeitamente transparentes”. Ainda assim, o autarca reconheceu que o retorno ainda não foi calculado e não se comprometeu com prazos.

O economista João César das Neves aponta ao ECO que “o retorno económico da JMJ tem múltiplas dimensões: tudo aquilo que se disse da Expo 98 ou do Euro 2004 é aqui multiplicado várias vezes”. “Começa com a excelente imagem que o país grangeou” neste evento, o que “gera enormes receitas de turismo que se vão propagar no tempo”.

“Além disso as obras públicas de beneficência realizadas, todos os esforços de intendência e logística, não só geraram muita atividade, mas deram lições que serão aplicadas no futuro”, indica. Quanto às áreas que mais terão beneficiado, o economista destaca “todo o setor do turismo, das obras públicas, comércio e transportes, além de várias manufaturas, envolvidas neste grande evento que demorou quatro anos a preparar”.

Quanto aos transportes, o Metro de Lisboa sinalizou já que registou quatro milhões de viagens durante a semana da JMJ, o “maior número de viagens no Metro num período de sete dias consecutivos”, indicaram em comunicado. É de sinalizar, no entanto, que o metro reforçou os comboios durante este tempo e que os peregrinos tinham acesso a passes especiais com valores mais reduzidos.

Já a ANAC adiantou que o Aeroporto de Lisboa movimentou cerca de 960 mil passageiros de 30 de julho a 7 de agosto, números que representam um acréscimo de cerca de 10.000 passageiros por dia face ao normal no pico de verão.

Por outro lado, as associações de comerciantes têm feito balanços mistos, sendo que os ganhos foram sobretudo para aqueles que se associaram à rede da JMJ. “A semana da jornada não foi, na generalidade, boa. Houve quebras nalgumas lojas, sobretudo em setores que não têm a ver com o alimentar, e quebras significativas. E no setor alimentar correu muito bem a quem tinha contratos com a organização da JMJ. Aí houve muito sucesso e foi acima do esperado”, disse Vasco Melo, vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, à Lusa.

Apesar destas notas, associações como a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal sinalizam ao ECO que “o balanço só será feito quando houver números oficiais”.

Já os motoristas de transportes individuais também sinalizam que a atividade dos táxis e TVDE ficou “aquém das expectativas“, segundo as associações ligadas aos taxistas e motoristas de TVDE.

Há também infraestruturas que vão ficar após este evento, como é o caso do Parque Tejo, que estará aberto ao público em setembro, segundo sinalizou o autarca de Loures. Este recinto vai receber a Semana Académica de Lisboa, sendo este o primeiro evento anunciado para o local. Mas o altar-palco, que acolheu o Papa Francisco durante a JMJ, não será usado pelos estudantes. O presidente da Associação Académica de Lisboa, em declarações à SIC, defende que o terreno neste espaço do lado do Lisboa é “desnivelado” e sem condições técnicas para o evento.

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Liberais apontam dez compromissos para a década. Água, Ambiente, Educação e Saúde são prioridades

  • Lusa
  • 12 Agosto 2023

Água e Agricultura, Ambiente e Energia, Educação e Saúde estão entre os dez compromissos que o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, apresentou para a década no discurso de "reentré"

Água e Agricultura, Ambiente e Energia, Educação e Saúde estão entre os dez compromissos que o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, apresentou para a próxima década, durante o discurso feito na “reentré” do partido no Algarve. Perante uma plateia de duas centenas de pessoas, na Fortaleza de Armação de Pera, Rui Rocha disse que “hoje é o dia de apresentar soluções para Portugal, não é apenas o dia de criticar o que está mal, de dizer que há muitas coisas de correm mal“. “Isso é verdade, nós sabemos, mas hoje é o dia de apresentar soluções para Portugal e é isso que nós vamos fazer hoje”, introduziu, esclarecendo que os “dez compromisso para dez anos para Portugal” são “compromissos de transformação” do país, “depois de 30 anos de governação do Bloco central”.

O primeiro compromisso apresentado foi o da “Água, da Agricultura e do setor primário”, com Rui Rocha a considerar que “Portugal tem escassez de água em alguns sítios e abundância de água noutros” e “há uma medida que é preciso tomar com coragem“, que é “trazer água de onde ela é abundante para os sítios onde ela faz falta”.

O presidente da IL defendeu que é “preciso investir em retenção da água, na manutenção das barragens atuais, muitas delas debilitadas” e apontou o “Ambiente e a Energia” como o segundo compromisso para a década, embora remetendo mais detalhes para um “manifesto que está a ser preparado e vai ser apresentado aos portugueses nos próximos tempos”.

“É um tema muito importante e nós não vamos estar fora da discussão do Ambiente e Energia, pelo contrário, vamos estar dentro, com soluções de progresso, científicas, de investimento e de progresso, contra aquilo que é o desígnio da esquerda, que é parar Portugal”, acrescentou.

A Educação foi o terceiro ponto elencado por Rui Rocha, que disse não poder aceitar que esta área “continue em Portugal na mão de burocratas e de políticos de Lisboa, que decidem quando recrutam, quem recrutam, quais são os programas, quem é que faz, quem é que não faz”. “Em Lisboa não sabem nada sobre esta matéria, a revolução tem de ser feita, tem de ser feita local, para termos uma educação diferente, porque o elevador tem de ser um elevador social, não pode ser um elevador socialista“, considerou.

Entre os desígnios apresentados para os próximos dez anos está também o “reforço do Estado de Direito” e o presidente da IL anunciou que o partido vai “propor a alteração do sistema eleitoral“. “Não vamos querer que, outra vez, nas próximas legislativas, 600.000 votos dos portugueses fiquem sem representação, isso não é representação política, nós não podemos aceitar isso”, afirmou.

A Habitação, onde “não é solução congelar rendas” ou “recorrer a mecanismos forçados de expropriação”, assim como “aniquilar o alojamento local” foi outra das áreas apontadas por Rui Rocha, que pediu mais construção para haver mais oferta e propôs “mexer no IVA da construção, acabar com o congelamento da rendas” e “uniformizar critérios de licenciamento”.

Os impostos pagos, quer por trabalhadores independentes quer por empresas, foram também mencionados pelo dirigente político: “Desenganem-se os que pensam que é o Estado quem cria riqueza, quem cria riqueza são as pessoas, são as empresas, é ao lado delas que temos que estar“, prometeu.

A Saúde também não foi esquecida, com Rui Rocha a dar o exemplo do Algarve, onde há um “centro hospitalar com um polo em Faro, outro em Portimão, e as pessoas que estão em Albufeira têm de fazer dezenas de quilómetros para um lado, para o outro, e quando lá chegam, não sabem se têm médico, se têm urgências”.

O presidente da IL quer manter o acesso universal como ele existe hoje, mas com a “diferença” de que uma “pessoa de Albufeira, se tiver privado à sua porta, um social ou um público, escolhe onde vai e não tem de fazer dezenas de quilómetros”.

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Turquemenistão bate de frente com a Rússia

  • ECO
  • 12 Agosto 2023

O governo do Turquemenistão considera incompreensível e inaceitável a tentativa do Kremlin alargar a sua influência sobre a cadeia de abastecimento de gás natural entre a Ásia Central e a China.

É mais um episódio de fricção entre das ex-repúblicas da ex-União Soviética com a Rússia. Este sábado, o Turquemenistão advertiu a Rússia quanto à tentativa do Kremlin alargar a sua influência sobre a cadeia de abastecimento de gás natural entre a Ásia Central e a China, depois de Moscovo ter afirmado que mais países poderiam aderir à sua “união de gás” com o Cazaquistão e o Uzbequistão.

Consideramos esta abordagem incompreensível e inaceitável, e o nosso país considera-a contrária ao direito internacional e à prática estabelecida no setor do gás“, declarou o ministério dos negócios estrangeiros do Turquemenistão em comunicado.

O Turquemenistão, o Uzbequistão e o Cazaquistão transportam gás para a China através de um gasoduto que atravessa os três países, e a maior parte do gás provém do Turquemenistão, uma vez que os outros dois países têm registado um forte crescimento da procura interna de gás.

A Rússia, que está a tentar abrir novos mercados asiáticos para o seu gás após as sanções ocidentais, afirmou no ano passado que estava a criar uma união de gás com o Cazaquistão e o Uzbequistão, que simplificaria o transporte e a exportação de gás para estes países e para terceiros.

Até agora, a única medida prática anunciada por esta união foi um plano para inverter um outro gasoduto que liga o Turquemenistão, o Uzbequistão e o Cazaquistão à Rússia, para que a gigante russa Gazprom possa enviar gás para o Uzbequistão, que começou a registar escassez de energia.

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Longe da reforma, velhos para trabalhar. Porque se desperdiça talento +50?

Com a idade da reforma nos 66 anos, recusar profissionais com 50 anos significa desperdiçar 16 anos de vida ativa. Isto num mercado que se queixa de escassez de talento.

“Tens um bom currículo, mas com a tua idade…” Marta Vidal Pinheiro sentiu na pele a discriminação quando, aos 51 anos, e depois de quase 25 anos como diretora comercial de um laboratório, procurou uma nova oportunidade de trabalho. “Estar na ‘fasquia +50’ à procura de um novo trabalho é muito desafiante”, admite em conversa com o Trabalho by ECO. As empresas que afastam profissionais mais com mais de 50 anos são, muitas vezes, as mesmas que se queixam da escassez de talento. A dNovo, associação que promove o regresso ao mercado de trabalho dos +50, aponta, até 2025, um benefício de 15 milhões para o Estado com o regresso à vida ativa de, apenas, cerca de dois mil profissionais.

A escassez de talento tem sido um tema recorrente nos últimos anos, com as empresas a sentirem dificuldades em encontrar pessoas que sirvam os seus planos de crescimento de negócio. Em Portugal, 2.229.409 pessoas têm entre 50 e 64 anos. Uma faixa etária que representa 21,3% do total da população portuguesa, segundo os dados referentes a 2022 divulgados pela Pordata.

Estão ainda longe da idade da reforma, mas com mais de 50 anos são já considerados ‘demasiado velhos’ para trabalhar. Se considerarmos que a esperança média de vida é cada vez maior e a idade da reforma em Portugal está, agora, nos 66 anos, recusar na hora de recrutar profissionais de 50 anos, apenas por uma questão de idade, significa desperdiçar 16 anos de vida ativa, agravando o problema da escassez de talento.

Há um certo clima de ‘tens um bom currículo, mas com a tua idade…’ difícil de descrever. Vários conhecidos relacionados com os recursos humanos referiram-me, na altura, que nesta faixa etária iria ser difícil conseguir uma nova colocação, e isso é muito desmotivante e até angustiante, pois tenho muitas ferramentas, experiência e vontade de aprender e continuar a abarcar novos projetos, bem como dependentes a meu cargo”, partilha Marta Vidigal Pinheiro, engenheira alimentar.

Apesar de não ser tão falado como o machismo, o racismo ou a homofobia, o ageism — ou idadismo, na tradução portuguesa — é um preconceito presente na sociedade que, como todas as outras formas de discriminação, precisa de ser combatido. O idadismo pode manifestar-se de diversas formas, mas uma das mais comuns é a exclusão de candidatos de processos de recrutamento por não estarem dentro do intervalo considerado (socialmente) adequado para o mercado de trabalho ativo.

A nível global, uma em cada duas pessoas tem atitudes discriminatórias em relação aos mais velhos e, na Europa, uma em cada três diz ter sido vítima de discriminação com base na idade, revela um relatório sobre o idadismo da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar das dificuldades, Marta Vidal Pinheiro não baixou os braços. Foi durante essa procura — muitas vezes desmotivante — que se cruzou com a dNovo. “A d’Novo ajudou-me a não me sentir sozinha nesta situação, a mostrar-me que muitas pessoas da minha idade e mais velhas com imensas qualidades humanas e qualificações profissionais também estavam à procura de nova oportunidade de trabalho”, conta.

A missão da dNovo é alcançar a empregabilidade de pessoas com mais de 50 anos e formação académica superior. Ao inscreverem-se na dNovo, estes profissionais acedem a uma programa gratuito que lhes dá acesso a mentoria (individual e em grupo), networking e programas de capacitação em várias áreas.

Até ao final de julho, a associação já tinha apoiado 266 profissionais. Destes, 50 conseguiram regressar ao mercado de trabalho, sendo que a maioria foi integrada em pequenas e médias empresas. Uma missão que os responsáveis admitem ser desafiante.

Ainda assim, fazem planos para o futuro. Até 2025, pretendem ajudar 3.250 profissionais e conseguir que, pelo menos, 1.629 regressem ao mercado de trabalho, o que pressupõe uma taxa de sucesso de 55%. A dNovo estima ainda que o benefício para o Estado, até 2025, ronde os 15 milhões de euros (efeito apenas do não pagamento de subsídio de desemprego).

Joaquim Paiva Chaves, Isabel Viegas, João Castello Branco, Fernanda Ferreira, Teresa Silva Cardoso e Vera Norte são os responsáveis pela dNovo

Segundo a associação, a intervenção a que se propõe, para além do efeito direto nos profissionais apoiados, tem um impacto direto na economia, quer pelo valor criado pelo aproveitamento de competências seniores nas empresas, quer pelas contribuições fiscais que o regresso a uma atividade remunerada implica e consequente redução nos pagamentos de subsídios de desemprego.

Desperdiçar talento para, depois, lamentar a falta dele

“Existem vários estigmas e preconceitos nas nossas sociedades. No mundo Ocidental, mais do que no Oriente, há um culto da juventude da vitalidade e menos um reconhecimento da experiencia ou da aprendizagem passada. De certa forma, estas características da cultura impactam a o mercado de trabalho também, não sendo eventualmente os únicos fatores, mas também contribuindo para algumas ideias preconcebidas de que pessoas a partir de uma certa idade não estão tão aptas”, explica Vera Norte, assessora da administração para as áreas de empresas e comunicação da dNovo.

“Se consideramos que estas pessoas têm um esperança de vida cada vez maior e que a idade da reforma no nosso país é aos 66 anos, estamos a falar de pessoas que têm 20 anos à sua frente com dificuldade de regressarem ao mercado de trabalho. Parece-nos uma situação muito crítica, sobretudo no segmento onde a dNovo atua, que é na empregabilidade sénior qualificada”, acrescenta.

“Imagine pessoas com carreiras com qualificações superiores que não conseguem regressar ao mercado de trabalho. É um desperdício considerável de conhecimento e competência que o país não se pode dar ao luxo de ter. Numa altura em que as empresas referem a falta de talento como um dos principais problemas ao seu desenvolvimento.”

Se consideramos que estas pessoas têm um esperança de vida cada vez maior e que a idade da reforma no nosso país é aos 66 anos, estamos a falar de pessoas que têm 20 anos à sua frente com dificuldade de regressarem ao mercado de trabalho.

Vera Norte

Assessora da administração para as áreas de empresas e comunicação da dNovo

Ainda que acredite que as mentalidades estão a mudar, Vera Norte defende que é preciso “ajudar e contribuir para que esse processo, nomeadamente na vertente da empregabilidade, seja acelerado”.

Fazer com os mais velhos o que se tem feito com as mulheres

Lynda Gratton, professora e investigadora que tem escrito vários livros sobre o futuro do trabalho, disse recentemente que é preciso fazer com os mais velhos aquilo que se tem vindo a fazer com as mulheres. Eduardo Paz Ferreira, professor jubilado da Faculdade de Direito de Lisboa, advogado e autor do livro “Devo Fechar a Porta?”, não podia estar mais de acordo.

“É com grande alegria que verifico um crescimento acentuado da preocupação com aquilo que é normalmente designado por idadismo e que se traduz, designadamente na área científica de Lynda Gratton, por um afastamento das pessoas de idade do mercado de trabalho e das responsabilidades profissionais”, começa por afirmar em declarações ao Trabalho by ECO.

“A segregação de uma parcela da população não é novidade e tem uma expressão especialmente poderosa no racismo e no feminismo, que são combatidos há muito e, no entanto, não podem ser considerados como tendo desaparecido, apesar de tantos anos de luta. É necessário, agora, combater o idadismo com todas as forças”, defende o advogado de 70 anos.

Nos Estados Unidos, há estudos que concluem que cerca 75% das pessoas com mais de 50 já foram discriminadas por causa da idade. “É, sem dúvida, um número demasiado elevado e que, na generalidade dos casos, não encontra explicações a não ser o preconceito ou o desejo de aumentar os lucros, pagando menos a pessoas mais jovens”, comenta Eduardo Paz Ferreira.

É, sem dúvida, um número demasiado elevado e que, na generalidade dos casos, não encontra explicações a não ser o preconceito ou o desejo de aumentar os lucros, pagando menos a pessoas mais jovens.

Eduardo Paz Ferreira

Professor jubilado e advogado

“Mesmo que se possa justificar nalguns casos uma redução da carga de trabalho, ela deveria ser feita progressivamente, de acordo com os trabalhadores mais idosos, mas continuando a beneficiar da sua experiência e qualificação”, defende.

Combater o idadismo e os idadistas só é possível através da consciencialização pública, defende Rita Mexia. “Não nos esqueçamos que todos já passámos pela procura do primeiro emprego e lá chegaremos à idade em que já não seremos considerados aptos para trabalhar, mas estaremos ainda na posse de todas as faculdades para exercer, e bem, uma atividade profissional”, apela a profissional, membro do comité de Equity@Work da Kelly Portugal.

É urgente eliminar estereótipos, perceber que envelhecimento é diferente de velhice, criar políticas de combate ao idadismo, formação escolar desde a tenra idade, ações de sensibilização empresarial e ações concretas intergeracionais“, elenca.

E as empresas devem ter um papel muito ativo neste tema. Até porque o estigma contra pessoas mais velhas está enraizado culturalmente nas organizações, e, na maioria das vezes, são os próprios empregadores (também eles mais velhos) a impor regras de não contratação”, conta Rita Mexia. E explica porquê. “Socialmente, continuamos a acreditar que os mais velhos não aprendem, não têm conhecimento sobre tecnologias, não são flexíveis, são um custo maior para as empresas e não se adaptam da mesma forma que os mais novos. Está totalmente errada esta visão. Os mais velhos são uma mais-valia tremenda para as organizações, pela maturidade, conhecimento, dedicação e empenho nas funções que lhes são confiadas.”

A dNovo sugere ainda que sejam equacionados, por exemplo, incentivos para as empresas que contratem mais pessoas acima dos 50 anos.

Mais a ganhar do que a perder

Ter uma maior representação etária nas equipas possibilita a partilha intergeracional, potenciando uma maior relação entre as gerações, que se pauta por uma “consciência coletiva de solidariedade, respeito, motivação e um claríssimo despertar para uma permuta de conhecimento, tão enriquecedora para todos: novos, velhos ou organizações”, defende Rita Mexia.

“O aumento da longevidade é uma realidade, a esperança média de vida continua a aumentar e, consequentemente, o tempo de atividade laboral também, logo, sendo o conhecimento inesgotável e não estando delineado cronologicamente numa fase da vida, é absolutamente crucial que este equilíbrio exista”, acrescenta ainda.

Socialmente, continuamos a acreditar que os mais velhos não aprendem, não têm conhecimento sobre tecnologias, não são flexíveis, são um custo maior para as empresas e não se adaptam da mesma forma que os mais novos. Está totalmente errada esta visão.

Rita Mexia

Membro do comité de Equity@Work da Kelly Portugal

Embora haja quem olhe para as diferenças geracionais entre colaboradores e as encare como um risco, Rita Mexia prefere entendê-las como oportunidades. “Quando se juntam no mesmo local de trabalho, na mesma equipa, pessoas de gerações diferentes, juntam-se formas antigas e novas de ver o mercado de trabalho”, sustenta.

“Evidenciam-se valores, pensamentos, visões diferentes que podem, naturalmente, gerar divergências, porém, se os conflitos forem bem mediados pelos gestores, pelos RH ou pelas chefias diretas, com uma comunicação clara e assertiva, não vejo que o risco se sobreponha à oportunidade.”

Os riscos de conflito ou discórdia são, a seu ver, relativamente à forma como as gerações encaram a vida profissional. As gerações mais velhas privilegiam a estabilidade e o reconhecimento profissional e os mais novos são mais ativos, dinâmicos, têm uma visão de ‘passagem’ mais do que de carreira, optando por relações profissionais mais superficiais, o que gera um problema transversal para o ambiente corporativo.”

Mas, “as diferenças vão sempre existir, contudo, incentivando a comunicação, estimulando a convivência entre colegas e a partilha de conhecimento, beneficiamos todos”.

Marta Vidal Pinheiro e Eduardo Paz Ferreira trazem ainda outro ponto para a discussão: a saúde mental. Ambos concordam que estar ativo no mercado de trabalho é fundamental para o seu bem-estar psicológico e emocional. A discriminação etária pode ocorrer nos variados setores da sociedade e causar os mais diferentes tipos de consequências entre os indivíduos que são vítimas dessa intolerância, desse afastamento do mercado de trabalho, levando muitas vezes ao isolamento social e à descrença nas suas capacidades e competências.

“Cruzo-me, muitas vezes, com pessoas da minha idade que deixaram de trabalhar e entraram em processos depressivos e de diminuição da autoestima”, conta Eduardo Paz Ferreira. “É preciso que compreendam que as coisas não têm de ser necessariamente assim e que o devemos demonstrar”, acrescenta.

Recentemente jubilado da Faculdade de Direito, resultante de uma imposição legal a quem tem 70 anos, Eduardo Paz Ferreira acredita estar ainda em boas condições para trabalhar. Por isso, continuará a fazê-lo noutras áreas, em particular na advocacia.

Já Marta Vidal Pinheiro — que, depois de uma carreira de quase 25 anos como diretora comercial de um laboratório de análises catalão, já escreveu um livro e tem, agora, trabalhado na sua marca de sabão e cosmética artesanal com base em azeite para transformar este hobby num negócio — acredita que o trabalho “dá sentido à vida” e “proporciona saúde mental”.

“Do ponto de vista social e financeiro, é impensável para a sustentabilidade de um pais não valorizar um trabalhador com mais de 50 anos“, conclui.

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📹 A redução do desperdício alimentar na Estratégia do Prado ao Prato

  • ECO
  • 12 Agosto 2023

Lutar contra a perda e o desperdício de alimentos é um dos principais objetivos da estratégia "do prado ao prato", cujo objetivo é tornar a produção e o consumo de alimentos sustentáveis.

A estratégia “do prado ao prato”, apresentada em maio de 2020 pela Comissão Europeia, visa a transição do atual sistema alimentar da União Europeia (UE) para um modelo sustentável.

O combate ao desperdício alimentar é um dos principais objetivos da estratégia, estando fixadas algumas metas até 2030 para o efeito, tais como: face a 2020, reduzir em 10% os resíduos alimentares provenientes da transformação e do fabrico e em 30% (per capita) os resíduos alimentares provenientes do comércio a retalho, da restauração, dos serviços alimentares e do setor doméstico.

http://videos.sapo.pt/pigJ3PzKQhRopd92Yzok

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“O país precisa de um sobressalto cívico, político, empresarial” diz Montenegro

Luís Montenegro defende uma mudança profunda de políticas públicas para evitar a contínua saída de mão-de-obra qualificada do país, e isso passa por uma diferente orientação dos fundos do PPR.

O líder do maior partido da oposição mostrou defendeu este sábado a importância de o país apostar mais na sua comunidade de portugueses no estrangeiro. “As comunidades portuguesas têm de ser encaradas como um conjunto de pessoas a quem nós queremos dar o mesmo que a qualquer outro português, seja em que condições for, quer estejam cá ou lá”, referiu Luís Montenegro, presidente do PSD num encontro com a comunidade portuguesa no estrangeiro em Albufeira.

Parte do processo para alcançar essa meta, Luís Montenegro defende a aposta numa maior participação cívica e política dos emigrantes, destacando que, na proposta para revisão do projeto constitucional do PSD, consta a possibilidade da lei eleitoral consagrar o voto eletrónico.

O líder do PSD acusou ainda que o PS de, “em termos económicos, estar a desperdiçar um mar de oportunidades que a nossa comunidade emigrante no estrangeiro oferece” nomeadamente na atração de mais investimento estrangeiro para o país.

Recorrendo a um estudo recente de Pedro Brinca, professor da Nova SBE, que relata a saída de 194 mil portugueses para o estrangeiro entre 2000 e 2019, que “custaram” cerca de 18 mil milhões de euros ao Estado em formação, Luís Montenegro diz que “não podemos olhar para o lado achando que isto não está a acontecer.”

“O país precisa de um sobressalto cívico, político, empresarial”, refere o líder do PSD, sublinhando que o país tem de “conseguir absorver no nosso mercado de trabalho os milhares de jovens que todos os anos saem das nossas universidades e dos nossos institutos politécnicos, e colocá-los ao serviço do nosso país.”

Para conseguir isso, Montenegro defende uma política diferente em termos de investimento público, nomeadamente no que se refere à aplicação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PPR).

“Estamos a gastar esse dinheiro em obras que o PS não fez nos últimos anos, porque preferiu engavetar, cativar esse dinheiro”, diz, salientando que os outros países europeus estão a utilizar os fundos do PPR para “desenvolverem a atividade industrial” e o crescimento e o desenvolvimento da economia.

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ONU manifesta preocupação com repatriação forçada de norte-coreanos pela China

  • Lusa
  • 12 Agosto 2023

A Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou grande preocupação com o repatriamento forçado de norte-coreanos da China e outros locais.

A Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou grande preocupação com o repatriamento forçado de norte-coreanos da China e outros locais, após críticas de algumas organizações, que apontaram à ONU um “silêncio inaceitável”.

Na sexta-feira, vários grupos de defesa dos direitos humanos emitiram uma declaração, que visa o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o seu gabinete, afirmando que “não é demasiado tarde” para “instar publicamente a China a pôr termo ao desaparecimento forçado e ao repatriamento forçado dos fugitivos norte-coreanos” e permitir avaliações individuais para determinar se podem ser considerados refugiados.

Estes grupos incluem famílias de pessoas que foram raptadas e enviadas de volta para a Coreia do Norte, desertores norte-coreanos e a entidade ‘Transitional Justice Working Group’, sedeada em Seul, na Coreia do Sul, que monitoriza e analisa o historial dos direitos humanos da Coreia do Norte.

As organizações alertaram para a possibilidade de os repatriamentos chineses de fugitivos norte-coreanos poderem aumentar se a Coreia do Norte aliviar as restrições fronteiriças, após um prolongado encerramento devido à Covid-19, o que pode permitir “o recomeço do repatriamento forçado de cerca de 2.000 norte-coreanos detidos como ‘migrantes ilegais’ na China”, citando um relatório da ONU sobre o historial dos direitos da Coreia do Norte apresentado à Assembleia Geral da organização em outubro.

A questão acontece ainda no período que antecede os Jogos Asiáticos em Hangzhou, na China, no final de setembro e início de outubro.

Em resposta a um comentário pedido pela Associated Press na sexta-feira, o porta-voz Jeremy Laurence disse que a Comissão para os Direitos Humanos da ONU estava “seriamente preocupada” com os repatriamentos forçados de norte-coreanos da China e de outros países.

Segundo a mesma fonte, tais repatriações expõem “os norte-coreanos a riscos reais de graves violações dos direitos humanos, como a detenção arbitrária, a tortura e a violência baseada no género, incluindo a violência sexual”.

Laurence insistiu que a Comissão “suscitou estas preocupações publicamente” em muitas ocasiões e “diretamente com os Estados-Membros em causa”, a fim de defender as normas internacionais em matéria de direitos humanos. “A questão continua a ser uma prioridade” para a entidade, acrescentou.

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Rentrée política arranca hoje. Por onde vão andar os partidos?

Começando pelo Algarve em agosto e rumando mais para norte em setembro, os partidos juntam os militantes para reabrir a época política antes do Parlamento voltar aos trabalhos.

A rentrée política arranca em força este sábado, com os partidos a juntarem-se para preparar a próxima sessão legislativa, que começa em setembro. Enquanto alguns aproveitam ainda agosto para rumar a Sul e fazer a festa no Algarve, outros partidos deixam as reuniões para setembro, mais espalhados pelo centro e pelo Norte.

Este ano, é então a Iniciativa Liberal a dar início às festividades com o “A’gosto da liberdade”, uma festa que se realiza no dia 12 de agosto, na Fortaleza de Armação de Pêra, no Algarve. Vai contar com “música ao vivo, animação, jantar ao ar livre e o discurso de Rui Rocha”, o líder do partido eleito ainda este ano.

No Algarve, segue-se a já tradicional Festa do Pontal, que junta os social-democratas no Calçadão de Quarteira, no dia 14 de agosto. Desta vez, o PSD organizou um “arraial para os militantes e simpatizantes confraternizarem”, numa festa que vai contar com o presidente do partido, Luís Montenegro.

Nesta rentrée, os temas em pano de fundo serão “a habitação, crise económica, as taxas de juro a subir, inflação e desemprego — apesar de controlado — no fundo as questões económicas e os temas recorrentes que foram os que ficaram antes das jornadas e a acender polémica no debate político”, aponta ao ECO a politóloga Paula Espírito Santo.

Além deste planeamento dos assuntos principais que o PSD “pode considerar que têm de ser a alavanca e projeção do líder” — Luís Montenegro tem de ser capaz de marcar agenda e a discussão do Orçamento do Estado, defende Paula Espírito Santo –, poderá também surgir o tema da Jornada Mundial da Juventude. “Pode haver interesse em destacar a organização no plano municipal”, nomeadamente a participação dos social-democratas como Carlos Moedas.

O Algarve recebe depois no dia 15 iniciativas do PCP, com o secretário-geral do partido em Odiáxere, seguindo para uma visita à Feira Medieval de Silves e terminando com um jantar-comício em Faro, segundo indicou fonte oficial ao ECO. Mas antes disso, no dia 13 Paulo Raimundo marca também presença em iniciativas nas Minas de São Domingos, em Beja. O PCP terá a habitual Festa do Avante, nos dias 1, 2 e 3 de setembro, na Quinta da Atalaia, no Seixal. Além disso, o partido contará também com jantares e comícios em algumas localizações durante este mês.

No final de agosto, também no Algarve, há ainda o jantar comício do Chega. Será a 24 de agosto, no Duna Beach em Lagos.

Já do lado do PS, apenas em setembro avança a Academia Socialista (de 6 a 10), desta vez em Évora depois de no ano passado se ter realizado na Batalha. É de notar, ainda assim, que o PS madeirense tem marcada uma festa para 27 de agosto, na Madalena do Mar.

Quanto ao Bloco de Esquerda, a rentrée vai passar pelo Fórum Socialista, nos dias 8, 9 e 10 de setembro, em Viseu, onde vão discutir temas como “a resposta à crise climática, à Guerra da Ucrânia, passando pelas lutas do movimento LGBTI+”, como indicam no site. Vai contar com intervenções de Marisa Matias e da coordenadora nacional, Mariana Mortágua, encarregue pelo encerramento do evento.

Já o PAN terá um também um evento nesta rentrée, cujos detalhes estão ainda por revelar, mas irá realizar-se na segunda semana de setembro, no distrito de Lisboa, segundo indicou ao ECO fonte oficial. O Livre, por sua vez, marcou a rentrée para 9 e 10 de setembro, em Setúbal, com uma festa apelidada de Os Setembristas.

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Sonangol vai pagar 17,5% de juros por ano por emissão obrigacionista

  • Lusa
  • 12 Agosto 2023

A Sonangol, petrolífera estatal angolana, vai lançar na segunda-feira uma emissão de obrigações de 81 milhões de euros com uma taxa de cupão de 17,5%.

A Sonangol, petrolífera estatal angolana, vai lançar na segunda-feira uma emissão de obrigações de 75 mil milhões de kwanzas (cerca de 81 milhões de euros) com uma taxa de cupão de 17,5%, revelou a empresa liderada por Sebastião Gaspar Martins este sábado em comunicado.

Em comunicado, a Sonangol anunciou que serão lançados ao público 7,5 milhões de títulos obrigacionistas, ao preço unitário de 10 mil kwanzas (cerca de 10,7 euros).

Segundo a petrolífera angolana, “esta emissão enquadra-se na estratégia da empresa de diversificar as suas fontes de financiamento, permitindo assim alavancar as suas operações e investimentos estratégicos”.

“A visão da Sonangol é tornar-se numa companhia de referência, no continente africano, comprometida com a sustentabilidade e o desenvolvimento do país”, realça a companhia petrolífera angolana.

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IRS Jovem beneficia quase 73,5 mil contribuintes, mais do dobro que no ano anterior

O ministério das Finanças revela que o IRS Jovem beneficiou mais do dobro dos contribuintes do ano anterior e que abrangeu mais de 1,1 mil milhões de rendimentos.

Terminada a campanha de IRS relativa aos rendimentos auferidos em 2022, o ministério das Finanças revela, este sábado, que o IRS Jovem beneficiou o dobro dos contribuintes face ao ano passado.

Este foi o terceiro ano de aplicação do benefício IRS Jovem, “que pretende incentivar a qualificação dos mais jovens e apoiar a sua integração na vida adulta e no mercado de trabalho após a conclusão dos seus estudos, assim como a sua permanência em Portugal”, refere o ministério das Finanças em comunicado, notando que o benefício fiscal médio por beneficiário do IRS Jovem foi cerca de 425 euros por ano desde 2020.

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Segundo dados do ministério das Finanças, foram 73.684 os jovens que beneficiaram do IRS Jovem este ano (referente ao IRS 2022), “num valor total de rendimentos do trabalho dependente abrangido de cerca de 1.060 milhões de euros” e a 103 milhões de euros no que respeita a rendimentos empresariais e profissionais (“recibos verdes”), refere o ministério das Finanças em comunicado.

O ministério liderado por Fernando Medina revela ainda que a despesa fiscal associada ao IRS Jovem da campanha de IRS de 2022, cuja fase de entrega declarativa terminou a 30 de junho, é de cerca de 31 milhões de euros, beneficiou sobretudo jovens licenciados e com mestrados: 51% dos beneficiários do IRS Jovem têm uma licenciatura e 27% é titular de um mestrado.

De acordo com medidas introduzidas com a Lei do Orçamento de Estado para 2022, o IRS Jovem foi alargado a contribuintes jovens que auferem rendimentos profissionais e empresariais (“recibos verdes”), quando antes apenas se aplicava a rendimentos de trabalho dependente).

Além disso, foi também aumentada a aplicação temporal desta medida, de três para cinco anos, garantindo uma isenção de até 30% dos rendimentos nos primeiros dois anos de trabalho. “Tendo em conta as alterações introduzidas, o número de beneficiários do IRS Jovem cresceu cerca de 98,1% de 2021 para 2022”, refere o ministério das Finanças.

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Investimento na JMJ foi “barato” considera vice-presidente da CML

  • Lusa
  • 12 Agosto 2023

O vice-presidente da Câmara de Lisboa revela que a Jornada Mundial da Juventude custou menos de 35 milhões de euros à autarquia, um investimento “barato”, face à visibilidade mundial da cidade.

Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e coordenador da CML na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), considera que o investimento realizado neste evento foi “seguramente o mais barato que a cidade fez”, face ao retorno gerado.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O vice-presidente da Câmara de Lisboa assegurou este sábado que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) teve um custo inferior a 35 milhões de euros à autarquia, um investimento que considera “barato”, tendo em conta a visibilidade mundial e os equipamentos que ficaram na cidade.

“Ou seja, se nós quisermos ser rigorosos, o custo da Câmara com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não foi 35 milhões de euros, foi de 10 milhões. Foi esse o custo da Câmara com aquilo que se concretizou na hora e que se desvaneceu”, disse hoje, em declarações à Lusa, Filipe Anacoreta Correia, o coordenador da Câmara Municipal de Lisboa (CML) na JMJ.

Segundo o autarca, estes 10 milhões de euros incluem a limpeza, o aluguer de ecrãs para o Parque Eduardo VII, aluguer de casas de banho, despesas de estruturas e de equipas na preparação dos vários equipamentos, por exemplo.

“A soma desses custos é cerca de 10 milhões de euros. O resto, os outros 25 milhões de euros, foi um investimento que nós fizemos, mas que fica na cidade”, disse.

“Posso assegurar com muita tranquilidade que este foi seguramente o investimento mais barato que a cidade fez. O retorno é imenso, é absolutamente desproporcional em relação àquilo que nós despendemos. Só quem não tiver a noção do que é o custo de uma operação de marketing – se o fosse meramente -, é que pode negligenciar esta dimensão de visibilidade”, considerou.

O autarca afirmou que a autarquia tem “comprovativos” de que o evento e a cidade foram referidos “com imagens em todos os grandes canais do mundo”, o que representou um retorno de visibilidade de Lisboa, “um alcance absolutamente desproporcional em relação” ao custo, além “da experiência que ficou na cidade”.

“Nós temos dados hoje que confirmam que esta operação foi acompanhada por 590 milhões de lares em todo o mundo. É uma dimensão, é mais de três vezes, é quase quatro vezes aquilo que se verificou no Euro 2004. É mais do dobro do ‘Super Bowl’”, afirmou, destacando que só a Câmara de Lisboa teve cerca de 4 mil trabalhadores envolvidos no evento.

Anacoreta Correia salientou que os custos para a autarquia ficarão “ligeiramente abaixo do orçamento” de 35 milhões de euros, mesmo tendo “havido também algumas derrapagens pontuais”, devidas, nomeadamente, “a alguns pedidos que não estavam inicialmente considerados”.

Em relação ao investimento que fica na cidade, o autarca incluiu o Parque Tejo e a sua infraestruturação, a parte do polémico palco que fica para futuros eventos, a reabilitação e a restauração das colunas de Keil do Amaral e da estátua de José Cutileiro, a ponte ciclo-pedonal entre Lisboa e Loures – hoje denominada Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente -, intervenções em “vários arruamentos” e espaços públicos e também novos equipamentos que ficam com os bombeiros, Proteção Civil e polícia.

O Parque Tejo será “um grande parque verde”, que deverá estar disponível para a população “o mais rapidamente possível”. “Há ali algumas limitações e condicionantes, que têm a ver com a natureza do próprio parque ter sido um aterro”, o que obriga “a algum cuidado na escolha, por exemplo, das árvores” a colocar no espaço, afirmou.

O autarca salientou ainda que a autarquia tem “já algumas ponderações, alguns pedidos” para utilização do espaço, que está a avaliar. “Estou convencido de que Lisboa marcou a história da JMJ e, depois de Lisboa, nenhuma JMJ voltará a ser igual. Mas o inverso também é verdade. A JMJ marcou a cidade de Lisboa, fez história na cidade de Lisboa e a cidade de Lisboa não vai ser igual”, considerou, realçando que Lisboa “ficou claramente a ganhar”.

A JMJ de Lisboa, que terminou há cerca de uma semana, juntou cerca de 1,5 milhões de jovens no Parque Tejo (Lisboa) para uma missa e uma vigília, com a presença do Papa Francisco. A próxima JMJ realiza-se dentro de quatro anos em Seul, na Coreia do Sul.

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