Novobanco tem 3,5 mil milhões para entregar aos acionistas nos próximos três anos

Além dos 225 milhões de euros de dividendos de 2024, o Novobanco tem 3,3 mil milhões para distribuir nos próximos 3 anos em dividendos extraordinários e num plano de recompra de ações prórpias.

O Novobanco apresentou esta quinta-feira os seus resultados financeiros referentes ao exercício de 2024, alcançando um lucro recorde de 744,6 milhões de euros, um crescimento ligeiro de 0,2% face aos 743,1 milhões obtidos em 2023. Estes números marcam um novo capítulo na história da instituição financeira, que se prepara agora para iniciar uma nova fase estratégica num contexto pós-Acordo de Capital Contingente (CCA).

O fim antecipado do CCA, formalizado em dezembro de 2024, permite ao banco liderado por Mark Bourke iniciar a distribuição de dividendos aos seus acionistas, algo que estava vedado desde a sua criação em 2014, quando surgiu na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES). O ponto mais aguardado pelos acionistas concretiza-se agora com a proposta de distribuição de dividendos no valor de 224,6 milhões de euros, que será votada na Assembleia Geral marcada para 21 de março de 2025.

Este montante corresponde a um pay-out de aproximadamente 30,2% do resultado líquido anual. “Terminámos o CCA no início de dezembro, o que nos permitirá, pela primeira vez, pagar dividendos, pelo que propomos um dividendo de mais de 224,6 milhões de euros, que representa 60% dos resultados obtidos no segundo semestre de 2024”, referiu Mark Bourke, CEO do Novobanco na apresentação dos resultados de 2024 esta manhã aos analistas.

Esta política de distribuição de dividendos beneficiará principalmente o fundo americano Lone Star, detentor de 75% do capital do banco através da Nani Holdings, mas também o Estado português, que também é acionista do banco através de uma participação de 11,46%, e do Fundo de Resolução, que detém 13,54% do capital do banco. Mas esta política de dividendos não deverá ficar por aqui.

O Novobanco prevê, nos próximos exercícios, manter uma política de distribuição de dividendos na ordem dos 60% dos resultados anuais, apesar de isso estar sujeito à aprovação dos reguladores e à incorporação dos resultados no capital. Além disso, refere também que “a previsão de remuneração dos acionistas está sujeita à execução bem-sucedida do plano de médio prazo e à evolução do ambiente de risco esperado”, notando que o banco tem disponível 3,3 mil milhões de euros para distribuir ao longo dos próximos três anos, já excluindo os 225 milhões de euros anunciados do exercício de 2024.

Segundo o plano de alocação de capital do banco, além de parte destes 3,3 mil milhões de euros serem distribuídos sob a forma de dividendos ordinários, poderão ainda ser alvo de uma distribuição de dividendos extraordinários e de um programa de recompra de ações próprias, com o intuito de “maximizar o valor para os acionistas”, refere o banco na apresentação dos resultados.

Posicionamento estratégico para os próximos anos

Mark Bourke e o CFO do banco, Benjamin Dickgiesser, detalharam também a estratégia que o Novobanco tem delineada para conquistar ainda mais quota de mercado nos principais segmentos da operação ao longo dos próximo ano.

No segmento empresarial, o CEO sublinhou a robustez da instituição nos principais centros económicos do país, sublinhando que o banco tem “quotas de mercado fortes” no segmento empresarial nos principais pontos do país, destacando como exemplo o Lisboa, Porto e Braga, e nas várias dimensões das empresas, com particular junto das médias empresas, em que o Novobanco apresenta uma quota de mercado de 18% neste segmento.

No mercado de retalho, o CEO identificou oportunidades de crescimento significativas, com particular ênfase na digitalização da oferta. “Vemos margem para irmos ao mercado de forma mais forte e de forma cada vez mais digital”, afirmou Bourke, destacando o facto de o Novobanco ter atualmente 1,7 milhões de clientes.

Na área do crédito ao consumo, o banco apresenta atualmente uma quota de mercado de 6,6%, um valor que o CEO considera passível de crescimento. “Não oferecemos todos os produtos que podíamos fazê-lo”, referiu Bourke, clarificando que há “oportunidade de aumentar os empréstimos ao consumo através de uma maior automatização e da melhoria de acompanhamento do cliente.” O banqueiro notou inclusive que esta quota poderá aumentar “sem o banco aumentar o seu nível de risco”, indicando uma estratégia de crescimento prudente, mas ambiciosa.

Durante a apresentação, Bourke abordou também o enquadramento político e macroeconómico em que o Novobanco opera, salientando que apesar da atual crise política, que poderá atirar o país para mais umas eleições antecipadas, isso não colocará em risco o IPO do banco.

“Independentemente se será o PS ou PSD a governar, ambos têm políticas que são muito conservadoras ao nível orçamental e economicamente, e espero essencialmente que isso continue”, referiu o CEO do Novobanco, notando ainda que “quaisquer conversações que façamos em redor do IPO ou em matérias relacionadas com isso com qualquer que seja o acionista no poder, deverá estar no mesmo nível em termos de confiança que temos atualmente”.

O fim do CCA marca o início de uma nova era para o Novobanco, permitindo à instituição focar-se inteiramente na sua estratégia de crescimento. A capacidade de distribuir dividendos representa não só um marco simbólico, mas também um sinal de solidez financeira e de normalização da atividade do banco. E a manutenção de uma política de dividendos generosa para os próximos exercícios deverá também contribuir para aumentar a atratividade do Novobanco junto de potenciais investidores, sobretudo numa altura em que o banco se prepara para ir para bolsa.

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