BPI pode encaixar mais de 100 milhões com venda de 15% do banco em Angola

Quanto vale o Banco de Fomento Angola? O BPI avaliava-o em cerca de 700 milhões de euros no final do ano passado. Pelo que pode encaixar mais de 100 milhões se vender 15% das ações no IPO.

O BPI poderá encaixar mais de 100 milhões de euros com a venda de uma participação de 15% que detém no Banco Fomento Angola (BFA), depois de o presidente angolano ter aprovado na semana passada a venda de 15% do capital do banco angolano através de uma oferta pública inicial (IPO) na bolsa de Luanda.

O valor do potencial encaixe corresponde à avaliação que a instituição portuguesa atribuía ao BFA no final do ano passado, valorizando a sua posição de 48,1% em cerca de 340 milhões de euros – com uma avaliação implícita de mais de 700 milhões para 100% do capital do banco angolano.

O Jornal Económico (acesso pago) avançou esta segunda-feira que o BPI irá acompanhar o Estado angolano na venda de ações do BFA através de um IPO no mercado angolano.

O decreto presidencial, que autoriza a privatização de ações detidas pelo Estado, por via da Unitel, representativas de 15% do capital social do BFA, foi publicado em Diário da República na passada sexta-feira. A operação insere-se no Programa de Privatizações do Governo de João Lourenço para o período entre 2023 e 2026.

Despacho presidencial que autoriza venda parcial do BFA.

De acordo com o jornal, citando fontes próximas do processo, o BPI irá acompanhar a Unitel e alienar outros 15% para evitar que se torne novamente acionista maioritário do banco angolano em face a redução acionista da operadora de telecomunicações angolana.

Caso se esta operação se concretize, a estrutura acionista do BFA ficará assim composta: a Unitel passará a deter 36,9%, o BPI reduz a sua posição para 33,1% e 30% do capital estará disperso na bolsa.

Contactado pelo ECO, o BPI diz que não comenta este tema. Na última conferência de imprensa, no final de julho, João Pedro Oliveira e Costa desvendou que o processo de privatização parcial do banco se encontrava “numa fase inicial” e que “em momento oportuno e em conjugação com o Estado angolano” o BPI iria reduzir a sua participação, “havendo espaço para isso”. “Não escondemos que claramente somos vendedores da nossa participação”, disse.

BFA a perder valor

Atualmente, a Unitel é o acionista maioritário do BFA, com 51,9% das ações.

Já o BPI detém 48,1%, classificada como um investimento financeiro, depois de ter vendido 2% em 2016 por 28 milhões de euros à Unitel, então liderada por Isabel dos Santos, perante a pressão do Banco Central Europeu (BCE) em face das determinações sobre a ultrapassagem do limite de exposição a grandes riscos (dívida pública angolana detida pelo BFA que até então o BPI consolidava nas suas contas).

Há anos que o banco português procura vender o banco em Angola. No ano passado esteve perto de fechar a venda da sua participação por 400 milhões de euros, mas a forte depreciação do kwanza (moeda de Angola) levou a uma suspensão da operação.

De resto, apesar da consistência dos resultados, o BFA tem vindo a desvalorizar no balanço do BPI nos últimos anos. Em 2017 o BPI chegou a avaliar o banco angolano em cerca de 1.200 milhões de euros.

No ano passado, o BFA contribuiu com 41,5 milhões de euros (através do pagamento de dividendos) para os lucros de 524 milhões do BPI, o qual é detido pelos espanhóis do Caixabank. Até junho o banco português lucrou 327 milhões de euros, com Angola a lucrar 41 milhões.

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