Queda da Evergrande sem impacto no mercado imobiliário português

  • Ana Petronilho
  • 29 Janeiro 2024

Investimento imobiliário chinês em Portugal "não tem expressão" e tanto a Evergrande como a promotora Country Garden, em incumprimento desde outubro, não têm investimentos no país.

A queda da construtora chinesa Evergrande, que foi decretada insolvente esta segunda-feira, não provoca qualquer impacto no mercado imobiliário português. De acordo com duas das maiores consultoras com atividade em Portugal e José Cardoso Botelho, vice-presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), tanto a gigante Evergrande como a promotora imobiliária Country Garden — que entrou em incumprimento em outubro com uma dívida de 33,301 mil milhões de euros – não têm investimentos em Portugal.

“Não há impacto” para o mercado português porque “não há exposição direta” tendo em conta que o investimento chinês no país tem chegado, sobretudo, via Fosun e investidores privados, salienta ao ECO, Nuno Nunes, senior director of capital markets da CBRE Portugal.

E o mesmo diz outra consultora ouvida pelo ECO que frisa que a Evergrande e a Country Garden não têm investimento em terras lusas num contexto em que “o investimento direto chinês em imobiliário tem decrescido bastante nos últimos anos, mesmo antes do fim dos vistos gold,” e que por isso não antecipa impacto no mercado nacional.

Também José Cardoso Botelho vinca que atualmente o investimento chinês em Portugal “não tem expressão”.

Para as consultoras e para o representante dos promotores, a crise imobiliária na China está centrada no país asiático. “Há pelo menos três anos que as promotoras chinesas têm vindo a enfrentar problemas e há milhares de casas construídas sem ninguém para ir para lá viver, ou seja, há uma grande saturação de oferta”, diz Nuno Nunes.

Segundo os analistas as propriedades vazias na China são suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas, cerca de nove vezes a população portuguesa.

Já a outra consultora salienta ao ECO que estas duas promotoras imobiliárias apresentam “problemas derivados do elevado nível de endividamento” que podem vir a provocar, “consequências no próprio setor bancário da China, o que terá, forçosamente, consequências colaterais na economia global, sendo a China um dos maiores investidores no Mundo”.

A liquidação da Evergrande, decretada esta segunda-feira por um tribunal de Hong Kong, ilustra a crise prolongada no imobiliário chinês, principal veículo de investimento para as classes com maior capacidade financeira do país, à medida que Pequim tenta eliminar o “crescimento fictício”.

Nos últimos dois anos, dezenas de construtoras chinesas entraram em colapso, à medida que os bancos reduziram o financiamento e o valor dos imóveis sofreu forte correção.

O incumprimento da Evergrande foi um momento decisivo para a indústria sendo que desde então, mais de 50 construtoras entraram em incumprimento e milhares de trabalhadores do setor perderam os seus empregos.

A crise começou quando, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património.

A Evergrande já foi a maior construtura da China em termos de vendas. Mas, sobrecarregada com um passivo de cerca de 300 mil milhões de dólares (304 mil milhões de euros), deixou de pagar as suas dívidas há mais de dois anos e, desde então, tem vindo a negociar uma reestruturação com os credores.

A decisão do tribunal vai dar aos credores o controlo da empresa-mãe da Evergrande e permitir-lhes-á liquidar todas as suas atividades.

O liquidatário vai ter poderes para assumir o controlo de todas as filiais da Evergrande em todo o mundo, incluindo na China, e vender os ativos da empresa para pagar a sua dívida.

Já a Country Garden, que foi a maior promotora imobiliária da China entre 2017 e 2022, entrou pela primeira vez em incumprimento no final de outubro, depois de falhar o pagamento de cerca de 15,4 milhões de dólares de juros vencidos sobre uma obrigação denominada em dólares, de acordo com a Bloomberg.

Para tentar resolver os problemas de liquidez, a promotora está a vender através de leilão cinco propriedades em Cantão, avaliadas em cerca de 490 milhões de euros. No final do primeiro semestre de 2023, a dívida da Country Garden ascendia a cerca de 33,301 mil milhões de euros, dos quais cerca 14,074 mil milhões de euros vencem em junho deste ano.

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Quase 1.400 portugueses estavam detidos no estrangeiro em 2022

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2024

A grande maioria dos detidos são homens e a maior parte das detenções, de que é conhecido o motivo, deve-se a crimes com estupefacientes, seguidos dos crimes contra a pessoa e crimes sexuais.

Um total de 1.387 portugueses encontravam-se detidos no estrangeiro no final de 2022, três dos quais por crimes contra o Estado/terrorismo, embora o principal motivo das detenções seja o crime com estupefacientes, de acordo com o Relatório da Emigração. Elaborado pelo Observatório da Emigração e a Rede Migra, no documento indica-se que, no ano passado, se registaram mais dez detenções de portugueses no estrangeiro do que no ano anterior.

Na Europa, o maior número de detidos está registado no Reino Unido (312), seguindo-se a França (248), Espanha (180), Suíça (179), Alemanha (120) e Luxemburgo (116). Fora da Europa foram identificados 124 cidadãos nacionais detidos, com o Brasil a continuar a ser o país com o maior número de detenções de cidadãos nacionais fora do espaço europeu (40).

A grande maioria dos detidos são homens e a maior parte das detenções, de que é conhecido o motivo, deve-se a crimes com estupefacientes, seguidos dos crimes contra a pessoa (132), crimes sexuais (54) e homicídio (34). Os autores do relatório destacam “uma ligeira diminuição do número de detidos em prisão preventiva (menos nove), consolidando-se o número de pessoas em prisão efetiva (mais 397)”.

O mesmo documento refere que em 2022, foram expulsos, afastados ou deportados para Portugal 267 cidadãos portugueses, dos quais 131 provenientes de países da União Europeia, Espaço Económico Europeu e Suíça: Alemanha (nove), Bélgica (seis), Espanha (23), Finlândia (seis), França (54), Islândia (um), Luxemburgo (21), Noruega (três), Países Baixos (quatro), República Checa (um), Suécia (um) e dois da Suíça.

Os restantes 136 cidadãos que foram expulsos, afastados ou deportados encontravam-se em países no resto do mundo: Andorra (três), Angola (dois), Canadá (38), Emirados Árabes Unidos (um), Estados Unidos (19), Filipinas (um), Kuwait (um), México (oito), Moçambique (cinco), Reino Unido (51) e Venezuela (sete).

O Estado português providenciou acolhimento a 11 cidadãos portugueses nestas situações, provenientes da Bélgica (um), Canadá (dois), Estados Unidos (dois), França (um), Reino Unido (dois), Suécia (um) e Suíça (dois). O Relatório da Emigração 2022 foi elaborado pelo Observatório da Emigração e a Rede Migra, no quadro do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).

Segundo este relatório, cerca de 60.000 portugueses emigraram em 2022, sendo a Suíça o principal destino destes cidadãos.

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Lucros do Vila Galé sobem 12% para os 100 milhões em 2023

  • Ana Petronilho
  • 29 Janeiro 2024

Com a operação em Portugal e no Brasil, o Vila Galé fecha 2023 a atingir os 100 milhões de lucros. Um resultado "muito positivo", diz Jorge Rebelo de Almeida que tem os olhos postos em Madrid.

Num ano em que o turismo bateu todos os recordes, é sem surpresa que os hoteleiros encerrem 2023 com os melhores resultados líquidos de sempre. O Vila Galé fechou as contas de 2023 a subir os lucros em 12%-13% atingindo os 100 milhões de euros de lucros, com a operação em Portugal e no Brasil, avançou Jorge Rebelo de Almeida, fundador e presidente do segundo maior grupo hoteleiro do país.

Um resultado que é “muito positivo” e que traduz o “melhor ano de sempre” diz o empresário que prevê para este ano um investimento de 50 milhões de euros em obras e requalificação das unidades hoteleiras. Em termos de receitas, no ano passado em Portugal, o grupo arrecadou 158 milhões de euros, mais 16% que em 2022. No Brasil, atingiram os 640 milhões de reais, cerca de 120 milhões de euros à atual taxa de câmbio, crescendo 42% face ao ano anterior, à boleia da performance do resort all included em Alagoas, com 522 quartos.

Com seis projetos em curso, este ano o grupo abre mais três unidades hoteleiras. Em abril, abrem as portas o Vila Galé Figueira da Foz – onde funcionava o antigo Grande Hotel da Figueira – e o Vila Galé Isla Canela, um resort com 300 quartos na zona de Huelva, que marca a estreia da rede portuguesa em Espanha. Mais tarde, no final do ano, será inaugurado o Sunset Collection no Cumbuco, com 124 quartos, três restaurantes e bares, spa, campo polidesportivo, centro náutico e clube infantil NEP com piscinas e escorregas, num investimento estimado de 80 milhões de reais (15 milhões de euros à atual taxa de câmbio).

Mas os novos projetos do Vila Galé não se ficam por aqui. Durante um almoço com jornalistas, Jorge Rebelo de Almeida revela ainda que está a estudar a entrada em Madrid lembrando que Sevilha também é uma cidade que lhe desperta interesse.

Além disso, em Miranda do Douro a rede hoteleira vai construir um hotel de 60 quartos com um investimento de de 14 milhões. “É uma grande obra e será um bom negócio com Espanha ali ao lado”, salienta o empresário.

Outra das novidades passa pela Quinta da Cardiga, na Golegã, onde o Vila Galé vai avançar com um projeto “com o máximo de 50 quartos” transformando a quinta templária numa unidade hoteleira focada em atividades ligadas a cavalos. O contrato de concessão deverá ser assinado em breve com as obras a arrancar no final do ano.

Para 2025, está prevista a abertura do Paço do Curutêlo, em Ponte de Lima, uma casa senhorial do ano 1126, semelhante a um castelo, que será restaurado e transformado numa unidade focada em enoturismo com 87 quartos. O imóvel foi comprado pelo Vila Galé em 2022 mas só este mês arrancam as obras depois de atrasos com licenciamento. O investimento ronda os 20 milhões.

Vai ainda abrir portas o Casas de Elvas com um investimento de dez milhões de euros na recuperação de um conjunto de 43 casas geminadas no centro da cidade, onde em tempos funcionava a antiga fábrica da ameixa, os antigos edifícios do Aljube Eclesiástico e do Conselho de Guerra.

No Brasil, em Cachoeira do Campo, Minas Gerais, a Vila Galé vai recuperar o espaço histórico onde funcionou o primeiro regimento de cavalaria de Portugal no Brasil em 1775 e, posteriormente, o colégio salesiano Dom Bosco. A futura unidade terá 298 quartos e conta com um investimento de 120 milhões de reais, cerca de 22,4 milhões de euros.

Em Cuba já está em funcionamento do primeiro hotel com a marca do grupo. Trata-se do resort Vila Galé Jardines del Rey com 638 quartos. A entrada em Cuba era um sonho antigo do grupo hoteleiro, que acontece depois de o Vila Galé ter vencido um concurso da Gaivota – a empresa pública de turismo que controla o desenvolvimento de hotéis no país – para a exploração das duas unidades. A partir do próximo ano, o Vila Galé vai ainda assumir a gestão de um segundo hotel em Cuba, desta vez em Havana, no edifício que é “a torre mais alta da cidade” com 594 quartos. E este é um país onde a rede hoteleira ainda pode vir a crescer tendo em conta que há projetos em análise, revelou Jorge Rebelo de Almeida.

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Tribunal de Contas aponta falhas ao modelo de financiamento da descentralização

Recomenda ao Governo revisão da Lei das Finanças Locais e mais transparência no apuramento das transferências do Fundo de Financiamento da Descentralização.

O Tribunal de Contas (TdC) aponta falhas nas regras do modelo de financiamento da descentralização de competências e nos critérios para apurar as verbas a transferir para as autarquias no âmbito da educação, que “não estão definidos no respetivo diploma setorial, de forma clara, direta e transparente“. Por isso, recomenda ao Governo a revisão da Lei das Finanças Locais (LFL) e mais transparência no apuramento das transferências a efetuar através do Fundo de Financiamento da Descentralização (FFD), enquanto sugere aos municípios que apresentem nos relatórios de gestão uma análise ao impacto deste processo nas contas municipais.

No relatório da auditoria à dimensão financeira da descentralização referente ao ano de 2022, o TdC vai mais longe e defende que não devem coexistir instrumentos paralelos financiadores das competências descentralizadas: o FFD e o Fundo Social Municipal (FSM). Recomenda, por isso, a revisão da LFL.

A somar a tudo isto, o TdC considera que as normas que definem o modelo de financiamento da descentralização de competências não são suficientemente claras e de fácil aplicação.

Apesar de ter havido um reforço de verbas em 2023, o tribunal dá ainda conta de um subfinanciamento das competências descentralizadas e fala em “situações em que não foram respeitadas normas dos diplomas setoriais que estabeleciam critérios de cálculo dos valores”. Além de vulnerabilidades substanciais na simplificação, monitorização, coordenação e acompanhamento.

Assim, o TdC recomenda à Assembleia da República e ao Governo que “ponderem aperfeiçoar as disposições relativas ao financiamento do processo de descentralização, incorporando na LFL e nos diplomas setoriais normas claras e objetivas que facilitem a operacionalização e compreensão do seu financiamento”. Assim como avaliem a introdução na lei de instrumentos ou mecanismos de financiamento em função da heterogeneidade dos municípios e os objetivos da coesão territorial.

Outro reparo diz respeito ao facto de as verbas transferidas para as autarquias não cobrirem o acréscimo de despesa que tiveram por causa das competências que assumiram, nomeadamente os encargos com o pessoal e com a aquisição de bens. “Ao longo de 2022, não foram operacionalizados mecanismos ou procedimentos que permitissem aos municípios analisar e perceber os montantes das transferências financeiras relacionadas com as competências descentralizadas, sendo que também do lado de alguns municípios se constataram limitações próprias em organizar e reportar informação”, lê-se no documento.

Apesar de constatar “insuficiência de financiamento face às competências objeto de descentralização”, o TdC assegura que “as 93 contas dos municípios analisados não apresentaram sinais de desequilíbrio orçamental e financeiro, facto que se deve, em grande parte, à evolução das receitas próprias, designadamente de índole fiscal relacionadas com as transações imobiliárias”.

Foram evidenciados, em 2022, na área da educação, problemas de gestão, controlo e partilha de informação entre entidades da administração central envolvidas diretamente na descentralização.

Tribunal de Contas

O TdC faz ainda um reparo à transferência de competências no domínio da educação que não trouxe simplificação administrativa “nem conseguiu libertar as escolas de tarefas de índole administrativa e financeira que retiram tempo e recursos às matérias curriculares e pedagógicas”. Mais, aponta, “foram evidenciados, em 2022, na área da educação, problemas de gestão, controlo e partilha de informação entre entidades da administração central envolvidas diretamente na descentralização”.

Pede, assim, mais transparência nas transferências a efetuar através do FFD, “integrando anualmente os critérios subjacentes ao seu cálculo no relatório que acompanha a proposta de Lei do Orçamento do Estado, tal como previsto na LFL, e publicitando esses mesmos critérios no Portal Autárquico”. Recomenda ainda que o FFD atribua a cada autarquia as verbas adequadas para conseguirem exercer no terreno as competências atribuídas. Assim como diminuía a carga a carga burocrática associada à descentralização, fomentando a simplificação administrativa.

O tribunal recomenda ainda à Direção-Geral das Autarquias Locais que “avalie sistematicamente as peças de reporte que coloca à disposição dos municípios, tendo em vista a sua utilidade, objetividade e compreensão”. Já aos municípios do continente, o TdC apela a que incluam nos relatórios de gestão anuais uma análise ao impacto da descentralização nas contas municipais assim como invistam recursos na implementação do subsistema de contabilidade analítica, de modo a relatarem a informação financeira e não financeira relacionada com a descentralização.

No que toca às autarquias, o TdC particulariza recomendações à de Guimarães, Marinha Grande, Amadora e Albufeira. No caso de Guimarães é pedido que regularize os valores da receita por cobrar referentes às senhas de refeições escolares no âmbito do 2º e 3º ciclos e secundário.

Marinha Grande deve clarificar, “em sede de contrato interadministrativo celebrado com os agrupamentos de escolas, a entidade destinatária da receita com a venda de refeições escolares no âmbito do 2º e 3º ciclos e secundário”. Ao município da Amadora, pede a celebração de contratos interadministrativos com os agrupamentos de escolas que traduzam o acordo de ambas as partes enquanto a autarquia de Albufeira deve apurar os valores de financiamento registado para a área da saúde, efetuando a sua imputação à respetiva competência.

Por fim, responsabiliza ainda a Administração Central e os municípios da “incapacidade de produzir, organizar e prestar informação financeira fiável e completa”.

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Politécnico de Viana do Castelo desenvolve tecnologia para rastrear origem do vestuário

Da origem das matérias-primas às praticas de produção, oito alunos do Politécnico de Viana do Castelo desenvolveram um sistema com base num QR Code para rastrear a origem da roupa.

Oito alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo (ESTG-IPVC) criaram um sistema para rastrear a origem das peças de vestuário. Através de um QR Code o consumidor acede a informações sobre a origem das matérias-primas, práticas de produção ou questões ambientais e ética. Intitulado “Information for Tomorrow | Fast Fashion Transparency”, este projeto é financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) no âmbito do BAITS – Business, Art, Innovation, Technology, Sustainability.

“O nosso projeto é uma solução para aumentar o nível de transparência nas empresas têxteis. Através de uma escala, similar à usada quando o tema é eficiência energética, o consumidor poderá ficar a saber todo o historial da peça de roupa que vai comprar. Para isso basta aceder ao QR Code colocado na etiqueta, permitindo rastrear a peça desde a produção à comercialização”, descreve Beatriz Carvalhido, uma das responsáveis deste projeto.

“Information for Tomorrow | Fast Fashion Transparency” é composto por Ana Faria, de Viana do Castelo, Vítor Gonçalves, de Monção, João Amorim, de Barcelos, Beatriz Carvalhido, de Viana do Castelo, Maria Santos, de Esposende, Francisco Ramos, de Barcelos, Ubirajara Daniel, de Monção, e David Silva, de Braga.

Alunos responsáveis pelo projeto “Information for Tomorrow | Fast Fashion Transparency”Politécnico de Viana do Castelo

O Final Event – Processo de Cocriação Pedagógica decorreu, na última semana, na ESTG-IPVC e juntou mais de uma centena de estudantes deste politécnico e do Instituto Politécnico de Bragança, assim como dezenas de entidades externas que avaliaram os projetos desenvolvidos pela comunidade académica.

Este processo de cocriação pedagógica assume-se como “uma oportunidade de preparação” dos estudantes para os desafios que lhes serão criados pelos futuros empregadores.Desafia os estudantes, testa a sua criatividade”, refere o docente da ESTG-IPVC, Jorge Teixeira.

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Ministros setoriais recebem poder de decisão na execução orçamental

  • Lusa e ECO
  • 29 Janeiro 2024

O Ministério das Finanças salienta que o diploma agora publicado "transfere poder de decisão sobre a execução orçamental para os ministros setoriais".

O Governo determinou que ficam sujeitos a cativação os valores que excedam em 4% o nível a partir do qual os serviços do Estado estão sujeitos a esta restrição, segundo o decreto-lei divulgado esta segunda-feira. O Ministério das Finanças destaca que o diploma “confere maior responsabilidade aos ministros setoriais no processo de gestão orçamental”.

O decreto-lei que estabelece as normas de execução do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), publicado em Diário da República, mantém o valor face ao ano passado.

Ficam sujeitos a cativação nos orçamentos totais das entidades da administração central os valores que, face à execução orçamental acumulada a dezembro de 2023, excedam em 4% o valor global de cada um dos agrupamentos respeitantes a despesas com pessoal, excluindo abonos variáveis e eventuais, a outras despesas correntes e a transferências para fora das administrações públicas”, pode ler-se.

Ficam também sujeitos a cativação os valores que, face à execução orçamental acumulada a dezembro de 2023, “correspondam a um aumento do valor global das despesas com pessoal em abonos variáveis ou eventuais, excluindo as que se referem a indemnizações por cessação de funções”.

Ficam excluídas as despesas das Forças Nacionais Destacadas e das instituições do ensino superior, as despesas com vinculações externas e obrigatórias e as despesas afetas a projetos e atividades cofinanciadas por fundos europeus e internacionais de natureza não reembolsável no âmbito de apoios concedidos a fundo perdido e as despesas associadas ao pagamento de impostos e taxas.

De fora ficam ainda as transferências associadas a encargos com pensões e outros abonos suportados pela Caixa Geral de Aposentações e as despesas no âmbito da Lei de Programação Militar.

O decreto estabelece ainda que “ficam sujeitos a uma cativação de 40% nos orçamentos das entidades da administração central do Estado as despesas relacionadas com papel, consumíveis de impressão, impressoras, fotocopiadoras, scanner e em contratos de impressão, com exceção dos contratos em vigor, das despesas relativas à produção de manuais escolares em braille ou quando usados para a produção de bens e serviços geradores de receita própria”.

“Deve ser concedida uma descativação de 20% das despesas previstas no número anterior quando associadas a programas de desmaterialização ou outras iniciativas conducentes à diminuição de utilização de papel e consumíveis de impressão”, acrescenta.

Tal como anunciado pelo ministro das Finanças, “a descativação e a utilização total ou parcial das verbas cativas previstas” passa a ser da responsabilidade do membro do Governo responsável pela área setorial, “sem possibilidade de delegação, salvo em outro membro do Governo tendo em consideração a necessidade de concretizar as autorizações de contratação já concedidas”.

Anteriormente a autorização dependia do ministro das Finanças. O decreto-lei, que “visa garantir um controlo adequado da execução orçamental, indispensável ao cumprimento do disposto na Lei do Orçamento do Estado”, entra em vigor na terça-feira.

Em comunicado, o Ministério das Finanças salienta que o diploma agora publicado “transfere poder de decisão sobre a execução orçamental para os ministros setoriais”, desde logo “o poder de autorizar a utilização de dotações orçamentais condicionadas é transferido do ministro das Finanças para os ministros setoriais”.

“Esta evolução confere maior responsabilidade aos ministros setoriais no processo de gestão orçamental, permitindo-lhes libertar, a qualquer momento, as verbas atribuídas às entidades sob a sua tutela cuja utilização esteja condicionada”, referem as Finanças.

Por outro lado, acrescenta o mesmo comunicado, “os ministros setoriais ficam também com autonomia para celebrarem contratos de aquisição de bens e serviços, dispensando a autorização do Ministério das Finanças que vigorou até ao ano passado, sempre que o valor dessas aquisições excedia o montante executado no ano anterior”.

(Notícia atualizada às 18h56 com comunicado do Ministério das Finanças)

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Porto da Horta vai ter grua de um milhão para duplicar capacidade

Está prevista a entrega de duas novas gruas de 124 toneladas para o porto de Ponta Delgada, em São Miguel, e para o porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, num investimento de 8,9 milhões.

O porto da Horta, na ilha do Faial, vai ter uma nova grua com capacidade de cem toneladas que servirá para duplicar a capacidade portuária. A grua representa um investimento de um milhão de euros, no âmbito do Plano Plurianual de Investimento da Portos dos Açores executado ao abrigo de contratos-programa com o Governo dos Açores.

“A nova grua portuária, com capacidade de 100 toneladas e com a faculdade de movimentar contentores de 40 pés, duplica a atual capacidade portuária, com mobilidade, permitindo a movimentação de volume de carga pesada a cerca de sete metros do seu centro de rotação, dotando o porto da Horta de um recurso que responde de forma mais completa e eficiente às necessidades da operação”, afirma a empresa portuária em comunicado.

A empresa portuária Portos dos Açores realça que a iniciativa visa “a renovação e o adequado apetrechamento das diversas infraestruturas portuárias da região, tendo em conta critérios de operacionalidade, segurança e eficiência”.

A administração portuária prevê ainda para este ano a entrega de duas novas gruas de 124 toneladas, uma para o porto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e outra para o porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, num investimento total de 8,9 milhões de euros.

A empresa Portos dos Açores é responsável pela administração dos portos de Vila do Porto (ilha de Santa Maria), de Ponta Delgada (São Miguel), da Praia da Vitória e das Pipas (Terceira), da Praia da Graciosa (Graciosa), da Calheta e de Velas (São Jorge), das Lajes do Pico, de São Roque do Pico e da Madalena (Pico), da Horta (Faial), das Lajes das Flores e de Santa Cruz das Flores (Flores) e da Casa (Corvo).

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VdA é a firma de advogados com melhor reputação, segundo a OnStrategy. Veja quem ficou no top 5

Um estudo da RepScore elaborado pela consultora OnStrategy concluiu que a Vieira de Almeida foi a marca do setor dos serviços jurídicos com melhor reputação no mercado em 2023.

A Vieira de Almeida (VdA) foi considerada a sociedade de advogados com o índice de reputação mais elevado no mercado de 2023, uma conclusão do estudo da RepScore elaborado pela consultora OnStrategy. Entre as cinco firmas citadas pelo estudo está ainda a Cuatrecasas, Abreu Advogados, PLMJ e Sérvulo & Associados.

No ranking das marcas mais relevantes do setor dos serviços jurídicos a VdA ficou novamente em primeiro lugar com um índice de 73,7, seguida da Cuatrecasas com 72,8 e da Abreu Advogados com 72,7. Ainda no top cinco a PLMJ foi pontuada com 70,7, e a Sérvulo & Associados com 70,3.

Este crescimento de reputação da Abreu Advogados é um grande orgulho para toda a equipa e é também o reconhecimento do trabalho que temos desenvolvido para a consolidação da nossa marca. Motiva-nos muito saber que os nossos clientes têm uma confiança cada vez maior no nosso trabalho e na nossa capacidade de resposta. A todos, devolvemos a uma mensagem de consideração, de admiração, de relevância. Reforçamos a confiança que podem depositar na Abreu e com a qual podem contar sempre, acima de tudo! Vamos continuar a trabalhar para prestar o melhor serviço jurídico possível”, sublinhou em comunicado Inês Sequeira Mendes, managing partner da Abreu Advogados.

Já Manuel Magalhães, managing partner da Sérvulo, sublinhou que é um “grande orgulho” a firma ser uma das mais reputadas. “É o reflexo do reconhecimento e da confiança dos nossos clientes, e do mercado em geral, no trabalho que tem sido desenvolvido por equipas de excelência. A Sérvulo agradece a todos os que diariamente dão o seu melhor por uma marca que se tem afirmado ao longo dos anos pelo diferencial do conhecimento e do rigor, prosseguindo com a firme convicção de que continuará a marcar a diferença e a prestar o melhor serviço jurídico”, disse.

Numa escala de 100 pontos, este estudo destaca as marcas Delta com a melhor avaliação, 83,2 pontos, entre mais de 2.000 marcas auditadas.

O estudo de reputação de marcas RepScore reflete os atributos de relevância, consideração, confiança, admiração, preferência e recomendação das marcas junto dos cidadãos em Portugal e contou com a participação de mais de 50.000 pessoas através de entrevistas online e telefónicas, realizadas ao longo das últimas 52 semanas.

O RepScore, que todos os anos é elaborado pela OnStrategy, avalia a relevância e reputação das marcas que atuam no mercado nacional – nacionais ou multinacionais – através de um estudo que envolve mais de 50 mil cidadãos. Esta análise é desenvolvida de forma contínua ao longo do ano e em conformidade com a certificação das normas ISO20671 (avaliação de estratégia e força) e ISO10668 (avaliação financeira), avaliando os atributos associados à notoriedade, relevância, consideração, confiança, admiração, preferência e recomendação.

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Após “enorme aposta” nórdica, Sonae afasta grandes aquisições nos próximos anos

Prestes a concluir, “provavelmente, a maior aposta individual nos 60 anos da Sonae”, com a compra da finlandesa Musti, o CFO fecha a porta a futuras compras da mesma dimensão nos próximos anos.

A Sonae afasta a hipótese de avançar “nos próximos anos” com novas aquisições da mesma magnitude daquela que está prestes a concluir na Finlândia, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) que lançou em novembro sobre a empresa de produtos para animais de estimação Musti, propondo-se pagar 26 euros por cada ação, o que avalia a cotada na bolsa de Helsínquia em 868 milhões de euros.

O administrador financeiro (CFO), João Dolores, disse à agência Bloomberg que esta operação é uma “enorme aposta” do grupo português, “provavelmente a maior aposta individual nos 60 anos da Sonae”. No entanto, contrapôs, a companhia liderada por Cláudia Azevedo “não [gosta] de ter níveis muito elevados de alavancagem” e irá manter uma abordagem “conservadora” em termos financeiros.

A aquisição na Finlândia, que já obteve “luz verde” de Bruxelas e a recomendação da administração para que os acionistas aceitem as condições propostas, está a ser realizada pela dona do Continente através da sociedade Flybird Holding Oy, em consórcio com Jeffrey David, presidente do conselho de administração da Musti, Johan Dettel, membro do conselho de administração, e o CEO David Rönnberg.

Nos próximos anos, sentimos que tem potencial para, pelo menos, duplicar a dimensão da Musti.

João Dolores

CFO da Sonae

Assim que estiver concluída a operação, previsivelmente ainda no primeiro trimestre de 2024, o grupo sediado na Maia conta ficar a controlar mais de 90% das ações e dos direitos de voto na Musti, que fatura 426 milhões de euros e detém 340 lojas na Finlândia, Suécia e Noruega. “Nos próximos anos, sentimos que tem potencial para, pelo menos, duplicar a dimensão”, aponta João Dolores.

Apresentação de resultados de 2022 da Sonae - 16MAR23
João Dolores, CFO da Sonae, durante a apresentação de resultados de 2022Ricardo Castelo/ECO

Na primeira comunicação ao mercado, a Sonae apontou o retalho de produtos para animais de estimação como um segmento em rápido crescimento, “beneficiando das fortes tendências de adoção e cuidados premium, do aumento dos gastos por animal e da resiliência inerente ao padrão de consumo não discricionário da sua alimentação”. Por outro lado, salientou que o consórcio pode beneficiar da “combinação da experiência da Sonae em retalho omnicanal, bem como dos seus recursos e alcance geográfico”.

Mesmo não antecipando novas aquisições desta dimensão, o CFO salientou que a Sonae tem atualmente capacidade para angariar fundos a “custos relativamente baixos”, o que confere a capacidade para analisar transações de “tamanho considerável”. Na mesma entrevista, apontou ainda que vê neste momento menos concorrência para este tipo de negócios, ao mesmo tempo que as avaliações estão a cair para ativos ligados a alguns “temas quentes”, como é o caso deste setor de atividade.

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Isabel dos Santos não responde à justiça angolana. Julgamento pode começar em março

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2024

A empresária angolana é acusada de 12 crimes num processo que envolve a sua gestão à frente da petrolífera estatal Sonangol entre 2016 e 2017.

A empresária Isabel dos Santos foi notificada para ser ouvida mas preferiu não responder às questões das autoridades angolanas, disse fonte oficial, adiantando que o caso que envolve a sua gestão na Sonangol pode começar a ser julgado em março.

O Procurador-Geral Adjunto da República Pedro Mendes de Carvalho falava à margem de um workshop sobre investigações financeira e branqueamento de capitais que decorre esta semana em Luanda.

“De acordo com os prazos legais, o processo poderá entrar em julgamento daqui a dois ou três meses, mas depois tem todo o formalismo que tem de se obedecer”, caso seja solicitada a instrução contraditória, uma fase do processo em que tanto a defesa como a acusação podem intervir e em que os arguidos podem apresentar argumentos e provas.

Só depois disso o processo será remetido para juízo com despacho de pronúncia, o que significa que irá para a fase de julgamento, ou despacho de arquivamento.

Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos e que vive fora de Angola há vários anos, foi notificada para ser ouvida, mas recusou-se a prestar declarações. “Foi notificada para o efeito, teve oportunidade de se defender, tem esta diligência no processo”, afirmou aos jornalistas Pedro Mendes de Carvalho, sublinhando que o arguido é livre de apresentar ou não [a sua versão], podendo responder ou não às questões.

A empresária angolana é acusada de 12 crimes num processo que envolve a sua gestão à frente da petrolífera estatal Sonangol entre 2016 e 2017.

O diretor nacional de Investigação e Ação Penal e diretor nacional de Prevenção e Combate à Corrupção da PGR destacou ainda que as autoridades angolanas mantêm boas relação institucionais com as suas congéneres, com quem têm estado a cooperar em matéria judicial.

“Temos estado a receber cartas rogatórias de outros países e temos estado a remeter cartas rogatórias, tem havido resultados”, disse, apontando Portugal e Suíça entre os países que têm solicitado diligências a Angola.

Pedro Mendes de Carvalho adiantou que Angola esta a fazer uma serie de ações para ir ao encontro das recomendações da Grupo de Combate ao Branqueamento de Capitais para África Austral e Oriental (ESAAMLG) com vista a superar e capacitar melhor os operadores que intervêm no combate ao branqueamento de capitais, e tem vindo a instaurar mais processos.

Publicado em junho do ano passado, o relatório do Grupo de Acção Financeira (GAFI), agência global de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, incluiu uma série de recomendações que Angola terá de cumprir para evitar o regresso à “lista cinzenta” da instituição, que implica restrições significativas ao acesso a financiamento internacional.

“Temos estado a trabalhar neste sentido, temos feito o máximo para que consigamos passar nesta avaliação”, realçou o responsável da PGR. Pedro Mendes de Carvalho salientou que os recursos humanos têm vindo a ser reforçados, quer em número, quer em capacitação, tal como os recursos financeiros, para melhorar as condições dos magistrados.

O workshop, promovido pela Procuradoria-Geral da República e pelo escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime visa potenciar as capacidades de 40 magistrados do Ministério Publico angolano e realiza-se no âmbito do PRO.REACT – Projeto de Apoio ao Fortalecimento do Sistema Nacional de Confisco de Ativos em Angola, financiado pela União Europeia.

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Ikea foi corajosa e brincou com assunto tabu ou passou limite e entrou na campanha eleitoral?

O anúncio da Ikea entra em territórios proibidos ou foi um rasgo na comunicação? As opiniões dividem-se, com a marca e a agência criativa a rejeitarem a ideia de aproveitamento eleitoral.

O outdoor da Ikea que teve como protagonista o montante em dinheiro apreendido ao chefe de gabinete de António Costa, tornou-se viral e foi o tema da última semana nas redes sociais, sendo dos assuntos mais falados do momento. Embora referindo-se à Operação Influencer, a marca já assegurou ao +M que apenas queria “brincar com a atualidade, sem qualquer ambição política”. A Ikea foi corajosa e brincou com um assunto tabu ou ultrapassou o limite e entrou na campanha eleitoral?

José Franco, managing partner na agência Corpcom, reconhece “muita criatividade” na campanha da Ikea, mas considera que o anúncio especifico que se refere à quantia de dinheiro na estante – ao contrário dos restantes outdoors da marca relacionados com a atualidade política económica – tem a nuance de se referir a um “caso de alegada corrupção que levou um governo a cair” e que “os outros partidos vão usar” na campanha eleitoral.

Ao contrário dos outros anúncios, creio que este tem um forte impacto na campanha política. É um caso que os partidos da oposição, nomeadamente mais à direita, já estão a usar na campanha. E a marca acaba, sem essa intenção – que foi claramente de humor, de fazer paródia de uma forma inteligente – por tocar nessa área em que as marcas deviam evitar entrar“, afirma José Franco, que defende que as marcas devem ser “agnósticas de política e religião”.

Apesar da crítica, José Franco considera que o anúncio é “corajoso”. “Acho positivo que as marcas possam entrar nesse campo”, diz. Mas, no caso concreto do anúncio da estante, o responsável da Corpcom defende que se “passou a barreira, para um foro que é questionável, e é perfeitamente aceitável que seja questionável. Não acho necessariamente negativo, mas acho legítimo que as pessoas questionem“, acrescenta.

Entretanto, no final da semana passada, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) recebeu queixas de cidadãos contra a campanha lançada pela marca sueca esta semana.

Apresentando um ponto de vista mais crítico, Carlos Coelho, especialista em marcas e presidente da Ivity Brand Corp, defende num artigo de opinião publicado no +M que “as marcas não deveriam usar as feridas da democracia para promover os seus produtos ou serviços. Para mim as marcas são alicerces e não altifalantes, são entidades de longo alcance e não hienas dos desaires de uma sociedade política que está muito fragilizada, pelos seus próprios atos e comportamentos e que nos diminui a todos”.

“Estamos perto do Carnaval e, talvez por isso, ninguém leve a mal. Mas custa-me ver as marcas ‘brincar’ com assuntos desta natureza, que são gasolina para a fogueira mediática da nossa baixa estima coletiva“, acrescenta.

Susana Albuquerque, diretora criativa executiva da Uzina – agência responsável pela campanha -, concede que existe “alguma audácia de utilizar assuntos, temas, factos que fazem parte da conversa dos portugueses, que são anúncios que normalmente a publicidade não toca“.

Existe um bocadinho esse tabu, de que com estas coisas não se pode ‘brincar’ na publicidade portuguesa. Mas não há nada objetivamente na lei que nos diga que não podemos brincar com aquilo que está na rua. Se olharmos para o mundo não é a primeira vez que uma marca usa esse tipo de assuntos para fazer comunicação e neste caso para fazer humor.

Susana Albuquerque

Diretora criativa executiva da Uzina

Existe um bocadinho esse tabu, de que com estas coisas não se pode ‘brincar’ na publicidade portuguesa. Mas não há nada objetivamente na lei que nos diga que não podemos brincar com aquilo que está na rua“, afirma, acrescentando que “se olharmos para o mundo não é a primeira vez que uma marca usa esse tipo de assuntos para fazer comunicação e neste caso para fazer humor“.

Susana Albuquerque explica que o briefing passado pela marca pretendia divulgar uma baixa de preços em alguns dos produtos mais populares da Ikea, com a nuance de que a marca não queria que isso fosse confundido com uma qualquer campanha de saldos.

Neste âmbito, a marca sueca pediu uma campanha de outdoor que conseguisse “surpreender e chamar à atenção, falando com as pessoas num tom Ikea“. Assim “tentou-se encontrar temas da sociedade que estivessem nas cabeças e nas conversas das pessoas para se conseguir falar a descida de preços, num tom bem-humorado. Há sempre aqui uma tentativa de fazer esboçar um sorriso”, refere.

A aprovação da ideia acabou por ser simples, revela, acrescentando até que os anúncios são muito centrados no produto. “Havia esta vontade do cliente de abordar temas sociais e que estão na cabeça das pessoas com algum sentido de humor, pelo que a aprovação foi fácil“, afirma a diretora criativa executiva da Uzina.

José Franco reforça que a Ikea “não é uma marca qualquer” e que tem um peso “muito grande” em Portugal, ressalvando que é portanto uma marca que “tem de ter algum cuidado porque também depende de muita decisão política, nomeadamente ao nível de licenciamentos, quer por parte de governos como do poder local (autarquias)”.

“E levantar esta questão, ainda que tenha tido sucesso – foi provavelmente a campanha mais comentada nos últimos anos – toca de uma forma sensível em alguns stakeholders. Mas isto não impede que a marca o assuma e possa fazer a comunicação como bem entender, com os riscos que isso pode ter”, afirma o managing partner da Corpcom.

Susana Albuquerque confessa que não esperava todo o buzz que se gerou à volta do anúncio. O objetivo, como sempre, é trabalhar “para tentar chegar ao maior número possível de pessoas dentro do público que está definido”, refere.

“Nesta campanha claramente que há uma intenção de chamar à atenção e chegar ao maior número possível de pessoas. Aquilo que aconteceu – que é o que chamamos de viralizar – para nós não é um objetivo nunca. O objetivo é comunicar com eficiência com as pessoas com quem queremos comunicar”, explica a responsável da Uzina.

“Depois, quando estes fenómenos acontecem – e é raro acontecerem -, é por algo que não controlamos nem provocamos intencionalmente. Nós não nos sentamos à secretária a pensar ‘vamos fazer um viral’. Isso nunca aconteceu e não aconteceu agora de certeza”, acrescenta ainda.

Para José Franco, o timing do anúncio teria sido “mais proveitoso” quando se soube do caso da Operação Influencer e se a comunicação fosse feita apenas nas redes sociais. “Mas a decisão foi levar para uma rede nacional de mupis. Admiro as marcas que tenham essa coragem de quebrar com o establishment. Correndo riscos e ter esse caráter ousado de sair da comunicação mais tradicional“, refere.

Também num artigo de opinião no +M, João Santos, COO (chief operating office) do WYgroup, dá os parabéns à agência, cliente e marca “pelo arrojo, pela oportunidade e sobretudo por terem tido a vontade de o fazerem”.

É inequívoco que a mensagem pode ter um preço. Que vamos ter quem fique zangado com a marca, mas que teremos muitos outros que nos vão aplaudir e preferir-nos quando chegar ao momento de escolher a nova mobília. E não porque nos estamos a referir a um determinado quadrante político, mas antes porque temos a coragem para o fazer“, acrescenta.

“(…) acho bem que se trilhe caminhos na publicidade, desde que não sejam feitos de forma gratuita, apenas para gerar impacto noticioso. Se o objetivo é um objetivo gratuito de entrar nas notícias todas, tem que se avaliar muito bem que tipo de públicos podem ser melindrados com essa comunicação.”

José Franco

Managing partner Corpcom

“Temos visto muitas marcas a passar determinado tipo de limites estabelecidos e depois a recuarem e a pedirem desculpa. Ainda assim, acho bem que se trilhe caminhos na publicidade, desde que não sejam feitos de forma gratuita, apenas para gerar impacto noticioso. Se o objetivo é um objetivo gratuito de entrar nas notícias todas, tem que se avaliar muito bem que tipo de públicos podem ser melindrados com essa comunicação“, afirma José Franco ao +M.

A eficácia desta campanha da marca sueca, do ponto de vista de relações públicas, é “grande”, na medida em que colocou “toda a gente a falar da marca”. No entanto, se for perguntado às pessoas qual o nome do estante ou o seu valor, “a maioria das pessoas não sabe dizer”, refere também José Franco, apresentando dúvidas quanto à eficácia “do ponto de vista de produto” desta campanha que se foca em descontos e promoções.

O managing partner da Corpcom defende ainda que este episódio vai abrir um “campo de intervenção de outras marcas“, na medida em que a Ikea “desbravou um caminho que se calhar agora vai ser aproveitado por outras marcas para outros casos ligados à sociedade, política, economia“.

Este tipo de conteúdos, no entanto, “têm de ser muito bem pensado para avaliar o impacto na opinião das pessoas, e essa avaliação tem de ser muito cuidadosa, porque saímos do domínio da comunicação publicitária para entrar num domínio de relações públicas e até comunicação de crise“.

Cláudia Domingues, country communication manager da Ikea Portugal, começando por negar a existência de uma “crise”, explica ao +M que quando se começou a sentir que podiam existir “interpretações que não eram de todo a nossa intenção”, o que foi feito foi “ativar a nossa agilidade e a nossa boa comunicação entre agências – nós (comunicação da Ikea), agência de publicidade [Uzina] e agência de comunicação [Adagietto] – para termos clareza e uma só voz na nossa perspetiva em relação a este tema“, onde não existe “nenhum pendor político”, defende.

Fizemos esta campanha para, primeiramente, relembrar as pessoas que temos soluções para todas as casas, carteiras e clientes e dizer que os preços estão a baixar e que fazemos parte da sociedade e que estamos a ouvir as conversas das pessoas e queremos com que estas sintam que estamos ao lado delas. E não foi mais do que isso.

Cláudia Domingues

Country communication manager da Ikea Portugal

“Fizemos esta campanha para, em primeiro lugar, relembrar as pessoas que temos soluções para todas as casas, carteiras e clientes e dizer que os preços estão a baixar e que fazemos parte da sociedade e que estamos a ouvir as conversas das pessoas e queremos com que estas sintam que estamos ao lado delas. E não foi mais do que isso”, afirma.

Susana Albuquerque também defende que nesta campanha “não há um tomar partido, nem há um ato publicitário que gera consequências políticas. O que há é uma piada sobre algo que aconteceu. Não há nenhuma intenção de campanha política em nenhuma das execuções, há sim brincadeiras com o vocabulário que agora faz parte do léxico da sociedade, como coligação, geringonça ou o tal caso da estante”.

José Franco parabeniza a marca e agência pela ousadia, mas diz que as avaliações serão feitas à posteriori. “Estou curioso para saber o que vem aí a seguir, quer por parte do Ikea quer de outras marcas”, refere, acrescentando que foi “muito positivo” o facto de outras marcas terem entrado neste registo e “dizerem no fundo ‘somos todos Ikea'”. A própria Corpcom também “entrou na paródia”, com uma publicação no LinkedIn.

Quanto ao facto de outras marcas se terem associado à campanha, Susana Albuquerque, diretora criativa executiva da Uzina, considera que quando a Ikea “teve a audácia de tocar num assunto que parecia tabu e de brincar com ele, de uma forma leve”, outras marcas perceberam que “também podiam brincar e portanto quiseram brincar”.

Já Cláudia Domingues refere que “ficámos agradavelmente surpreendidos. Acho que todos nos divertimos. E os nossos concorrentes e as outras marcas também se divertiram. E é bom ver isso a acontecer“.

Por outro lado, Carlos Coelho refere no seu artigo de opinião que “não gostei de ver as marcas que gosto a surfar uma onda gigante de notoriedade, desvalorizando o prejuízo social causado pelo seu conteúdo, em troca do lucro mediático, instantâneo, ‘facebokiano’ dos likes na sua marca”.

“É bom e venham mais”, diz ainda José Franco sobre o anúncio da Ikea, referindo que foi notório que a maioria das pessoas gostou, mas acrescentando que caso a campanha não integrasse o anúncio específico relacionado com a Operação Influencer, esta iria “passar despercebida, nunca ia entrar no Whatsapp e redes sociais e muito menos nas notícias”.

Encarando como “francamente positivo” que as agências e marcas sejam “arrojadas e tenham a coragem de fazer, às vezes, campanhas que possam ferir alguma suscetibilidade de alguns públicos”, José Franco considera que as marcas em Portugal – ou antes, os decisores – “arriscam muito pouco” e têm um “sentido muito convencional, conservador, sempre com medo de ferir suscetibilidades”.

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Miguel Albuquerque demite-se “sem efeitos imediatos”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 29 Janeiro 2024

Social-democrata já apresentou a demissão, que foi aceite, mas representante da República confirmou que não terá "efeitos imediatos". Calendário da queda do Governo fica por decidir.

O presidente do Governo regional da Madeira apresentou a demissão esta segunda-feira, mas o pedido, já aceite, não produz efeitos imediatos. Fica em aberto a possibilidade de ocorrer somente após a aprovação do orçamento regional.

“Essa demissão foi aceite e, depois, o sr. representante [da República na Madeira, Ireneu Barreto] irá anunciar em altura própria quando é que produzirá efeitos essa demissão”, afirmou Miguel Albuquerque, em declarações transmitidas pela RTP a partir do Funchal. “Não é por minha causa que não haverá estabilidade política na Madeira”, afirmou, depois de uma reunião com Barreto.

Miguel Albuquerque e Ireneu Barreto disseram estar a ponderar qual a melhor altura para oficializar a renúncia ao cargo, pelo facto de ainda estar em discussão o orçamento regional. O processo de auscultação dos partidos só pode ter início após a demissão do Governo.

Vamos ver os interesses da região e depois vamos tomar a decisão de acordo. Pode ser que seja ainda esta semana, pode ser que seja só depois do orçamento aprovado”, disse o representante da República.

Para o presidente demissionário do Executivo madeirense, é necessário avaliar os “interesses fundamentais da região”. “Não podemos ter uma gestão por duodécimos num orçamento que tem, neste momento, no global, 2.170 milhões de euros“, assinalou Albuquerque.

Quanto à liderança do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque disse que irá manter-se no cargo até ser marcado um congresso do partido e que irá reunir a comissão política para escolher o sucessor, garantindo que não está “agarrado” à posição.

“Vou voltar à minha vida privada, se puder”, declarou, adiantando que não vai ocupar o respetivo lugar na assembleia regional.

A 24 de janeiro, a Polícia Judiciária efetuou buscas em várias localizações, incluindo na Câmara Municipal do Funchal e na residência de Miguel Albuquerque. O ainda presidente do Governo regional foi depois constituído arguido, indiciado de oito tipos de crimes, incluindo corrupção ativa e passiva.

Albuquerque tinha anunciado na sexta-feira que se iria demitir do cargo, depois de, inicialmente, ter recusado fazê-lo. Outro dos visados, Pedro Calado, que era presidente da Câmara Municipal do Funchal e que também foi constituído arguido, renunciou à liderança da autarquia no sábado.

(Notícia atualizada às 14h40 com mais informação)

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