Orbán considera política de Bruxelas “um fracasso” e apela para “novos líderes”
"Temos uma liderança da União Europeia (...) que falhou. A atual liderança tem de sair, precisamos de novos líderes", afirmou Orbán.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, declarou esta terça-feira que a política promovida pela Comissão Europeia durante esta legislatura, incluindo iniciativas como o pacto migratório e o pacto verde, foi “um fracasso” e apelou para uma nova liderança comunitária.
“Temos uma liderança da União Europeia (…) que falhou. A atual liderança tem de sair, precisamos de novos líderes”, afirmou Orbán, entre os aplausos do público de uma conferência sobre migrações no Parlamento Europeu na qual participou, juntamente com o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki e o ex-diretor executivo da Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira) Fabrice Leggeri.
O chefe do Governo húngaro disse também que o pacto migratório “é um erro”, porque não foi unanimemente apoiado pelos Estados-membros e considerou que, por essa razão, “não funcionará”. Mas foi mais longe e considerou que outras iniciativas prioritárias para Bruxelas nos últimos anos estão também condenadas ao “fracasso”. “A transição verde é um fracasso, porque vai contra a economia, as empresas e a indústria”, sustentou.
Orbán criticou ainda o mecanismo que condiciona o desembolso dos fundos europeus ao respeito dos princípios do Estado de direito. “Criaram um sistema de condicionalidade que é um método de chantagem”, defendeu.
Por seu lado, o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki rejeitou igualmente o pacto migratório, argumentando que “pode ser a dinamite que fará explodir a Europa”. “Se for na direção apresentada, não vai funcionar. Haverá enorme turbulência”, vaticinou o político polaco, criticando “a hipocrisia” dos responsáveis que impulsionaram aquele pacote normativo.
Por último, o ex-diretor executivo da Frontex, que agora faz parte da União Nacional (RN), o partido da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, criticou a “falsa narrativa da Comissão Europeia e das organizações não-governamentais (ONG), que dizem que é ilegal impedir a travessia ilegal das fronteiras externas” da União Europeia (UE).
Acusou ainda a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, e a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, de tentarem adotar políticas que são da competência das autoridades nacionais dos 27 Estados-membros.
A conferência decorreu no dia em que a polícia belga impediu a realização de outro evento ultraconservador europeu em Bruxelas, a “Conferência Nacional do Conservadorismo”.
O evento foi cancelado por ordem do autarca da comuna bruxelense de Saint-Josse-ten-Noode, onde teria lugar, para evitar o risco de “perturbações da ordem pública”. O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, considerou hoje “inaceitável” a proibição dessa reunião da direita nacionalista em Bruxelas, classificando-a como um atentado à liberdade de expressão, a poucas semanas das eleições europeias.
“A autonomia comunal é uma pedra angular da nossa democracia, mas nunca pode sobrepor-se à Constituição belga, que garante a liberdade de expressão e de reunião pacífica desde 1830”, sublinhou o governante liberal numa mensagem em inglês, publicada na rede social X (antigo Twitter).
Também o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, considerou “extremamente preocupante” a decisão das autoridades de Bruxelas de ordenar o fim de uma reunião da direita nacionalista em que iriam participar várias figuras britânicas, indicou a sua porta-voz. “Esta informação é extremamente preocupante”, afirmou a porta-voz sobre a suspensão do evento, onde eram nomeadamente esperados o ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) Nigel Farage e a ex-ministra do Interior conservadora Suella Braverman.
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