Com a preocupação diária de que as marcas do grupo Aveleda continuem a ser saudáveis, Ana Sampaio, na primeira pessoa

Com raízes em Sanfins do Douro, Ana Sampaio encontrou no vinho a ligação natural que viria a moldar a sua carreira em marketing, que já se estende por duas décadas. Adora teatro e romances históricos.

A liderar há quase oito anos o marketing da Aveleda — dona de vinhos como Casal Garcia, Adega Velha ou Villa Alvor — Ana Sampaio tem como preocupação diária assegurar que as marcas do grupo “continuem a ser saudáveis, em relação a todas as métricas”, como notoriedade, visibilidade ou conversão.

“É este o meu dia-a-dia, monitorizar a performance das marcas nos diferentes parâmetros e tomar as medidas corretivas quando alguma coisa está a sair da trajetória que tínhamos definido. Cuidar das marcas, sem dúvida nenhuma, é a minha missão“, diz a diretora de marketing em conversa com o +M.

A grande diversidade de marcas do grupo é também ela um “desafio grande” para Ana Sampaio, que tem de ter uma perspetiva global sobre todas as marcas. Mas este é na mesma um “desafio muito bom”. “Gosto muito de estar a pensar em Casal Garcia, em grande consumo e ativações de milhares pessoas, e no minuto a seguir estar a pensar em Quinta Vale D. Maria, em luxo, e como conseguir chegar a esse consumidor. É esse nível de elasticidade que é exigido e que é um grande e bom desafio“, aponta.

Mas cada uma das marcas tem também os seus desafios específicos. Embora seja mais conhecido e esteja presente em vários mercados, também Casal Garcia, marca bandeira do grupo, enfrenta “muitos desafios diários, nomeadamente de continuar a estar presente na mente do consumidor, de ser a sua marca preferida e de estar constantemente a inovar para conseguir recrutar novos consumidores e rejuvenescer a sua base”, exemplifica a responsável.

Não é o facto de uma marca ter uma posição forte e estar consolidada que torna a questão mais fácil. Pelo contrário, ainda se torna mais difícil porque o nível de responsabilidade é maior“, acrescenta.

Mas também as marcas mais pequenas têm “desafios enormes”, associados à sua ambição de crescer, sendo que o crescimento em marcas de posicionamento premium “é mais complexo”, por contar com uma base de consumidores menor, uma linguagem diferente e um nível de desenvolvimento emocional distinto, entende Ana Sampaio, que lidera uma equipa composta por outras 14 pessoas (entre gestores de marca, digital, relações públicas e um designer gráfico) e que conta com o apoio criativo d’O Escritório (para a marca Casal Garcia), e com as agências Media Tailors (assessoria), Wise Pirates (digital), Mush (gestão de redes sociais) e Initiative (planeamento de meios).

A marca institucional (Aveleda) é também ela trabalhada, muito pelo lado da sustentabilidade, com a marca a apostar na redução das emissões de dióxido de carbono e com a passagem de 96% das garrafas usadas a serem produzidas em vidro leve. Também as caixas de transporte estão a sofrer uma reformulação, para que sejam utilizadas menos cores e uma base de papel reciclado.

O grupo aposta também numa ligação com a comunidade envolvente e, em particular, com os colaboradores e antigos colaboradores, mantendo e disponibilizando de forma gratuita 59 casas para os colaboradores. “É uma medida muito particular e emblemática daquilo que é preocupação da Aveleda relativamente à comunidade onde se insere e às suas pessoas”, diz a diretora de marketing.

Ligada ao mundo dos vinhos desde 2003, ou seja, há mais de duas décadas, Ana Sampaio considera que este é um setor de forma geral “conservador e cada vez mais pulverizado“, sublinhando que a marca mais vendida em Portugal tem uma quota de cerca de 2%.

“Acho que isto dá uma noção do que é este setor. Há muitas marcas, e cada vez mais, porque é um negócio de certa forma identitário, cultural, com uma produção e cultura muito enraizada no nosso país. Não só por heranças de terras e de famílias, mas também por pessoas que têm mudado de vida e que encaram o vinho como um produto interessante. Temos de tudo e, por isso, acaba por ser um mercado pulverizado e torna-se difícil, em termos de competitividade, conseguir ter uma diferenciação“, diz.

Já em termos de comunicação, o setor “anda muito à volta da promoção”, algo que acontece “cada vez mais”, numa ação liderada pelas próprias cadeias de distribuição que “têm estimulado essa forma de chegar ao consumidor final”, com índices de promoção bastante elevados, com vinhos com 50% ou 60% de desconto, entende Ana Sampaio.

Sendo este um mercado muito pulverizado, a necessidade de sobrevivência leva a indústria para formas de diferenciação que podem não ser as melhores, porque acabamos por estar a depreciar valor. Vendem-se vinhos muito baratos“, defende.

No que diz respeito a publicidade e outras formas de comunicação em concreto, Ana Sampaio diz não ter assistido a “grandes oscilações” ao longo dos últimos anos. Segundo a diretora de marketing de 48 anos, as marcas que já antes faziam investimentos em publicidade ou ativação de marca são as que continuam a fazê-lo atualmente.

Pode haver uma ou outra chamada de atenção para um player novo, mas normalmente não é consistente. Diria que, de forma consistente, ao longo do tempo, vemos as mesmas marcas a terem uma perspetiva mais estratégica da sua construção de marca a longo prazo“, diz, acrescentando que as grandes marcas do setor dos vinhos “estão no mercado há muitos anos” e, por isso, “desenvolvem toda a sua estratégia de forma consistente e numa perspetiva de longo prazo”.

Em relação ao início do seu percurso, depois de fazer uma licenciatura em Economia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a qual terminou nos Estados Unidos ao abrigo de um programa internacional, Ana Sampaio fez também um MBA em Food Industry & Agribusiness na Universidade de Arizona, naquela que foi uma experiência “bastante enriquecedora”, desde logo por “ter aberto uma perspetiva internacional muito forte”.

Durante a licenciatura não teve nenhuma cadeira de marketing, pelo que o contacto com o marketing só surgiu durante a sua estadia nos EUA, despertando-lhe um entusiasmo e curiosidade relativamente a essa disciplina. Durante o seu MBA, acabou por fazer uma tese relacionada com o marketing e os vinhos do Porto.

“Conjuguei as duas coisas, na prática, em termos de conhecimento da indústria dos vinhos e de aprofundamento daquilo que é o marketing. Esta foi uma primeira abordagem mais académica do marketing, mas que me mostrou que era esse o caminho que queria seguir”, diz Ana Sampaio, que mais tarde chegou também a fazer uma pós-graduação em Marketing, pela Universidade de Lisboa.

Começou depois a desenhar o seu percurso profissional na UPPartner, onde trabalhou durante cerca de um ano em ativações de marca, experiências de consumidor e ativações em ponto de venda. “Foi um período curto mas muito intenso em termos de aprendizagem e acho que foi muito interessante ter começado por aí porque tive uma perspetiva 360º do que é trabalhar marcas, não na componente estratégica, mas na competência operacional e de ativação”, diz, recordando que trabalhou várias marcas como a Optimus (atual Nos), Super Bock ou Gillette.

Já com esse lado operacional “muito desenvolvido”, sentiu falta da parte mais relacionada com a estratégia, uma vez que na agência só trabalhava a “reta final”, que é a operacionalização. Nessa perspetiva, de não ter a possibilidade de entrar na parte das estratégias das marcas, procurou “outros caminhos dentro do marketing”, tendo começado a trabalhar no setor dos vinhos, na Caves Velhas, empresa que na altura pertencia à Central de Cervejas.

A empresa foi depois adquirida e, na sequência de mais aquisições, surgiu o grupo Enoport Group, onde Ana Sampaio trabalhou durante cerca de 14 anos, primeiro como marketing manager e, mais tarde, como marketing director. “Foi a minha experiência profissional mais longa e muito alicerçada naquilo que eu queria efetivamente fazer, com a construção de marcas de A a Z, com ativações também muito variadas, com muito contacto com mercados internacionais”, relembra.

Foi aí, e a viver em Lisboa (onde constituiu família), que consolidou o seu conhecimento de marketing e vinhos. A mudança para a Aveleda, em Penafiel, foi portanto “um bocadinho inusitada”, sendo que a primeira reação foi de dúvida, desde logo pela mudança geográfica. “Mas também encarei a mudança como uma aproximação às origens”, diz.

É que Ana Sampaio é de origem duriense, tendo vivido os seus primeiros 18 anos em Sanfins do Douro, no concelho de Alijó, o que considera que também esteve na génese da sua ligação aos vinhos. Isto porque os pais tinham vinhas e grande parte da população encontrava no vinho o seu meio de subsistência, fosse em propriedades próprias ou a trabalhar para terceiros, existindo inclusive uma adega cooperativa, onde o seu pai trabalhava.

Toda essa envolvência relacionada com os vinhos é algo que está muito presente no meu ADN e que acabou por moldar o meu recurso profissional, sem eu ter definido isso deliberadamente. Foi algo que acabou por acontecer. Não é um acaso completo, mas não foi consciente do meu lado“, diz.

Olhando para trás, vê que aqueles tempos foram “ótimos”, tendo vivido uma infância “muito livre, muito próxima dos amigos, num sítio com poucos habitantes, onde toda a gente se conhece e há um sentido de comunidade muito forte”. “Tenho muito boas memórias e sempre que estou lá, sinto mesmo que sou dali porque, efetivamente, foi muito feliz o tempo que vivi lá“, recorda.

Ana Sampaio tem assim uma grande “ligação afetiva” com aquela localidade localizada no coração do Douro, onde regressa com regularidade. Nesta senda de manter a ligação à sua terra, foi convidada para integrar uma lista de candidatura à Assembleia Municipal de Alijó, desafio que logo aceitou.

A viver no Porto há cerca de três anos com o marido e os dois filhos, um rapaz e uma rapariga, de 12 anos e 11 anos, Ana Sampaio continua, no entanto, a ter “uma base” em Lisboa, para onde vai nas férias escolares para que os filhos possam manter contacto com os amigos que fizeram na capital.

A área cultural, principalmente o teatro e a música, é uma paixão, pelo que sempre foi regularmente assistir a peças de teatro e a concertos, algo que, no entanto, “fazia muito mais quando não tinha filhos”, diz entre risos.

Esse gosto pelo teatro vem também da sua infância, uma vez que o pai fundou um grupo de teatro amador em Sanfins do Douro. “Também tive muita ligação, na minha infância, com o teatro. Cheguei a participar em várias peças de teatro, a fazer de criança, com o meu pai. E tive o privilégio de poder assistir a grandes obras de teatro levadas a cena por este grupo. Acho que também foi uma coisa que se moldou e que hoje em dia se mantém”, diz. Ana Sampaio considera aliás que foi do seu pai — que também foi presidente da Junta de Freguesia de Sanfins do Douro durante oito anos –, que herdou a “vontade de querer fazer alguma coisa diferente pela terra que a viu crescer“.

Também gosta muito de ler, especialmente romances históricos O romance histórico “acaba por ser uma dualidade interessante para se aprender mais sobre a História de uma forma menos técnica mas mais agradável”, aponta.

Ana Sampaio em discurso direto

1. Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

A nível nacional todas as recentes da Super Bock, que de forma genial conseguem trazer novidade todos os anos em volta do posicionamento da Amizade, trabalhando de forma exímia os códigos da marca, bem como o desdobramento multiplataforma de forma adaptada ao meio e muito bem alinhada entre todos os meios. A nível internacional, a campanha Beleza Real, da Dove, que marcou de forma audaz uma mudança nos códigos de comunicação tradicionais na categoria da beleza, apresentando-se com modelos de pessoas “normais” e não estereotipadas, sendo disruptiva e mantendo essa consistência ao longo dos anos.

2. Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

A combinação mais eficaz de meios para atingir os nossos targets, com recursos limitados e num mundo em que lutamos com uma atenção altamente pulverizada.

3. No (seu) top of mind está sempre?

Defender a saúde das marcas que estou a gerir.

4. O briefing ideal deve…

Ser objetivo, conciso e focado na estratégia da marca: target, posicionamento e objetivos.

5. E a agência ideal é aquela que…

Trabalha como uma extensão da nossa equipa, preocupa-se em conhecer a fundo as nossas marcas, tem valências fortes de estratégia, monitorização de performance e altas doses de criatividade.

6. Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar no sentido de ser disruptivo, mas sempre de forma consistente e alinhada com o posicionamento da marca.

7. O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Estabeleceria um limite. A existência de recursos limitados potencia a eficiência na sua gestão.

8. A publicidade em Portugal, numa frase?

Com muita criatividade, mas com algum défice na componente de estratégia.

9. Construção de marca é?

Antes de mais é ter a estratégia de marca bem definida, depois alinhar as táticas de acordo com essa estratégia e manter a consistência ao longo dos anos, acompanhando permanentemente a sua evolução na mente e comportamento dos consumidores.

10. Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Psicóloga.

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Ensino superior. Proprietários disponíveis para arrendar mas querem incentivos e garantias

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

Os proprietários estão disponíveis para colocar mais imóveis no mercado para arrendar a estudantes, mas pedem incentivos fiscais e garantias que mitiguem riscos.

Os proprietários estão disponíveis para colocar mais imóveis no mercado para arrendar a estudantes, mas pedem incentivos fiscais e garantias que mitiguem riscos, segundo uma sondagem da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) divulgada esta segunda-feira.

“Os proprietários estão disponíveis para fazer parte da solução da crise de alojamento estudantil, mas para isso é fundamental que lhes sejam dados incentivos justos e garantias adequadas. Este inquérito prova que, com benefícios fiscais em IRS e IMI e mecanismos de proteção contra riscos, muitos mais imóveis poderão ser colocados no mercado estudantil“, afirma o presidente da ALP, Luís Menezes Leitão, citado em comunicado.

Os resultados do inquérito realizado aos cerca de 10.000 associados da ALP indicam que a principal motivação para arrendar a estudantes é a possibilidade de contratos mais curtos e flexíveis (51%), enquanto 49% apontam a possibilidade de danos no imóvel como a maior barreira à colocação no mercado.

A maioria dos inquiridos (87%) assinala que a existência de benefícios fiscais — em sede de IRS e IMI — seria o maior incentivo para disponibilizar imóveis a estudantes.

Para 42% a criação de garantias públicas do Estado contra o incumprimento contratual seria também “uma medida eficaz para estimular a oferta”.

Quase dois terços dos senhorios (64,4%) revelaram disponibilidade para cumprir requisitos mínimos de habitabilidade, adoção de contratos-tipo e fornecimento de equipamento básico, se isso lhes permitisse integrar programas institucionais com benefícios fiscais.

Segundo a ALP, 49% dos inquiridos não se opõem a aderir a um sistema de certificação voluntária de senhorios de estudantes, validado por instituições de ensino ou municípios ou entidades independentes, caso tal certificação possa traduzir-se em vantagens fiscais.

Portugal tem apenas cerca de 15 mil camas públicas para um universo de meio milhão de estudantes que frequentam o ensino superior. É evidente que, perante esta realidade, os proprietários privados desempenham um papel essencial na disponibilização de alojamento estudantil e, consequentemente, na construção de um país mais qualificado e com futuro. Valorizar e apoiar o contributo destes proprietários é, por isso, uma condição indispensável para garantir oportunidades de estudo a todos os jovens”, salienta Luís Menezes Leitão.

De acordo com a ALP, os resultados do inquérito indicam que há margem real para aumentar a oferta de habitação para estudantes em Portugal, mas que é imprescindível que o Governo e as entidades públicas criem mecanismos de incentivo fiscal e de proteção aos proprietários.

A possibilidade de alargar o valor da caução, atualmente limitado por lei, permitindo que esta possa cobrir de forma mais eficaz eventuais danos ou despesas imprevistas no final dos contratos, é uma das propostas da associação.

A ALP considera que “é uma solução viável para aumentar a proteção dos proprietários e facilitar a entrada de mais imóveis no mercado de arrendamento estudantil”.

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Bloco de Esquerda também vai pedir comissão de inquérito aos incêndios

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

"Vamos apresentar uma comissão de inquérito que tem um foco muito específico, que é a coordenação e os meios de combate ao incêndio", anunciou Mortágua.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, anunciou hoje que vai pedir uma comissão de inquérito com um foco na coordenação e meios de combate aos incêndios florestais ocorridos no verão de 2025.

“Achamos que este é o momento de maior emergência e vamos apresentar uma comissão de inquérito que tem um foco muito específico, que é a coordenação e os meios de combate ao incêndio. De forma nenhuma interpretem isto como dizer que esta parte é mais importante que a parte que vem a seguir, que é a gestão do território e da floresta”, sustentou.

O anúncio do pedido de constituição de uma comissão eventual de inquérito sobre a prevenção e o combate aos fogos florestais ocorridos no verão de 2025, que vai dar entrada hoje na Assembleia da República, foi feito na freguesia de Avô, no concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, depois de uma visita a casa de um agricultor que viu as chamas terem atingido novamente os seus bens.

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Nova SBE vai distribuir 836 bolsas no novo ano letivo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 25 Agosto 2025

Campus de Carcavelos vai receber cerca de 2.000 novos alunos de mestrado e de mobilidade internacional, num total de 65 nacionalidades diferentes. Crescimento é de 20% face a 2024/2025.

A Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) vai distribuir mais de 800 bolsas pelos seus estudantes de licenciatura, mestrado doutoramento e mestrados executivos, anunciou esta segunda-feira a escola liderada por Pedro Oliveira.

“Fruto do contínuo investimento da escola e dos seus parceiros para garantir que qualquer aluno com capacidade académica não seja limitado por restrições financeiras, o programa de bolsas da Nova SBE vai garantir que, este ano, sejam distribuídas e aplicadas 836 bolsas“, informa a Nova SBE, numa nota enviada às redações.

De acordo com o mesmo comunicado, para o ano letivo que está prestes a começar, esta faculdade recebeu mais cerca 20% de candidaturas do que no ano passado. E, destes novos alunos, quase dois mil (incluindo os de mobilidade internacional) são oriundos de 65 países diferentes, sendo Portugal, Alemanha, Itália, Áustria e França os mais representados.

Entre os alunos estrangeiros que se candidataram à Nova SBE, destacam-se os aumentos nas admissões de alunos franceses e noruegueses (+76%) e italianos (+69%), mas é também de realçar o crescimento da procura por parte de alunos dos EUA (+31%) e do Reino Unido (+28%), “potencialmente representando os efeitos das políticas nacionais adotadas nestes países, mas também resultantes da aposta na escola na diversificação das suas políticas de angariação de novos alunos de outras geografias dentro e fora da União Europeia”.

Dos quase 2.000 novos alunos que foram admitidos para o ano letivo 2025/2026, a grande maioria chega para os programas de Gestão, que incluem o Mestrado Internacional em Gestão — classificado como o 8.º melhor do mundo pelo Financial Times. O pódio fica completo com as admissões nos programas de Finanças — que têm o 7.º melhor Mestrado em Finanças do Mundo, segundo o jornal britânico –, e o Mestrado em Business Analytics.

“Os números deste ano, tanto de novos alunos como da variedade de nacionalidades dos mesmos, comprovam o crescimento inegável da nossa escola no panorama educativo internacional, seja pelo nosso posicionamento nos rankings mundiais, seja pela experiência inigualável que a Nova SBE propõe a quem vem para cá estudar”, afirma o dean Pedro Oliveira, citado na mesma nota.

O diretor da Nova SBE acrescenta ainda que a atual posição de destaque no panorama internacional permite “atrair talento internacional e continuar a posicionar Portugal enquanto destino educativo de excelência”, contribuindo para que o país “possa ser, cada vez mais, visto como um polo de conhecimento e inovação e onde vale a pena investir para a criação de projetos de um futuro mais inclusivo, talentoso e sustentável”.

A semana de receção aos novos alunos de mestrado da Nova SBE, conhecida como “Nova SBE Discovery Week”, arranca na quarta-feira, dia 27 de agosto, marcando o começo do novo ano letivo com uma semana preenchida de atividades e iniciativas destinadas à integração na comunidade da escola.

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Associação industrial pede parecer à CITE sobre dispensa para amamentação

Dispensa para amamentação tem gerado polémica. Governo fala em abusos e quer limitar. CITE diz que não tem denúncias, mas avança ao ECO que já recebeu, pelo menos, um pedido de parecer.

A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) não tem registado queixas de empresas relativamente à dispensa para a amamentação, mas já recebeu, pelo menos, um pedido de parecer sobre este tema, avança fonte oficial ao ECO.

Segundo o Código do Trabalho, as trabalhadoras que são mães e amamentam os filhos têm direito a serem dispensadas do trabalho, todos os dias, até duas horas para esse efeito, no âmbito da dispensa para amamentação.

Neste momento, esse direito está previsto durante o tempo que a amamentação durar, mas o Governo propôs, no âmbito da reforma da lei laboral, que se estabeleça que a mãe só tem direito a esta dispensa até a criança perfazer dois anos.

Questionada sobre estas mudanças, em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, justificou este apertar das regras com os abusos que diz serem vividos nas empresas.

“Acho difícil de conceber que, depois dos dois anos, uma criança tenha que ser alimentada ao peito durante o horário de trabalho. Isso quer dizer que se calhar não come mais nada, o que é estranho. O exercício adequado de um direito não deve confundir-se com o exercício abusivo desse mesmo direito. E, infelizmente, também temos conhecimento de muitas práticas em que, de facto, as crianças parece que continuam a ser amamentadas para dar à trabalhadora um horário reduzido“, afirmou a governante.

O Ministério do Trabalho explicou, no entanto, que não tem dados sobre o número de trabalhadores que amamentam crianças com mais de dois anos e que pedem a dispensa em causa, sublinhando que esta é “concedida e suportada diretamente pelas entidades empregadoras“.

Já ao Expresso a presidente da CITE garantiu não ter registo de qualquer denúncia ou queixa por parte das entidades empregadores sobre abusos ou fraudes relacionadas com este direito. Ainda assim, à Comissão chegou, pelo menos, um pedido de parecer sobre este tema.

Há duas semanas, o Sapo avançou que a CITE tinha recebido, afinal, a queixa de uma associação empresarial, que denunciava a “prática generalizada de médicos pediatras atestarem que a mãe amamenta o filho até à idade de três anos“.

O ECO questionou, então, a Comissão, que explica agora que não se tratou de uma queixa, mas de um pedido de parecer, o que é comum.

“Foi identificado um pedido de emissão de parecer formulado por uma associação industrial, que foi (incorretamente) registado como pedido de informação e respondido pela jurista, a quem o processo foi distribuído, como tal”, revela fonte oficial ao ECO.

“Não se trata de uma queixa ou denúncia”, insiste a CITE, que explica que, “por não se tratar de pareceres obrigatórios”, não possuiu dados referentes aos mesmos, designadamente o número específico.

Contudo, a mesma fonte indica que “é comum haver este ou outros pedidos de informação, a que a equipa jurídica responde, mas não são registados por tema e assunto”.

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Novo governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, vai ao Parlamento a 17 de setembro

Audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública está marcada para as 11h. Procedimento é obrigatório para ser nomeado líder do supervisor da banca.

O novo governador do Banco de Portugal, Álvaro Santos Pereira, vai ser ouvido no Parlamento a 17 de setembro, revelou ao ECO o presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) e deputado do Chega, Rui Afonso. A audição na COFAP está marcada para as 11h.

O parecer da Assembleia da República não é vinculativa, mas é obrigatório para que o antigo ministro da Economia de Pedro Passos Coelho possa ser oficialmente nomeado líder do regulador da banca, através da aprovação de uma resolução do Conselho de Ministros.

No final de julho, o Governo anunciou que o ex-economista chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) iria ser o novo governador do Banco de Portugal.

“É hoje o economista principal de uma das organizações principais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro”, indicou, a 24 de julho, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros ter aprovado a indigitação do futuro líder do supervisor. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foi ausência notada nessa conferência.

“[Álvaro Santos Pereira] triunfou por mérito próprio no plano internacional como especialista independente na sua área (…) e Portugal tem muita honra no seu sucesso”, acrescentou o mesmo ministro, adiantando que o Governo irá enviar a proposta para audição parlamentar.

Leitão Amaro defendeu a “independência” de Santos Pereira — apesar de ter sido ex-ministro da Economia do Governo de Passos Coelho — para o exercício do cargo de governador do banco central nacional. “Não é governante há mais de uma década, não é membro de nenhum partido político. É independente”, disse. E, sem se referir diretamente ao caso de Mário Centeno, afirmou: “a boa preservação de independência diz que não se deve sair de um governo para um banco central por um período mínimo de dois ou três anos”.

Por outro lado, destacou que pode ser uma mais-valia a experiência de cargos políticos, mas “desde que não haja uma passagem de quase passar de barco sem molhar os pés”. Essa será a situação de Álvaro Santos Pereira, 53 anos, vem da OCDE, onde ocupa o lugar de economista-chefe desde o verão passado. Durante dois anos tutelou a pasta da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho durante o período da assistência financeira. Agora, tem pela frente um mandato de cinco anos aos comandos do supervisor da banca, e será o membro português do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) responsável pela condução da política monetária da Zona Euro.

Álvaro Santos Pereira não terá qualquer poder formal para alterar a atual equipa do conselho de administração do banco central. Segundo o Público, não há espaço para afastar quem se encontra em funções, visto que os seus mandatos ainda vão demorar a terminar. E a legislação aplicável ao supervisor da banca deixa as nomeações totalmente nas mãos do Governo — ainda que possa haver contactos informais com o Executivo em funções, quando se der o caso de haver substituições.

Metade do mandato que o até aqui economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) vai iniciar terá de ser passado com a esmagadora maioria dos membros atualmente em funções. Depois do mandato de Mário Centeno, que terminou este mês, o próximo a chegar ao fim é o do atual vice-governador, Luís Máximo dos Santos, em junho do próximo ano.

O resto da administração, porém, ainda estará em funções por mais tempo. A vice-governadora, Clara Raposo, a administradora Helena Adegas e o administrador Rui Pinto veem os seus mandatos terminarem em dezembro de 2027. Um mês antes de chegarem ao fim os cinco anos atribuídos à administradora Francisca Guedes de Oliveira. Todos foram nomeados pelo Governo socialista de António Costa, podendo ser reconduzidos. Já Luís Morais Sarmento, nomeado em novembro passado pelo atual primeiro-ministro, só tem o fim do seu percurso na administração do BdP em 2029, podendo igualmente ser sujeito a recondução.

De saída está Mário Centeno, uma situação mais do que esperada, dada a relação tensa entre o atual governador com o Governo de Luís Montenegro, em especial, com o ministro das Finanças. Durante a conferência de imprensa em que anunciou o nome do novo governador, Leitão Amaro recusou fazer qualquer apreciação sobre o mandato de Centeno, porque o atual líder do supervisor está e continuará em “plenas funções” até Santos Pereira tomar posse — que se prevê que aconteça apenas em setembro. Há 25 anos que um governador não via o seu mandato renovado.

A futura sede do Banco de Portugal representou a mais recente polémica a estalar entre os dois. Miranda Sarmento pediu uma auditoria à IGF sobre o projeto imobiliário que irá custar mais de 192 milhões de euros. O banco central diz que enviou ao ministério todos os contratos e documentos relacionados com o negócio.

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Receita das maiores ‘fintech’ cresce 21% para 199 mil milhões

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

De acordo com a Boston Consulting Group, a indústria 'fintech' cresceu cerca de três vezes mais que o setor financeiro tradicional no período analisado.

A receita das maiores fintech cresceu 21% em 2024 para 231 mil milhões de dólares (199 mil milhões de euros), uma subida de 8 pontos percentuais (p.p.) face a 2023, segundo um estudo da BCG.

De acordo com a Boston Consulting Group (BCG), a indústria fintech cresceu cerca de três vezes mais que o setor financeiro tradicional no período analisado.

Com base no estudo “Global Fintech 2025: Fintech’s Next Chapter: Scaled Winners and Emerging Disruptors”, que analisou apenas empresas fintech cuja receita é superior a 500 milhões de dólares (430 milhões de euros), a margem média do resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) das fintechs cotadas aumentou 25% em 2024.

Para além disso, 69% destas empresas passaram a ser lucrativas, face às menos de 50% em 2023.

Apesar do crescimento acelerado, estas empresas continuam a representar apenas 3% das receitas globais do setor financeiro.

A nível regional, os Estados Unidos mantêm-se na liderança do setor, concentrando 52% das receitas globais, com cerca de 120 mil milhões de dólares, seguindo-se a China, com 16%.

O mesmo estudo defende ainda que o setor financeiro será impulsionado por quatro grandes tendências tecnológicas, sendo a principal a Inteligência Artificial (IA) agentiva, baseado em agentes de IA autónomos.

Neste contexto, e embora representem apenas 23% do mercado, as fintechs alimentadas por IA captam 49% do financiamento total do setor, o que reflete a aposta dos investidores nesta nova geração tecnológica.

A consultora incluiu no documento algumas recomendações, entre elas sugestões aos reguladores. “Os reguladores devem definir uma regulação clara, ágil e harmoniosa, sobretudo no que diz respeito à IA e aos ativos digitais, cuja regulamentação continua incerta e coloca entraves à inovação“, lê-se no documento.

A BGG fala também aos bancos afirmando que estes se devem juntar às fintech de modo a manterem a competitividade.

Os bancos, por sua vez, necessitam de estabelecer parcerias com fintechs em áreas estratégicas, como a infraestrutura financeira, de modo a manterem a competitividade e a estarem alinhados com as melhores práticas do setor“, consta no estudo.

O estudo foi baseado em entrevistas com 60 presidentes executivos e investidores de fintechs.

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Governo alarga prazo para pagar IMI nas zonas afetadas pelos incêndios. Nova data será definida pelas Finanças

Segunda prestação de imposto deveria ser liquidada até ao final deste mês, mas Governo decidiu dar mais tempo, nas zonas afetados pelos fogos. Nova data será definida por despacho das Finanças.

O Governo vai alargar o prazo para a liquidação do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) — que deveria ser pago até ao final de agosto –, nas zonas afetadas pelos incêndios. A nova data ainda será definida por despacho do Ministério das Finanças, segundo o decreto-lei que estabelece medidas de apoio e mitigação do impacto de incêndios rurais, publicado este domingo em Diário da República.

Em causa está a segunda prestação do imposto, que deveria ser entregue ao Fisco até ao final deste mês. O Código do IMI determina que, até ao final de agosto, deve ser paga a segunda prestação do imposto, “quando o seu montante seja superior a 500 euros“, segundo o número 1 do artigo 120.º da lei.

O decreto-lei publicado este domingo prevê, contudo, o alargamento desse prazo. “Os prazos de cumprimento das obrigações contributivas e fiscais, incluindo a obrigação de pagamento prevista nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 120.º do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, podem ser excecionalmente alargados por despacho do membro do Governo responsável pela área das finanças ou da segurança social, consoante a matéria”, lê-se no mesmo diploma.

O alargamento dos prazos para cumprimento das obrigações contributivas e fiscais, incluindo o pagamento do IMI, “é aplicável aos contribuintes que tenham residência ou domicílio fiscal nas freguesias abrangidas pelo âmbito territorial delimitado nos termos da resolução do Conselho de Ministros”, diploma que ainda será aprovado pelo Executivo e publicado em Diário da República.

O ECO questionou as Finanças qual o novo prazo e quais as localidades que poderão beneficiar da medida e aguarda resposta.

Empresas em crise por causa dos incêndios podem recorrer ao lay-off simplificado

Para além da prorrogação dos prazos para cumprimento de obrigações fiscais e contributivas, o diploma prevê que empresas que estejam em crise por causa dos incêndios possam recorrer, a partir desta segunda-feira, a uma versão simplificada do lay-off, regime que permite reduzir os horários de trabalho ou até mesmo suspender os contratos celebrados com os trabalhadores. O ECO já tinha avançado que esta seria uma das medidas do Governo em reação aos fogos e o decreto-lei, entretanto publicado, confirma-o.

 

Importa notar que, em reação aos incêndios do verão do ano passado, o Governo disponibilizou uma versão idêntica de lay-off simplificado às empresas afetadas.

No âmbito do lay-off, as empresas podem reduzir os horários de trabalho ou suspender os contratos de trabalho. Os trabalhadores com horário suspenso ou reduzido têm direito a, pelo menos, dois terços do seu salário bruto normal (ou o valor do salário mínimo nacional correspondente ao período normal de trabalho – 870 euros para um emprego a tempo inteiro –, consoante o que for mais elevado).

O primeiro-ministro anunciou na quinta-feira passada 45 medidas para apoiar as populações afetadas pelos incêndios que assolam o país desde julho e já provocaram três vítimas mortais. Desde acompanhamento psicossocial à dispensa gratuita de medicamentos pelas unidades do SNS, ajuda para reconstrução de casas, isenção total ou parcial de contribuições sociais para empresas ou alargamento dos prazos para obrigações fiscais e contributivas são algumas das normas que fazem do pacote de apoios aprovado pelo Governo.

Depois da promulgação do Presidente da República, este sábado, o diploma com os apoios às populações e empresas afetadas pelos incêndios foi publicado em Diário da República logo no dia seguir, no domingo.

A vaga de incêndios que Portugal já provocou três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

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Concursos de empreitadas de obras públicas crescem 18% até julho para 6.971 milhões de euros

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

Segundo a AICCOPN, o valor dos contratos de empreitada de obras públicas celebrados no âmbito de concursos públicos totalizou 2.835 milhões de euros até julho, 61% acima do período homólogo.

O montante global dos concursos de empreitadas de obras públicas promovidos atingiu 6.971 milhões de euros até ao final de julho, mais 1.058 milhões face ao mesmo período de 2024, um crescimento de 18%, avançou esta segunda-feira a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).

Ao longo dos sete primeiros meses de 2025, o valor dos contratos de empreitada de obras públicas celebrados no âmbito de concursos públicos totalizou 2.835 milhões de euros, o que representa um crescimento de 61% face ao valor registado no mesmo período de 2024.

Segundo a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, no que respeita aos contratos de empreitada celebrados nas modalidades de Ajuste Direto e Consulta Prévia, verificou-se uma redução de 8% em termos homólogos.

Deste modo, o montante total das empreitadas de obras públicas objeto de celebração de contrato e registado no Portal Base, até julho de 2025, totalizou 3.520 milhões de euros, valor que traduz um crescimento de 53% face ao período homólogo.

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Portugal foi o terceiro maior produtor de tomate da UE em 2024

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

Entre países da União Europeia, só Itália e Espanha superam produção de tomate em Portugal, indicam dados do Eurostat.

Portugal foi, no ano passado, o terceiro país com mais produção de tomate na União Europeia (UE), atrás de Itália e Espanha, divulgou hoje o gabinete estatístico comunitário, o Eurostat.

Dados hoje publicados pelo Eurostat sobre as colheitas de 2024 revelam que Portugal foi o terceiro maior produtor de tomate (1,7 milhões de toneladas), atrás de Itália (seis milhões de toneladas) e Espanha (4,5 milhões de toneladas).

Ao todo, no ano passado, a UE colheu 62,2 milhões de toneladas de vegetais frescos (incluindo melões), o que representa um aumento de 6% em relação às 58,8 milhões de toneladas colhidas em 2023.

De acordo com o gabinete estatístico, Espanha (14,8 milhões de toneladas), Itália (13,9 milhões de toneladas) e França (5,8 milhões de toneladas) foram os principais produtores de vegetais frescos da UE, representando, em conjunto, 55% da colheita total.

Por tipos de vegetais, ainda no ano passado, a produção colhida da UE aumentou em comparação com 2023: a produção de tomate foi 5% superior com 16,8 milhões de toneladas, a produção de cenoura foi 6% superior com 4,7 milhões de toneladas e a produção de cebola foi 11% superior, com 7,0 milhões de toneladas.

Entre os países da UE, Itália foi o maior produtor de tomate em 2024, representando 36% da colheita total de tomate da UE, seguida por Espanha (27%) e Portugal (10%).

Por seu lado, a produção da UE de frutas, bagas e frutos secos (excluindo citrinos, uvas e morangos) foi de 24,3 milhões de toneladas em 2024. Este valor foi 2% inferior à quantidade colhida em 2023.

Os principais países produtores de frutas, bagas e nozes da UE em 2024 foram Itália (5,4 milhões de toneladas), Espanha (4,3 milhões de toneladas) e Polónia (4,1 milhões de toneladas), que representaram, em conjunto, 57% da produção da UE.

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+M

Ataque israelita mata mais quatro jornalistas em Gaza

  • + M e Lusa
  • 25 Agosto 2025

Com este novo ataque, sobe para 244 o número de jornalistas, influenciadores e outros criadores de conteúdos mortos desde o início do conflito, em outubro de 2023, de acordo com o Governo de Gaza.

Um novo ataque israelita vitimou mais quatro jornalistas em Gaza, na manhã desta segunda-feira. O “ataque duplo” ao hospital Nasser, o principal hospital do sul de Gaza, matou, pelo menos, 14 pessoas, segundo a Al Jazeera.

O primeiro ataque teve como alvo o quarto andar do complexo médico Nasser, seguido de um segundo ataque, quando ambulâncias chegavam para resgatar os feridos e mortos“, afirmou fonte oficial de Gaza, acrescentando que várias pessoas ficaram feridas. O hospital Nasser, o maior do sul de Gaza, tem resistido aos ataques e bombardeamentos israelitas ao longo dos 22 meses de guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

Hossam al-Masri (da Reuters), Mohammed Salama (Al Jazeera), Mariam Abu Daqqa (freelancer que trabalha para meios como o The Independent Arabic ou a Associated Press), e Muath Abu Taha (NBC) serão os profissionais do setor dos media que morreram durante o ataque desta segunda-feira.

Há cerca de duas semanas, um ataque de precisão israelita atingiu a tenda dos jornalistas junto ao hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, matando seis jornalistas. Morreram no ataque os correspondentes da televisão do Qatar Al Jazeera Anas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalismo Mohamed Nofal e Al Khalidi.

Agora, com este novo ataque, sobe para 244 o número de jornalistas, influenciadores e outros criadores de conteúdos mortos desde o início do conflito, em outubro de 2023, de acordo com o Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza.

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Regras europeias em matéria de IA são insuficientes, diz Repórteres Sem Fronteiras

  • Lusa
  • 25 Agosto 2025

A IA impulsiona o desenvolvimento de chatbots e outros sistemas de IA que "parecem ser extremamente permeáveis" a desinformação e "incapazes de produzir conteúdo confiável em escala”, defende a RSF.

O chefe do departamento de tecnologia e jornalismo dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Vicente Berthier, considera que as regras europeias em matéria de Inteligência Artificial (IA) são insuficientes.

À agência Lusa, Vicente Berthier explica que a IA pode ser utilizada como um instrumento de criação de conteúdo que facilita a produção de deepfakes (técnicas que utilizam IA para criar conteúdos falsos, como vídeos, imagens ou áudios, que parecem reais).

A IA impulsiona também o desenvolvimento de chatbots (assistente virtual que usa IA e programação para comunicar texto com os utilizadores) e outros sistemas de IA “que ainda parecem ser extremamente permeáveis a vários conteúdos de desinformação e provavelmente incapazes de produzir conteúdo confiável em escala”.

Neste sentido, o representante da organização não governamental (ONG) salienta que “as regras europeias em matéria de IA não são suficientes”.

Para Vicente Berthier, “a lei da Inteligência Artificial, que se apresenta como um dos quadros mais ambiciosos do mundo, não trata os sistemas que afetam a produção de informação como ‘de alto risco’, o que é um disparate”.

“Por exemplo, os fornecedores de chatbots, que são usados como fonte, devem ser obrigados a usar fontes de informação pluralistas e confiáveis para as respostas dos seus sistemas e, portanto, compartilhar receitas com editores, através de uma negociação coletiva”, explica o responsável.

Do ponto de vista jurídico, o representante dos RSF salienta ser necessário “repensar o status destas plataformas”, defendendo “um estatuto intermédio, que não torne as plataformas diretamente responsáveis por todo o conteúdo que transportam, o que poderia levar à censura em massa, mas que reconheça a sua responsabilidade algorítmica e o seu papel no incentivo à produção de certos tipos de conteúdo, como intermediários na distribuição de informação”.

Em abril de 2021, a Comissão Europeia propôs a primeira lei da União Europeia (UE) sobre inteligência artificial, estabelecendo um sistema de classificação de IA baseado no risco, estando também em vigor o Regulamento dos Serviços Digitais (RSD), que pretende contribuir para o bom funcionamento do mercado interno nesta matéria.

Desinformação é questão global e um dos principais riscos para a sociedade

O chefe do departamento de tecnologia e jornalismo dos Repórteres Sem Fronteiras alerta também que a desinformação é uma questão global e um dos principais riscos para as sociedades atuais.

Vicente Berthier considera que “a desinformação é cada vez mais utilizada como técnica no âmbito de tensões geopolíticas”, salientando “a importância crescente da opinião pública e das redes sociais na difusão de ideias e na formação de opiniões”.

A desinformação “é uma questão global e um dos principais riscos de curto prazo para as sociedades”, numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) generativa “está gradualmente a encontrar o seu lugar entre as ferramentas de desinformação”.

O representante da ONG defende que “a desinformação não só persiste, como também está a aumentar, em grande parte devido à forma como os conteúdos são distribuídos nas principais plataformas, como as redes sociais e os sites de partilha de vídeos”.

Nenhum dos atores mencionados [Facebook, X, YouTube e TikTok] criou sistemas para destacar ou promover conteúdo jornalístico confiável diretamente nos rankings algorítmicos”, afirmou Vicente Berthier.

Para o responsável dos RSF, “a produção de conteúdo de qualidade leva sempre mais tempo do que a criação de desinformação, o que significa que existe uma vantagem económica na divulgação de conteúdos falsos e enganadores”.

Além disso, a dinâmica da comunidade das redes sociais, em conjunto com algoritmos hiperpersonalizados e anúncios direcionados, tornam ainda mais fácil a propagação de desinformação.

“Nos últimos anos, a situação agravou-se com uma mudança notória na forma como algumas grandes plataformas tratam os meios de comunicação social. O Facebook moveu-se abertamente numa direção antijornalística, numa mudança tornada clara em janeiro de 2025 (…) Elon Musk, dono do X, também não esconde a sua hostilidade contra os media tradicionais e os jornalistas”, explica Berthier.

Em abril deste ano, o conselho de supervisão da Meta solicitou à direção da empresa que avaliasse os possíveis impactos do fim do programa de verificação de factos nos Estados Unidos e da flexibilização da moderação nas plataformas.

Na altura, o organismo considerou que a decisão da Meta de abandonar parceiras com as organizações de verificação independentes tinha sido tomada “apressadamente, rompendo com o procedimento normal”.

Neste sentido, os RSF defendem a necessidade das plataformas aumentarem a visibilidade de fontes de informação fiáveis, devendo ser obrigadas a permitir a distribuição de conteúdos jornalísticos.

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