Exclusivo OPA em risco. Acionistas americanos da Renováveis rejeitam oferta da EDP
A Massachusetts Financial Services não aceita o preço oferecido pela EDP. Insta os outros acionistas minoritários a acompanhar a decisão. Mexia tem até quinta-feira para rever contrapartida da OPA.
Posição de força da Massachusetts Financial Services (MFS). Os acionistas americanos da EDP Renováveis não aceitam o preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da EDP e pedem a António Mexia uma revisão em alta da contrapartida de 6,75 euros porque devia pagar o dobro. Sem isso, a MFS rejeita a OPA e o objetivo de retirar a subsidiária de bolsa fica condenado ao fracasso.
“A MFS não pretende aceitar a oferta sobre as nossas ações na EDP Renováveis ao preço de 6,75 euros nas circunstâncias atuais. Instamos os outros acionistas minoritários a analisar nossa análise na carta aberta da MFS e nesta declaração de posição quando fizerem a sua avaliação sobre os méritos da oferta pública”, diz aquele acionista minoritário num statement datado de 21 de julho (passada sexta-feira) a que o ECO teve acesso.
A MFS detém 4,08% da EDP Renováveis e 18,3% do total do capital alvo da oferta por parte da EDP. Ou seja, com esta rejeição, ficam por cumprir os dois critérios determinantes para a retirada da subsidiária da bolsa: superar 90% dos direitos de votos da sua subsidiária e, simultaneamente, comprar 90% dos direitos de voto que estão no objeto da oferta.
No final da operação, a EDP vai ter de assumir uma participação de 97,5% da EDP Renováveis se quiser retirá-la da bolsa. Um cenário que se perspetiva como impossível com a posição demonstrada pela MFS.
"A MFS não pretende aceitar a oferta sobre as nossas ações na EDP Renováveis ao preço de 6,75 euros nas circunstâncias atuais. Instamos os outros acionistas minoritários a analisar nossa análise na carta aberta da MFS e nesta declaração de posição quando fizerem a sua avaliação sobre os méritos da oferta pública.”
Esta decisão surge na semana em que termina o prazo para a EDP rever a contrapartida de 6,75 euros que oferece por cada ação que ainda não detém na EDP Renováveis. António Mexia tem até ao dia 27 para o fazer.
Contactada pelo ECO, a EDP não faz comentários sobre este assunto, uma vez que o processo da OPA ainda está a decorrer.
Prospeto lança dúvidas
Além de manter que as ações da EDP Renováveis deveriam valer o dobro daquilo que a EDP paga, a MFS acredita que “há vários problemas com os termos finais da oferta pública tal como descrita no prospeto”.
1. Fusão transfronteiriça
“O prospeto parece omitir detalhes críticos em relação à proposta de retirar a EDP Renováveis de bolsa através de uma fusão transfronteiriça e não explica claramente os direitos dos acionistas minoritários sob um cenário como este”, argumentam os norte-americanos, queixando da “informação desadequada” que não permite tomar uma decisão sobre os méritos da proposta.
Além disso, acrescenta a MFS, há um potencial efeito de diluição para os acionistas da EDP que não foi discutido, com uma pequena parte da fusão a ser realizada através de numerário.
"O prospeto parece omitir detalhes críticos em relação à proposta de retirar a EDP Renováveis de bolsa através de uma fusão transfronteiriça e não explica claramente os direitos dos acionistas minoritários sob um cenário como este.”
2. Receio de liquidez
Ao argumentar que as ações da EDP Renováveis sofrem de reduzida liquidez, a EDP parece “não estar a levar em consideração certos acionistas da EDP Renováveis (como a MFS) que desejam manter a ação a longo prazo, quando há muitas poucas formas para investir num empresa global de produção puramente renovável com uma forte equipa de gestão”, defende a MFS.
3. Avaliação Valor da Empresa/Megawatt
Sobre a contrapartida, depois das explicações de António Mexia que estiveram na base da formação do preço da oferta, a MFS considera que a equipa de gestão da EDP Renováveis, liderada por Manso Neto, “parece ter abandonado, e está efetivamente a desacreditar, a sua própria metodologia de avaliação Valor da Empresa/Megawatt (EV/MW)”.
“O CEO da EDP Renováveis identificou o método EV/MW como sendo “a melhor forma de avaliar a empresa” — conference call de 24 de fevereiro de 2016″, observa o acionista. “A utilização desta metodologia aplicada apenas às transações da EDP Renováveis deveriam resultar num preço mínimo de 11,73 euros por ação”.
4. Impacto das eleições americanas
Em relação ao preço, a MFS indica que a EDP ignora o facto de as cotações da EDP Renováveis terem sido afetadas pelas eleições norte-americanas “por causa das incertezas que rodeavam a indústria das renováveis nos EUA e das potenciais mudanças na política fiscal”. “A EDP quer que os acionistas minoritários aceitem o preço da oferta que está abaixo do nível a que a ação estava a negociar antes das eleições”, expõe.
Em conclusão, a MFS argumenta que o prospeto apresentado pela EDP “não fornece uma visão equilibrada e precisa acerca do valor subjacente da EDP Renováveis”. “O abandono da metodologia de avaliação que a EDP Renováveis recomendou aos investidores levanta a questão legítima sobre o que mudou”, sublinha.
(Notícia atualizada às 12h15)
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