Aeroportos movimentaram mais 1,6% de passageiros em janeiro. Madeira ultrapassou Faro

  • Ana Petronilho
  • 13 Março 2024

No primeiro mês do ano, passaram pelos dez aeroportos nacionais quatro milhões de passageiros que foram transportados em 15,7 mil voos comerciais. Níveis ficam acima de 2019.

Em janeiro, os dez aeroportos nacionais movimentaram (embarques, desembarques e trânsitos diretos) quatro milhões de passageiros, subindo 1,6% em termos homólogos e ultrapassando os níveis pré-pandemia. Estes passageiros foram transportados nas 15,7 mil aeronaves que aterraram nos aeroportos nacionais em voos comerciais, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística.

Contas feitas, no primeiro mês do ano, desembarcaram, em média por dia, 61,4 mil passageiros, ultrapassando a média de 60,7 mil registada no período homólogo.

Do total de passageiros, o aeroporto de Lisboa movimentou 56,4% do total de passageiros (2,3 milhões), mais 0,7% comparando com janeiro de 2023. O aeroporto de Faro registou um crescimento de 8,5% no movimento de passageiros (292,1 mil) e o aeroporto do Porto concentrou 23,2% do total de passageiros movimentados (930,1 mil) e aumentou 3,8%.

Mas, os dados do INE revelam que em janeiro, o aeroporto da Madeira ultrapassou Faro no número de passageiros, tendo sido sinalizados 302,1 mil embarques, desembarques e trânsitos diretos. O número garante ao aeroporto madeirense a terceira posição na tabela dos aeroportos nacionais mais movimentados, apesar da queda de 3,7% de passageiros face a janeiro do ano passado.

Ainda segundo os números do INE, do total de passageiros desembarcados no primeiro mês do ano, 80,5% são de tráfego internacional, o que traduz 1,5 milhões de passageiros (+2,7%). A maioria, 63,6%, chegam de voos com origem em países europeus, correspondendo a um aumento de 0,9% face a janeiro de 2023.

Já o tráfego americano continua a ganhar expressão. Em janeiro, o continente americano foi a segunda principal origem, concentrando 11% do total de passageiros desembarcados (+12,1%).

Quanto aos embarques, o número de passageiros ascende a 82,2% do tráfego internacional, perfazendo um total de 1,7 milhões de passageiros (+3,5%), tendo como principal destino aeroportos no continente europeu (67,0% do total), registando um crescimento de 2,2% face a janeiro de 2023.

Também aqui os aeroportos no continente americano foram o segundo principal destino dos passageiros embarcados, correspondendo a 10,3% do total, mais 13,1% em termos homólogos.

Entre o leque de países, França foi o principal país de origem e de destino dos voos, apesar de ter registado uma queda no número de passageiros desembarcados e embarcados face a janeiro de 2023 (-9%; -7,7%). Espanha e Reino Unido ocuparam a segunda e terceira posições, como principais países de origem, e posições inversas como principais países de destino. Por fim, o Brasil e Alemanha alternaram a quarta e quinta posição consoante país de origem ou de destino dos voos, refere o INE.

Os dados revelam ainda que foram movimentadas 18,3 mil toneladas de carga e correio com um crescimento de 9,6%. O transporte de mercadorias no aeroporto de Lisboa representou 76,1% do total, atingindo 13,9 mil toneladas (+13,8% face a janeiro de 2023).

Mas, no conjunto dos restantes aeroportos, o movimento de carga e correio diminuiu 2,2%.

 

 

 

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Provedora de Justiça requer inconstitucionalidade da lei da eutanásia

  • Lusa
  • 13 Março 2024

Lei foi promulgada pelo Presidente da República em maio, mas aguarda regulamentação, depois de o Governo socialista ter decidido incluir a questão no dossiê de transição para o próximo Executivo.

A provedora de Justiça requereu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade da lei da morte medicamente assistida.

O requerimento de Maria Lúcia Amaral, publicado esta quarta-feira no sítio na Internet do provedor de Justiça, pede “a declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral de normas constantes da Lei n.º 22/2023, de 25 de maio, que regula as condições em que a morte medicamente assistida não é punível e altera o Código Penal“.

A lei da eutanásia foi promulgada em 16 de maio de 2023 pelo Presidente da República, mas aguarda regulamentação, depois de o Governo do PS ter decidido incluir a questão no dossiê de transição para o próximo Executivo.

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China diz que repressão contra TikTok é um tiro que vai sair pela culatra aos EUA

  • Lusa
  • 13 Março 2024

Proibir a aplicação "vai minar a confiança dos investidores internacionais (...) o que acabará por fazer com que os Estados Unidos deem um tiro no próprio pé", avisa a diplomacia chinesa.

O Governo chinês afirmou esta quarta-feira que a “repressão” contra a aplicação de vídeos curtos TikTok nos Estados Unidos é um tiro de intimidação, que acabará por “sair pela culatra”.

A reação das autoridades chinesas surge numa altura em que a Câmara dos Representantes discute um projeto de lei que obrigaria a empresa chinesa ByteDance, proprietária do TikTok, a vedar a aplicação no espaço de 180 dias. Caso contrário a app seria proibida nos EUA, onde afirma ter cerca de 150 milhões de utilizadores mensais ativos.

Proibir a aplicação “vai minar a confiança dos investidores internacionais (…) o que acabará por fazer com que os Estados Unidos deem um tiro no próprio pé”, advertiu o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, condenando a “intimidação” contra o TikTok.

Em conferência de imprensa, o porta-voz acusou os EUA de adotarem táticas de intimidação em vez de “competirem de forma justa” e de “nunca terem encontrado provas de que o TikTok ameaça a sua segurança nacional“.

Wang afirmou que o comportamento dos EUA “perturba as operações comerciais normais, prejudica a confiança dos investidores internacionais no ambiente de investimento e destrói a ordem económica e comercial internacional“.

De acordo com um relatório do Gabinete do Diretor da Inteligência Nacional dos EUA, o Governo chinês poderá tentar influenciar as eleições de novembro, nas quais o presidente democrata Joe Biden enfrentará novamente o ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021).

Alguns críticos acusaram a Bytedance de ter ligações ao Partido Comunista Chinês (PCC), embora o TikTok negue tais alegações, dizendo que não censura conteúdos nem dá ao Governo chinês acesso aos seus dados.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, criticou os EUA por continuarem com “táticas de repressão contra a China”, apesar do desanuviamento das relações entre as duas potências nos últimos meses.

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Redação do Diário de Notícias repudia “despedimento coletivo” e promete “novas formas de luta”

  • Lusa
  • 13 Março 2024

O despedimento coletivo aconteceu a dois dias da greve geral de jornalistas marcada para quinta-feira. A CT da TSF também já expressou solidariedade para com profissionais despedidos na Global Media.

A redação do Diário de Notícias repudiou “veementemente” mais um anúncio de despedimento coletivo na Global Media Group (GMG) e promete avançar com novas formas de luta se a administração não reconsiderar a decisão.

Em comunicado, a redação do jornal salienta que “em nome da sobrevivência do DN e do bom jornalismo”, espera que “a administração reconsidere e que seja possível criar uma solução que permita manter os bons profissionais”. Mas promete, se isso não acontecer, “avançar para novas formas de luta”.

Na nota, a redação do diário defende que é “incompreensível” que a dias de uma greve geral na profissão, que defende melhores condições salariais, se pretendam despedir jornalistas invocando o critério “do salário demasiado alto” e da “equidade salarial na empresa”.

Além disso, considera ser um “absurdo” que a administração da empresa alegue como motivo para este despedimento, que o “investimento efetuado no reforço da redação em novembro não obteve resultados”.

“Naturalmente não se pode esperar que em pouco mais de três meses, durante os quais houve salários em atraso [permanecendo o Subsídio de Natal ainda em falta], fosse possível assistir a uma recuperação miraculosa”, afirmam os jornalistas na nota.

Segundo a redação “o reforço com profissionais experientes efetuado a partir de novembro era absolutamente vital para assegurar a qualidade que se espera e se exige do DN”.

E “a mesma exigência de responsabilidade e defesa do DN também se espera de quem o gere e de quem nele investiu“, sublinham os jornalistas.

A redação opõe-se, assim, “a mais um emagrecimento do DN”, que diz “há anos ostenta o título de mais pequena redação do País [ou mesmo do Mundo] dentro dos diários de referência”.

Concluindo: “Despedir jornalistas é abdicar de património, o único do qual a administração se pode e deve orgulhar. Sobreviver a despedimento coletivo atrás de despedimento coletivo [não é construir] é destruir o bom jornalismo e a resiliência dos que têm abdicado de viver para fazer um jornal à altura da história e prestígio do DN“.

O GMG, tal com avançou o +M, anunciou na terça-feira que ia avançar com um despedimento coletivo no âmbito de um “processo de reestruturação de equipas internas” e que prevê também a saída de toda a direção do Diário de Notícias. Este despedimento abrange 17 trabalhadores, de acordo com a justificação desta reestruturação, a que se soma a direção do DN, contratada pela anterior administração, num total de 20.

A direção interina do Diário de Notícias vai ser assumida por Bruno Contreiras Mateus, atual diretor do Dinheiro Vivo (DV) e que, “depois de um período de transição de três meses”, irá também deixar o GMG.

O despedimento coletivo conhecido esta terça-feira antecede a dois dias da greve geral de jornalistas marcada para dia 14. A motivação teve origem, precisamente, na ameaça de despedimento coletivo na Global Media.

CT da TSF expressa solidariedade para com profissionais despedidos na Global Media

A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF também expressou “solidariedade” para com os profissionais da Global Media alvo do despedimento coletivo, e adianta que “continuam as diligências” com a passagem da rádio para a Notícias Ilimitadas.

Em comunicado, a CT da rádio da Global Media (GMG) salienta que teve conhecimento do despedimento coletivo no grupo que abrange, sobretudo, a estrutura do Diário de Notícias (DN).

“Não pode, por isso, deixar de manifestar o mais profundo lamento e repúdio por mais um ataque ao jornalismo português. Não há jornalismo sem jornalistas, não há jornalismo com redações sem recursos, não há jornalismo sem investimento e, no limite, não há democracia sem jornalismo“, refere o órgão que representa os trabalhadores da rádio.

“A todos os profissionais em causa e à redação do DN, expressamos a nossa solidariedade nesta hora difícil”, sublinha a CT.

No que respeita a TSF, “a Comissão de Trabalhadores tem assegurado que continuam as diligências com vista à passagem para a esfera da Notícias Ilimitadas, a empresa criada pelo consórcio de investidores do norte do país”.

Entretanto, “enquanto o processo não está finalizado – e porque há muitas dúvidas sobre o futuro e sobre o pagamento das dívidas aos trabalhadores -, a Comissão de Trabalhadores tem reunião marcada com a administração do GMG para fazer um novo ponto de situação”, a qual terá lugar no final da semana.

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Euribor sobe a três meses e desce a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 13 Março 2024

Esta quarta-feira, a taxa Euribor subiu para 3,940% no prazo mais curto. Em sentido inverso, a seis e a 12 meses desceu, respetivamente, para 3,892% e 3,702%.

A taxa Euribor subiu esta quarta-feira a três meses e desceu a seis e a 12 meses face a terça-feira, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter mantido na semana passada as taxas de juro de referência, pela quarta reunião consecutiva. Com estas alterações, a Euribor a três meses, que avançou para 3,940%, permaneceu acima da taxa a seis meses (3,892%) e da taxa a 12 meses (3,702%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro, recuou esta quarta-feira para 3,892%, menos 0,013 pontos do que na terça-feira, após ter avançado em 18 de outubro para 4,143%, um novo máximo desde novembro de 2008. Segundo dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a janeiro, a Euribor a seis meses representava 36,4% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 35,7% e 24,4%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, também baixou esta quarta-feira, para 3,702%, menos 0,010 pontos que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses avançou esta quarta-feira, ao ser fixada em 3,940%, mais 0,011 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor em fevereiro voltou a cair a três meses, mas subiu nos dois prazos mais longos. A média da Euribor em fevereiro desceu 0,002 pontos para 3,923% a três meses (contra 3,925% em janeiro), mas subiu 0,009 pontos para 3,901% a seis meses (contra 3,892%) e 0,062 pontos para 3,671% a 12 meses (contra 3,609%).

Na última reunião de política monetária, em 7 de março, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela quarta reunião consecutiva, depois de 10 aumentos desde 21 de julho de 2022. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 11 de abril em Frankfurt.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Porto, Gaia e Matosinhos deverão construir 45 mil casas até 2030

Captar 10 mil milhões de investimento imobiliário e construir e requalificar 45 mil fogos. É este o grande desafio das câmaras do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia.

Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia antecipam captar dez mil milhões de euros de investimento imobiliário, e construir e reabilitar 45 mil casas até 2030, avançaram esta quarta-feira os representantes dos três municípios. Esta projeção foi feita durante uma conferência de imprensa do Greater Porto — estratégia conjunta das autarquias para atrair investimento estrangeiro –, no MIPIM, a maior feira mundial do setor do imobiliário, em Cannes (França) que decorre até esta sexta-feira.

Entre 2024 e 2030 os três municípios [Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia] conseguirão construir mais de 45 mil fogos“, precisamente numa altura em que a habitação é um dos temas centrais do debate público, avançou o vereador do Urbanismo e da Habitação da câmara do Porto, Pedro Baganha, durante o encontro com os jornalistas portugueses, nesta feira. Na prática, sublinhou, esta projeção “manifesta a competitividade dos três municípios relativamente ao licenciamento urbanístico”. Portanto, reiterou, “há três municípios de maior dimensão em Portugal que conseguem licenciar e construir um número significativo de fogos”.

Pedro Baganha referiu ainda que “a habitação é um dos problemas da Europa Ocidental”, sendo por isso a captação de investimento para habitação uma das prioridades dos três concelhos nortenhos. “Temos de aumentar a oferta de habitação.” Só em 2023 “estes três municípios foram responsáveis por mais de seis mil fogos licenciados e construídos”, calculou o vereador, no Palais des Festivals, precisamente o mesmo local que acolhe o Festival de Cinema de Cannes. O que representou uma taxa de crescimento na ordem dos 20% em relação a 2022, completou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da Gaiurb, E.M, António Miguel Castro.

Entre 2024 e 2030 os três municípios conseguirão construir mais de 45 mil fogos.

Pedro Baganha

Vereador do Urbanismo da Câmara Municipal do Porto

O vereador da Economia da câmara do Porto, Ricardo Valente, destacou, por seu turno, que um dos grandes problemas das cidades mais atrativas e onde há maior investimento e riqueza é precisamente a insuficiente habitação para todos. “É um problema das cidades atrativas que atraem riqueza“, assinalou Ricardo Valente, destacando ainda que “35% das famílias no Porto são monoparentais“. O vereador vai mais longe: “O elefante no meio da sala de que ninguém fala é a imigração. Precisamos de ter habitação em condições para estas pessoas”.

Para criar melhores condições de vida é preciso criar mais riqueza, emprego. Por isso mesmo, o vereador do Porto avançou com o desafio de “trazer para o território mais de 10 mil milhões de euros de investimento imobiliário até 2030”. Verba que será canalizada para diferentes áreas de imobiliário, nomeadamente habitação, indústria, hotelaria e logística.

“No ano passado tivemos mais de 100 milhões de euros captados nos três dias de feira”, calculou Ricardo Valente. “Quando trazemos investimento estrangeiro que cria valor acrescentado estamos a aumentar o poder de compra das pessoas.” É importante “trazer investimento que permita criar emprego, aumentar salário e equilibrar o problema de comprar casa” que no caso da Invicta tem o mercado alemão à cabeça, a que se seguem o francês, britânico e americano que “são países que pertencem ao G7 e são de primeira linha”.

Matosinhos também atrai investidores dos mesmos países, mas com o americano a ter mais peso. “O mercado norte-americano do ponto de vista da criação de valor interessa-nos muito”, frisou a a vereadora do Turismo e Atividades Económicas da câmara de Matosinhos. Já em Vila Nova de Gaia o principal mercado é o israelita.

O elefante no meio da sala de que ninguém fala é a imigração. Precisamos de ter habitação em condições para estas pessoas.

Ricardo Valente

Vereador das Atividades Económicas das Câmara Municipal do Porto

Por tudo isto, os vereadores acreditam que o Greater Porto é um projeto com sucesso garantido. E que os executivos que saiam das próximas eleições autárquicas em 2025 deverão continuar esta estratégia criada pelos três municípios nortenhos. “Governar implica definir objetivos a longo prazo e depois alguém ter de os executar. Temos de ter um horizonte temporal alargado”, concluiu a vereadora da câmara de Matosinhos.

Esta iniciativa conjunta para captar investimento não se cinge apenas às câmaras municipais, uma vez que se fazem acompanhar de 15 empresas, entre elas a Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, Grupo Castro, Cilviria, Lionesa Business Hub, IDS Grupo, Geo Investimentos, VPM Real Estate e Garcia – Garcia.

Ao todo, contabilizaram-se, em 2023, mais de 3.570 empresas estrangeiras com sucursais e sedeadas no Grande Porto e 5.885 novos empregos na Área Metropolitana do Porto, onde residem cerca de 1,7 milhões de pessoas, de acordo com a brochura de apresentação da Greater Porto.

(A jornalista viajou para Cannes a convite da Greater Porto para participar na feira MIPIM).

Greater Porto na feira MIPIM, em CannesÁlvaro C Pereira 13 março, 2024

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60 anos depois, fábrica da Fuso no Tramagal é o maior empregador da região

No ano que comemora 60 anos, a subsidiária portuguesa da Mitsubishi Fuso Truck construiu e entregou cerca de 12 mil camiões e “estabeleceu um novo recorde histórico de produção”.

Inauguração da fábrica em 1964

A unidade fabril do Tramagal foi fundada em 1964 através de uma joint venture entre a empresa familiar portuguesa Duarte Ferreira e o antigo fabricante francês de camiões Berliet. Hoje, soma quase 550 colaboradores e assumem-se como o “maior empregador da região” e o terceiro maior fabricante automóvel em Portugal.

No ano que comemora seis décadas, construiu e entregou cerca de 12 mil camiões e “superou o volume de produção pré-pandemia”, “estabelecendo um novo recorde histórico de produção”. Ao longo destas seis décadas de atividade, foram produzidas mais de 260 mil unidades no Tramagal – incluindo o Canter ligeiro da Fuso, que a fábrica começou a produzir em 1980. Hoje os veículos montados no Tramagal chegam a 32 mercados europeus.

Na unidade fabril, existem casos de trabalhadores que são a terceira e quarta geração da família na fábrica. É o caso de Paulo Simão, responsável pelo departamento de compras, que viu o pai e o avô trabalharem na fábrica, assim como o filho Miguel Simão que trabalha na área da manutenção industrial. “Assistimos a muitas mudanças ao longo do tempo, mas no final ainda estamos aqui a fabricar camiões”, afirmou Paulo Simões, citado em comunicado. O CEO da fábrica, Arne Barden, realça que a “paixão e o alto nível de qualificação dos nossos trabalhadores são surpreendentes”.

Paulo e Miguel, terceira e quarta geração da família Simão na fábrica do TramagalFuso

O ano passado, a fábrica da Fuso no Tramagal que produz a cada oito minutos um camião ligeiro, arrancou a produção em série de unidades exclusivamente elétricas, o modelo eCanter. Na primeira geração, o eCanter foi produzido, entre 2017 e 2022, em séries muito limitadas, da ordem das dezenas de unidades por ano, na fábrica do Tramagal. Na perspetiva do líder com esta aposta “impulsionaram a transformação – ao mesmo tempo, o conhecimento e herança passados guiar-nos-ão pelo futuro.”

E com o eCanter, impulsionamos a transformação – ao mesmo tempo, o nosso conhecimento e herança passados guiar-nos-ão pelo futuro.

Arne Barden

CEO da fábrica Fuso no Tramagal

Recuando na história, a atividade iniciou-se com a montagem de CKD (complete knocked down) para a Mitsubishi Fuso em 1980. Durante os anos seguintes produziu-se para o mercado português o camião ligeiro Fuso Canter, o camião médio Fuso, a pick-up Mitsubishi L 200, a van L 300 e o jipe Pajero.

Em 1990, a fábrica foi adquirida pela importadora portuguesa Mitsubishi Motors Portugal. Seis anos depois, a a Mitsubishi MotorsCorporation assumiu a fábrica e decidiu concentrar a produção no Fuso Canter. Tornou-se parte da Daimler AG em 2004, depois do grupo alemão adquirir a participação maioritária da Mitsubishi Fuso.

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Já só falta lançar cinco concursos rodoviários do PRR

  • ECO
  • 13 Março 2024

A Infraestruturas de Portugal já lançou 22 dos 27 concursos para obras na ferrovia que constam do Plano de Recuperação e Resiliência. Inflação fez aumentar custos.

O presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Miguel Cruz, afirma em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago), que já foram lançados 22 dos 25 concursos para a rodovia que tem a seu cargo no âmbito do PRR. Durante a primeira metade do ano conta lançar mais três ou quatro.

Temos intenção de ainda no primeiro semestre lançar três de certeza, e há um quarto que, em princípio, também será. Somam 58 a 60 milhões de euros. São projetos que, por razões de mitigações ambientais, processos de expropriação ou por complexidade do projeto, demoraram mais tempo”, diz o presidente da IP.

Os projetos da IP no PRR previam inicialmente um investimento de 395 milhões, valor que foi reforçado para 463 milhões na renegociação feita pelo Governo com Bruxelas. “Nesta revisão do programa, a fundamentação que esteve associada à revisão do valor foi o contexto inflacionista e de subida de preços”, justifica Miguel Cruz.

A IP cumpriu, até ao momento, 58% do total dos objetivos para os projetos rodoviários, tendo já recebido 116 milhões. Tal como já tinha revelado ao ECO, Miguel Cruz afirma na entrevista que a IP vai reforçar o investimento este ano, somando cerca de 1,2 mil milhões.

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“Eleições foram um grito de mudança”, diz CEO da Sonae. “Por favor, entendam-se”, apela Cláudia Azevedo

Cláudia Azevedo vê eleitores “fartos de politiquices" e pede "políticas de futuro”. Margem de lucro no retalho alimentar volta a cair e preços podem baixar em 2024. Windfall tax contestada na Justiça.

A CEO da Sonae considera que nas eleições de domingo “os portugueses mostraram uma vontade muito grande de que as coisas mudem”. “Pelo número de pessoas que foram votar e pela forma como votaram, há um grito de mudança grande”, sublinhou Cláudia Azevedo.

“É importante, qualquer que seja a solução governativa, que haja estabilidade. É importante que os partidos percebam que as pessoas votaram [assim] porque as políticas aplicadas até hoje não trataram da sua vida. Não há razão para que os partidos não se entendam em causas fundamentais, como a Justiça ou a Educação”, apontou a empresária.

Durante a conferência de apresentação de resultados do grupo em 2023, Cláudia Azevedo interpretou o voto dos portugueses – “as pessoas votaram a dizer isto: estamos fartos de politiquices e queremos políticas de futuro” – e assinalou que, mais do que o cenário de Portugal estar sempre em eleições, preocupa-a “a falta de políticas de futuro para Portugal”.

Cláudia Azevedo, CEO da SonaeRicardo Castelo/ECO

Apontando que “a carga fiscal sobre as pessoas e as empresas é excessiva” em Portugal, particularizou o caso da taxa sobre os lucros extraordinários da distribuição que “ainda faz menos sentido”. A dona do Continente apurou perto de 1,3 milhões de euros a pagar no âmbito da chamada contribuição de solidariedade temporária, mas João Dolores, administrador financeiro, disse que o grupo nortenho “não [reconhece] esse conceito e [vai] naturalmente contestar o pagamento deste montante”.

“Se investimos 600 milhões de euros, é óbvio que vamos ter mais lucros. Taxar o desenvolvimento de empresas portuguesas parece-me que não faz sentido. Pelo contrário. Este ecossistema é muito virtuoso. Devíamos ter mais empresas portuguesas a pagar impostos, um número que é muito baixo. [Esta taxa] não transmite um ambiente saudável porque são as empresas que criam riqueza e emprego. É preciso estabilidade para Portugal crescer e criar riqueza”, resumiu Cláudia Azevedo.

Margem líquida no retalho alimentar voltou a cair

Na ressaca de um ano em que as vendas da Sonae aumentaram 9,2% e o EBITDA cresceu “um bocadinho menos” — 7,2%, para 990 milhões de euros — do que o volume de negócios porque “quase todos os custos aumentaram muito”, Cláudia Azevedo admite que o grupo sentiu “alguma pressão na rentabilidade, mas [tem] orgulho em fazer este crescimento saudável”.

Em 2023, o volume de negócios da Sonae superou os 8,4 mil milhões de euros, impulsionado principalmente pelo “crescimento da MC (dona do Continente) que, perante o “contexto inflacionista desafiante e competitivo”, conseguiu reforçar a sua posição de liderança no mercado português de retalho alimentar.

“O aumento do volume de negócios não vem do nada. Continuámos a investir a níveis altíssimos e fizemos várias aquisições. Se com o crescimento do investimento não aumentássemos o volume de negócios seriamos maus gestores. E não somos”, resumiu Cláudia Azevedo. O investimento progrediu de 634 milhões em 2022 para 665 milhões em 2023, dos quais 515 milhões foram aplicados em Portugal e os restantes 150 milhões nas “novas avenidas de crescimento internacionais”.

João Dolores (CFO), Cláudia Azevedo (CEO) e João Günther Amaral (CDO) durante a apresentação de resultados da Sonae.Ricardo Castelo 13 março, 2024

No caso específico do retalho alimentar, depois de já ter caído de 3% em 2021 para 2,7% em 2022, a margem líquida voltou a baixar para 2,6% no ano passado, adiantou João Dolores, falando numa “contração ligeira” neste indicador e prometendo que a dona do Continente vai continuar a “conter os preços” para manter a liderança na grande distribuição, à frente do Pingo Doce, do Lidl, da Auchan ou da Mercadona.

“O aumento de preços [para os clientes finais] foi menos de metade do aumento de preços que nos chegou dos produtores. Houve um esforço muito grande de contenção de preços, tanto é assim que tivemos uma quebra de rentabilidade no retalho alimentar em 2023. Este é um mercado competitivo, em que tentamos oferecer o melhor preço”, acrescentou o administrador financeiro.

Fazemos um esforço enorme para termos poupanças, mas as coisas chegam-nos mais caras – e o custo da mão-de-obra também aumentou muito. Esperemos que a inflação alimentar baixe em 2024.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Questionada pelos jornalistas sobre o nível de preços praticado nos supermercados portugueses, também Cláudia Azevedo ressalvou que “o aumento de custos não é um acréscimo do nosso lucro” e assinalou que o setor do retalho alimentar em Portugal é “altamente competitivo”, não deixando, por isso, “margem para não haver uma proposta de valor muito boa para os clientes”.

“Fazemos um esforço enorme para termos poupanças, mas as coisas chegam-nos mais caras – e o custo da mão-de-obra também aumentou muito. Em 2024 há uma tendência para os preços baixarem e isso ajuda sempre. (…) Esperemos que a inflação alimentar baixe durante este ano. Mas, como vimos nos últimos anos, há sempre novidades a acontecer”, completou a CEO da Sonae.

Por outro lado, instada a comentar os protestos dos agricultores, que têm subido de tom nos últimos meses, a líder da Sonae assinalou que são “todos elos da mesma cadeia” e assegurou que o Continente tem “uma relação boa e muito saudável” com os produtores de bens alimentares. Um relacionamento que disse não ter sido afetado mesmo depois de, há um ano, as retalhistas terem sido “atacadas pelo Governo, que quis por a culpa toda da inflação” nos supermercados.

Finlandesa Musti vai continuar cotada em bolsa

Apenas dois dias depois ter concluído a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o finlandesa Musti, com o consórcio liderado pela Sonae a assegurar 80,65% do capital da empresa nórdica de produtos para animais de estimação após o prolongamento da oferta, o administrador financeiro indicou esta quarta-feira que o grupo da Maia está “muito satisfeito” com o que atingiu nessa operação, em que o investimento rondou os 700 milhões de euros.

A Sonae vai continuar compradora para chegar aos 90% na Musti e poder retirar a empresa de bolsa? “O objetivo era ter uma posição de controlo na empresa e estar numa situação em que ela pudesse continuar a crescer e a criar valor. Esse objetivo foi alcançado. A empresa vai manter-se cotada em bolsa. No portefólio temos outras cotadas, somos bastante flexíveis; e desde que tenhamos influência e consigamos desafiar os negócios para atingir os objetivos, estamos satisfeitos”, respondeu João Dolores.

João Dolores, CFO da SonaeRicardo Castelo/ECO

A Musti foi o maior investimento da história da Sonae num único ativo. Mas o grupo controlado pela família Azevedo concretizou no último ano várias operações, como a compra da francesa do alimentar Diorren, a parceria do Universo com o Bankinter para operar no crédito ao consumo, o investimento em oito tecnológicas através da Bright Pixel (braço de venture capital do grupo) ou a compra da restante participação na Sierra (imobiliário), que detém agora a 100%.

Portugal continuará a ser a principal geografia e onde continuaremos a investir. Todos os negócios têm as condições certas para vencer isso é inegociável. Não vamos desinvestir em Portugal para investir noutros países.

João Dolores

CFO da Sonae

Neste momento, a Sonae tem em andamento o fecho do acordo para combinar a Druni e a Arenal, que ainda está a ser analisada pela Autoridade da Concorrência em Espanha e que, juntando também a Wells, vai criar o maior grupo de saúde, bem-estar e beleza na Península Ibérica. Mesmo apostado em expandir os negócios a nível internacional, o grupo garante que “Portugal continuará a ser a principal geografia e onde [continuará] a investir. “Todos os negócios têm as condições certas para vencer isso é inegociável. Não vamos desinvestir em Portugal para investir noutros países”, frisou Dolores.

Se for incluído o valor da Nos, que não consolida por completo nas contas do grupo, a Sonae atingiu 1,1 mil milhões de euros de investimento total durante o ano de 2023. E fê-lo, assinalou o CFO, “sem comprometer a solidez financeira”. A Sonae fechou 2023 com uma dívida de 526 milhões de euros (vs. 540 milhões no final de 2022), “um nível de endividamento historicamente baixo que permite olhar para o futuro com bastante ambição e ir concretizando investimentos importantes para potenciar o crescimento do grupo no futuro”.

Reclamando o estatuto de maior empregador privado do país, com 47 mil empregos diretos e 212 mil “impactados” indiretamente, assinalou que essa é “uma enorme responsabilidade” para o grupo, que no ano passado disse ter aumentado a massa salarial em 13%, “bastante acima da inflação”, com os prémios de desempenho a crescerem 10,5% de 2022 para 2023, num valor total de 85 milhões de euros. “É bom ter empresas a crescer porque pagamos mais ao Estado [impostos], aos trabalhadores e aos acionistas”.

Venda da Altice Portugal sem “grande impacto” na Nos

A CEO da Sonae abordou também o processo de venda em curso da Altice Portugal, principal concorrente da Nos, garantindo que não se espera “grande impacto” na operadora de que é acionista. “A Nos tem feito o seu caminho, um caminho bom, com subida de quota de mercado e rentabilidade”, notou.

“A Altice já era um grande player internacional. Estamos habituados, quer no Continente, quer na Worten, a concorrer com grandes players internacionais. Temos um caminho traçado e a venda da Altice não mudará isso”, notou a gestora. Em 2023, o lucro da Nos caiu quase 20%, para 181 milhões, com o dividendo a subir para 35 cêntimos.

O dono da Altice, Patrick Drahi, está a explorar a possível venda à Saudi Telecom, ao grupo Iliad ou a um consórcio de private equity composto pela Warburg Pincus e Zeno Partners, com o envolvimento do ex-banqueiro português António Horta Osório.

Das telecomunicações para o negócio de media, em que o grupo Sonae detém o Público através da Sonaecom, João Günther Amaral, Chief Development Officer (CDO), abordou a greve geral de jornalistas marcada para esta quinta-feira – a primeira em 40 anos -, dizendo que a empresa respeita “totalmente o direito à greve”.

“Por outro lado, entendemos que reflete o enorme desafio que os órgãos de Comunicação Social enfrentam, que é o da reinvenção. Tudo o que está a acontecer ao nível das plataformas digitais e da canibalização dos meios que eram investidos nos jornais e que estão a ser canalizados para os outros lados”, rematou o responsável da empresa.

(Notícia atualizada às 12h49 com mais informação)

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Porto, Matosinhos e Gaia captam investimento estrangeiro em feira do imobiliário de Cannes

Porto, Gaia e Matosinhos querem captar mais investimento estrangeiro na MIMPI, em Cannes. Juntaram-se no projeto Greater Porto para dinamizar a economia e impulsionar a região para um novo patamar.

Desde 2022 que o Greater Porto — estratégia conjunta dos municípios do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia para atrair investimento estrangeiro — já captou mais de 100 milhões de euros em projetos para esta região nortenha. Agora, as três autarquias preparam-se para elevar a fasquia no MIPIM, a maior feira mundial do setor do imobiliário, em Cannes (França) que decorre até esta sexta-feira, mostrando que a região é muito mais do que turismo e quer criar valor acrescentado.

“Começámos no ano passado a monitorizar o impacto e identificámos mais de 100 milhões de euros de captação de investimento, o que é notável para um projeto tão recente”, assinala ao ECO/Local Online o vereador da Economia da câmara do Porto. Ainda assim, acautela Ricardo Valente, “o Greater Porto é um projeto, recente, e o investimento não se traduz de forma imediata”.

Ao todo, contabilizaram-se, em 2023, mais de 3.570 empresas estrangeiras com sucursais e sedeadas no Grande Porto e 5.885 novos empregos na Área Metropolitana do Porto, onde residem cerca de 1,7 milhões de pessoas, de acordo com a brochura de apresentação da Greater Porto.

Começámos no ano passado a monitorizar o impacto e identificámos mais de 100 milhões de euros de captação de investimento, o que é notável para um projeto tão recente.

Ricardo Valente

Vereador das Atividades Económicas, Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal do Porto

Numa altura em que o contexto internacional não é o mais favorável assolado por causa da crise económica e política, com cenários de guerra, as três câmaras não baixam os braços e piscam o olho a potenciais investidores. Pretendem posicionar a região a uma escala mundial como sendo empreendedora, capaz de captar investimento e capital estrangeiro, para conseguir competir com as grandes cidades europeias.

“Estamos a viver momentos complexos e temos obrigatoriamente de estar presentes e marcar uma presença impactante”, afirma, por sua vez, a vereadora do Turismo e Atividades Económicas da câmara de Matosinhos, Marta Pontes. Aliás, sublinha, “este contexto adverso impele-nos a agir mais, a encontrar alternativas e abrir canais que tradicionalmente não teríamos e poder, assim, transformar o futuro e aumentar a exposição a outros mercados que tradicionalmente não nos procuram”. Ou até mesmo, completa a vereadora da autarquia liderada pela socialista Luísa Salgueiros, “reforçar mercados que hoje conquistámos, mas que têm ainda enorme margem de crescimento”.

Os três municípios querem, assim, trazer para casa um potencial investimento de milhares de euros em áreas tão diversas, como a “habitação, indústria e serviços, saúde, educação, mobilidade, escritórios, logística, hotelaria, Smart living (co-living e co-working). No fundo, todo o tipo de investimentos que acrescentem valor e impacto positivo às cidades”, afirma, por seu turno, o vereador Ricardo Valente.

Estamos a viver momentos complexos e temos obrigatoriamente de estar presentes e marcar uma presença impactante.

Marta Pontes

Vereadora das Atividades Económicas das Câmara Municipal de Matosinhos

Até esta sexta-feira as três autarquias abrem uma janela para o que de melhor têm e esperam trazer mais investimento para casa da MIPIM, no Palais des Festivals, em Cannes. Mas esta iniciativa conjunta para captar investimento não se cinge apenas às câmaras municipais, uma vez que se fazem acompanhar de 15 empresas, entre elas a Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, Grupo Castro, Cilviria, Lionesa Business Hub, IDS Grupo, Geo Investimentos, VPM Real Estate e Garcia – Garcia.

“As empresas que estão connosco são absolutamente fundamentais para escalar o impacto de investimento no nosso território”, frisa, por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da Gaiurb, E.M, António Miguel Castro.

Cada município acena com os trunfos que tem. “Temos um território bastante atrativo, com recursos endógenos que nos diferenciam. Apostar no MIPIM traduz esta vontade de marcar um futuro com mais e melhores oportunidades, colocando no mapa as nossas três cidades, e competindo com cidades e regiões que, hoje em dia, são prósperas e consolidaram há muitos anos este caminho de atração de investimento”, salienta, por sua vez, a vereadora do Turismo e Atividades Económicas da câmara de Matosinhos.

As empresas que estão connosco são absolutamente fundamentais para escalar o impacto de investimento no nosso território.

António Miguel Castro

Presidente do Conselho de Administração da Gaiurb, E.M

Na realidade, os três municípios querem passar a mensagem para o mercado internacional de que este é “um território feliz, bom para se viver e sustentável, ao mesmo tempo que é economicamente viável e atrativo”. Aliás, a sustentabilidade é o mote para uma conferência esta quinta-feira que conta com a participação dos municípios.

Cada uma destas localidades tem características próprias que, juntando sinergias, constituem um todo de atratividade e competitividade. Como é o caso do Porto que recebeu esta terça-feira, na ferira, a distinção de cidade e região europeia do futuro pela revista do Financial Times.

Matosinhos e a economia do mar

MatosinhosHugo Amaral/ECO

É em Matosinhos que está localizado o Terminal de Cruzeiros de Leixões, sendo a principal porta de entrada marítima da região, contribuindo com 6% para o PIB nacional e atraindo milhares de turistas anualmente. A cidade ocupa o quinto lugar em Portugal em volume de negócios e foi o primeiro município do país a oferecer cobertura total 5G e a acolher a primeira zona tecnológica livre de Portugal, com o maior maior espaço para eventos e cimeiras do país.

Matosinhos é especialmente interessante para empresas ligadas à economia do mar, energias renováveis, mobilidade, empresas exportadoras e outras relacionadas com as novas tecnologias.

Porto, “íman de investimento”

PortoLusa

“Principalmente devido à qualidade de vida, estabilidade social, infraestruturas, competências laborais e custos reduzidos que se encontram nesta cidade, 66% dos investidores estrangeiros esperam aumentar o ritmo de novos investimentos”, refere a brochura de apresentação do projeto Greater Porto. Neste documento, são citadas “as inúmeras oportunidades de negócio que se encontram nesta cidade em expansão, como a transformação das zonas empresariais da Justino Teixeira e do Freixo, o novíssimo Terminal Intermodal de Campanhã e a reconversão e exploração e funcionamento do antigo Matadouro Industrial num Museu e Centro de Negócios”. Esta última empreitada a cargo da Mota-Engil.

O Porto é considerado um “motor de mudança e um íman de investimento em toda a região, através de um ecossistema empresarial interligado, um hotspot turístico em constante crescimento”.

Vila Nova Gaia e as caves de vinho

Vila Nova de GaiaWikimedia Commons

Situada do outro lado da Ponte Luís, surge Vila Nova de Gaia, “a terceira cidade mais populosa de Portugal”, conhecida pelas mais famosas caves de Vinho do Porto.

“Nos últimos anos, Gaia reforçou o seu o seu compromisso com o futuro, através da implementação de uma estratégia de sustentabilidade, focada na melhoria da qualidade de vida e num um crescimento económico estruturado para residentes, turistas e investidores, residentes, turistas e investidores”, informa o mesmo documento.

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PS, PCP, Livre e PAN aceitaram desafio de Mortágua para reunir e analisar resultados eleitorais

  • Lusa e ECO
  • 13 Março 2024

Mortágua considera que, “no atual contexto, devem ser mantidas abertas as portas do diálogo e procurar a máxima convergência na defesa do que é essencial”. Pediu reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN.

O PS, o PCP, o Livre e o PAN aceitaram o desafio de Mariana Mortágua para fazer reuniões com forças de esquerda para debater convergências na oposição ao futuro Governo.

O PS está naturalmente disponível para receber o Bloco de Esquerda”, afirmou à agência Lusa fonte oficial da direção dos socialistas. “O PCP foi convidado para uma reunião na qual naturalmente participaremos“, disse Paulo Raimundo esta quarta-feira em conferência de imprensa, sublinhando que o próprio partido está a fazer uma análise dos resultados. Da parte do Livre, fonte oficial confirmou à Lusa que o partido recebeu o convite do BE e também já o aceitou. E o PAN também disse estar disponível para estas reuniões, como avançou o Público.

O BE pediu na terça-feira reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para analisar os resultados das eleições que “mudaram a face política do país” e debater convergências “na oposição ao Governo da direita” e na construção de uma alternativa.

Através de um vídeo que foi divulgado nas redes sociais do partido, a líder do BE, Mariana Mortágua, considerou que, “no atual contexto, devem ser mantidas abertas as portas do diálogo e procurar a máxima convergência na defesa do que é essencial”.

“As eleições de domingo mudaram a face política do país. Os resultados da AD e a subida da extrema-direita colocam Portugal sob o risco de um retrocesso e uma ameaça aos direitos sociais”, referiu Mariana Mortágua.

Segundo a coordenadora do bloquista, com estas reuniões pedidas ao PS, PCP, Livre e PAN, o BE quer “analisar o resultado das eleições” e “debater os elementos de convergência, não só na oposição ao governo da direita mas na construção de uma alternativa”.

“Os partidos do campo democrático, os partidos ecologistas, os partidos da esquerda têm obrigação de manter abertas as portas do diálogo e de procurar convergências”, referiu.

Mortágua deixou claro que não desiste do que é essencial. “Não abdicamos da memória, do futuro, nem do Estado social, nem do objetivo da igualdade. Queremos garantir que, juntos e juntas, faremos este ano as maiores manifestações da comemoração do 25 de abril”, disse ainda.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.

(Notícia atualizada às 11h16 com as declarações do PCP)

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A inovação energética como trunfo para reforçar a competitividade

  • ECO
  • 13 Março 2024

Afonso Arnaldo, da Deloitte, João Marques Mendes, da PLMJ, e Pedro Alves, da Helexia, discutiram as vantagens da transição energética para o tecido empresarial.

A inovação energética e a competitividade setorial foram o mote da talk, organizada pelo ECO e pela Helexia, em parceria com a Deloitte e a PLMJ, que reuniu especialistas de áreas cruciais para a transição energética no lançamento de um conjunto de think tanks sobr-e estes temas

Para expor os desafios desta caminhada rumo a um modelo empresarial mais sustentável e descarbonizado, esta talk, moderada por André Veríssimo, subdiretor do ECO, contou com a presença de Afonso Arnaldo, partner da Deloitte, João Marques Mendes, partner da PLMJ, e Pedro Alves, Sales Director Portugal da Helexia.

O âmbito principal deste projeto é as empresas compreenderem o potencial da geração de energia descentralizada. É possível, hoje, para a grande maioria das empresas, gerarem grande parte da sua energia de forma descentralizada, para autoconsumo, principalmente através de energia fotovoltaica. E o que nos move neste projeto é a possibilidade de poupança, é uma maneira de ter parte dos custos previsíveis, de conseguir uma descarbonização, e de tirar CO2 da equação de uma forma económica“, começou por dizer Pedro Alves.

O responsável da Helexia acrescentou, ainda, que, para esta iniciativa, o foco da empresa está, principalmente, em quatro setores, nomeadamente o retalho, o agroalimentar, o turismo e a indústria cerâmica, e justificou esta escolha por serem “setores onde a Helexia já tem experiência anterior, não só na geração descentralizada, mas também no apoio à eficiência energética”, bem como pelo facto de serem “setores que têm um potencial exportador relevante”.

São setores onde a energia pode ser um fator de competitividade porque têm uma área relevante onde se pode instalar uma central, têm um tipo de necessidade energética para a qual a tecnologia atual pode fornecer uma solução de eletrificação, em vez de queimar gás natural, por exemplo, o que lhes permite reduzir o CO2. Portanto, há um conjunto de factos que tornam estes setores os quatro mais interessantes por onde queremos começar“, afirmou.

Por sua vez, o papel da Deloitte e da PLMJ neste projeto passa muito por uma “dupla responsabilidade”, que se prende com a responsabilidade enquanto empresas que têm de ter o seu papel no tema da sustentabilidade e da descarbonização, mas também com a responsabilidade de serem influenciadoras no mercado, já que trabalham estes temas com os seus clientes.

“Do ponto de vista daquilo que são os nossos objetivos enquanto humanidade e enquanto país na área da descarbonização, acho que os devemos trabalhar em conjunto. Portanto, essa partilha daquilo que é a nossa experiência, quer com a produção de estudos, que vamos produzindo a nível global ou a nível nacional, quer a partilha da experiência adquirida desta mesma interação, colocá-la em iniciativas como esta, que são iniciativas muito louváveis ao serviço da comunidade, é algo que para nós é importante”, disse Afonso Arnaldo.

A mesma opinião foi partilhada por João Marques Mendes, que garantiu: “Nós somos uma sociedade de advogados que assegura que os interesses dos clientes são alcançados num domínio transformador como aquele em que vivemos, de transformação energética e climática, e, depois, fruto do conhecimento que adquirimos, também temos um papel, ao nível de divulgação de conhecimento, que fazemos e que é um contributo para conseguirmos todos juntos alcançar este desiderato comum, que é conseguirmos uma sociedade mais descarbonizada”.

“Aquilo que nós pretendemos prestar aqui ao projeto passa pela consideração da regulação como um fator desbloqueador e não como um fator bloqueador da transformação que vamos viver. Aquilo que está a acontecer na Europa e em Portugal é uma transformação transversal de todas as áreas que dizem respeito à energia e, numa forma mais ampla, ao clima. Não há praticamente uma peça que não esteja em movimento e esta permanente mutação coloca desafios de perceção daquilo que está a ser feito”, aponta o partner da PLMJ

“A dificuldade também está no facto de a estratégia ser definida a um nível acima do nosso porque, neste momento, estas políticas são definidas ao nível europeu e a relação nem sempre é pensada para as especificidades da realidade local. Há um desafio nesta adaptação e nesta implementação e nós sentimos, por exemplo, no caso do autoconsumo, que é uma vertente fundamental para a descarbonização dos consumos elétricos e energéticos em geral das empresas, que há ainda limitações da regulação, que têm de ser debeladas e cuja receita não é fácil de encontrar. Foi este o desafio que aceitamos e que vamos tentar ajudar a chegar a bom porto”, acrescentou João Marques Mendes.

Quais os principais desafios na transição energética?

A literacia energética é um objetivo a alcançar já que, segundo Pedro Alves, tem sido o grande desafio na inovação: “Eu diria que todos os gestores em Portugal sabem o que é 1kWh, mas não é disso que estamos a falar. Estamos a falar de conhecer soluções que permitem descarbonizar de forma descentralizada. Enquanto nos setores de retalho ou no setor do turismo, grande parte da descarbonização virá à custa de descarbonizar a geração centralizada ou da rede elétrica nacional ou, até, da mobilidade elétrica, no caso da indústria, que é responsável por cerca de 30% das emissões de CO2 na Europa, há um conjunto de processos que já podem ser hoje eletrificados“.

Com a tecnologia que temos disponível hoje, em 2024, é possível eletrificar mais de 3/4 dos consumos de calor industrial ou 3/4 da descarbonização. Portanto, é possível retirar 3/4 do CO2 emitido, eletrificando os consumos de calor industrial. E um dos objetivos dos think tanks e da forma como eles estão construídos é trazer à mesa pessoas que saibam falar sobre estes temas, que vêm falar de soluções e de como é possível descarbonizar o consumo”, disse.

Afonso Arnaldo, da Deloitte, também reforçou que a iliteracia energética está presente em muitas empresas e fundamentou a sua opinião com os dados do último estudo que a Deloitte fez, a nível global, sobre a sensibilidade entre o C-Level das grandes empresas para estes temas da sustentabilidade: “Ainda não estamos lá. Estamos numa fase em que uma percentagem muito grande (80%) já admite que sentiu e sente o impacto negativo das alterações climáticas. Mas quando perguntamos se vê benefícios diretos e imediatos de se fazer a transição e de se investir na descarbonização, a percentagem diminui. Ou seja, ainda não existe uma perceção imediata de fazer essa mesma descarbonização. É um bocadinho um sentimento quase que egoísta, à espera que o outro faça”.

“Mas temos ainda outro estudo, o Turning Point, que realizamos há cerca de um ano, e que comprova que uma visão de curto prazo seria uma visão perdedora. Trata-se de uma análise prospetiva a 2070. A prospeção que faz é que se conseguirmos descarbonizar a ponto de não ultrapassar os 2° (porque o 1,5° já se dá cientificamente como uma inevitabilidade), vamos ter um ganho de 43 biliões a nível do PIB mundial. Se deixarmos ultrapassar os 2°, vamos ter um prejuízo de 178 biliões acumulados até 2070. A médio e longo prazo, um investimento em descarbonização faz, de um ponto de vista económico, todo o sentido”, continuou.

No entanto, para isso, o responsável da Deloitte explica que o “primeiro desafio é o convencimento dos gestores de que este é o caminho”: “Depois vem a parte da regulação, que virá ajudar e que incute determinados comportamentos. Adicionalmente, a compreensão da existência de energias alternativas e de como se pode recorrer às mesmas para poder fazer esse caminho, mas também da própria eficiência energética porque, muitas vezes, também não é necessário fazer uma alteração radical da energia. Pode-se, antes, ser muito mais eficiente em muitas situações e isso é também algo que deve ser trabalhado. Portanto, são vários os desafios que são colocados e que devem ser utilizados de um ponto de vista estratégico daquilo que são as operações de qualquer empresa“.

Regulação pode ser o acelerador da inovação

“A transição energética e climática exige muito investimento, não apenas de produção de energia descentralizada ou mais remota, mas também ao nível de redes, em hardware e em software. E, muitas vezes, nas redes de baixa tensão, que são aquelas redes tradicionalmente mais esquecidas. E são custos que, a não ser que sejam comparticipados pelo Estado ou pelo fundo ambiental, tipicamente passam para os consumidores. Portanto, nada se faz sem investimento. No curto prazo, sai mais caro do que a solução alternativa, mas no médio longo prazo é decisivo para a sustentabilidade dos negócios e das empresas“, referiu João Marques Mendes, da PLMJ.

O partner da PLMJ afirmou, por isso, que “a regulação precisa de ser implementada”, mas, a par disso, “também vão ter de ser criados mecanismos impulsionadores e facilitadores do investimento e, desde logo, colocava aqui um tema que é decisivo: a geração descentralizada não será eficiente se eu não conseguir de forma eficaz partilhar a minha energia excedente. No geral, as redes não estão preparadas para isso. Estão a ser preparadas, mas hoje ainda sentimos muitos projetos com dificuldades em fazer isto”.

“Hoje, uma indústria que tem até determinada potência instalada não paga pelas emissões de CO2, portanto pode utilizar um gás que polui e não paga pelas emissões porque é a regulamentação em toda a Europa. Contudo, naturalmente, as empresas muito grandes pagam por essas emissões. Portanto, se este nível até ao qual não se pagam emissões baixar e, provavelmente, vai haver um movimento nesse sentido, estas empresas vão ter um incentivo“, explicou Pedro Alves.

Nesse sentido, Afonso Arnaldo garantiu que a regulação pode, ainda, ter um efeito dominó em vários setores: “Nós estamos numa fase em que, cada vez mais, por via da regulação, temos que comunicar ao mercado a pegada ecológica e vamos ter mais empresas a serem obrigadas a caminhar para a transformação e a descarbonizar por força de fornecerem a grandes empresas que têm de fazer essa comunicação“.

“Isto é um grande desafio, mas, ao mesmo tempo, é uma oportunidade. É, talvez, a principal oportunidade de se conseguir uma descarbonização de todo um conjunto de pequenos produtores, pequenos fabricantes, que, sozinhos, nunca conseguiriam fazer esse caminho, mas aqui têm, claramente, um incentivo para o fazer, que será dado pela necessidade das empresas que estão a jusante, que já têm maior dimensão, e têm de assegurar esta descarbonização ao longo de toda a sua cadeia de valor”, concluiu João Marques Mendes.

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