Há dois CEO em fim de mandato, mas é outro banco a trocar de líder
Administrações de BPI e BCP estão em fim de mandato, mas Oliveira e Costa e Miguel Maya devem permanecer. No Totta, Castro e Almeida vai dar lugar à primeira mulher à frente de um grande banco.
- Os conselhos de administração do BPI e BCP vão manter os seus CEO, com Miguel Maya e João Pedro Oliveira e Costa a sinalizarem a intenção de serem reconduzidos para novos mandatos, enquanto Pedro Castro e Almeida deixa o Santander para um novo cargo no grupo.
- A estabilidade na liderança bancária tem sido a norma nos últimos anos, com exceção do Novobanco, onde a saída de António Ramalho levou à ascensão de Mark Bourke, refletindo uma tendência de continuidade nas principais instituições financeiras.
- A saída de Pedro Castro e Almeida marca um momento histórico, pois Isabel Guerreiro tornar-se-á na primeira mulher a liderar um grande banco em Portugal.

Os conselhos de administração de BPI e BCP estão em fim de mandato, mas não se esperam trocas de CEO nos dois bancos. João Pedro Oliveira e Costa e Miguel Maya já sinalizaram que vão continuar à frente dos destinos das duas instituições e deverão ser reconduzidos para um terceiro mandato. Ainda assim, há uma mudança em curso noutro banco, mas esta de forma mais inesperada, dado que acabou de haver uma recondução do CEO. Pedro Castro e Almeida está de saída da liderança do Totta para assumir funções de Chief Risk Officer de todo o grupo Santander. E prepara-se para dar lugar à primeira mulher à frente de um grande banco em Portugal.
Após as mudanças no final da década passada, que deu lugar a uma nova geração de líderes bancários, os acionistas têm optado por uma linha de continuidade e estabilidade nos últimos anos no que toca ao comando das principais instituições.
À exceção do Novobanco, cuja saída abrupta de António Ramalho promoveu Mark Bourke ao topo em 2022, nos outros bancos os presidentes executivos vão já no terceiro mandato (casos de Paulo Macedo na Caixa e de Pedro Castro e Almeida no Totta). Ou a caminho disso (casos de Miguel Maya no BCP e de João Pedro Oliveira e Costa no BPI).
Este cenário de estabilidade poderá alterar-se no próximo ano. E não porque os mandatos dos CEO do BCP e BPI vão terminar em dezembro. Miguel Maya já manifestou vontade de continuar – com o novo mandato a ir até 2029. “Gosto mesmo muito do que faço, mas a decisão será dos acionistas”, afirmou o gestor de 61 anos, que lidera o BCP desde 2018 e que tem como principais acionistas os chineses da Fosun e os angolanos da Sonangol.
“Ainda faltam muitos anos. Sou muito novo”, respondeu por sua vez João Pedro Oliveira e Costa, 60 anos, sobre a possibilidade de sair de cena no final do ano – está à frente do BPI desde o início da década e tudo indica que irá ser reconduzido pelo Caixabank até ao final de 2028, segundo o Jornal Económico.
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“Melhor trabalho que irei ter”
Com o mandato a terminar apenas em 2027, outros voos mais altos estão a chamar por Pedro Castro e Almeida. O CEO do Santander Portugal – o antigo Totta – é o nome apontando para assumir as funções de Chief Risk Officer do grupo espanhol e já começou a fazer as primeiras despedidas do cargo que ocupa desde 2019. “O trabalho que tenho hoje – ainda sou CEO do banco – é o melhor que tive e tenho a certeza que é o melhor trabalho que vou ter”, disse o gestor numa conferência esta semana.
“Tenho um impacto muito direto e de proximidade com clientes. E tenho um impacto na comunidade onde eu sempre vivi. Acordo todos os dias com uma satisfação enorme para ir trabalhar”, assumiu o gestor de 58 anos.
Ainda assim, Castro e Almeida diz que está preparado para o próximo capítulo e cujas paragens o deverão levar a Madrid. “Ouvi uma vez uma frase que me segue muito na vida que é ‘o nosso futuro passa pelo caminho que às vezes tentámos evitar’. Eu nunca evitei ir para fora, mas se um dia surgir a oportunidade, cá estarei para receber de braços abertos”.

Primeira mulher a liderar um grande banco
A saída de Pedro Castro e Almeida vai dar lugar a um momento histórico na banca nacional: pela primeira vez, um dos grandes bancos em Portugal será liderado por uma mulher.
Aos 53 anos, Isabel Guerreiro, atual vice-presidente do banco, surge na primeira linha de sucessão de Castro e Almeida, que recusou a ideia de que sua a promoção se deve ao facto de ser mulher, embora tenha reconhecido que o setor financeiro precisa de maior diversidade nos cargos de chefia.
“Isabel Guerreiro é engenheira, tem um entendimento de tecnologia e uma grande experiência de banca. Acho que seria ótimo que o futuro presidente do banco fosse uma mulher”, afirmou o ainda líder do Totta. “A área financeira ainda é muito populada por homens”, acrescentou lembrando uma reunião no Banco de Portugal em que os 16 participantes eram todos homens. “E por isso é sempre bem-vinda a diversidade”, atirou.
Macedo desafia história, franceses confiam em Bourke
No banco público, Paulo Macedo parece desafiar a história recente de uma instituição com quase 150 anos. Desde o início do milénio nenhum gestor esteve tanto tempo à frente da Caixa — seis CEO entre 2000 e 2017 parecem um indicador da instabilidade que afetou a instituição naquele período — como o antigo ministro da Saúde e ex-administrador do BCP, nomeado em 2017 após a curtíssima passagem (de alguns meses) de António Domingues.
Se tudo correr com normalidade, Paulo Macedo, 62 anos, que é o CEO com mais experiência da banca, irá terminar o atual mandato apenas em 2028. Ou seja, ficará ao leme do banco do Estado mais de uma década.
No Novobanco, a mudança acionista com a venda da Lone Star aos franceses do BPCE não deverá ter implicações no que toca à liderança de Mark Bourke. O CEO do grupo francês faz uma avaliação positiva do trabalho do gestor irlandês de 59 anos e não vê razões para o afastar. Pelo contrário.
“Sejamos claros, o Novobanco tornou-se um dos bancos mais rentáveis da Europa (…). A administração fez um excelente trabalho e, claro, vou contar com o seu compromisso”, assumiu Nicolas Namias logo no primeiro dia em que foi anunciado o negócio da compra do banco por 6,4 mil milhões de euros.
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