Dijsselbloem: “Não tenho a intenção de me demitir”
Presidente do Eurogrupo lamenta que os países do sul da Europa se sintam afetados com as suas afirmações e diz que não tem intenção de se demitir, conforme pretende António Costa.
“Lamento que se sintam afetados e lamento que nessa entrevista tenha surgido uma ligação com o contraste entre o norte e o sul”, declarou o Jeroen Dijsselbloem, o ministro holandês das Finanças e presidente do Eurogrupo, que no fim de semana sugeriu em entrevista a um jornal alemão que os países do sul da Europa desperdiçaram dinheiro “em bebidas e mulheres” e depois pediram ajuda.
Citado pela agência Bloomberg, o responsável holandês tentou justificar a sua afirmação. “A frase sobre bebidas e mulheres era sobre mim mesmo. Eu disse que não posso esperar ajuda financeira se gastar o meu dinheiro de forma errada”, disse Dijsselbloem aos jornalistas, em Haia.
"A frase sobre bebidas e mulheres era sobre mim mesmo. Eu disse que não posso esperar ajuda financeira se gastar o meu dinheiro de forma errada.”
“Não tenho a intenção de me demitir”, respondeu o ministro holandês ao primeiro-ministro português.
“Bebidas e mulheres”
Em causa está a entrevista que Dijsselbloem concedeu ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. Nomeadamente a parte em que o holandês sugeriu que os países que pediram ajuda financeira, casos de Portugal, Grécia, Espanha, depois de terem desperdiçado dinheiro em superficialidades ou, nas palavras do holandês, em “bebidas e mulheres”.
“Durante a crise do euro, os países do Norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social-democrata, atribuo especial importância à solidariedade. [Mas] também temos as nossas obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em bebidas e mulheres e depois pedir ajuda”, declarou o ainda ministro holandês das Finanças na entrevista àquele jornal alemão.
A afirmação do presidente do Eurogrupo, cujo mandato termina em janeiro de 2018, está a causar bastante polémica entre os países do sul da Europa. O ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, considerou o comentário de Dijsselbloem “infeliz no estilo e no conteúdo”. “O estilo é obviamente inapropriado. Mas no centro da questão o que tenho a dizer é que nem Portugal ou a Grécia desperdiçaram dinheiro, nem Chipre ou a Irlanda. A solidariedade é importante. Espanha tem dito sempre isto: emprestaram-nos 40 mil milhões de euros mas nós também já emprestamos quase o mesmo montante a outros países”, disse de Guindos.
Do lado grego, o porta-voz do Governo, Dimitris Tzanakopoulos, os comentários de Dijsselbloem representam um “estereótipo” que afasta ainda mais o norte do sul, abrindo o caminho a “visões extremistas, isto sem mencionar o tom sexista”.
Entretanto, o Governo holandês “continua firmemente do lado” de Dijsselbloem enquanto líder do grupo dos ministros das Finanças da zona euro. “O primeiro-ministro Mark Rutte tem dito repetidamente que estamos muito favoráveis a Dijsselbloem no seu cargo no Eurogrupo”, disse fonte oficial do governo à Reuters.
(Notícia atualizada às 15h14)
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