60% das mulheres diz que o desequilíbrio de género piorou no setor tech
Mais de um terço das mulheres diz receber menos do que os seus pares homens no setor tech, ainda assim uma descida face aos 51% de há um ano, aponta o "State of Gender in Tech Report", da Web Summit.
O setor tecnológico está cada vez mais a transformar-se num ‘clube de rapazes’ e, para isso, tem contribuído o atual clima geopolítico com a pausa nas políticas de diversidade e inclusão (DEI) e com o tema da guerra a reduzir o investimento em programas de reskiling de mulheres e bolsas de diversidade, aponta o “State of Gender in Tech Report”, da Web Summit.
“Apesar da maior sensibilidade aos desafios enfrentados pelas mulheres, as lutas centrais mantêm-se as mesmas: os temas viés e do equilíbrio da vida-trabalho ainda dominam. Mais preocupante, a pressão em torno da manutenção desse equilíbrio continua a aumentar. Isto mostra claramente que precisamos de nos mover mais rapidamente se queremos ver as mudanças que desejamos”, diz Catarina Burguete, acting community manager da Web Summit, citada em comunicado.
No ano em que a cimeira tecnológica assinala uma década do seu programa Women in Tech, o inquérito realizado junto a 671 mulheres do setor, das quais 40% com idade entre os 35-44 anos, revela um cenário de preocupação com a evolução do desequilíbrio de género na indústria.
Se há um ano 51% das mulheres acreditava que esse desequilíbrio de género estava a melhorar, este ano 60% acredita que está a piorar. Em 2024, essa visão era partilhada por ‘apenas’ 48% das mulheres.
Mais de metade (56%) aponta as recentes mudanças geopolíticas como um dos motivos para essa degradação, com o fim ou pausa das políticas DEI e a economia de guerra a empurrar o tema de género para fora da agenda política e das empresas.
Apenas 39% acredita que as empresas estão a tomar as medidas certas para combater esse desequilíbrio — um ano antes esse valor situava-se nos 44% — e somente 29% que os seus governos estão a realizar iniciativas nesse sentido, uma descida face aos 31% de há um ano.
O sexismo no setor persiste. Cerca de metade (49%) das inquiridas diz ter experienciado sexismo no trabalho — uma ligeira descida face aos 51% de há um ano — e uma larga maioria (82%) acredita que tem de superar o desempenho dos seus pares masculinos para ser ‘levada a sério’ no trabalho, um número superior aos 76% em 2024.
Ao nível do salário, mais de um terço (37%) diz que recebe menos do que os seus pares homens, ainda assim uma descida face aos 51% de há um ano. Por outro lado, 81% das inquiridas sentem-se mais empoderadas para assumir funções de liderança, quando há um ano apenas 76% expressava esse sentimento.
IA e o equilíbrio de género
Mais de metade (77%) das mulheres usa inteligência artificial (IA) diariamente e 75% acredita no seu potencial na promoção de um maior equilíbrio entre homens e mulheres no setor, ainda assim 25% receia que esta tecnologia reforce os vieses e seja um factor de exclusão e não inclusão.
Embora, a IA, com o apoio à produtividade e baixando as barreiras à entrada em áreas técnicas, seja também vista como uma ferramenta que permite um maior equilíbrio entre vida-trabalho, mais de metade (56%) ainda diz que tem de escolher entre carreira e família. Há um ano, somente 49% das inquiridas tinha essa visão.
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