Governo aprova verba para expansão do Museu Nacional de Arte Antiga

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2025

Leitão Amaro lembra que o MNAA “não tinha obras sérias desde 1940” e “só consegue, dada a limitação de espaço, expor 5% da sua coleção de cerca de 50 mil peças”.

O Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, verbas para expansão do Museu Nacional da Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, anunciou o ministro da Presidência.

António Leitão Amaro lembrou, em conferência de imprensa, que o MNAA “não tinha obras sérias desde 1940”, e que “só consegue, dada a limitação de espaço, expor 5% da sua coleção de cerca de 50 mil peças”.

Para a expansão do museu é preciso adquirir três imóveis, situados também na zona das Janelas Verdes, “coisa que é viabilizada com esta aprovação”.

Em janeiro do ano passado foi aprovada em Conselho de Ministros uma despesa de 10 milhões de euros para a aquisição de três edifícios para o projeto de ampliação do museu. O anúncio foi feito pelo então primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Cultura da altura, Pedro Adão e Silva.

O atual diretor do MNAA, Joaquim Caetano, disse à Lusa, meio ano mais tarde, em junho de 2024, que os três edifícios anunciados em janeiro já tinham sido adquiridos pela empresa de capitais públicos Estamo – Participações Imobiliárias. “É uma necessidade sentida e expressa há mais de 60 anos pelos sucessivos diretores do museu”, recordou na altura o responsável.

Para o prosseguimento do projeto “tem de haver um plano prévio do museu, um plano de arquitetura e um concurso para as obras, que terão de ser internacionais porque será uma obra grande”, referiu Joaquim Caetano. “Nós já temos um estudo de volumetria e de ocupação global dos espaços, mas só com os projetistas é que se trabalhará no acerto concreto da museografia”, acrescentou.

A necessidade deste projeto está definida há mais de 60 anos, quando já o historiador de arte e especialista em pintura portuguesa João Couto, diretor do MNAA de 1937 a 1962, dizia que o museu precisava de se expandir para expor as coleções.

A concretização do projeto deverá permitir a expansão da área expositiva e das reservas do museu que alberga tesouros como os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV, e a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por Manuel I e datada de 1506.

Os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença de portugueses no Japão, e o tríptico “As Tentações de Santo Antão”, de Hieronymus Bosch, são outras peças relevantes do acervo do MNAA.

Criado em 1884, o MNAA detém a mais relevante coleção pública do país em pintura, escultura, artes decorativas – portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, assim como a maior coleção de mobiliário português.

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Prémios Lusófonos da Criatividade: a oportunidade de brilhar na indústria criativa

  • Conteúdo Patrocinado
  • 13 Fevereiro 2025

Se ainda não submeteu os seus trabalhos, esta é a última oportunidade para garantir um lugar entre os melhores da indústria criativa lusófona. As inscrições encerram a 14 de março.

O mundo da criatividade lusófona tem um palco privilegiado de reconhecimento e celebração: os Prémios Lusófonos da Criatividade. Desde a sua criação, estes prémios têm sido um reflexo da excelência e inovação na publicidade, no design, no marketing e na comunicação, destacando os melhores profissionais e agências do universo lusófono.

Criados em 2013, os Prémios Lusófonos da Criatividade surgiram com o objetivo de preencher uma lacuna no mercado publicitário dos países de língua portuguesa. Até então, não existia um festival dedicado exclusivamente a premiar e discutir a criatividade das nações lusófonas, apesar da riqueza cultural e do impacto que a publicidade e a comunicação têm nesses mercados.

Ao longo dos anos, os prémios consolidaram-se como uma referência, atraindo agências de renome e talentos emergentes de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe. Além da competição em si, o evento promove debates, masterclasses e networking, proporcionando um espaço de troca de experiências entre profissionais do setor.

A Mecânica do Ranking e as Etapas Quadrimestrais

A singularidade dos Prémios Lusófonos da Criatividade reside também no seu formato dinâmico, com um sistema de ranking que acompanha o desempenho das agências ao longo do ano. Ao contrário de outros festivais internacionais, que ocorrem uma vez por ano, os Prémios Lusófonos possuem três etapas quadrimestrais. Durante cada quadrimestre, as agências, produtoras e clientes somam pontos de acordo com os prémios conquistados e as shortlists que alcançam em cada categoria. Esta avaliação contínua cria um ambiente competitivo ao longo de todo o ano, mantendo as agências focadas na excelência e inovação constante.

No final de cada quadrimestre, os pontos acumulados são atualizados no ranking, e as agências competem para garantir a sua posição. Ao longo do ano, os melhores colocados em cada uma das três etapas recebem reconhecimento pelo seu desempenho. Em junho, é atribuída a Agência/Produtora do Ano em cada categoria e país, além da distinção de Agência/Produtora Lusófona do Ano, que reconhece a excelência no mercado global de língua portuguesa.

Este sistema de pontuação e reconhecimento contínuo permite que as agências/produtoras se destaquem durante todo o ano, não apenas no momento do evento final, criando uma trajetória de sucesso que é valorizada de forma constante.

As Agências em Destaque no 1.º Quadrimestre

No primeiro quadrimestre da edição 2024/2025, os líderes do ranking são:

● Publicidade: Bastarda (Portugal) – 520 pontos
● Design: Estúdio Ricardo Daniel (Portugal) – 270 pontos
● Media: NAVEGA VALE (Portugal) – 220 pontos
● Ativação e Eventos: New Sheet (Portugal) – 180 pontos
● Relações Públicas: Llorente & Cuenca (Portugal) – 180 pontos
● Digital: t_insight (Portugal) – 120 pontos
● Cliente Mais Premiado: Natixis in Portugal – 60 pontos

A competição segue renhida, com diversas agências a destacarem-se pela sua criatividade e inovação nos mais variados campos da comunicação.

Ser premiado nos Prémios Lusófonos da Criatividade é um selo de qualidade e reconhecimento que pode impulsionar a notoriedade e credibilidade de uma agência ou profissional. Além do prestígio, os vencedores têm a oportunidade de se destacar no mercado, reforçando a sua presença num setor cada vez mais competitivo.

Entre as categorias premiadas estão Publicidade, Design, Digital, Media, Ativação e Eventos, e Relações Públicas, abrangendo diversas áreas de atuação da indústria criativa. Além disso, os prémios também distinguem os Clientes Mais Premiados e os Profissionais Mais Criativos, destacando indivíduos e empresas que impulsionam a criatividade no universo lusófono.

Inscrições Abertas: Última Chamada!

Se ainda não submeteu os seus trabalhos, esta é a última oportunidade para garantir um lugar entre os melhores da indústria criativa lusófona. As inscrições para o segundo quadrimestre encerram no dia 14 de março. Não perca a chance de ver o seu trabalho avaliado por um painel de jurados de renome e de fazer parte desta comunidade de talento e inspiração.

A criatividade lusófona merece reconhecimento. A sua também. Submeta aqui os seus projetos e faça história nos Prémios Lusófonos da Criatividade!

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Zelensky não reconhecerá nenhum acordo que exclua Kiev das negociações

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2025

"Não podemos aceitar, enquanto país independente, quaisquer acordos (feitos) sem nós. Quero deixar isto muito claro aos nossos aliados", avisou o presidente ucraniano.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta quinta-feira que não aceitará nenhum acordo sobre a Ucrânia que não inclua Kiev nas negociações.

Nos seus primeiros comentários à comunicação social desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve conversas telefónicas individuais com o líder russo, Vladimir Putin, e posteriormente com o próprio Zelensky, o líder ucraniano disse que o principal era “não permitir que tudo corra de acordo com o plano de Putin”.

“Não podemos aceitar, enquanto país independente, quaisquer acordos (feitos) sem nós. Quero deixar isto muito claro aos nossos aliados: quaisquer negociações bilaterais sobre a Ucrânia, não sobre outros temas, mas quaisquer conversas bilaterais sobre a Ucrânia sem nós, não aceitaremos”, frisou Zelensky aos jornalistas, durante uma visita a uma central nuclear no oeste da Ucrânia.

Zelensky revelou ainda que, durante a sua conversa com Trump, na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos lhe transmitiu que queria falar com os líderes russo e ucraniano ao mesmo tempo. “Ele nunca mencionou que Putin e a Rússia eram uma prioridade. Nós, hoje, confiamos nestas palavras. Para nós é muito importante preservar o apoio dos Estados Unidos da América”, concluiu Zelensky.

Na quarta-feira, Trump e Putin mantiveram uma longa conversa telefónica em que, entre outros assuntos, discutiram a guerra na Ucrânia e comprometeram-se a iniciar “de imediato” negociações sobre o assunto.

“Acordámos trabalhar em conjunto de forma muito próxima, inclusive visitando os países um do outro. Também concordámos que as nossas equipas iniciarão de imediato as negociações, e começaremos por telefonar ao Presidente (ucraniano, Volodymyr) Zelensky para o informar da conversa, o que farei agora mesmo”, declarou Trump na ocasião.

Poucas horas depois, Zelensky disse que tinha falado ao telefone com o homólogo norte-americano sobre as “possibilidades de alcançar a paz” na Ucrânia. A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia. O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.

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Quem são os novos secretários de Estado?

Silvério Regalado, Maria Luísa Oliveira, Filipa Lima, Jean Barroca, Carla Rodrigues e Alberto Santos tomam posse esta quinta-feira. Conheça os novos governantes.

Os seis novos secretários de Estado tomam posse esta quinta-feira ao final da tarde, no Palácio de Belém. Silvério Regalado, Maria Luísa Oliveira, Filipa Lima, Jean Barroca, Carla Rodrigues e Alberto Santos serão os próximos governantes com a pasta da Administração Local e Ordenamento do Território, Administração e Inovação Educativa, Segurança Social, Energia, Igualdade e Cultura, depois de o primeiro-ministro ter aproveitado a saída de Hernâni Dias para fazer a primeira remodelação no Governo.

Energia

Jean Gil Barroca foi nomeado como o novo secretário de Estado da Energia, substituindo Maria João Pereira no cargo. Era, desde setembro de 2024, partner da consultora Deloitte, empresa na qual esteve ao longo dos últimos sete anos. Nesta empresa, tornou-se líder global de Modernização Digital do Setor Público, papel no qual se dedicou a desenvolver e implantar soluções para a digitalização deste setor. Trabalhou em particular a solução CitySynergy, através da qual a Deloitte apoia iniciativas de cidades inteligentes e mobilidade.

Jean BarrocaHugo Amaral

Antes disso, foi durante sete anos consultor no Banco Mundial, debruçando-se sobre projetos de inovação em cidades inteligentes. Trabalhou em projetos deste âmbito na Colômbia, no Chile e em Moçambique. Iniciou a carreira como gestor de projeto na Alfamicro e depois tornou-se partner na BaG! Consulting, com sede em Castelo Branco. Como formação, tem a licenciatura de Engenharia Eletrotécnica, que frequentou no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e um mestrado em Gestão, do Instituto Superior de Gestão.

Segurança Social

Na Segurança Social, sai Jorge Campino e entra Filipa Lima para o lugar de secretária de Estado. Doutorada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE), Filipa Lima era, até aqui, professora auxiliar convidada da Nova Information Management School e diretora-adjunta do departamento de sistemas de informação e tecnologia do Banco de Portugal. Nas suas novas funções, terá sob a sua alçada, a propósito, a continuação da digitalização do sistema da Segurança Social.

Filipa LimaDR

Outras notas no seu currículo que merecem destaque são a sua passagem pelo Banco Central Europeu, em 2001, como research analyst, bem como a sua passagem pelo Bank for International Settlements, em 2006, em funções semelhantes. No Banco de Portugal, desempenhou também as funções de diretora-adjunta do Departamento de Estatística, de 2011 a 2020.

Administração e Inovação Educativa

Já na Administração e Inovação Educativa, Maria Luísa Oliveira fica no lugar que até aqui era ocupado por Pedro Cunha. A nova responsável já integrava o Ministério da Educação, mas como diretora-geral da Administração Escolar e como adjunta.

Maria Luísa OliveiraDR

Ao longo da sua carreira, foi docente em Tomar e vereadora da Câmara desse mesmo município. Entre 2018 e 2019, foi também coordenadora da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Licenciada em Geografia e Planeamento Regional e mestre em Ciências da Educação pela Universidade Nova de Lisboa, em 2019 recebeu o prémio “Excepcional Women of Excellence” pelo Women Economic Forum.

Igualdade

A ex-deputada social-democrata Carla Rodrigues é a substituta de Carla Mouro no cargo de secretária de Estado adjunta e da Igualdade. Além do trabalho enquanto deputada do PSD na Assembleia da República, destaca-se no seu currículo a presidência do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), cuja missão é pronunciar-se sobre as questões éticas, sociais e legais em torno da fertilização in vitro, etc.

Carla RodriguesPSD

Tem tido um papel interventivo nas questões da infertilidade, tendo sido coordenadora do grupo de trabalho para a coadoção e também relatora na comissão parlamentar de saúde para o aprofundamento de medidas destinadas à promoção da natalidade e defensora de maior celeridade na regulação das barrigas de aluguer.

É licenciada em Direito pela Universidade Moderna do Porto e tem desempenhado funções como advogada (associada sénior) na sociedade JPAB – José Pedro Aguiar Branco & Associados. Num âmbito de política local, foi presidente da Assembleia de Freguesia da Vila de Cucujães e vereadora sem pelouro na Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.

Cultura

O atual presidente da Comissão Científica da Rota do Românico e comissário cultural do Festival Literário “Escritaria” desde 2014, Alberto Santos, toma posse enquanto novo secretário de Estado da Cultura, substituindo no cargo Maria de Lurdes Craveiro. Advogado de profissão, foi presidente da Câmara Municipal de Penafiel – eleito pela coligação PSD/CDS – durante três mandatos consecutivos (2001-2013) e é atualmente presidente da Assembleia Municipal do mesmo município. É ainda presidente da concelhia do PSD de Penafiel depois de ter derrotado a lista encabeçada pelo atual presidente da autarquia.

Alberto Santos foi também presidente da Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro (AIMRB), da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CITS), da Associação de Municípios do Vale Sousa (AMVS), da Comunidade Urbana do Vale do Sousa (CUVS), da Assembleia Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, bem como administrador da SimDouro – Saneamento do Grande Porto e da Fundação do Futebol, da Liga Portugal.

Administração Local e Ordenamento do Território

Formado em gestão no ISEG em 2003, com 23 anos, e pós-graduado em Marketing Management no ano seguinte, Silvério Rodrigues Regalado chega a secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território para substituir Hernâni Dias. Foi um dos deputados presentes na Comissão de Poder Local e Coesão Territorial, no passado dia 4, quando o antecessor respondeu a perguntas sobre a constituição das empresas que levaram à sua demissão.

Silvério RegaladoPSD

O social-democrata, eleito a 29 de setembro de 2013 para o primeiro de três mandatos com maioria absoluta como presidente da Câmara de Vagos, deixou a autarquia do distrito de Aveiro aquando da eleição para a Assembleia da República, em 2024. Entre 2006 e 2009 foi membro da Assembleia Municipal e de 2009 até à primeira candidatura à presidência exerceu o cargo de vereador das finanças, juventude e desporto.

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STJ terá juízes mais novos e distribuição de processos dispensa presença de juiz e MP

Ministra acaba com a portaria do anterior Governo, que previa presença de juiz e procurador na distribuição de processos. Juízes da Relação com menos tempo de carreira podem entrar no STJ.

A distribuição de processos judiciais, que é feita eletronicamente nos tribunais, deixa de exigir a presença física de um juiz e de um magistrado do Ministério Público. Paralelamente, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) passa a poder ter magistrados mais jovens.

Estas são duas das quatro medidas que a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, apresentou esta quinta-feira, depois de aprovadas no Conselho de Ministros.

As novas regras definem ainda que o juiz de turno à distribuição é designado pelo presidente do tribunal, em regime de rotatividade nos tribunais onde haja mais de um juiz e as operações de distribuição passam a ser obrigatoriamente documentadas, ao pormenor. Os advogados passam a ter acesso ao auto das operações de distribuição, podendo, a todo o tempo, pedir certidão desse ato.

“Nos casos em que haja atribuição de um processo a um juiz, deve ficar explicitado nas páginas informáticas de acesso público do Ministério da Justiça e dos tribunais, que houve essa atribuição e os fundamentos legais, bem como o acesso eletrónico ao auto e respetivos anexos”, diz o diploma.

“Uma medida que une advogados, juízes, procuradores, funcionários judiciais: a distribuição de processos judiciais, que é feita eletronicamente, deixa de exigir a presença física de todos os intervenientes. E, simultaneamente, cria regras de maior transparência e escrutínio das operações da distribuição. É uma medida que, por si só, vai tornar mais eficiente o procedimento, eliminando a prática de atos inúteis que têm causado entropias no funcionamento diário dos tribunais”, diz a ministra.

As leis que alteram as regras de distribuição processual foram aprovadas pelo parlamento em 2021 e esperaram mais de um ano pela portaria que as regulamenta, que foi publicada em Diário da República no final de março de 2023 e entrou em vigo em maio do mesmo ano.

As preocupações manifestadas ao longo destes quase quatro anos pela magistratura judicial e pelo Ministério Público prendem-se com a nova obrigação de “reunir diariamente, em todos os locais onde ocorre distribuição, um conjunto de operadores da justiça para assistir ao ato da distribuição, que até aqui dispensava, na maioria dos casos, qualquer intervenção humana, e elaborar uma ata à qual é anexado o resultado da distribuição”, conforme determinava a portaria que deixará de estar em vigor.

Justiça. Campus de Justiça. Advocatus GenérioHugo Amaral/ECO

Acesso de juízes mais novos ao STJ

Assim, o Governo decidiu ampliar o universo de concorrentes ao concurso de acesso ao Supremo Tribunal de Justiça, viabilizando-o a magistrados mais jovens.”Esta regra vai propiciar maior estabilidade no corpo de juízes do STJ, ao contrariar a excessiva
e indesejada rotatividade dos magistrados”, diz o comunicado do Conselho de Ministros.

De que forma? Os juízes desembargadores dos Tribunais da Relação que se encontrem no terço superior da lista de antiguidade à data da abertura do concurso e que não renunciem à promoção, em vez do critério atualmente em vigor, que tem por referência o quarto superior da referida lista. Mais: “com o objetivo de melhorar a celeridade processual.

Neste contexto, a presente proposta de lei altera a Lei de Organização do Sistema Judiciário e o Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais. O que se pretende com as alterações agora introduzidas “é permitir que em diploma autónomo se sistematize a regulamentação das assessorias em todas as categorias de tribunais e se crie as assessorias na segunda instância onde não atualmente não existem.

“Não hesito ao dizer que é assim que se faz a Reforma da Justiça … com medidas como as que hoje aprovamos, que se juntam a outras já aprovadas e em execução, e às quais se juntarão as que estão a ser estudadas, ponderadas e preparadas. Em matéria de reforma da Justiça, o Governo está a fazer a sua parte. Esperamos que cada um faça a sua”, diz a titular da pasta da Justiça.

Segundo dados oficiais do Conselho Superior da Magistratura (CSM), o STJ tem atualmente em funções um total de 57 juízes conselheiros, num quadro global de 60 magistrados previstos. Panorama que será agravado já que “há ainda 32 juízes conselheiros que reunirão condições para pedir a jubilação ou aposentação ao longo do ano de 2025”, assegura fonte oficial do órgão de gestão da magistratura judicial. Somando os anteriores 18 conselheiros jubilados ou com pedido de jubilação apresentado com estes 32 juízes em condições de acederem à jubilação no próximo ano, chegamos a um total de 50 juízes conselheiros com saída à vista no espaço de apenas um ano. Assim, há 87,7% de juízes conselheiros que podem deixar o STJ no espaço de apenas um ano. O que significa, do ponto de vista prático, nove em cada 10 magistrados.

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Corrupção. Governo aumenta número de inspetores para fiscalizar autarquias

O Governo vai manter a distribuição atual de competências entre a IGF e a IGAMAOT, organismos com competências de prevenção da corrupção nas autarquias. Mas reforça a sua capacidade de intervenção.

O Governo vai manter a distribuição atual de competências entre a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) e a Inspeção-Geral da Agricultura e Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT), organismos com competências de prevenção da corrupção nas autarquias. Mas reforça a sua capacidade de intervenção. Este reforço será feito através de uma “maior capacitação” e do “aumento do número de inspetores especializados em matérias autárquicas”. A medida foi aprovada esta quinta-feira, em Conselho de Ministros. “Esta é uma reivindicação de muitos autarcas”, disse a ministra da Justiça.

“O Conselho de Ministros aprovou quatro diplomas que muito me honra apresentar: um diploma vem repor a prevenção da corrupção nas autarquias locais ao disponibilizar os meios necessários para revigorar a atuação das entidades que herdaram essas competências”, referiu a ministra Rita Alarcão Júdice. “Este é um dia bom para a Justiça”.

Assim, o Governo aprovou um plano plurianual de recrutamento de 50 inspetores alocados à inspeção de autarquias. Mas não só. O Executivo, numa primeira fase ainda este ano, vai recrutar 30 inspetores entre a IGF e a IGAMAOT.

Foi ainda aprovada em Conselho de Ministros uma orientação para que, em matéria de fiscalização de autarquias, “haja maior colaboração e coordenação entre as duas inspeções (IGF e IGAMAOT) e outras entidades relevantes”, como o Mecanismo Nacional Anticorrupção, Procuradoria-Geral da República e Tribunal de Contas.

Estas medidas surgem numa altura em que a maioria das denúncias sobre suspeitas de corrupção apresentadas ao MENAC e ao Ministério Público dizem respeito à atividade desenvolvida nas autarquias locais. “Isso foi o suficiente para fazer soar o alerta sobre a necessidade de rever o modelo de controlo interno do Estado”, referem.

Na apresentação das medidas, o Governo sublinhou que perante esta situação haviam três cenários em “cima da mesa”: a criação de uma entidade nova, a transferência dessas competências para outra entidade pública ou o reforço de meios das entidades que já receberam essas competências: a IGF e o IGAMAOT, optando pela última opção.

Vamos ter um núcleo na IGF dedicado à realização de auditorias regulares vocacionadas para a prevenção da corrupção, em áreas como a contratação pública, o urbanismo e a própria gestão e administração dos órgãos autárquicos. O IGAMAOT terá essa competência na área do ordenamento do território. Pretende o Governo relançar o modelo de controlo interno do Estado já existente, promovendo, também a pedagogia para o cumprimento”, explicam.

Os autarcas pedem ajuda técnica e especializada na prevenção da corrupção na atividade das autarquias e das empresas municipais. Essas funções, que anteriormente pertenciam à IGAL, foram herdadas pela Inspeção-Geral das Finanças (IGF) e pela Inspeção-Geral da Agricultura e Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT). Entre os cenários possíveis, o Governo escolheu manter essa repartição de competências”, sublinhou a ministra.

Sobre o “insucesso” da transferência da maior parte das competências para o IGF, consideram que a missão essencial da IGF é o controlo estratégico da administração financeira do Estado e que o principal problema é que não foi dotada dos recursos suficientes para desempenhar essas funções.

MENAC passa a ter um Conselho de Administração

No que toca ao Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), entidade criada em 2021 para promover a transparência e a integridade da ação pública e a garantia de políticas de prevenção da corrupção e de infrações conexas, o Governo vai criar um Conselho de Administração, alterando a gestão assente num órgão unipessoal. “Detetamos uma ineficiência no funcionamento do MENAC e por isso o PGR e TdC deixarão de escolher. Mas serão ouvidos com toda a certeza”, disse a ministra.

Uma das principais mudanças é a orgânica da agência, que vai contar com um conselho de administração composto por três elementos, sendo que um deles irá presidir à instituição. Os mandatos dos administradores terão a duração de quatro anos e serão renováveis por igual período. Assim sendo, os mandatos em curso no MENAC findam automaticamente.

“O Conselho de Administração do MENAC terá três elementos, nomeados por Resolução de Conselho de Ministros com mandatos de quatro anos, renováveis. Além disso, a lei vem dotar o MENAC de um quadro de pessoal próprio, não restringindo os seus trabalhadores aos oriundos da carreira de inspetor”, anunciou a ministra, revelando que a equipa ainda não está decidida, mas “estará em breve”.

Segundo a titular da pasta da Justiça, o Executivo quer um MENAC “atuante”, “visível” e “dissuasor”. “Mas também lhe exigimos mais, aumentando a capacidade de fiscalização da Assembleia da República sobre a sua atividade”, acrescenta.

Estas alterações têm como principal objetivo dotar a atuação do MENAC de eficácia, através de uma redefinição da estrutura interna e do modelo de governação, e eliminar constrangimentos no recrutamento para o mapa de pessoal.

Assim, a direção do MENAC passa a ser assegurada por um Conselho de Administração, com três elementos, que recebe as competências atualmente exercidas exclusivamente pelo presidente. Este órgão recebe também as competências relativas à gestão interna, administrativa e de recursos humanos, financeira e patrimonial.

Os membros do Conselho de Administração só podem ser destituídos por resolução do Conselho de Ministros, após audição do presidente do Tribunal de Contas e do procurador-Geral da República.

“Por outro lado, é alargada a intervenção do Conselho Consultivo – a composição passa a incluir todos os órgãos de controlo setorial e regional, um representante do Presidente do Tribunal de Contas e outro das organizações não governamentais da área da investigação, estudo e combate aos fenómenos da corrupção e criminalidade conexa”, explicam.

Será eliminado também o recurso necessário a trabalhadores das carreiras de inspeção, recrutados enquanto titulares de órgãos do MENAC, e a trabalhadores das carreiras gerais em regime de mobilidade insuscetível de consolidação.

“Para que o MENAC tenha uma atividade plena, consagra-se expressamente a obrigatoriedade de comunicação ao MENAC das decisões de arquivamento, de acusação, de pronúncia ou de não pronúncia e das sentenças absolutórias ou condenatórias respeitantes a crimes de corrupção ou infrações conexas, conforme anteriormente previsto em relação ao Conselho de Prevenção da Corrupção”, referem. Prevê-se ainda o envio à Assembleia da República do relatório anual do MENAC.

Sobre o Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC), o Governo decidiu substituir a assinatura da declaração de inexistência de conflitos de interesses, para cada procedimento, por declarações genéricas, enviadas com uma periodicidade anual. Também passa a ser dispensada a subscrição de declaração de inexistência de conflitos de interesses quando estão em causa intervenções que, da perspetiva do objeto do procedimento, são de mero expediente ou puramente executivas.

(Notícia atualizada às 15h33)

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Tangity assume criatividade e comunicação do Clube Sagres e da Widex

  • + M
  • 13 Fevereiro 2025

A agência Tangity vai gerir "integralmente" o programa de fidelização e o site institucional da cerveja Sagres, bem como "posicionar localmente" a Widex, marca dinamarquesa de soluções auditivas.

O Clube Sagres e a Widex confiaram a sua criatividade e comunicação à Tangity, agência criativa da consultora NTT Data.

“Estamos muito entusiasmados por trabalhar com a Sagres e a Widex. Estas parcerias testemunham a confiança que as marcas têm na nossa capacidade de entregar soluções criativas e tecnológicas de ponta. Estamos ansiosos por superar os desafios destes clientes, respondendo às suas necessidades, mas também superando as expectativas dos seus consumidores“, diz Ester Leotte, head of Tangity Portugal, citada em comunicado.

No caso do Clube Sagres, a Tangity vai passar a “gerir integralmente” o programa de fidelização e experiência da Cerveja Sagres, bem como o site institucional da marca, “garantindo não só a atualização de conteúdos e o suporte técnico, como a sua constante evolução e modernização, nomeadamente, através de soluções de gamificação, para criar estratégias mais envolventes e eficazes”, explica-se em nota de imprensa.

Já quanto à Widex, o desafio da agência passa por “posicionar localmente” a marca dinamarquesa de soluções auditivas, que está presente em mais de 80 países. “Isto compreende a conceção e desenvolvimento estratégico de toda a comunicação da marca para o mercado português, de acordo com o alinhamento internacional de campanhas e padrões criativos da marca”, lê-se na mesma nota.

Lançada em Portugal em fevereiro de 2024 — depois de já estar presente em Londres, Milão, Munique, Roma, Shanghai, Tokyo e Veneza — a Tangity pretende “ajudar os profissionais de marketing, vendas e de gestão de produto a enfrentar os novos desafios”, através de “abordagem inovadora e focada em descomplicar a relação entre as marcas e os seus públicos”.

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Tupperware despediu hoje 200 trabalhadores e fecha fábrica em Constância

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2025

A empresa detentora da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância, foi declarada insolvente na segunda-feira pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

Os cerca de 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware, empresa instalada em Montalvo, Constância (Santarém), e declarada insolvente na segunda-feira, receberam esta quinta-feira a carta de despedimento, num dia “triste”, após reunião com o gestor de insolvência.

“É triste, não é fácil, mas também já não tenho nada a perder. Já fiz 44 anos de trabalho. Há colegas meus que estão em muito pior situação”, disse à Lusa Alzira Cupertino, à saída da reunião que decorreu no interior da fábrica, tendo dado conta de que o gestor de insolvência assegurou aos trabalhadores o pagamento das respetivas indemnizações.

Segundo revelou, será feito um inventário “de todo o material existente, depois são as burocracias características e a venda de material. Na totalidade, até recebermos, o gestor diz que poderá demorar entre oito meses a um ano”, disse Alzira, residente em Amoreira (Abrantes), com a carta de despedimento numa mão e a incerteza no futuro na outra mão.

“Hoje já estou despedida, sim. Para já vou ficar no desemprego e depois, a seguir, talvez a reforma antecipada, se compensar”, declarou.

A empresa detentora da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância, foi declarada insolvente na segunda-feira pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, desfecho que colocou hoje 200 pessoas no desemprego, com os trabalhadores a relatarem à Lusa um sentimento de resignação perante um “desfecho esperado” mas onde subsistia uma ténue esperança de continuidade da unidade fabril.

“Estamos despedidos, pronto. Já nos deram as cartas para o fundo de desemprego e tudo. Agora estão à espera para vender a fábrica. Sabemos que os primeiros credores somos nós, os trabalhadores. Em seguida são os outros, mas agora é esperar que vendam”, disse hoje à Lusa Carla, de 42 anos de idade e 24 anos de casa.

A agora ex-funcionária da multinacional norte americana, que reside em Alferrarede Velha, disse ser “importante” ter os papéis para o desemprego. “É o mais importante, porque este mês não vamos receber nada”, notou, tendo apontado a um processo indemnizatório que pode demorar um ano até se efetivar.

“Os trabalhadores têm agora 30 dias para reclamar os créditos [indemnizações por cada ano de trabalho], que é o que a advogada vai fazer. Passados esses 30 dias, vão ativar o Fundo de Garantia Salarial que, segundo o que dizem, dá uns 15 mil [euros] a quem tem direito, quem tem a receber mais será depois, e deu-nos mais ou menos a perspetiva de um ano” para o respetivo pagamento.

Questionada sobre o estado de espírito perante um despedimento coletivo, Carla disse ter “muita pena” deste desfecho. “Muita, muita pena. É muito triste entrar na fábrica e ver tudo parado, tudo às escuras. Foram 24 anos. Agora é esperar, ver se aparece alguma coisa”.

Cristina Brunheta, com 59 anos de idade e 22 de efetividade na Tupperware, saiu da empresa com um papel para entregar no fundo de desemprego mas sem perspetivas de futuro, sendo “nova para a reforma” mas antevendo “dificuldades” em regressar ao mercado de trabalho.

Agora vamos entregar o papel para o desemprego. As indemnizações vamos ter que esperar que eles vendam e arranjem o dinheiro para nos pagarem. A partir daí dizem que nós estamos em primeiro lugar, como credores. Que somos os principais, os primeiros a receber quando houver dinheiro. Agora vamos ver o que é que isto vai dar”, declarou, revelando “incerteza” sobre o seu futuro.

“O meu futuro? Não sei. Ainda não sei. Está tudo para estudar, ainda não sei. Agora vou para o desemprego e o futuro é uma incerteza”, afirmou.

A representante do Sindicato das Indústrias Transformadoras (SITE CRSA), Isabel Matias, manteve-se ao longo da manhã junto da fábrica, tendo lamentado à Lusa o “despedimento de 200 pessoas”, a “incerteza no futuro”, e os “problemas sociais” inerentes, e realçado que os trabalhadores saíram “satisfeitos” da reunião pela garantia do pagamento dos seus direitos.

“Eles demonstram que estão satisfeitos porque, efetivamente, dizem que vão receber, são valores que, de facto, deixam a pessoa satisfeita. Mas, só depois de saber o que é que foi apresentado no tribunal, depois de fazer a petição inicial para o tribunal com os montantes, e depois de decorrido esse tempo todo, ainda vai haver também uma assembleia de credores. Portanto, só consoante o final é que a gente vai saber”, declarou, cautelosa.

Segundo Isabel Matias, “a esperança que há é de que, efetivamente, haja uma compra de empresa, que vá reabrir, e que vá chamando trabalhadores. Vamos ver. De facto, era a nossa expectativa e era o que nos agradava a todos”, concluiu. A Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos, Lda, empresa que detém a fábrica em Montalvo, que já não produzia desde 08 de janeiro, foi declarada insolvente na segunda-feira, dia 10 de fevereiro, pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

Segundo pode ler-se na sentença do tribunal, “o prazo para a reclamação de credores foi fixado em 30 dias”, tendo sido nomeado Jorge Manuel e Seiça Dinis Calvete para administrador de insolvência.

A fábrica da Tupperware em Montalvo era controlada pela sociedade Tupperware Indústria Lusitana de Artigos Domésticos que, por sua vez, era detida em 74% pela Tupperware Portugal – Artigos Domésticos Unipessoal Lda e em 26% pela Tupperware Iberia. Ambas as empresas dependem a 100% da casa-mãe sediada nos Estados Unidos – a Tupperware Brands Corporation.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus. A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

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Leilão de gases renováveis já tem vencedores. Biometano fica muito aquém

Existiu apenas uma candidatura na área do biometano, apresentada pela Dourogás Renovável. A capacidade adjudicada neste gás ficou 75 vezes abaixo da fasquia máxima prevista no concurso.

A Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG) já selecionou as empresas que irão receber as verbas do leilão de 140 milhões de euros para apoio a projetos de gases renováveis. Há vários projetos de hidrogénio verde vencedores, mas apenas uma candidatura no biometano, da Dourogás Renovável, que foi admitida.

“Lançamos um leilão de gases renováveis, no qual iremos injetar 140 milhões de euros, ao longo de um período de dez anos, financiado pelo Fundo Ambiental. Este montante deverá compensar os investidores pelas flutuações de preço”, tinha dito em maio do ano passado a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, quando anunciou o pontapé de partida do leilão.

Só houve uma candidatura na área do biometano, apresentada pela Dourogás Renovável, que assegurou a adjudicação de 1.990 MWh (megawatts-hora) por ano de biometano ao preço de 62 euros por MWh. De acordo com a nota do Governo que anunciava o lançamento do leilão, este é o preço máximo que seria possível praticar no caso do biometano.

No caso deste gás renovável, as quantidades máximas para contratualização eram de 150 GWh (gigawatts-hora) por ano. Assim sendo, a capacidade adjudicada ficou 75 vezes abaixo do limite previsto no âmbito do concurso.

Fonte do setor explica que o preço de 62 euros por MWh não é particularmente atrativo, tendo em conta que o custo de construção de um digestor, necessário à sua produção, ronda os 120 euros por MWh.

No que diz respeito ao hidrogénio verde, a quantidade máxima a adjudicar era de 120 GWh por ano. Aqui, os resultados foram muito diferentes.

No conjunto dos dois sub-lotes nos quais a DGEG divide os vencedores, foram adjudicados 119.280 MWh por ano de hidrogénio renovável, ao preço de 127 euros por MWh, correspondendo desta forma à fasquia que havia sido colocada para este gás.

O primeiro conjunto de vencedores, destinado a injetar gás na rede nacional de transporte, inclui a Winptx, que ficou com 30.000 MWh por ano; a Ptsunhydrogen, que arrecadou duas vezes o volume de 11.029 MWh por ano; e a Marte Boémio Unipessoal, que se compromete a fornecer 7.000 MWh por ano.

O segundo grupo, cujo gás tem como destino a rede nacional de distribuição, é liderado pela HyChem, que se compromete com 30.000 MWh anuais, seguida da WP2X, que divide a oferta entre 7.000 MWh por ano, que contratará a 127 euros, e 10.500 MWh a 126,99 euros por MWh. Conta-se ainda a CME, que contribui com 7.722 MWh por ano, e a Essential Advantage, que avança com 5.000 MWh.

De acordo com a portaria que enquadra o concurso, os gases renováveis serão contratados pelo Comercializador de Último Recurso Grossista, a Transgás, e este assume ainda os custos com as tarifas de acesso às redes, em particular as de injeção de gases renováveis que possam ser aplicáveis. Os projetos seguem agora para a fase em que serão elaborados e firmados os contratos com este comercializador.

“Esta dotação, assegurada através do Fundo Ambiental, visa criar maior segurança para o desenvolvimento e implementação destas tecnologias inovadoras, ao permitir salvaguardar os investidores de eventuais flutuações de preços”, explicou ao Governo na altura do lançamento.

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JB Capital avalia Novobanco entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões

Uma eventual fusão com outro banco em Portugal poderia gerar sinergias entre 500 milhões e mil milhões de euros. Mas comprador teria de se sentar à mesa com o Estado para negociar.

Quanto vale o Novobanco? Para a JB Capital, o banco português estará avaliado entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões de euros, de acordo com uma nota de research publicada esta quinta-feira, no mesmo dia em que começaram os preparativos para a entrada em bolsa. Mas o valor poderá ser superior.

Esta avaliação já assume a distribuição de dividendos em 1,3 mil milhões de euros que o Novobanco irá efetuar nos próximos meses aos acionistas Lone Star (75%) e Estado (Fundo de Resolução e Direção-Geral do Tesouro e Finanças detêm 25%).

Contudo, o valor do banco poderá ser superior tendo em conta que detém ativos por impostos diferidos (DTA) na ordem dos 1,3 mil milhões. “São um tesouro escondido”, refere o analista Maksyn Mishyn, estimando que os DTA podem adicionar outros 500 milhões à avaliação.

O Novobanco anunciou esta quinta-feira que foi mandatado pela Lone Star para avançar com o IPO (oferta pública inicial) que, segundo uma mensagem interna do CEO Mark Bourke, poderá acontecer já durante o próximo verão.

BPI, BCP, Caixa, BNP e ING como potenciais interessados

A JB Capital não descarta que o fundo americano, que adquiriu uma participação de 75% do Novobanco em 2017 a troco de mil milhões de euros, possa explorar oportunidades de fusão. Nesse cenário, “com base numa estimativa conservadora de 30% de poupanças, uma fusão poderá gerar entre 500 milhões e mil milhões de euros de valor adicional”, diz na nota a que o ECO teve acesso.

“É possível uma maior consolidação, mesmo que as aprovações regulamentares se possam tornar um obstáculo”, refere o analista que assume o Caixabank (dono do BPI) como um “comprador natural”, embora coloque na lista de potenciais interessados o BCP, Caixa Geral de Depóistos e outros players internacionais, como o BNP Paribas, que já conta com uma grande operação de back-office em Portugal, e até o ING.

Para Maksyn Mishyn parece estar fora de questão um negócio em dinheiro no caso do Caixabank ou BCP, “pelo menos no curto prazo”. “Admitimos um cenário em que a Lone Star e o Fundo de Resolução poderiam ser acionistas quer do Caixabank ou do BCP no seguimento de uma consolidação”, considera o analista da JB Capital.

Caixabank tem “maior poder de fogo”

Ainda assim, nota que o Caixabank dispõe de “maior poder de fogo” se decidir ajustar a sua política de dividendos e lembra que a história de fusões ocorridas em Espanha geraram sinergias de perto de 50% do valor de custo do alvo.

Em relação à CGD, frisa que o banco público já é líder de mercado com uma quota de cerca de 20%, pelo que o incentivo “não é muito grande”, e recorda as recentes declarações do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, sobre as consequências sistémicas que poderão resultar de eventual operação de fusão envolvendo os dois bancos.

Maksyn Mishyn sublinha ainda que, além das várias autorizações, desde o Banco Central Europeu (BCE) à Autoridade da Concorrência, quem quiser comprar o Novobanco terá de se sentar à mesa de negociações com o Estado português “tendo em conta que o Novobanco está num setor regulado e que a imprensa portuguesa já mencionou que o Estado não é muito favorável a um aumento da banca espanhola em Portugal”.

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Tripulantes declaram fim da paz social na TAP

Sindicato que representa os tripulantes de cabine acusa companhia de cortar nas ajudas de custo e degradar condições de trabalho.

O Sindicado Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) enviou um comunicado aos associados onde declara o fim da paz social na TAP. Tripulantes de cabine acusam a companhia de cortar nas ajudas de custo e penalizar condições de trabalho.

“Unilateralmente, o fim da Paz Social”, diz o título da missiva, onde o sindicato diz ter sido confrontado pela companhia aérea com uma nova tabela de ajudas de custo, com retroativos a janeiro. A tabela, baseada num estudo da consultora Mercer, contempla “uma redução em vários destinos e que a TAP pretendia implementar unilateralmente”.

Segundo o comunicado, a direção do SNPVAC, liderada por Ricardo Penarróias, questionou a validade do estudo e contrapôs que “qualquer alteração deveria contemplar um aumento das ajudas de custo para suportar a inflação, o aumento do custo de vida nos países de destino, bem como fazer face à desregulada taxa cambial em alguns países”.

Reconhecendo que a decisão da TAP não carece de negociação com o sindicato, a direção apela a que as tripulações exijam, em resposta à companhia, “o embarque da respetiva refeição correspondente ao horário estabelecido”, o que poderá provocar constrangimentos operacionais.

"O SNPVAC não pode aceitar ou anuir a mais uma tentativa de degradação das nossas condições, que começou com a escolha dos hotéis e foi agora alargada às ajudas de custo.”

Sindicado Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil

O SNPVAC contesta ainda os avanços “escassos” em relação aos horários flexíveis e abre a porta ao recurso aos tribunais. Enveredará também pela via legal se não for encontrado um entendimento em relação à interpretação a dar ao “Complemento em situação de acidente de trabalho, gravidez clinicamente comprovada e licenças parentais iniciais”. As divergências incluem ainda os lugares de descanso para os tripulantes nos aviões A321 LR.

“O SNPVAC não pode aceitar ou anuir a mais uma tentativa de degradação das nossas condições, que começou com a escolha dos hotéis e foi agora alargada às ajudas de custo”, diz o sindicato.

“Pois bem, que seja então de forma oficial e unilateral que a Direção do SNPVAC anuncia que a Paz Social na TAP acabou”, termina.

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Salário médio na Madeira aumentou 29% entre 2015 e 2024. É “evidência indesmentível”, diz Albuquerque

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2025

“É bom desmistificar esta ideia de que o crescimento do PIB na Madeira não tem impacto na vida das pessoas”, diz o presidente do Governo Regional em gestão, falando numa “evidência indesmentível".

O salário mensal bruto médio na Madeira aumentou 29% entre 2015 e 2024, passando de 1.143 euros para 1.475 euros, indicou esta quinta-feira o presidente do Governo Regional em gestão, Miguel Albuquerque, sublinhando que se trata de uma “evidência indesmentível”.

“É bom desmistificar esta ideia de que o crescimento do PIB na Madeira (…) não tem impacto na vida das pessoas”, afirmou.

Miguel Albuquerque, que falava à margem de uma visita a uma empresa, no Funchal, disse que os dados estatísticos contrariam o “recorrente discurso da oposição”, que insiste em afirmar que o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) regional não se traduz em ganhos para as famílias, apesar de ter atingido o valor recorde de 7.122 milhões de euros em 2024.

“O que é importante é olharmos os dados estatísticos”, disse, para logo reforçar: “Os dados apontam para esta evidência, isto é uma evidência que é indesmentível. A remuneração bruta mensal dos trabalhadores, em média, na Madeira, aumentou 29% entre 2015 e 2024”.

O chefe do executivo social-democrata explicou que, deduzindo a inflação neste período, o ganho em termos do salário médio bruto se situa entre 19,5% e 20%, tendo passado de 1.143 euros para 1.475 euros.

“Tudo isto tem a ver com a intervenção que o Governo também teve na negociação dos contratos coletivos”, disse, esclarecendo que só em 2023 foram negociados 59 contratos coletivos de trabalho.

Miguel Albuquerque lidera o executivo madeirense desde 2015 e é novamente o cabeça de lista do PSD nas eleições legislativas antecipadas de 23 de março.

O Governo Regional minoritário do PSD foi derrubado em 17 de dezembro de 2024 com a aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles – Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura – foi arquivado pelo Ministério Público.

A aprovação da moção de censura, inédita no arquipélago, implicou, segundo o respetivo o Estatuto Político-Administrativo, a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho do mesmo ano, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.

Face a esta situação política, e depois de convocar o Conselho de Estado, em 17 de janeiro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a decisão de dissolver o parlamento madeirense e convocar novas eleições regionais antecipadas em 23 de março – o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.

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