Apoio às empresas para contratar jovens avança a 1 de julho. Conheça as condições do programa

Governo tem como objetivo atingir 25 mil jovens. Apoio às empresas pressupõe contrato permanente e salário no valor mínimo de 1.330 euros. Taxa de precariedade recua, mas "há muito a fazer".

O programa de apoio à contratação jovem “Avançar” arranca a 1 de julho, anunciou Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, esta quarta-feira durante a audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão. O Governo tem como objetivo atingir 25 mil jovens com contrato permanente.

O apoio às empresas no âmbito deste programa pressupõe que o jovem profissional tenha um contrato permanente e o salário um valor mínimo de 1.330 euros, sendo ainda atribuída uma bolsa de 150 euros que é “paga diretamente ao jovem”, reforça a governante.

O programa Avançar, que visa combater a precariedade do emprego jovem, tinha sido apresentado no final de março aos parceiros sociais. As empresas que contratem jovens sem termo podem receber um financiamento de entre 8,6 mil euros e 12,4 mil euros, acrescidos de descontos às contribuições. A bolsa é atribuída pelo IEFP.

Precariedade recua, mas “há muito a fazer”

A taxa de precariedade no trabalho em Portugal tem vindo a recuar, fixando-se em 17,1% no primeiro trimestre, mas ainda está acima da média europeia. Valor mostra que há “muito a fazer e trabalhar”, porque Portugal continua “com uma taxa acima da média europeia, seja em termos gerais, seja em termos de jovens”, admite Ana Mendes Godinho.

Até abril, o número de trabalhadores registados na Segurança Social aumentou em 180 mil (+4,9%) face aos primeiros quatro meses do ano passado, engrossando os mais de cinco milhões de trabalhadores registados em final do ano passado, mais 1 milhão face a 2015, lembrou a governante durante a audição.

Apesar desse aumento, há ainda trabalho a fazer em termos de combate da precariedade de trabalho, reconheceu a ministra. No primeiro trimestre, a taxa fixou-se 17,1%, uma melhoria face aos 21,3% registados 2019.

Apesar de o valor do primeiro trimestre deste ano representar uma “diminuição significativa” face ao período pré-pandemia, a taxa de precariedade “ainda mostra” que há “muito a fazer e trabalhar”.

Ana Mendes Godinho salientou ainda a diminuição da taxa dos jovens que não trabalham nem estudam (os chamados jovens nem-nem), para 8,9% no final do ano passado, que é “quase metade do valor de 2013”. “Estamos muito perto de atingir a meta europeia para 2030”, destacou.

Segurança Social sustentável até 2060

O aumento do número de trabalhadores registados, bem como o aumento das remunerações médias declaradas resultou em ganhos positivos para o Fundo de Estabilização da Segurança Social, destaca a ministra. “Chegaremos até 2060 sem estar esgotado”, afirma. “Mantendo-se os atuais pressupostos, o fundo chegará até 2060 não só não esgotado, mas com um saldo de 48 mil milhões de euros”, refere, lembrando que em 2015, as previsões apontavam para um esgotamento do fundo no final da década de 30. Situação que, diz, “dá confiança às futuras gerações”.

Um saldo positivo que “resulta da política inequívoca de aposta do aumento de rendimentos”, refere. “Não queremos que seja conjuntural, mas estrutural”, diz a ministra, à deputada da Iniciativa Liberal, Carla Castro, lembrando a aposta “estrutural” do aumento do salário mínimo, falando que “tiramos a lição, com dados provados, que este é o caminho”.

“Esperemos que não haja novos fantasmas de austeridade, porque já vimos que isso não resulta”.

(última atualização às 12h33)

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Desemprego desce para 6,8% em abril, mas continua mais alto do que há um ano

A esta taxa corresponde uma população desempregada de 357 mil pessoas.

A taxa de desemprego em abril diminuiu para 6,8%, valor que se traduz numa descida de 0,2 pontos percentuais (p.p.) face ao apurado no mês anterior e um recuo de 0,3 p.p. comparativamente a janeiro. Em termos homólogos, contudo, o desemprego aumentou 0,9 p.p. A esta taxa corresponde uma população desempregada de 357 mil pessoas, segundo os dados provisórios divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Numa nota informativa divulgada anteriormente, o INE indicava que a taxa de desemprego tinha estabilizou nos 6,9% em março, mantendo-se inalterada face a fevereiro. Agora, o instituto refere que a taxa de desemprego em março terá sido de 7%.

Quanto a abril, o INE adianta que o desemprego em Portugal desceu para os 6,8%, diminuindo em relação ao mês anterior e ao primeiro mês do ano, mas fazendo o movimento contrário em termos homólogos. Face a abril de 2022, a taxa de desemprego 0,9 pontos percentuais.

Neste contexto, a população desempregada recuou 3,1% em abril face a março, para 357 mil pessoas. No entanto, relativamente a igual período de 2022, houve um amento de 15,9% no número de pessoas desempregadas.

Quanto à população empregada, foi estimada em 4.913,2 mil pessoas, o que significa uma variação relativa negativa comparativamente ao mês de março (0,1%), mas positiva se comparada com há três meses (0,3%), bem como com os valores registados há um ano (0,7%).

Tanto a população ativa como a população inativa mantiveram-se “praticamente inalteradas” em relação ao mês anterior. “No caso da população ativa, tal resultou do acréscimo da população empregada (4,0 mil; 0,1%) que compensou a diminuição da população desempregada (3,8 mil; 1,0%). Já no caso da população inativa, a sua evolução foi resultado do aumento do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuraram emprego (1,5 mil; 1,3%) ter sido anulado pela diminuição do número de inativos que procuraram emprego, mas que não estavam disponíveis para trabalhar (1,5 mil; 4,9%), enquanto o número de outros inativos (os que não estão disponíveis para trabalhar e que não procuraram emprego) se manteve praticamente inalterado”, explica o Instituto Nacional de Estatística.

Face ao período homólogo, também se verificou um aumento da população ativa (88,9 mil; 1,7%), que o INE justifica através do “acréscimo da população desempregada (62,0 mil; 20,2%) e da população empregada (27,0 mil; 0,6%)”. Já a população inativa diminuiu em 63,9 mil pessoas (2,6%) “devido, maioritariamente, ao decréscimo do número de outros inativos (47,5 mil; 2,1%)”.

Ainda em março de 2023, a subutilização do trabalho abrangeu 662,5 mil pessoas, valor inferior ao do mês anterior (4,4 mil; 0,6%), mas superior ao de um ano antes (53,2 mil; 8,7%). Assim, a taxa de subutilização do trabalho correspondente — que foi estimada em 12,2% — diminuiu 0,1 p.p. em relação a março, tendo aumentado 0,8 p.p. por comparação com o período homólogo.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h51)

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Inflação homóloga abranda para 4% em maio com ajuda do “IVA zero”

A taxa de inflação homóloga abrandou de 5,7% em abril para 4% em maio, com o contributo da medida do "IVA zero". É o sétimo mês consecutivo de abrandamento de preços.

A taxa de inflação homóloga terá abrandado para 4% em maio, de acordo com a estimativa rápida divulgada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Trata-se de um recuo de 1,7 pontos percentuais face à variação de 5,7% registada em abril no Índice de Preços no Consumidor (IPC). E será o sétimo mês consecutivo de abrandamento na subida dos preços, cujo ritmo é o mais baixo desde janeiro de 2022 (3,34%) — isto é, antes do início da guerra na Ucrânia.

É preciso ter em conta que a comparação é feita com maio do ano passado, mês em que os preços dispararam por causa da guerra, tendo a variação do IPC atingido os 8%. Isso explica em parte a desaceleração, refere o INE, que fala num “efeito de base resultante do aumento de preços da eletricidade, do gás e dos produtos alimentares” no mesmo mês do ano passado, por causa da guerra.

No entanto, neste mês de maio, a subida dos preços também abrandou por causa de uma medida do Governo, o “IVA zero”. A isenção do IVA num conjunto de 46 categorias de alimentos entrou em vigor a 18 de abril, pelo que maio é o primeiro mês em que se pode avaliar o efeito completo da medida.

Fonte: INEFonte: INE

Desconstruindo os indicadores, o INE nota que a descida dos preços dos produtos energéticos acelerou de -12,7% em abril para -15,5% em maio, em termos homólogos. Já o índice relativo aos produtores alimentares não transformados desacelerou, na variação homóloga, de 14,1% em abril para 8,9% em maio.

Na variação em cadeia, o IPC em maio terá ficado 0,7% abaixo do registado em abril, também um abrandamento face ao avanço de 0,6% registado em abril face a março.

No que toca ao indicador de inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, este terá desacelerado para 5,5% em maio, face ao período homólogo, isto é, menos 1,1 pontos percentuais face aos 6,6% registados no mês precedente.

Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que permite a comparação entre países europeus, terá abrandado para 5,4% face a maio de 2022, o que representa também um recuo face a abril (era de 6,9%).

Medina garante “menos sobressalto” e “mais segurança”

Fernando Medina considerou que estas são “boas notícias para a economia portuguesa, para as famílias portuguesas e para as empresas”. Em declarações à SIC Notícias, o ministro das Finanças disse ainda que a expectativa é que a inflação continue a cair e que tenhamos “vários meses, ainda este ano, com inflação abaixo dos 3%”.

“Teremos uma tendencial estabilização”, afirmou, acrescentando que isso se traduz em “menos sobressalto para as famílias e mais segurança sobre aquilo que vão ser os seus rendimentos reais”.

Medina destacou ainda o contributo da medida “IVA Zero” para o abrandamento da inflação e recordou que, ao mesmo tempo que a inflação desacelera, “está a entrar um conjunto de apoios muito vasto para as famílias”, destacando o apoio mensal às famílias mais vulneráveis, o apoio às rendas e a redução adicional do IRS para quem tem três ou mais filhos. E lembrou ainda que, no segundo semestre, entrarão em vigor as novas tabelas de retenção na fonte de IRS.

(Noticia atualizada pela última vez às 12h40 com declarações de Fernando Medina)

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Exportações ajudam economia a crescer 1,6% no primeiro trimestre. INE confirma estimativa

Procura interna registou contributo nulo para a variação homóloga do PIB no primeiro trimestre, após um contributo de 2,3 pontos percentuais no trimestre anterior. Exportações alavancam crescimento.

A economia nacional cresceu 1,6% nos três primeiros meses do ano face aos três meses anteriores, tal como o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha avançado na estimativa rápida publicada no final de abril. O bom desempenho das exportações explica a progressão de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em termos homólogos e só o investimento penalizou.

“A procura interna registou um contributo nulo para a variação homóloga do PIB no primeiro trimestre, após um contributo de 2,3 pontos percentuais (p.p.) no trimestre anterior”, explicou o INE, na publicação feita esta quarta-feira. Esta é uma evolução face à estimativa rápida, já que no final de abril, o INE apontava para um “contributo positivo”, ainda que inferior. No quarto trimestre trimestre tinha sido positivo em 0,6 pontos percentuais.

Este contributo negativo resulta da desaceleração do consumo privado e da diminuição do investimento, reflexo “principalmente o contributo negativo da variação de existências, em grande medida associado à dinâmica dos fluxos do comércio internacional”. O INE, frisa que, no primeiro trimestre, se assistiu “a uma aceleração das exportações de bens e serviços em volume, enquanto as importações de bens e serviços abrandaram, traduzindo-se num aumento do contributo da procura externa líquida para 2.6 p.p. (0,9 p.p. no quarto trimestre)”.

As exportações cresceram 10,9%, em termos homólogos, depois de um crescimento de 7,7% no último trimestre de 2022. Mas as importações cresceram apenas 4,9%, depois de um crescimento de 5,4% nos três meses anteriores. Comparando com o trimestre anterior, a procura externa líquida passou de um contributo negativo de 0,2 p.p. para um positivo de 2,5 pontos percentuais no primeiro.

“Estes dados revelam um 2023 mais forte e sólido do que há uns meses”, disse o ministro das Finanças, numa reação aos dados. Fernando Medina fez questão de sublinhar o nível das exportações de serviços, em especial do turismo, mas também das exportações de bens com “a indústria a mostrar capacidade de se afirmar e projetar a capacidade exportadora muito forte do país”, disse numa reação transmitida pelas televisões. De acordo com o INE, as exportações de bens cresceram 6,3% em termos homólogos no primeiro trimestre, mais 2,1 p.p. que no trimestre anterior e as exportações de serviços passaram de uma variação de 15,1% no quarto trimestre para 20,4%, “destacando-se o contributo significativo da componente do turismo para a referida aceleração”.

Já o consumo das famílias apresentou uma variação homóloga de 1,7% em volume no primeiro trimestre, uma taxa inferior em 1,1 p.p. à registada no trimestre anterior. Mas se as despesas de consumo final das famílias desaceleraram ao nível dos bens não duradouros e serviços — passaram de uma variação homóloga de 2,3% no quarto trimestre, para 0,9% no primeiro — aceleraram ao nível dos bens duradouros para 10,6%, “em resultado do crescimento mais intenso das despesas com a aquisição de veículos automóveis”. Um crescimento que já se antecipava tendo em conta os dados do crédito ao consumo que já indiciavam o apetite dos portugueses pela aquisição de carros novos.

Menos positivo é o desempenho do investimento: sofreu uma contração de 6,1% em termos homólogos, após um aumento de 1% no quarto trimestre. No primeiro trimestre de 2022, o investimento tinha crescido 6,8%, embora já fosse uma desaceleração face aos 8,1% do trimestre anterior. “A evolução do Investimento no primeiro trimestre foi, em grande medida, determinada pelo comportamento da variação de existências, que registou um contributo para a variação homóloga do PIB de -1,2 p.p. (-0,2 p.p. no quarto trimestre), num contexto em que se verificou uma aceleração das exportações de bens e serviços e um abrandamento das importações de bens e serviços”, explica o INE. Por sua vez, “a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registou uma ligeira redução de 0,1% (crescimento homólogo de 2,1% no quarto trimestre)”, acrescenta.

Os dados revelam ainda que a construção é o setor onde o volume de investimento mais caiu (-6,5%), o que contrasta com o crescimento de 22,2% ao nível dos equipamentos de transporte.

Este desempenho da economia foi superior às estimativas mais positivas dos economistas e até do ministro das Finanças que tinha antecipado uma progressão em cadeia de 0,6% e os economistas apontavam para desempenhos entre 1,2% e 0,2%. Nos dados preliminares, Portugal era o segundo país com o crescimento mais elevado, mas será necessário esperar pelos dados do Eurostat para fazer nova comparação, mas os indicadores conhecidos esta quarta mantém Portugal na liderança. Em cadeia, Itália cresceu 0,6%; França e Finlândia progrediram 0,2% e só a Polónia bateu Portugal com um desempenho de 3,8%.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Compras de dívida pública do Banco de Portugal afundam 85% em 2022

Nunca o Banco de Portugal comprou tão pouca dívida portuguesa como no ano passado, em que o BCE começou a fechar a torneira para controlar a inflação.

O Banco de Portugal comprou apenas 3,1 mil milhões de euros de títulos de dívida pública portuguesa em 2022, o que corresponde a uma queda de 85% em relação ao ano anterior, refletindo o aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) no ano passado para controlar a inflação.

De acordo com o Relatório da Implementação da Política Monetária, divulgado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, o banco central liderado por Mário Centeno adquiriu 2,4 mil milhões de títulos do governo ao abrigo do programa de compras do setor público (PSPP, criado em 2014) e outros 700 milhões no âmbito do programa de compras de emergência (PEPP, criado em 2020 para responder à crise da pandemia).

Tudo somado, foi o montante mais baixo de compras de dívida pública portuguesa que o Banco de Portugal realizou na última década em o BCE manteve uma política monetária ultraexpansionista e não convencional – o chamado quantitative easing – para evitar o risco de desagregação da Zona Euro em 2014, ao conter os juros da dívida dos países mais problemáticos, e mais tarde, em 2020, para responder ao risco da pandemia da Covid-19.

O ano de 2022 trouxe uma nova frente de batalha: a escalada dos preços. E a redução das compras de títulos de dívida pública portuguesa deveu-se exatamente ao início do aperto monetário – quantitative tightening – do BCE para responder às pressões inflacionistas.

Compras de dívida pública do Banco de Portugal

Fonte: Banco de Portugal

Primeiro decidiu descontinuar as compras líquidas de ativos no âmbito do PEPP no final de março do ano passado, havendo atualmente apenas lugar a reinvestimentos de títulos vincendos até pelo menos final de 2024. Razão pela qual o Banco de Portugal adquiriu apenas 700 milhões ao abrigo deste programa temporário, após ter feito compras de mais de 15 mil milhões em 2021.

Já as aquisições de obrigações ao abrigo do PSPP – que baixaram para metade no Banco de Portugal – foram limitadas em junho a apenas reinvestimentos, que desde março passaram a ser parciais, dos títulos vincendos.

O aperto do BCE teve também reflexos no número de transações que o Banco de Portugal efetuou no ano passado: 1.447 transações de títulos do setor público ao longo de 2022, com 25 instituições financeiras, das quais cinco portuguesas.

Apesar de ter comprado menos dívida pública, o Banco de Portugal tinha no seu balanço 86 mil milhões de euros em títulos de política monetária, sobretudo dívida pública e supranacional.

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Alexandra Reis já devolveu 266 mil euros da indemnização paga pela TAP

  • Joana Abrantes Gomes
  • 31 Maio 2023

Antiga gestora refere que efetuou esta quarta-feira a devolução do montante líquido global indicado pela TAP, embora não se reveja nele nem o entenda, tendo em conta que a empresa não o fundamentou.

Alexandra Reis, ex-administradora da TAP, já devolveu 266.412,76 euros à companhia aérea, depois de “quase três meses à espera” que a empresa indicasse o valor a devolver, anunciou a gestora num comunicado enviado esta quarta-feira às redações.

“Foi este o montante líquido global indicado pela TAP. E, apesar de não me rever nele e de não o entender, uma vez que o mesmo não me foi detalhado, nem fundamentado pela empresa, e de também, como é sabido, discordar do parecer da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), por minha livre iniciativa, e tal como deixei claro desde o primeiro momento, efetuei a devolução“, afirma a também ex-secretária de Estado do Tesouro.

A gestora lembra que desde que saiu da TAP, em fevereiro do ano passado, após a antiga presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, ter decidido afastá-la do cargo, sempre disse que devolveria o valor que tivesse recebido a mais da polémica indemnização de 500 mil euros. “Como referi, não quero ter na minha posse um euro sobre o qual possa existir a mínima suspeita“, apontou.

Alexandra Reis espera, assim, “encerrar de uma vez por todas este assunto”, de forma a “enfrentar os desafios” que o futuro traga “sem que haja qualquer dúvida” sobre a sua “idoneidade e atuação” enquanto foi administradora da TAP.

(Notícia atualizada às 11h12)

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CGD lança sete linhas de crédito de 378 milhões com garantia do FEI. Conheça as condições

Montantes máximos de financiamento variam consoante a garantia e podem atingir, no caso da sustentabilidade e inovação, 7,5 milhões de euros. A garantia do FEI oscila entre 50 e 80%.

São sete as linhas de crédito que a Caixa Geral de Depósitos vai disponibilizar para melhorar o acesso ao crédito das empresas, em especial PME, em sete áreas, que vão da sustentabilidade à economia social, passando pelo microcrédito. São 378 milhões de euros a conceder em empréstimos no máximo de 12 anos e que contam com uma garantia que varia entre 50 e 80%.

“A CGD e o Fundo de Investimento Europeu (FEI) assinaram um acordo de garantia que prevê a mobilização de até 378 milhões de euros em linhas de crédito para melhorar o acesso ao financiamento de empresas portuguesas, sobretudo as empresas de pequena e média dimensão (PME)”, lê-se no comunicado da instituição liderada por Paulo Macedo.

“O acordo, apoiado pelo programa InvestEU, pretende alavancar o financiamento de empresas elegíveis em Portugal, para atividades em sete categorias: sustentabilidade, inovação, economia social, setor criativo, educação e talento, competitividade e o microcrédito”, acrescenta o mesmo comunicado.

Os montantes máximos de financiamento variam consoante a garantia, e podem atingir, no caso da sustentabilidade e inovação, 7,5 milhões de euros. A garantia do FEI oscila entre 50% e 80%.

Mas as empresas podem optar também por linhas multissetoriais se o investimento em causa contribuir para a transformação energética das PME “em termos de sustentabilidade ambiental, bem como a adoção ou renovação da tecnologia digital, permitindo os necessários ganhos de escala”, explica a CGD.

Já a linha de microcrédito está reservada para quem quer criar ou desenvolver uma microempresa, com um financiamento de médio/longo prazo. Ao nível de empreendedorismo está também prevista a criação de “uma linha de crédito multissetorial para investimentos que contribuam para o desenvolvimento da atividade e da competitividade de startups“.

O FEI, que integra o grupo Banco Europeu de Investimento (BEI), desenha e desenvolve instrumentos de capital de risco, garantias e microfinanciamento, dirigidos especificamente para PME, e tem criado várias linhas linhas com os bancos nacionais para ajudar a suprir falhas de mercado em termos de investimento.

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Piloto da semana de trabalho de quatro dias avança a 5 de junho com 46 empresas e 20 mil trabalhadores

Um total de 46 empresas, tendo quatro delas com mais de mil trabalhadores, decidiram avançar para a segunda fase do projeto-piloto da semana de trabalho de quatro dias, anunciou a ministra.

O projeto-piloto da semana de quatro dias irá avançar a 5 de junho, anunciou a Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, esta quarta-feira durante a audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.

De acordo com os últimos dados, divulgados pela organização do projeto promovido pelo Governo no final de março, um total de 46 empresas, das quais quatro com mais de mil trabalhadores, decidiram avançar para a segunda fase do piloto da semana de quatro dias. Um total de 20 mil colaboradores estará abrangido neste piloto.

A Crioestaminal e a Onya são duas das empresas que já anunciaram estar envolvidas no piloto, que tem sido discutido como uma forma de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também a produtividade e competitividade das empresas. O mesmo não prevê corte de remuneração dos colaboradores nas empresas que participam.

Portugal junta-se assim a países como o Reino Unido ou Islândia com pilotos com um número alargado de empresas.

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BCE alerta para “frágeis” perspetivas de estabilidade financeira na Zona Euro

  • Lusa
  • 31 Maio 2023

Banco Central Europeu publicou relatório semestral de estabilidade financeira, no qual analisa o impacto da crise de alguns bancos nos Estados Unidos e na Suíça no setor bancário da zona do euro.

O Banco Central Europeu (BCE) adverte que “as perspetivas de estabilidade financeira na zona euro são frágeis no contexto das recentes tensões bancárias fora da união monetária”.

O BCE publicou esta quarta-feira o relatório semestral de estabilidade financeira, no qual analisa o impacto da crise de alguns bancos nos Estados Unidos e na Suíça no setor bancário da zona do euro.

“Os bancos da zona euro reagiram de forma resiliente às recentes tensões fora da zona euro, mas os custos de financiamento mais elevados e a menor qualidade dos ativos podem pesar sobre a sua rentabilidade”, refere o relatório.

“Embora as condições económicas tenham melhorado ligeiramente, as perspetivas de crescimento incertas, juntamente com a persistência da inflação e condições financeiras mais restritivas, estão a pesar sobre os balanços das empresas, das famílias e dos Governos”, acrescenta o BCE.

Além disso, acrescenta o BCE, “uma deterioração inesperada das condições económicas ou uma maior restritividade das condições financeiras poderiam conduzir a ajustamentos desordenados dos preços nos mercados financeiros e da habitação”.

Luis de Guindos, vice-presidente do BCE

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou, na apresentação do relatório, que “a estabilidade dos preços é crucial para uma estabilidade financeira duradoura”. Em particular, as empresas da zona euro enfrentam condições financeiras mais restritivas e perspetivas de negócio incertas, o que pode ser difícil, especialmente para as empresas que assumiram muitas dívidas e reduziram os lucros durante a pandemia.

Além disso, a inflação elevada está a afetar as famílias, especialmente as de menores rendimentos, reduzindo o seu poder de compra e pondo em risco a sua capacidade de reembolsar os empréstimos. “A procura de novos empréstimos, especialmente hipotecários, caiu drasticamente no primeiro trimestre de 2023, em resposta ao aumento das taxas de juro”, afirmou Guindos.

A recente queda dos preços da energia reduziu a pressão sobre os Governos para encontrarem apoio orçamental adicional, mas as autoridades públicas enfrentam custos de financiamento crescentes.

O BCE constata uma correção dos preços nos mercados da habitação da zona euro, que os aumentos dos preços da habitação arrefeceram consideravelmente nos últimos meses e que, por conseguinte, a sobrevalorização do setor foi reduzida.

A procura de novos empréstimos, especialmente hipotecários, caiu drasticamente no primeiro trimestre de 2023, em resposta ao aumento das taxas de juro.

Luis de Guindos

Vice-presidente do BCE

Até à data, os ajustamentos de preços têm sido ordenados, mas podem tornar-se desordenados se o aumento das taxas hipotecárias reduzir a procura. Os mercados imobiliários comerciais permanecem moderados devido ao aumento das taxas de juro e a perspetivas económicas incertas. “A atual correção poderá pôr à prova a capacidade de resistência dos fundos de investimento com interesses no setor imobiliário comercial”, acrescenta o BCE.

Os mercados financeiros e os fundos de investimento são vulneráveis aos ajustamentos dos preços dos ativos. As sobrevalorizações, as condições financeiras mais restritivas e a reduzida liquidez do mercado podem aumentar o risco de ajustamentos desordenados dos preços, especialmente se ocorrer uma recessão.

Até agora, os fundos de investimento quase não foram afetados pelas tensões nos setores bancários dos EUA e da Suíça. “Mas isto pode mudar, se os fundos precisarem subitamente de liquidez e forem forçados a vender ativos rapidamente”, segundo Guindos.

Os bancos da zona euro têm resistido às tensões das entidades dos EUA e da Suíça porque “as suas exposições são limitadas”. Esta resistência foi apoiada pelas suas fortes posições de capital e liquidez e pelo trabalho das autoridades de supervisão bancária nos últimos anos.

Por conseguinte, o BCE considera essencial “preservar esta resiliência” numa altura em que é mais difícil para alguns bancos acumularem capital, uma vez que as taxas de juro reduzem os volumes de empréstimos dos bancos e aumentam os seus custos de financiamento, o que pode reduzir a sua rentabilidade.

O BCE alerta também para o facto de já existirem sinais de deterioração da qualidade das carteiras de empréstimos expostas ao imobiliário comercial, às pequenas empresas e ao crédito ao consumo. Em consequência, alguns bancos precisarão de ter mais fundos disponíveis para cobrir perdas e gerir os seus riscos de crédito. A este respeito, o BCE considera também essencial completar a união bancária, em particular, estabelecer um seguro de depósitos europeu comum.

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“O futuro dos pagamentos será fluido e invisível”

  • Conteúdo Patrocinado
  • 31 Maio 2023

Os desafios da transição digital no setor dos pagamentos e as vantagens que esta traz a vários setores, principalmente ao da mobilidade, foram apresentados por Maria Antónia Saldanha, da Mastercard.

A transição digital tem trazido vários desafios a muitas empresas, mas também vantagens que acabam por compensar o esforço de adaptação e de procura de conhecimento numa fase inicial desta transformação.

Neste sentido, a facilidade que a digitalização trouxe ao setor dos pagamentos, principalmente com a pandemia, veio para ficar, mas agora é tempo de se continuar a modernizar. No entanto, essa modernização implica lidar com alguns desafios, que são necessários ultrapassar para garantir que as empresas e consumidores acompanham o progresso tecnológico e usufruem das suas vantagens.

Maria Antónia Saldanha, Country Manager da Mastercard em Portugal, explicou, em entrevista ao ECO, quais as dificuldades mais sentidas na adaptação a esta nova realidade, mas também apresentou vários projetos que a Mastercard tem levado a cabo, a fim de modernizar várias regiões do país, de forma a torná-las mais atrativas através do investimento em tecnologia, concretamente no setor dos pagamentos.

A Mastercard, enquanto referência no setor de pagamentos, acompanha de perto a transição digital das empresas e a respetiva evolução. Quais os principais desafios na mudança e adaptação a esta nova realidade?

Depois dos momentos de pandemia terem testado todos os planos de transformação digital e terem impulsionado até os mais céticos a adotarem novos modelos de funcionamento, agora temos estado focados na sofisticação. Anteriormente a urgência era manter os negócios ativos e dar serviço aos consumidores. Agora podemos investir, com as empresas, na evolução para ambientes cada vez mais digitais e trazermos os benefícios da tecnologia para melhorar a experiência dos clientes, desde a compra ao pagamento, seja em ambiente físico ou online.

Assim, posso identificar três desafios principais. O primeiro, ao nível do checkout online. Desenvolvemos uma solução simples, segura e sem atritos, ou seja, sem necessidade de introdução manual de dados ou passwords. É uma avançada tecnologia para pagamentos online, desenvolvida com base nos padrões da indústria e nos métodos de segurança inteligente da Mastercard.

O segundo desafio está relacionado com o online banking. Já evoluímos do atendimento ao cliente nas agências de rua para plataformas online e experiências digitais, criadas a pensar nos utilizadores. Agora apoiamos as entidades para o passo seguinte, para soluções assentes em open banking. Com soluções como as da Aiia, uma fintech adquirida pela Mastercard, as empresas têm a possibilidade de criar, de forma fácil e rápida, experiências de pagamento altamente personalizadas, uma mudança incrivelmente poderosa e que aumenta a taxa de inovação no setor de serviços financeiros.

Por fim, o terceiro grande desafio é o da segurança. E não é só a cibersegurança. É, também, a necessidade de conjugar simplicidade sem comprometer a segurança dos pagamentos. São duas áreas em que a Mastercard também tem apostado, seja através de soluções como o RiskRecon e o Cyber Quant, que permitem às empresas reduzir a sua exposição ao risco, avaliando recursos internos e mitigando o risco de cibersegurança em terceiros, seja através das soluções de biometria que já estão aplicadas em programas como o Biometric Checkout, uma estrutura de tecnologia inédita para ajudar a estabelecer os padrões para as novas formas de pagamento em lojas de todos os tamanhos, desde grandes retalhistas até lojas familiares. Na prática, o futuro dos pagamentos vai ser cada vez mais contínuo e virtualmente invisível, à medida que a tecnologia se torna mais autónoma e personalizada e sem atritos, para as empresas e para os consumidores.

Para além das empresas, a inovação tecnológica e as novas formas de pagamento também representam um repto para os consumidores. Como avaliam a aceitação destas novas formas de pagamento?

A aceitação dos consumidores às novas formas de pagamento tem sido fantástica e mostra que os portugueses não só são early adopters, como são inteligentes na adoção das inovações, porque percebem as eficiências que essas soluções lhes trazem no seu dia-a-dia. Os números mostram como os consumidores aderiram ao contactless seja com cartão, seja com soluções em dispositivos móveis, nomeadamente as que são proporcionadas por serviços internacionais porque são de aceitação global, isto é, podem usar no seu local de residência ou quando viajam. A mesma experiência e sistema facilita a adoção instantânea.

Contudo, ainda há alguns gaps que precisam de ser corrigidos em Portugal. Um dos setores que tem muito para evoluir ao nível dos pagamentos é, por exemplo, o dos transportes públicos. É incrível que, num país como o nosso, comprar um simples bilhete de autocarro seja ainda tão complexo. Então se for um turista, ainda pior, porque são sistemas que só aceitam numerário ou sistemas domésticos e locais.

Mas isso também vai mudar e a Mastercard está a contribuir decisivamente para isso. Fizemos uma parceria global com a Ubirider, uma startup portuguesa que criou uma app e uma plataforma de mobilidade (MaaS) que serve passageiros, operadores de transportes, revolucionando a mobilidade nas cidades. Esta colaboração já evoluiu o serviço de bilhética e acesso aos transportes em duas regiões em Portugal, com uma solução facilmente escalável para a maioria das regiões em Portugal, que ainda não têm serviço global e aberto de acesso aos transportes, e ganhos imediatos de eficiência para operadores que podem ser demonstrados.

Maria Antónia Saldanha, Country Manager da Mastercard em Portugal, no evento New Money
Com a pandemia, assistiu-se à criação de novos modelos de negócio, o digital ganhou peso, houve um boom do e-commerce e parece que estes novos hábitos e formas de consumo vieram para ficar. Analisando os dados, até que ponto estes modelos de negócio potencializaram novas formas de pagamento?

Estiveram de braço dado na maioria das vezes porque muitos dos novos modelos de negócio resultaram da necessidade de prestar um melhor serviço ao cliente, que passa muitas vezes por incorporar soluções de pagamentos mais simples, cómodas e seguras. Temos ótimos exemplos no setor do turismo, onde assistimos à potencialização de novas formas de pagamento. Foi um setor em que Portugal teve uma recuperação espetacular e no qual continuamos a investir. O Nest – Centro de Inovação do Turismo, com quem temos uma parceria longa, tem colaborado com a Mastercard em várias iniciativas que querem trazer inovação para o setor do turismo. O “IDfastrack” é um bom exemplo da co-inovação: é uma plataforma digital que permite realizar check-in em vários serviços de turismo, de hotéis a rent-a-cars, totalmente gerida e controlada pelo utilizador, poupando tempo, evitando repetições e preenchimentos desnecessários de dados. O protótipo da IDfastrack está em fase de piloto no contexto de uso em Turismo Termal, inserido no programa da “Agenda Acelerar e Transformar o Turismo” no quadro do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Esta agenda, em fase de assinatura do Termo de Aceitação, junta 38 entidades que se propõem a investir 128 milhões de euros de 2023 a 2025 para inovar no turismo.

Outra iniciativa que está prestes a arrancar, ainda este semestre, é o Open Call for Inovation em Smart Mobility, integrado no Programa FIT 2.0 do Turismo de Portugal, para aceleração de startups com soluções de pagamentos e interoperabilidade em mobilidade, para que, a partir de Portugal, se desenvolvam projetos piloto e aplicações best in class para melhorar a experiência dos turistas.

A Mastercard, enquanto promotora de pagamentos fáceis e seguros, preconiza a ideia de um mundo sem pagamentos em numerário. Será uma utopia ou uma realidade possível?

Os pagamentos digitais são cada vez mais uma realidade e olhando para os números do estudo que realizámos (‘’Barómetro de cartões para Microempresas, PME e Médias Empresas”) vemos que Portugal ainda tem um potencial de digitalização dos pagamentos muito grande: apenas 30% das empresas no nosso país aceita pagamentos através de um terminal de pagamento (POS), uma percentagem que aumenta para 54% no caso de empresas de média dimensão. Segundo o mesmo estudo, vemos que cerca de 27% das empresas revela deter um POS físico, uma percentagem que sobe para mais de metade (58%) no caso das empresas de média dimensão, e só 8% tem um POS virtual. E, quando inquiridas se utilizam um POS físico ou virtual, as percentagens variam consoante a dimensão da empresa: 23,4% dos trabalhadores independentes referiram utilizá-lo, uma percentagem que sobe para 39% no caso das microempresas e 54% nas empresas de média dimensão.

Ou seja, ainda podemos acelerar mais empresas a adotarem meios de pagamentos digitais. Com este propósito, a Mastercard tem desenvolvido diversas iniciativas em todo o país. Por exemplo, fizemos uma parceria com a VivaWallet em Évora para apoiarmos a transformação digital na cidade e permitir aos comerciantes locais adotar pagamentos contactless nas suas lojas, através da tecnologia Tap on Phone.

O uso de meios digitais de pagamento traz mais eficiência e transparência às sociedades e economia. E temos de o fazer enquanto asseguramos a inclusão financeira, um tema que nos é particularmente sensível e no qual investimos muito também. Os nossos projetos de inclusão são dirigidos a consumidores, mas também a PME – a pandemia aumentou a desigualdade na digitalização entre as grandes e as pequenas empresas que têm menos acesso à tecnologia adequada para vencerem num mundo cada vez mais digital. Por essa razão temos um projeto para ajudar 50 milhões de PME em todo o mundo e, dentro destas, em ligar 25 milhões de mulheres empresárias com as ferramentas necessárias para poderem prosperar, um apoio fundamental para garantir a igualdade de oportunidades.

Que tendências do setor de pagamentos aponta precisamente como realidades no futuro próximo?

O futuro próximo consiste em reimaginarmos o dinheiro. Isto é, a definição de dinheiro está a expandir-se para incluir ativos não tradicionais, como dados, criptomoedas e ativos digitais. No futuro, trocaremos estes ativos de forma rotineira e contínua em transações quotidianas.

Estamos no centro da revolução digital, na qual vale a pena distinguir tecnologia e tendências de pagamento onde vemos tendências muito interessantes que estão a ganhar importância. Uma a que a Mastercard está a prestar particular atenção diz respeito ao chamado comércio conversacional ou comércio social, que tem sido muito impulsionada pelas novas dinâmicas de influenciadores. É um comércio em que a compra é feita, numa rede social ao invés de um market place, em que uma conversa pode acabar numa transação e num pagamento, mesmo que essa conversa seja com um bot. E nesta operação é fundamental assegurarmos que a transação e o pagamento são seguros e feitos de forma simples e conveniente.

Os consumidores também vão querer usar o poder dos seus dispositivos móveis nas compras em loja para ter uma melhor experiência de compra. Ao invés de ter interação com os comerciantes apenas no momento de pagar, proporcionar que interações aconteçam mal entramos na loja, através do que chamamos de próxima geração de POI, ou seja, ponto de interação.

Quanto às tendências tecnológicas, temos, inevitavelmente que olhar para o potencial do 5G e do 6G, que trarão novos modelos de negócio, da mesma forma que o 4G trouxe e que foi a chamada “economia de assinatura”, em serviço de streaming de conteúdos.

Outro aspeto importante que vemos no futuro próximo como muito importante é o carregamento de veículos elétricos, para o qual bastará ter um cartão ou dispositivo móvel. Na prática, é um tipo de pagamento máquina-a-máquina, que foi pré-programado ou predefinido, que terá, com grande probabilidade, um forte crescimento, sobretudo através dos sensores com IoT.

Como referi, o futuro dos pagamentos será fluido e invisível à medida que a tecnologia se torna mais autónoma e personalizada e sem atritos, para as empresas e para os consumidores.

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Greve na CP suprimiu mais de metade dos comboios programados

  • Lusa
  • 31 Maio 2023

Greve dos revisores da CP levou esta quarta-feira à supressão de um total de 143 comboios até às 8h, de acordo com a empresa. Dirigente sindical fala em adesão à greve de 100%.

A greve dos revisores da CP levou esta quarta-feira à supressão de mais de metade (57%) dos 251 comboios programados entre as 00:00 e as 08:00, segundo dados enviados pela empresa à Lusa. De acordo com a empresa, foram suprimidos 143 comboios até às 08:00.

A CP – Comboios de Portugal indica que dos 66 comboios regionais previstos não se fizeram 34 ligações e nos urbanos de Lisboa estavam programados 112 e foram suprimidos 71. Nos urbanos do Porto, estavam previstos para aquele período 53, tendo sido suprimidos 26 e nos comboios de longo curso realizaram-se três, das 12 ligações previstas.

Vários sindicatos da CP tinham convocado uma greve para hoje, mas na terça-feira depois de uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, apenas o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) manteve a paralisação.

“Fomos afetados com a questão da retirada dos revisores das marchas, vamos perder postos de trabalho e estamos a ser, na distribuição do aumento complementar, discriminados face a outros trabalhadores”, disse na terça-feira à Lusa, Luís Bravo, do SFRCI).

Referindo-se à decisão do Estado de conceder um aumento intercalar de 1%, Luís Bravo disse que a CP, com a “urgência do acordo com o sindicato dos maquinistas”, acabou por “absorver grande parte desse orçamento”, ficando os outros trabalhadores “muitos lesados”.

“Há esta falta de equidade que está a gerar desigualdades incompreensíveis. E põe em causa os nossos postos de trabalho”, disse, indicando que “o secretário de Estado ouviu, está a avaliar as questões”, mas não deu ainda resposta. Por isso, “não temos condições para levantar o pré-aviso”, concluiu.

Na terça-feira, José Manuel Oliveira da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), adiantou à Lusa que a organização e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) decidiram desconvocar a greve depois da reunião. O sindicalista apontou um “conjunto de algumas garantias transmitidas pelo secretário de Estado” e um acordo com a CP, indicando que irão “continuar um processo de negociação”.

“Esta é uma fase intermédia”, disse, destacando que nas questões relativas ao número de tripulantes por comboio “há algumas garantias do secretário de Estado que renovam o que foi acordado em 2018”. Em causa está, entre outras coisas, a questão do agente único, segundo a qual os comboios vazios poderiam circular apenas com maquinista.

De acordo com José Manuel Oliveira, serão agora “marcadas reuniões mais particulares com o secretário de Estado para discutir alguns problemas do setor ferroviário”, incluindo “as questões que têm a ver com a segurança na circulação”. O outro sindicato que convocou greve, o SINFA – Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins, também “acompanhou a posição” da Fectrans e do SNTSF, disse José Manuel Oliveira.

Adesão à greve dos revisores da CP é de 100%

A adesão à greve dos revisores da CP – Comboios de Portugal por melhores salários é de 100%, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos decretados, disse à Lusa fonte sindical.

“Nos revisores a adesão à greve é de 100%, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos. No que diz respeito às bilheteiras, os dados apontam para 90% encerradas em todo o país”, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

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Peritos forenses da PJ em greve às horas suplementares por tempo indeterminado

  • Lusa
  • 31 Maio 2023

Os peritos forenses da Polícia Judiciária estão a cumprir uma greve ao trabalho fora do horário normal, para exigirem negociações com a tutela sobre valorização da carreira.

Peritos forenses da Polícia Judiciária (PJ) estão a cumprir uma greve ao trabalho fora do horário normal, para exigirem negociações com a tutela sobre valorização da carreira.

A Associação Sindical dos Peritos Forenses da Polícia Judiciária (ASPF-PJ) entregou na segunda-feira no Ministério da Justiça (MJ) um pré-aviso de greve por tempo indeterminado ao trabalho suplementar [fora do horário 09h00/12h30 e 14h00/17h30], tendo sido já adiadas várias diligências de investigação.

O presidente da ASPF/PJ, José Gonçalves, disse à agência Lusa que, apesar de existirem peritos que não são chamados a serviços, muitos outros intervêm em diligências que começam às 07h00 ou depois das 17h30, que não serão efetuadas àquelas horas devido à greve dos peritos forenses.

Os peritos forenses reivindicam “uma carreira que dignifique e valorize uma função essencial para um sistema de Justiça isento, bem como para tornar e manter os altos níveis de segurança que se vivem em Portugal”, sublinhou o dirigente sindical.

Segundo José Gonçalves, os peritos forenses da PJ “desempenham um papel fundamental na investigação criminal, fornecendo análises técnicas e científicas nos vários domínios da ciência forense, como, por exemplo, análise digital, contabilística, balística, biológica, toxicológica, documentoscopia, físico-química e tradução, bem como outras, que contribuem para apurar a verdade dos factos”.

Segundo a ASPF/PJ, “há muito tempo que estes profissionais têm enfrentado desafios e obstáculos que comprometem o pleno exercício das suas atribuições”.

“A luta dos peritos da PJ pela valorização da sua carreira visa não apenas reconhecer a importância do seu trabalho, mas também garantir condições adequadas para o desempenho das suas atribuições. A falta de reconhecimento profissional e a ausência de carreira própria têm afetado negativamente estes especialistas, comprometendo a eficiência e a eficácia das suas atividades”, refere a ASPF/PJ.

Com esta greve, que “não visa prejudicar o funcionamento da Justiça ou a segurança do país”, a ASPF/PJ pretende sensibilizar a tutela da Justiça para “uma negociação construtiva, com o objetivo de alcançar melhorias nas condições de trabalho, remuneração condizente com a responsabilidade e complexidade das suas tarefas e um plano de carreira que permita o desenvolvimento profissional dos peritos forenses da PJ”.

Reiterando que os peritos da PJ são peças-chave na busca material da verdade e na garantia de um sistema de Justiça confiável e imparcial, a ASPF-PJ diz esperar que a ministra da Justiça “reconheça a importância das reivindicações” e “esteja disposta a dialogar e encontrar soluções que atendam às necessidades destes profissionais”.

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