Zohran Mamdani vence prefeitura de Nova Iorque. Democratas vencem também em Nova Jérsia e Virgínia
Além da corrida para prefeito de Nova Iorque, os democratas venceram várias disputas eleitorais nos Estados Unidos, incluindo as de governador em Nova Jérsia e Virgínia (leste).

O democrata Zohran Mamdani venceu na terça-feira as eleições para prefeito da cidade norte-americana de Nova Iorque com mais de 50% dos votos, de acordo com projeções com mais de 80% dos boletins contabilizados.
Mamdani, de 34 anos, será o presidente da câmara mais jovem de Nova Iorque desde 1892 e também o primeiro muçulmano, depois de vencer o independente Andrew Cuomo e o republicano Curtis Sliwa, de acordo com o resultado ainda provisório, mas avançado já por órgãos como a Associated Press, CNN ou NBC News.
É também a primeira vez desde 1969 que mais de 2 milhões de pessoas votam na cidade.
De acordo com os resultados provisórios, com mais de 80% dos votos contabilizados, Mamdani ultrapassa os 50% dos votos registados (50,5%), seguido por Cuomo (41,3%) e Sliwa (7,3%).
O político democrata progressista, que surpreendeu ao derrotar Cuomo nas primárias do partido, apesar da pouca experiência como deputado estadual, conquistou os nova-iorquinos com promessas de transportes e creches gratuitas, alojamento a baixos preços e uma rede de lojas administradas pela cidade com preços baixos para enfrentar o alto custo de vida na ‘Big Apple’.
A orientação socialista de Mamdani, a favor da causa da Palestina, suscitou desconfiança entre alguns líderes do Partido Democrata e moderados, enquanto o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o classificou de “comunista” e inimigo dos judeus.
Trump, também nova-iorquino, manteve a atenção na disputa pela prefeitura da cidade, reiterando ameaças de cortes de fundos à cidade se Mamdani fosse eleito, garantindo ainda que apenas atribuiria “o mínimo indispensável” ao seu “amado primeiro lar” porque, com um “comunista”, “a cidade, outrora grandiosa, tem ZERO hipóteses de sucesso ou sobrevivência”.
Os nova-iorquinos deram o apoio a Mamdani em detrimento de Cuomo, cuja campanha foi fortemente apoiada por vários magnatas, tanto democratas como republicanos, ainda que continue a ser criticado pelas acusações de assédio sexual que o obrigaram a demitir-se do cargo de governador estadual em 2021.
Mamdani conseguiu inspirar a população jovem, que se juntou num exército de voluntários, apoiante da campanha. O candidato democrata lotou no mês passado um estádio em Queens com capacidade para 10 mil pessoas, num comício sob o slogan “Nova Iorque não está à venda”, no qual participou a dupla formada por Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, figuras da ala mais à esquerda dos democratas, que o apoiaram.
Entre outras vozes que se juntaram à campanha de Mamdani pontuaram figuras como a governadora estadual, Kathy Hochul, e a procuradora estadual, Letitia James, bem como o líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, mas não o líder do Senado, Chuck Schumer, nem o antigo presidente Barack Obama, entre outros.
A vitória de Mamdani é um alívio para o Partido Democrata, que tenta recuperar o fôlego após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024 e a um ano das eleições intercalares.
Resta saber como a vitória de um político da ala mais progressista do Partido Democrata se inscreve nas políticas do partido no âmbito nacional, especialmente porque Nova Iorque é um feudo tradicionalmente democrata e porque a campanha teve uma forte componente local.
Democrata Spanberger vence na Virgínia

A democrata Abigail Spanberger tornou-se a primeira mulher a ser eleita governadora do estado norte-americano da Virgínia (leste), de acordo com as projeções de vários meios de comunicação locais. Antiga agente do serviço de inteligência civil CIA e ex-membro do Congresso dos Estados Unidos, Spanberger, de 46 anos, era a grande favorita nas sondagens para suceder ao republicano Glenn Youngkin.
De acordo com as projeções da NBC News, CNN e CBS News, os resultados iniciais dão à democrata uma ampla vantagem sobre a republicana Winsome Earle-Sears, após uma campanha dominada pelo atual Presidente Donald Trump.
“A Virgínia está a sofrer por causa das políticas de Trump que a [Winsome Earle-]Sears apoia”, afirmou um dos últimos anúncios lançados pela campanha de Abigail Spanberger.
A demissão de centenas de milhares de funcionários federais por Donald Trump e pelo antigo aliado Elon Musk afetou particularmente este estado, que faz fronteira com a capital Washington.
Spanberger, considerada parte da ala moderada do Partido Democrata, enfrentou uma candidata republicana que se focou em questões de “guerra cultural”, especialmente em relação aos direitos dos transgénero. Estas foram questões já abordadas nas campanhas vitoriosas de Glenn Youngkin em 2021 e de Donald Trump nas presidenciais de 2024.
A eleição de Spanberger indica um revés para o bilionário republicano no início do segundo mandato, marcado pelo desejo de expandir os limites do poder executivo.
“Enviámos uma mensagem a todos os cantos da comunidade, uma mensagem aos nossos vizinhos e aos nossos compatriotas americanos em todo o país”, disse Spanberger aos apoiantes, na noite de terça-feira em Richmond. “Enviámos uma mensagem ao mundo inteiro de que, em 2025, a Virgínia escolheu o pragmatismo em vez do partidarismo. Escolhemos a nossa comunidade em vez do caos”, acrescentou.
Também na terça-feira, a democrata Ghazala F. Hashmi venceu a eleição para vice-governadora, sucedendo a Winsome Earle-Sears. Hashmi é a primeira mulher muçulmana a vencer uma eleição para um cargo estadual nos Estados Unidos.

Já em Nova Jérsia, onde Trump apoiou o candidato republicano Jack Ciattarelli, os eleitores optaram por manter os democratas no poder e elegeram a congressista Mikie Sherill.
Sherrill, ex-piloto de helicóptero da Marinha e membro do Congresso por quatro mandatos, caracterizou a vitória como um referendo sobre o Presidente republicano e algumas das suas políticas — desde a saúde à imigração e à economia.
“Aqui em Nova Jérsia estamos determinados a lutar por um futuro diferente para os nossos filhos”, afirmou Sherrill aos apoiantes que se reuniram para celebrar a sua vitória.
“Vemos claramente como a liberdade é importante. Sabemos que ninguém no nosso grande estado está seguro quando os nossos vizinhos são alvo de ataques, ignorando a lei e a Constituição”, acrescentou a futura governadora, que subiu a um palco acompanhada pelo marido e pelos filhos.
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