Fundação Jiménez Díaz converte-se no primeiro hospital “Carbono Neutro” em Espanha

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2024

Compensou toda a sua pegada de carbono de 2023 reflorestando duas grandes áreas de mata desmatada em Quireza e Vilar, com a ajuda da CO2 Revolution.

A Fundação Jiménez Díaz se tornou o primeiro hospital de alta complexidade “Carbono Neutro” da Espanha ao compensar 100% da sua pegada de carbono em 2023.

Para isso, contou com a empresa CO2 Revolution, certificada pelo Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico do Governo da Espanha, que verificou as emissões de gases de efeito estufa liberadas na atmosfera pelo centro madrilenho de alta complexidade durante o desenvolvimento das suas atividades produtivas. Em seguida, o hospital procedeu à compensação dessas emissões por meio do reflorestamento de duas grandes áreas desmatadas em Quireza e Vilar, no município de Cerdedo-Cotobade, em Pontevedra.

 

Como destaca o Dr. Javier Arcos, gerente e diretor médico do Hospital Universitário Fundação Jiménez Díaz, “tornar-se ‘Carbono Neutro’ em 2023, compensando a totalidade de nossas emissões ao mesmo tempo em que promovemos a conservação da natureza e melhoramos a biodiversidade, é mais um passo que ratifica nosso compromisso com a sociedade e com o planeta”. “Tudo isso sem abrir mão dos nossos elevados padrões de qualidade assistencial, pelo contrário, ampliando-os no campo da responsabilidade ambiental. Porque na Fundação Jiménez Díaz entendemos que cuidar do meio ambiente é cuidar das pessoas”, acrescenta.

Para determinar a pegada de carbono do hospital, foi necessário calcular as emissões diretas e indiretas geradas por cada departamento, estimando um volume de 9.518 toneladas anuais de CO2 equivalente (CO2e); um cálculo feito pela CO2 Revolution. Uma vez verificado esse número, levando em consideração a capacidade das árvores de capturar CO2 da atmosfera, o reflorestamento foi realizado na província de Pontevedra, para que essas áreas recuperem sua capacidade de agir como sumidouros de carbono e contribuam diretamente para a mitigação das mudanças climáticas.

A primeira área de atuação fica na região de Quireza, no município de Cerdedo-Cotobade. Trata-se de uma área incendiada que perdeu sua cobertura florestal arbórea e onde não ocorreu naturalmente a regeneração das árvores. A intervenção consistiu na restauração da floresta nativa para devolvê-la ao seu estado original. A área reflorestada abrange cerca de 16,6 hectares, predominantemente com coníferas (em combinação com outras espécies).

A segunda intervenção concentrou-se na área natural de Vilar, no mesmo município, e consistiu no reflorestamento de uma área desmatada, combinada com pastagens arbustivas e áreas de vegetação rasteira, onde foi criada uma brilhante floresta atlântica de 26,8 hectares composta por cedros, bétulas, salgueiros e outras espécies adaptadas ao terreno, todas autóctones. Em ambas as ações, foram utilizadas plantas florestais certificadas e com passaporte biossanitário.

Este novo marco se soma ao compromisso ambiental da Fundação Jiménez Díaz que, desde 2021, desenvolve o programa MAS+ (Meio Ambiente e Saúde), um ambicioso plano de ação transversal que assume a responsabilidade de reduzir suas emissões por meio de diferentes ações, que vão desde a promoção de práticas médicas mais sustentáveis até a promoção do transporte sustentável. “Estamos implementando uma gestão ambientalmente responsável de resíduos, com base na redução, reciclagem e reutilização de diferentes materiais. Conseguimos melhorar a eficiência energética dos nossos equipamentos e mantemos nosso firme compromisso com pesquisa, digitalização e inovação em assistência médica”, detalha o Dr. Arcos.

A título de exemplo, o hospital conseguiu reduzir o consumo de papel em 16,4% em apenas dois anos, aumentou em 17% as consultas não presenciais e aumentou significativamente as reuniões por videoconferência.

Além disso, foram instalados estacionamentos para bicicletas e pontos de recarga para carros elétricos nas dependências, e os sistemas de coleta seletiva de resíduos farmacêuticos foram ampliados em todas as áreas, visando a revalorização dos diferentes materiais de embalagem e garantindo a correta inutilização dos compostos químicos perigosos para o meio ambiente.

Em relação às ações do hospital, conseguiram reduzir em 13,5% a pegada de carbono associada ao consumo hospitalar de inaladores de uso crónico. O óxido nitroso (um dos principais GEE) foi eliminado e o consumo de desflurano foi reduzido. Atualmente, estão sendo desenvolvidas técnicas para capturar, eliminar e reciclar os gases anestésicos.

Por fim, nos últimos anos, ocorreu a substituição programada dos sistemas de climatização por outros mais eficientes, houve consolidação das produções de refrigeração para reduzir o consumo de energia e a tecnologia LED foi adotada em 100% dos pontos de iluminação, tanto internos quanto externos. Graças a essas medidas, foi possível evitar a emissão de dez toneladas de GEE, o que equivale a uma redução de 14,07% do total anual.

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Hoje nas notícias: Espiões, bolsas e megaprocessos

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Não foi só a PJ: os funcionários das Secretas também tiveram aumentos salariais e valorização da carreira. A sondagem da Católica divulgada esta semana, que coloca a AD ligeiramente à frente do PS, também concluiu que mais portugueses defendem um Governo da coligação apoiado por outros partidos à direita como a melhor solução para o país. Conheça alguns dos temas em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Espiões também foram aumentados à semelhança da PJ

Não foi só a PJ que teve aumentos. Também os espiões portugueses registaram, além de um aumento salarial, uma subida do suplemento e com efeitos retroativos a janeiro de 2023, embora o valor seja reservado. Além de alterar as carreiras dos agentes das Secretas, o aval dado ao regime das carreiras especiais dos trabalhadores do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) permitiu àqueles que estão nos cargos mais inferiores subir uma posição, o que lhes terá aumentado o ordenado em mais de 15%. Já nos cargos superiores, como diretores, os aumentos terão sido maiores. O diploma também lhes subiu o “ónus específico”, um suplemento que é semelhante ao da Judiciária.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

17 entidades públicas notificadas para integrarem falsos recibos verdes

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) notificou 17 entidades públicas para regularizarem o vínculo de 188 trabalhadores independentes que lhes prestaram mais de 80% da sua atividade, segundo dados solicitados ao Ministério do Trabalho (MTSSS). No entanto, estas notificações da ACT só abrangem uma pequena parte dos organismos públicos, sendo que não existem dados detalhados de quantos trabalhadores independentes economicamente dependentes existem no Estado. No início deste mês, foi noticiado que quase dez mil empresas foram notificadas pela autoridade por terem falsos recibos verdes ao seu serviço.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Maioria prefere Governo da AD apoiado por partidos à direita

A sondagem da Católica para a RTP, Antena 1 e Público divulgada esta semana, que coloca a AD ligeiramente à frente do PS, também concluiu que a maioria dos inquiridos acredita que um Governo apoiado pela coligação e outros partidos à direita seria o melhor para o país após as eleições de 10 de março. Dos 1.192 inquiridos, 31% disseram preferir essa solução, com 16% a quererem o apoio do Chega e 14% da Iniciativa Liberal. Em contrapartida, 23% prefeririam um Governo apoiado pelo PS e pelos partidos à esquerda, com o Bloco a ser o mais referido (19%), seguido da CDU (12%), do Livre (6%) e do PAN (4%).

Leia a notícia completa na RTP (acesso livre) e no Público (acesso pago).

Lucília Gago trava ida de procuradores a conferência sobre megaprocessos

A Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, impediu vários procuradores de participarem numa conferência dedicada à discussão de megaprocessos. Procuradores de megaprocessos que foram bastante mediáticos, como Rosário Teixeira, que liderou a investigação a José Sócrates, ou Ana Carla Almeida, que coordenou o caso da compra das golas antifumo, tinham presença confirmada no evento, pelo que o programa da conferência teve de ser alterado.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Bolsas de mérito no Superior pagas com três anos de atraso

As bolsas de mérito no Ensino Superior estão a ser pagas com três anos de atraso, havendo estudantes que as recebem “quando já estão a trabalhar”, garante o presidente da Federação Académica do Porto. O Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior justifica o atraso nos pagamentos destas bolsas – que premeiam alunos com média superior a 16 em cada ano – com a ausência de resposta de estudantes e instituições. Em 2023 foram pagas 802 das 822 bolsas de mérito atribuídas no ano letivo 2020/2021

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

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Mar Vermelho, Júpiter ou Galápagos: a vida em respiradouros hidrotermais

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2024

Nas profundezas oceânicas, os respiradouros hidrotermais são fontes termais criadas por vulcões submarinos localizados nas bordas das placas tectônicas.

A liberação de fluidos quentes aquecidos pelo magma resulta em uma abundância de comunidades muito particulares de organismos que se alimentam das substâncias químicas dissolvidas nesses fluidos. Um exemplo disso são aqueles localizados nas ilhas Galápagos, no Equador, ou Europa, a sexta lua de Júpiter, ou no Mar Vermelho, na Arábia Saudita, onde essas comunidades microbianas lançam luz sobre as origens e adaptações da vida nas profundezas do mar.

Os respiradouros hidrotermais só podem ocorrer em locais vulcanicamente ativos e, embora nos últimos anos os cientistas tenham descoberto centenas deles em todo o mundo, recentemente encontraram evidências de que também pode haver respiradouros hidrotermais alcalinos semelhantes nas luas geladas de Júpiter.

Assim, esta descoberta foi realizada por cientistas da University College de Londres (UCL) graças a um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution, no qual também afirmam, entre outras coisas, que a origem da vida pode ter ocorrido em respiradouros hidrotermais de águas profundas em vez de lagoas rasas.

FALHA DE GALÁPAGOS

Esse é o caso dos respiradouros localizados ao longo das costas das ilhas Galápagos, descobertos em 1977 por pesquisadores do Woods Hole Oceanographic Institute (WHOI), dos Estados Unidos, que representaram uma verdadeira revolução no pensamento científico sobre como e onde poderia existir vida. A exploração das fontes hidrotermais na Falha de Galápagos levou, portanto, ao estudo de criaturas novas e fascinantes.

Hoje em dia, ao redor dessas fontes, vivem comunidades de animais, alguns desconhecidos até então, como vermes tubulares, amêijoas gigantes e caranguejos brancos, que se alimentam de bactérias dos compostos sulfurosos da água expelida pelas aberturas.

EUROPA, A LUA DE JÚPITER

Na procura por vida no universo, apenas uma certeza existe hoje em dia: ela existe de forma complexa e até mesmo inteligente, unicamente no planeta Terra. Apesar dessa afirmação, a NASA confirmou que Europa, a sexta lua de Júpiter, possui um enorme oceano subsuperficial onde ocorre atividade manifestada de forma intermitente na forma de fumarolas hidrotermais.

Esse fato oferece aos pesquisadores a oportunidade de encontrar sinais de vida nessa superfície sem ter que perfurar o gelo, tornando Europa o principal candidato do Sistema Solar para abrigar vida fora de nosso planeta.

HATIBA MONS

Por outro lado, cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah descobriram recentemente a existência de campos de respiradouros hidrotermais ativos no Mar Vermelho, na Arábia Saudita. Essa nova descoberta permite o estudo dos recursos biológicos e minerais das profundezas desse mar, bem como dos processos evolutivos da vida em ambientes extremos. Essa descoberta identificou 45 campos de respiradouros em Hatiba Mons, dos quais 14 estão ventilando ativamente, diferenciando-os de outros campos de ventilação ao redor do mundo.

Além disso, o Mar Vermelho também abriga mais de 90 ilhas virgens, praias impressionantes e uma variedade de maravilhas naturais, incluindo vulcões inativos, dunas do deserto e desfiladeiros de montanha, bem como a quarta maior barreira de corais do mundo. Por esse motivo, um dos objetivos da Visão 2030 da Arábia Saudita é transformar o Mar Vermelho em um destino pioneiro de turismo regenerativo de luxo, onde se pode descobrir tesouros naturais impressionantes e oferecer experiências emocionantes.

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Conforama Iberia nomeia Manuel Estévez como CEO

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2024

Esta nova fase tem o apoio da XXXLutz, o segundo maior grupo de equipamentos para o lar na Europa e atual proprietário.

A Conforama Iberia nomeou Manuel Estévez como CEO, executivo com uma ampla e sólida experiência no setor de varejo e consumo em massa, para liderar a nova fase da empresa.

Essa nomeação ocorre após a aquisição da Conforama Iberia por uma empresa afiliada ao grupo XXXLutz e sua incorporação ao grupo de compras Giga Internacional. Fundado em 1947, o grupo XXXLutz expandiu-se ao longo dos anos. Atualmente, as empresas que fazem parte do Giga gerenciam uma rede de mais de 900 lojas de móveis em 17 países, empregando mais de 25.000 pessoas e gerando mais de 13 bilhões de euros em receita, tornando-se líder mundial no setor. Após 77 anos de existência, o grupo ainda é de propriedade da família dos seus fundadores.

O novo CEO, Manuel Estévez, que substitui David Almeida, já esteve ligado à empresa de 2008 a 2020, primeiro como diretor-geral da Conforama Iberia até ser nomeado CEO da Conforama Itália em 2016. Neste período, Estévez impulsionou uma mudança significativa no conceito de loja e retomou a expansão da empresa. Formado em Economia pela Universidade de Barcelona, ele desenvolveu sua carreira em empresas de referência na Península Ibérica e na Europa, como Carrefour, Alcampo, Grupo Adeo e recentemente Feu Vert.

Manuel Estévez assume o novo cargo na Conforama Iberia “com o desafio de continuar fortalecendo a expansão e crescimento da empresa na Península Ibérica e reforçar sua posição como um dos líderes em móveis e decoração no mercado”, onde possui mais de 30 anos de presença e uma rede de 58 estabelecimentos (45 na Espanha e 13 em Portugal), empregando mais de 2.300 pessoas.

A Conforama Iberia enfatiza que valoriza e agradece a contribuição de David Almeida, que iniciou sua carreira no grupo em 1999 e agora está embarcando em novos desafios profissionais. Desde 2016, ele liderou a Conforama Iberia como CEO, implementando a estratégia de expansão com a abertura de novas lojas e a implementação da estratégia de digitalização da empresa.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 7 de fevereiro

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2024

Ao longo desta quarta-feira, 7 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Galp e norte-americanos fazem parceria para instalar baterias solares em Alcoutim

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2024

Petrolífera fechou uma parceira com a Powin para instalar um sistema de armazenamento de energia, através de baterias de grande escala, numa das suas centrais fotovoltaicas, em Alcoutim, no Algarve.

A Galp GALP 1,75% fechou uma parceira com a norte-americana Powin para instalar um sistema de armazenamento de energia, através de baterias de grande escala, numa das suas centrais fotovoltaicas, em Alcoutim, no Algarve.

“Este sistema de baterias de 5MW/20MWh [megawatts hora] é o primeiro passo da Galp na hibridização do seu portefólio de produção de energia solar — um dos maiores da Península Ibérica, com quase 1,5 GW [gigawatt] em operação”, segundo um comunicado conjunto, que não revela os montantes investidos.

As baterias permitirão “à Galp armazenar a energia solar limpa gerada em períodos de elevada produção e utilizá-la em períodos de maior procura, maximizando o valor da energia”.

Alcoutim “é o projeto inaugural da Powin na Europa, um mercado de grande crescimento para as soluções de armazenamento de energia através de baterias”.

“À medida que a Galp aumenta a sua capacidade de produção de energia renovável, com o objetivo de transformar a sua base industrial para produzir combustíveis verdes e vender energia renovável aos seus clientes, as soluções de armazenamento são fundamentais para garantir um fornecimento constante de eletrões aos nossos negócios”, afirmou Georgios Papadimitriou, vice-presidente executivo da Galp, responsável pelas Renováveis, Novos Negócios e Inovação, citado na mesma nota.

“As baterias também contribuem para a competitividade da nossa carteira de energias renováveis, disponibilizando a energia solar e eólica quando são mais necessárias”, acrescentou.

“Este projeto com a Galp é maior do que o seu impacto em MW — é o início de uma nova parceria e é o primeiro projeto da Powin na Europa após a abertura do nosso escritório em Madrid”, disse, por sua vez, o presidente executivo da Powin, Jeff Waters.

“Espera-se que a Europa implemente mais de 90 GWh de projetos de armazenamento de energia através de baterias de grande escala até 2030, e estamos bem posicionados para apoiar esta procura e acompanhar o rápido crescimento do armazenamento de energia na região mais vasta da Europa, Médio Oriente e África,” afirmou.

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García Tabernero (Naturgy): “É fundamental uma regulamentação estável que torne o nosso país mais atraente para investimentos em comparação com nossos concorrentes”

  • Servimedia
  • 7 Fevereiro 2024

Esta semana ocorreu em Barcelona o XI Simpósio Empresarial Internacional Funseam.

O vice-presidente do Club Español de la Energía e diretor geral de comunicação e relações institucionais da Naturgy, Jordi García Tabernero, afirmou que “é fundamental que a Espanha tenha uma regulamentação estável e previsível que proporcione segurança e torne o nosso país num local mais atraente para investimentos em relação aos nossos concorrentes”.

Ele disse isso no XI Simpósio Empresarial Internacional Funseam, que ocorreu esta semana em Barcelona com o lema ‘Estratégia de emissões líquidas zero, por uma indústria sustentável’. O evento, inaugurado pela vice-presidente terceira do governo e ministra para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico, Teresa Ribera, contou com numerosos especialistas e especialistas no setor energético.

García Tabernero destacou que a atualização do Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNIEC) tem sido muito importante, que deve ser concluído em junho de 2024 e que “agora é necessário facilitar as condições de contorno para concretizar os 294.000 milhões de euros necessários até 2030 pelo plano, dos quais 85% serão investimentos privados realizados pelas empresas; ou seja, 250.000 milhões de euros”.

Além disso, o vice-presidente do Club Español de la Energía afirmou que “os grandes desafios que o binómio indústria-energia enfrenta são a descarbonização e a competitividade da indústria existente, o desenvolvimento de uma nova indústria energética e a energia como fator de localização industrial”.

A redução de emissões está no centro de todas as empresas e das políticas nacionais e internacionais e, para isso, é necessário, na sua opinião, incorporar novos vetores energéticos e, em muitos casos, redesenhar os processos industriais atuais.

“Vários dos Projetos de Energia lançados pelo governo da Espanha vão nessa direção”, observou, e também são uma oportunidade para atrair uma nova indústria para o nosso país através de uma energia mais competitiva. “Uma oportunidade que, sem dúvida, não devemos perder”, destacou.

A nível internacional, o executivo da Naturgy lembrou que o ano de 2022 “encerrou com um impacto sem precedentes nos preços energéticos, nas cadeias de abastecimento, na inflação e com uma grande preocupação com as questões relacionadas com a segurança do abastecimento. A crise foi consequência direta do aumento económico pós-Covid e do impacto da guerra na Ucrânia, e afetou principalmente a Europa, que é muito dependente energeticamente da Rússia”.

García Tabernero assegurou que, “apesar do pessimismo, vimos ao longo dos últimos 12 meses como o preço da energia se estabilizou, o funcionamento das cadeias de abastecimento se normalizou e não ocorreram interrupções no fornecimento de energia. Por outro lado, a inflação foi controlada e evitou-se uma recessão generalizada”.

Outro ponto favorável é que a transição energética acelerou, principalmente na Europa, “conscientes do importante papel que desempenha na luta contra as mudanças climáticas”. O hidrogénio verde é uma das fontes de energia que todos os países desenvolvidos desejam promover, mas de acordo com os dados fornecidos na conferência “de todos os projetos de hidrogénio de origem renovável anunciados em nível mundial, liderados pela Espanha, espera-se que apenas 7% da capacidade proposta esteja em funcionamento até 2030, devido à lentidão na tomada de decisão de investimento, combinada com a demanda limitada e o aumento dos custos de produção.

Na COP do Dubai, foram estabelecidos objetivos quantificáveis para triplicar a capacidade mundial em energias renováveis e duplicar a taxa de melhoria na eficiência energética até 2030. E já em 2024, algumas semanas depois, no Fórum Económico Mundial de Davos, energia e mudanças climáticas também ocuparam o centro das discussões.

Para García Tabernero, é fundamental a visão da União Europeia que “percebeu que, sem um plano europeu de desenvolvimento industrial ligado a um plano de desenvolvimento energético, nossas economias podem ser muito afetadas. Por isso, ela iniciou ações para tentar alterar o curso dos fatos e se equiparar às políticas dos países mais desenvolvidos”.

Além disso, ele lembrou que a UE deve monitorar para que todos os países “joguem” com as mesmas regras e acrescentou que “este ano será marcado na Europa pelas eleições para o Parlamento e pela renovação dos órgãos que dirigem a política europeia. O seu papel será fundamental no desenvolvimento e vigilância de todas essas normas e no equilíbrio dos apoios públicos dos Estados aos seus setores produtivos, incluindo a indústria. Contar com as mesmas regras do jogo evitará colocar em risco os investimentos no nosso país”.

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IHRU reduz rendas de casas subarrendadas pelo Estado para famílias monoparentais

  • Ana Petronilho
  • 7 Fevereiro 2024

Famílias monoparentais deixam de ter um valor fixo da renda, passando para um valor que flutua segundo os rendimentos. No mínimo pagam 287 euros mensais, 35% do salário mínimo nacional.

O segundo concurso do IHRU de apoio às rendas dirigido à classe média, o “Arrendar para Subarrendar”, tem novas regras para as famílias monoparentais. E a acompanhar as mudanças nos escalões do IRS há uma subida dos valores máximos dos rendimentos nos critérios de elegibilidade, abrindo a porta a mais candidatos ao sorteio.

Segundo o aviso do concurso que arrancou esta segunda-feira, as famílias monoparentais deixam de ter um valor fixo da renda, passando a pagar uma mensalidade que flutua consoante os rendimentos e podem conseguir uma renda com um valor mais baixo que os restantes candidatos.

Isto porque, o patamar mínimo do valor da renda é de 287 euros mensais, ou seja, 35% do valor do salário mínimo nacional, e o limite máximo corresponde ao valor fixo pago pelos outros candidatos. Ou seja, o IHRU criou um intervalo para calcular a renda para as famílias monoparentais com um patamar inferior face ao preço da renda dos restantes candidatos, que continuam a ter um valor fixo mensal, independentemente dos rendimentos.

Os contratos do “Arrendar para Subarrendar” têm a duração máxima de cinco anos (renováveis), destinam-se a habitação permanente, sendo que os agregados pagam uma renda com taxa de esforço máxima de 35%.

O valor da renda que será paga pelas famílias monoparentais é, no entanto, calculado sem ter em conta o número de dependentes, sendo considerado para este critério o “agregado que é composto por crianças ou jovens titulares do abono de família e por mais uma única pessoa, maior de idade, parente ou afim, em linha reta ascendente até ao 3.º grau ou em linha colateral até ao 3.º grau, adotante, tutor ou pessoa a quem a criança ou jovem esteja confiado por decisão judicial ou administrativa de entidades ou serviços legalmente competentes para o efeito”, lê-se no aviso do concurso “Arrendar para Subarrendar”.

Além disso, o IHRU subiu o valor dos rendimentos brutos anuais que permitem apresentar a candidatura, acompanhando os novos escalões do IRS. Segundo os valores que constam do aviso, só podem concorrer os agregados com um rendimento anual igual ou inferior a 39.791 euros, no caso de uma pessoa, ou de 49.791 euros no caso de um agregado de duas pessoas, crescendo em 5 mil euros por pessoa adicional.

No anterior concurso, cujas candidaturas terminaram a 7 de novembro de 2023, só podiam submeter candidatura os agregados com rendimentos brutos anuais de 35 mil euros no caso de uma pessoa, menos 4.791 euros. No caso dos agregados de duas pessoas o rendimento máximo era de 45 mil euros, ficando também 4.791 euros abaixo do novo concurso, acrescido, também, de 5 mil euros por casa pessoa do agregado.

O “Arrendar para Subarrendar” é um dos onze programas de apoio às rendas do IHRU, tendo sido desenhado pelo Governo durante o pacote legislativo do “Mais Habitação” para “dar confiança aos senhorios, garantindo o pagando mensal da renda de forma segura”.

Os contratos do “Arrendar para Subarrendar” têm a duração máxima de cinco anos (renováveis), destinam-se a habitação permanente, sendo que os agregados pagam uma renda com taxa de esforço máxima de 35%.

São elegíveis as pessoas ou famílias com rendimentos anuais até ao 6º escalão do IRS, sendo dada prioridade aos agregados com idade até aos 35 anos, famílias monoparentais ou famílias com quebras de rendimento superiores a 20% face aos rendimentos dos três meses precedentes, ou do mesmo período homólogo.

O segundo concurso vai sortear 102 casas em 18 concelhos do país, com tipologias que variam de T1 a T5, em Almada, Amadora, Aveiro, Entroncamento, Fafe, Figueira da Foz, Gondomar, Lisboa, Oeiras, Paredes, Ponte da Barca, Porto, Santiago do Cacém, Seixal, Setúbal, Sintra, Valongo e Vila Nova de Gaia.

As candidaturas estão abertas até 18 de março e podem ser submetidas através do portal ihruarrenda.portaldahabitacao.pt

As casas sorteadas no “Arrendar para Subarrendar” são de proprietários privados que assinam um contrato de arrendamento com o IHRU, sendo que cabe ao Estado pagar a totalidade do valor da renda ao senhorio.

De acordo com as regras em vigor, a mensalidade paga pelo IHRU aos proprietários ultrapassa no máximo em 30% os limites gerais do preço de renda, por tipologia e concelho de localização do imóvel, aplicáveis ao Programa de Apoio ao Arrendamento (PAA). Os contratos celebrados entre o IHRU e o senhorio não podem ter duração inferior a 3 anos.

No Orçamento do Estado para 2024, o “Arrendar para Subarrendar” tem uma dotação prevista de cinco milhões de euros.

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5 coisas que vão marcar o dia

INE divulga evolução dos salários no final do ano passado. OCDE atualiza inflação. CMVM apresenta prioridades para 2024. Há novo debate para as eleições, entre IL e Livre.

Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a evolução dos salários no último trimestre do ano passado e a OCDE atualiza os preços nas principais economias mundiais. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) aponta prioridades para 2024. Rumo as eleições de 10 de março, os líderes do IL e do Livre defrontam-se na CNN Portugal.

Como evoluíram os salários em 2023?

O INE divulga os dados sobre a evolução do salário médio relativo último trimestre do ano passado. No terceiro trimestre, a remuneração média bruta subiu 5,9% para 1.438 euros, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Polícia da bolsa apresenta metas para 2024

A CMVM anuncia os seus objetivos para 2024. O polícia da bolsa liderado por Laginha de Sousa ir detalha os objetivos e iniciativas para reforçar a qualidade da supervisão, regulação e desenvolvimento do mercado de capitais, aprofundar a proteção dos investidores e a relação com os diversos agentes do mercado.

IL e Livre no frente-a-frente

Prosseguem os debates televisivos entre os partidos rumo às Legislativas de 10 de março. Desta vez o frente-a-frente dar-se-á entre Rui Rocha do Iniciativa Liberal e Rui Tavares do Livre, num encontro marcado para as 18h00 na CNN Portugal. Pode ver aqui o calendário completo dos debates.

Preços continuam a aliviar na OCDE?

A OCDE irá atualizar a evolução dos preços no consumidor. A taxa de inflação tem dado sinais de alívio nos últimos meses, tendo recuado em outubro (últimos dados disponibilizados pela organização da qual Portugal faz parte) para 5,6%, um mínimo de dois anos.

Ryanair apresenta planos para mercado português

O CEO do Grupo Ryanair, Michael O’Leary, realiza uma conferência de imprensa para apresentar os planos da companhia em relação às suas operações no mercado português, nomeadamente as rotas de inverno. Também deverá comentar outros assuntos, como o novo aeroporto de Lisboa.

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Como os partidos querem reforçar os rendimentos, do salário mínimo ao complemento das pensões

Salários e pensões até têm subido, mas continuam a comparar mal com países europeus e não faltam relatos que mostram que os orçamentos dos portugueses são demasiado magros. O que propõem partidos?

  • O ECO vai divulgar 5 séries semanais de trabalhos sobre temas cruciais para o país, no período que antecede as eleições legislativas de 10 de março. Os rendimentos das famílias, o crescimento económico, a crise da habitação, o investimento em infraestruturas e os problemas da Justiça vão estar em foco. O ECO vai fazer o ponto da situação destes temas, sintetizar as propostas dos principais partidos e ouvir a avaliação dos especialistas.

O diagnóstico está feito: os últimos anos até têm sido de aumentos dos rendimentos dos portugueses, mas não o suficiente para apanharem os demais países europeus. No que toca a salários e pensões, Portugal continua a sair mal na fotografia europeia, daí que este seja um dos temas mais presentes nos discursos dos vários partidos, de olho na ida às urnas de 10 de março. Para robustecer os orçamentos das famílias, há quem proponha engordar o salário mínimo, complementar as pensões e até criar um rendimento básico incondicional.

Vamos por partes. O salário mínimo nacional foi um dos pilares da política do Governo de António Costa para melhorar os rendimentos dos portugueses e é agora também um dos temas quentes da pré-campanha eleitoral. Entre os vários partidos, a maioria concorda que é preciso continuar a fazer crescer a retribuição mínima garantida, mas discordam de que modo.

O PS ainda não apresentou o seu programa eleitoral, mas Pedro Nuno Santos já deixou claro que quer ver o salário mínimo nacional chegar a mil euros até ao fim da legislatura. O Governo tinha apontado para 900 euros até 2026, pelo que esse valor representa a continuidade dessa trajetória.

Também a Aliança Democrática (constituída pelo PSD, CDS e PPM) defende que o salário mínimo chegue, pelo menos, a mil euros até 2028. Luís Montenegro chegou a falar em 1.100 euros, mas o programa macroeconómico da AD refere um salário mínimo de mil euros.

Ainda à direita, o Chega, por enquanto, ainda não revelou que valor de retribuição mínima garantida defende. Aliás, o partido de André Ventura ainda não apresentou o seu programa eleitoral, tendo feito somente uma apresentação na qual indica que quer combater os baixos salários, sem dizer como.

Já o Iniciativa Liberal destoa: quer trabalhar para que o país tenha um “modelo setorial de negociação de salário mínimo em vez de uma imposição estatal igual para todas as atividades”. Há vários países na Europa que não têm um salário mínimo fixado pelo Governo, deixando a definição desses limites à negociação coletiva. A maioria tem, contudo, um salário mínimo definido para a globalidade do mercado de trabalho.

Em contraste, a esquerda quer aumentos robustos e no imediato. O Bloco de Esquerda defende que o salário mínimo deve atingir os 900 euros já este ano, aumentando, depois, em linha com a inflação acrescida de 50 euros. Por sua vez, a CDU promete mil euros já em maio.

Por outro lado, Rui Tavares, do Livre, já veio apelar a uma subida do salário mínimo para 1.150 euros até 2028.

Enquanto isso, o PAN defende que o salário mínimo chegue a 1.100 euros em 2028. O partido de Inês Sousa Real considera que a retribuição mínima garantida deve “aumentar anualmente incorporando integralmente a inflação do ano anterior, o crescimento económico e o aumento de produtividade do trabalho“. “A este aumento consentâneo com a sustentabilidade económica, será somado um valor anual de dez euros”, detalha o PAN.

Partidos não esquecem salário médio

Aliança Democrática apresenta o seu programa económico tendo em vista as eleições legislativas de 11 de março - 24JAN24

Desde 2015 que o salário mínimo nacional não tem parado de crescer, aproximando-se a passos largos do salário médio, o que os economistas veem como um perigo. É que desta forma reduz-se, por exemplo, a margem dos empregadores para fazerem distinções positivas entre os trabalhadores, indicam os especialistas.

Conscientes da necessidade de contornar essa dinâmica, vários dos partidos políticos já sinalizaram a intenção de, saindo vitoriosos das urnas, dar atenção também ao salário médio português, que está hoje em cerca de 1.400 euros.

No caso do PS, Pedro Nuno Santos afirmou que quer rever o acordo de rendimentos celebrado na Concertação Social pelo Governo de António Costa, de modo a que ao aumento do salário mínimo possa estar associado o aumento dos salários médios. Atualmente, esse entendimento com os parceiros sociais prevê referenciais (não vinculativos) para a subida dos ordenados do privado.

Já da parte da AD, a promessa é que o salário médio chegará a 1.750 euros até ao final da década, caso esta coligação ganhe as eleições. Não se explica, contudo, como.

À esquerda, a CDU reivindica uma subida geral dos salários de 15%, com um mínimo de 150 euros, enquanto o Bloco de Esquerda quer que os trabalhadores qualificados, a começar pelos da Administração Pública, tenham um reforço de 500 euros na posição de entrada, com reajuste nos níveis seguintes.

Os bloquistas defendem também que o subsídio de refeição deve ser obrigatório para todos os trabalhadores do privado e público, com um valor mínimo igual ao do setor público.

Baixar impostos para deixar mais salário nas carteiras

24º Congresso Nacional do PS - 07JAN24

Outra das armas a que os partidos têm recorrido para prometer rendimentos (líquidos) mais elevados tem sido os impostos: da direita à esquerda, promete-se um alívio fiscal para fazer os salários e pensões líquidas aumentarem.

No caso do PS, Pedro Nuno Santos prometeu que, caso chegue a primeiro-ministro, o IRS Jovem — programa que dá um “desconto” no IRS aos jovens nos seus primeiros anos no mercado de trabalho — abrangerá não apenas os portugueses qualificados, mas também os jovens não licenciados.

E também a AD quer mudar o IRS Jovem. Neste caso, a intenção é fixar a taxa máxima de imposto nos 15% para os jovens até aos 35 anos.

Ainda a nível fiscal, esta coligação que junta PSD, CDS e PPM promete diminuir o IRS para todos, “com uma redução das taxas, especialmente para a classe média e isentar os prémios de desempenho, até um vencimento. Com esta última proposta, a AD dá a mão aos patrões, já que essa foi uma das medidas pedidas pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) para estimular os vencimentos.

Ainda à direita, o Iniciativa Liberal quer que Portugal tenha uma taxa única de IRS de 15% sobre a parte dos rendimentos que exceda o salário mínimo. Admite, contudo, que o caminho até lá seja feito de forma gradual.

Outra promessa dos liberais é baixar a carga fiscal dos trabalhadores independentes e profissionais liberais, além de aumentar as deduções em IRS das rendas e dos juros do crédito à habitação.

Do outro lado do hemiciclo, o Bloco de Esquerda propõe que a dedução específica do IRS seja atualizada, o que permitir baixar em 582 euros o imposto e engordar os rendimentos líquidos das famílias.

Já o PAN e o Livre defendem a revisão dos escalões de IRS, aliviando-se a carga fiscal. Além disso, o partido de Rui Tavares sugere que seja atualizado “o valor de referência do mínimo de existência e da dedução específica, garantindo que não há um agravamento fiscal indireto pelo facto de a inflação não ser incorporada nos limites dos escalões e deduções das famílias“.

Por outro lado, o PAN promete uma redução das taxas de IRS para as famílias da classe média (sexto e sétimos escalões), bem como a atualização todos os anos dos escalões de impostos em linha com a inflação do ano anterior. O partido de Inês Sousa Real quer ainda alargar o IRS Jovem, “por forma a que dure mais dois anos e garanta uma redução de imposto de 15% no penúltimo ano e de 5% no último ano“.

O que prometem os partidos aos pensionistas?

Num país com a população envelhecida, os menos jovens têm um grande peso no eleitorado, e os partidos não têm esquecido esse cenário nas propostas que já vão apresentando.

Luís Montenegro foi um dos primeiros a lembrar esses eleitores, prometendo-lhes um “rendimento mínimo garantido” de 820 euros. Mas é preciso ter atenção: o social-democrata não quer fixar esse valor como pensão mínima. Promete é subir o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI), prestação que complemente as pensões (de velhice, de sobrevivência ou de invalidez), mas tem em conta, nomeadamente, o património imobiliário do beneficiário e até, nalguns casos, os rendimentos dos filhos. Atualmente o CSI chega a menos de 135 mil beneficiários.

Por outro lado, Montenegro prometeu cumprir a lei de atualização das pensões, que faz aumentar as reformas todos os anos com base na inflação e no crescimento da economia.

Também Pedro Nuno Santos já garantiu que o fará e sinalizou que, se sair vencedor da ida às urnas, irá retirar os rendimentos dos filhos do cálculo do tal CSI, o que pode significar mais dinheiro para mais pensionistas.

Mais ousado, o Chega promete equipar as pensões mais baixas ao salário mínimo nacional. Segundo André Ventura, tal seria feito de forma faseada — num primeiro momento, a pensão mínima ficaria alinhada com o Indexante dos Apoios Sociais (IAS) — ao longo de seis anos.

Enquanto isso, o Bloco de Esquerda quer aumentar as pensões para um valor acima do limiar da pobreza, após 20 anos de descontos. Defende também o alargamento e reforço do CSI, nomeadamente eliminando a consideração dos rendimentos dos filhos para esse cálculo.

Os bloquistas entendem ainda que é preciso mudar as regras das reformas antecipadas, eliminando um dos cortes, o chamado fator de sustentabilidade, o que faria as reformas engordarem.

Importa notar ainda que a CDU quer aumentar em, pelo menos, 70 euros todas as pensões.

Por outro lado, o PAN defende a revisão das regras de atualização das pensões, através da criação de um novo escalão (entre duas vezes e duas vezes e meia o Indexante dos Apoios Sociais), ao qual “seja garantido que, em conjunturas de menor crescimento económico, o valor real da pensão não diminui”.

É desta que vem aí o rendimento básico incondicional?

Nesta ida às urnas, o Livre retoma uma das suas propostas inovadoras: criar um rendimento básico incondicional, que “distribua a riqueza produzida e garanta um rendimento a qualquer cidadão, independentemente da sua condição, dos pagamentos do fundo de desemprego ou de outros programas de apoio social”.

A ideia não é propriamente nova e já foi experimentada em vários países. Em 2017, por exemplo, a Finlândia tornou-se no primeiro país europeu a testar o rendimento básico incondicional, atribuindo 560 euros por mês a dois mil cidadãos desempregados. O Livre quer experimentá-lo em Portugal.

Entre os demais partidos, e no que diz respeito às propostas pensadas para aumentar os rendimentos das famílias, destaque também para o Bloco de Esquerda, que pretende que os montantes e os períodos de concessão dos subsídios de desemprego sejam repostos para os valores pré troika.

“A redução do apoio no desemprego faz parte de uma política de baixos salários. [Defendemos um] valor máximo do subsídio de desemprego vinculado a três salários mínimos (e não ao Indexante dos Apoios Sociais)”, detalham os bloquistas, que apelam ainda à reposição das compensações por despedimento para os valores pré troika.

À direita, a AD promete criar um novo suplemento remunerativo solidário, para engordar os rendimentos. “Hoje, quem tenha rendimentos baixos vê-lhe retirados diversos apoios sociais de forma repentina, caso ultrapasse em um euro determinados níveis de rendimento. Tal sucede porque os valores de inúmeros apoios sociais são indexados a escalões de rendimentos”, salienta a coligação. Em vez de múltiplos apoios que dependem do nível de rendimentos (como é o caso do abono de família), PSD, CDS e PPM propõem a criação de uma taxa de retenção na fonte negativa para quem tem rendimentos mais baixos.

Notícia atualizada às 10h22 com propostas do PAN

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Após perder clientes para a Ásia, líder dos cadernos teme novas “rasteiras” no Mar Vermelho

Disparo dos custos fez Ancor perder contratos e volume de vendas em 2023. Produtora vila-condense de material escolar e de escritório avalia fábrica em África e acaba de entrar na Estónia e Eslovénia.

A maior fabricante portuguesa de artigos de papelaria perdeu mais de dois milhões de euros de vendas no ano passado, com a Ancor a fechar o último exercício com uma faturação de 14,2 milhões de euros. O alargamento “substancial” da diferença de custos das matérias-primas face aos concorrentes asiáticos levou à perda de “meia dúzia de operações com alguma envergadura”, com clientes de Espanha, França e Alemanha a desviarem encomendas para a Ásia.

Após esta perda “momentânea” de competitividade, a empresa de Vila do Conde prevê recuperar este ano para valores mais próximos de 2022, em torno dos 16,4 milhões de euros. Francisco Correia indica ao ECO que o diferencial de custos nestas duas geografias está agora “mais mitigado” e já é “suficientemente pequeno para os clientes preferirem trabalhar com fornecedores de proximidade na Europa”, que também garantem uma resposta mais rápida às encomendas.

Embora as vendas tenham caído em 2023, o administrador da Ancor estima uma melhoria nos resultados face ao ano anterior, que tinha sido de “forte convulsão”. Entalada entre fornecedores e clientes gigantes, a produtora nacional foi “esmagada pela subida sistemática” dos custos das matérias-primas, sem os conseguir repercutir de imediato no preço de venda. Nos últimos meses diz ter conseguido “reencontrar um equilíbrio” e, portanto, recuperar aquelas que eram as margens habituais neste negócio, com um rácio EBITDA/vendas entre 9% e 10%.

Francisco Correia, administrador da Ancor

As previsões de vendas e de desempenho para 2024 apontam ainda para um cenário de estabilização, mas a crise no Mar Vermelho deve “pregar umas rasteiras”. É que os problemas de inflação em 2021 e 2022 resultaram sobretudo do desequilíbrio das cadeias de fornecimento — que voltam a ser ameaçadas com os ataques dos rebeldes houthis. O preço dos fretes marítimos disparou cerca de 300% e a cotação da pasta de papel aumentou 160 euros por tonelada só no último mês. “Estamos a falar de subidas substanciais”, reconhece Francisco Correia.

Fundada há 54 anos nas traseiras de um edifício em Cedofeita, no centro do Porto, como oficina de produtos de arquivo, a Ancor mantém esta área original, mas o segmento mais relevante é agora o escolar. Tem várias marcas próprias, como a Ancor, B’log ou Smooth, e fabrica com a insígnia de grandes clientes, como o Continente. Na fábrica situada na freguesia de Guilhabreu, o volume de produção ronda as 30 milhões de unidades por ano, que vende a grossistas e retalhistas de papelaria, e à distribuição moderna (generalista e especializada).

Ao segmento escolar e de escritório, esta empresa 100% familiar, que emprega perto de 140 pessoas, acrescentou no final de 2018 uma nova área de packaging, que já vale 10% da faturação. Funciona numa outra nave industrial com 2.000 metros quadrados, onde fabrica “embalagens para produtos de valor acrescentado”, como vinho do Porto, sapatos, jogos ou telemóveis. O grupo nortenho, um dos maiores fabricantes ibéricos de produtos de papelaria e embalagem, integra ainda uma empresa gráfica e outra dedicada ao desenvolvimento das coleções.

“Virar a página” na Estónia e Eslovénia

Mais de metade do volume de negócios da Ancor é assegurada em 30 mercados externos, com destaque para Espanha, França, Bélgica, Holanda e Marrocos. A principal novidade é a entrada na Estónia e na Eslovénia, na sequência de contactos iniciados numa feira profissional em outubro. Nestes dois países, está por estes dias a fazer as primeiras entregas da gama completa de material escolar para o próximo ano letivo, incluindo cadernos, produtos de arquivo e de secretária, mochilas e estojos.

“São dois mercados interessantes. É uma maratona, não é uma corrida de 100 metros. Estamos num mercado de vendas de continuidade, em que os clientes ficam muito tempo connosco. Não procuramos distribuidores de centenas de milhares ou de milhões [de unidades], mas que estejam interessados em trabalhar as nossas marcas com alguma exclusividade”, resume Francisco Correia, que partilha com o irmão Pedro a gestão do negócio criado pelos pais. Fora da Europa, exporta para a América Latina, para o Médio Oriente e para vários países francófonos em África.

Abrir uma fábrica em África já surgiu na agenda algumas vezes e até vejo como muito possível que venha a acontecer. Não é menos despiciente que as possibilidades de consolidação na Europa. Temos coisas concretas em avaliação.

Francisco Correia

Administrador da Ancor

Enquanto no Velho Continente as oportunidades de consolidação têm surgido por via de ganhos de quota na sequência de falências ou da aquisição de contratos de fornecimento a outras empresas, como já concretizou em Espanha, em África tem vindo a ser “regularmente desafiada” para instalar unidades produtivas e deslocalizar parte da produção para abastecer os mercados locais. “Já surgiu na agenda algumas vezes e até vejo como muito possível que venha a acontecer. Não é menos despiciente que as possibilidades de consolidação na Europa. Este ano? You never know. Temos coisas concretas em avaliação”, adianta o gestor.

No que toca ao mercado interno, que equivale a quase metade das vendas da empresa, Francisco Correia mostra-se preocupado com a atual crise política, atestando que “esta explosão de casos, ‘casinhos’ e ‘casões’ são muito negativos para o ambiente económico” e lembrando que “a estabilidade é o melhor ingrediente” para os negócios. “Vamos esperar que as eleições [antecipadas de 10 de março] resultem numa clarificação da situação política e que a imagem do país saia melhorada. No momento da demissão [de António Costa] tivemos vários clientes a perguntar-nos o que se passava”, sentencia Francisco Correia.

Reportagem na fábrica da Ancor - 07OUT20

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Sonae “retalha” negócios e volta às compras lá fora. Para onde vai a dona do Continente?

Holding avançou com duas propostas de mil milhões em novas aquisições, reforçando a aposta em novas unidades de negócio. Analistas dizem que operações vão acelerar crescimento das receitas.

Depois de um período marcado por alguns desinvestimentos, a Sonae regressou em força às aquisições, com dois negócios avaliados acima de 1.000 milhões de euros em novas áreas de negócios. Uma estratégia que, dizem os especialistas consultados pelo ECO, vai permitir à empresa explorar novas fontes de receita e reforçar o crescimento da empresa.

À espera de concluir a compra da finlandesa Musti, a Sonae anunciou no arranque desta semana que está a negociar, através da sua subsidiária Sparkfood, a compra de 89% do capital da francesa Diorren, empresa detentora da BCF Life Sciences, por 152 milhões de euros. A BCF é uma empresa que “produz ingredientes para a indústria de nutrição através de um processo de produção inovador apoiado nos princípios da economia circular”.

“A BCF tem um percurso consistente de crescimento e rentabilidade, tendo terminado 2023 com um volume de negócios de cerca de 53,5 milhões de euros, e um EBITDA de cerca de 14,1 milhões de euros. Após a concretização da transação, a BCF continuará a ser gerida pela atual equipa de gestão, a qual também planeia reinvestir na Diorren e, em termos agregados, deterá uma participação minoritária de cerca de 11%”, adiantou a empresa da Maia em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Esta aquisição, que espera que esteja concluída no primeiro semestre de 2024, vem juntar-se a uma outra operação que a companhia tem em curso: a oferta pública de aquisição lançada sobre a Musti. A oferta sobre a empresa nórdica especializada em produtos de cuidado e alimentação para animais de estimação avalia a companhia em 868 milhões de euros e marca a entrada da Sonae numa nova unidade de negócio. Somando os dois negócios, a empresa liderada por Cláudia Azevedo está a investir mais de mil milhões de euros para expandir os seus negócios e reforçar o crescimento de receitas.

O investimento previsto para a Musti, a que se junta o investimento anunciado na Diorren, é claramente um indicador que a Sonae vai investir forte numa nova área de negócio.

Pedro Barata

Gestor de ações nacionais da GNB

“Durante os últimos anos, a empresa teve uma postura mais vendedora, tendo ficado sempre a ideia que estaria em busca de uma nova área de negócio que permitisse à empresa crescer a um ritmo superior. Aparentemente, já o descobriu”, realça Pedro Barata, gestor do GNB Portugal Ações, ao ECO. “O investimento previsto para a Musti, a que se junta o investimento anunciado na Diorren, é claramente um indicador que a Sonae vai investir forte numa nova área de negócio”, acrescenta.

António Seladas, analista de ações da AS Independent Research, ressalva que “a companhia tem alienado diversos ativos, arrumado a casa e agora tem duas operações a correr relevantes”. Particularmente a Musti, especialista em alimentação e cuidados para animais de estimação, com lojas próprias, baseada na Finlândia, com presença na Noruega e Suécia”.

O mesmo especialista nota que “é notória na Sonae a ambição de internacionalizar e ter um formato que possa expandir internacionalmente, particularmente em setores com perspetivas de crescimento acima da média. Julgo que é isso que esperam obter nas áreas de alimentação e cuidados para animais de estimação e na alimentação alternativa”, remata.

É notória na Sonae a ambição de internacionalizar e ter um formato que possa expandir internacionalmente, particularmente em setores com perspetivas de crescimento acima da média. Julgo que é isso que esperam obter nas áreas de alimentação e cuidados para animais de estimação e na alimentação alternativa.

António Seladas

Analista da ações da AS Independent Research

Dos seguros e da alimentação, ao retalho e às telecomunicações

Para o mesmo analista independente, que avalia a empresa com um preço-alvo de 1,60 euros e uma recomendação de comprar, “a determinada altura especulou-se sobre a Sonae se tornar essencialmente uma empresa de retalho alimentar”. “Mas não foi esse o caminho — e, eventualmente, essa opção nunca esteve em cima da mesa, talvez tenha sido só especulação externa”, com a empresa a vincar o seu estatuto de holding com operações em várias áreas de negócio.

João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, considera que “a diversificação de negócios efetuado pela Sonae em diversas áreas, que não constituíam o núcleo ou core, pode ser interpretada como uma estratégia para mitigar potenciais riscos e explorar novas oportunidades de um crescimento mais acelerado”. Para o mesmo especialista, “a diversificação pode oferecer à Sonae uma vantagem competitiva, alavancando o seu conhecimento e a sólida infraestrutura existente, para poder testar a entrada em novos negócios e segmentos de mercados”.

A diversificação pode oferecer à Sonae uma vantagem competitiva, alavancando o seu conhecimento e a sólida infraestrutura existente, para poder testar a entrada em novos negócios e segmentos de mercados.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

As recentes alterações efetuadas no retalho especializado, como a alienação das clínicas Dr. Wells à Lusíadas (mantém as farmácias e parafarmácias) e a venda da participação na dona da SportZone à JD Sports, permitiram o “ajuste dos negócios, reduzindo a dependência a alguns segmentos de mercado e a geração de resultados em áreas que já tinha desenvolvido e atingido o estado de maturidade”, detalha João Queiroz. Ainda no ano passado, a Sonae vendeu 50% do Universo ao Bankinter, por 19 milhões de euros.

Henrique Tomé destaca que, tratando-se de um conglomerado, é um grupo de empresas que operam em vários ramos de atividade sob a alçada da mesma gestão”. O analista da XTB Portugal considera que “o facto de terem atividades diversas no seu portefólio pode diversificar a sua fonte de receitas e faz com que não estejam dependentes de apenas um setor ou geografia”.

“Por exemplo, neste momento a Sonae prepara-se para adquirir a Musti que é uma empresa finlandesa que opera no ramo de produtos de tratamento para animais (veterinária, produtos, seguros) de estimação na Finlândia, Suécia e Noruega. Esta aquisição deverá aumentar as receitas do grupo e melhorar as sinergias com a empresa do grupo ZU”, explica.

A Sonae tem atividade em vários setores de atividade, com um portefólio dividido por várias unidades/marcas do grupo. A Sonae MC controla o segmento de retalho alimentar, saúde e bem-estar. Já a Worten tem a parte eletrónica, enquanto a moda fica na Zeitreel e a alimentação na Sparkfood. O Universo é a marca de serviços financeiros do grupo e a Brightpixel faz gestão de investimentos. A Sonae conta ainda com negócios na área do imobiliário, controlados pela Sierra, e tem ainda uma posição na Nos.

A antiga Sonae IM, o braço de investimento em capital de risco do grupo, tem sido uma das mais ativas no reforço do portefólio. Só no primeiro semestre do ano passado somou seis novos investimentos, chegando a junho com mais de 40 empresas participadas. Na operação mais recente, anunciada já este ano, liderou a ronda de 27,4 milhões de euros da tecnológica israelita Vicarius.

Travão nas aquisições?

O anúncio da compra da empresa francesa, feito esta segunda-feira, acabou por surpreender o mercado, na medida em que surge apenas uma semana depois do CFO da empresa ter afastado a hipótese de avançar “nos próximos anos” com novas aquisições da mesma magnitude da OPA da Musti. Uma estratégia que, para os analistas, faz sentido.

A concretizarem-se estas duas aquisições, estou convencido que a empresa poderá fazer uma pausa nas aquisições, concentrando-se em dinamizar e fazer crescer os negócios comprados”, refere Pedro Barata. “Se se consumarem as propostas que estão a correr, particularmente a Musti, o ritmo de aquisições deve abrandar muito, mais que não seja porque a empresa ficará junto a alguns limites auto impostos”, concorda António Seladas. “Ainda assim, na Sparkfood, que é a nova sub-holding da Sonae para a ‘comida alternativa’, admito que se continue a fazer pequenas aquisições”, acrescenta.

Já João Queiroz refere que, “atendendo ao histórico de diversificação da Sonae e à sua estratégia de crescimento, através de inovação e da procura de expansão para novos mercados, é muito provável que a empresa continue a explorar e reforçar novas áreas de negócio”. É que, salienta, esta abordagem permite à Sonae “adaptar-se às mudanças de mercado e à captação de novas oportunidades, mantendo-se relevante e competitiva”.

Nos primeiros nove meses de 2023, em que viu os lucros caírem 36% para 135 milhões de euros, em termos homólogos, a Sonae superou os seis mil milhões de euros de faturação até setembro, o que representou um aumento de 10,4% face em igual período do ano passado. A companhia indicou que esta evolução foi “impulsionada principalmente pela MC, que consolidou a sua posição de liderança no mercado português de retalho alimentar”. No próximo dia 14 de março, a companhia apresenta os resultados globais de 2023.

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