O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de julho

  • ECO
  • 6 Julho 2023

Ao longo desta quinta-feira, 6 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Startup Portugal fecha com Fundão benefícios fiscais para empreendedores e tem mais 10 autarquias na mira

Isenção ou redução de imposto de derrama, de instalação das empresas ou de facilitação ao nível da habitação são alguns dos temas em discussão para atrair os empreendedores.

Depois de São João da Madeira anunciar benefícios fiscais para as startups e scaleups sedeadas no concelho, é agora o Fundão a avançar no mesmo sentido — e há mais “cerca de dez câmaras municipais” a analisar fazer o mesmo, adianta António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, ao Trabalho by ECO.

Isenção ou redução de imposto de derrama, de instalação das empresas ou de facilitação ao nível da habitação são alguns dos temas em discussão com as autarquias para incentivar o empreendedorismo local.

“Estamos a tentar alargar a adesão a este memorando de entendimento ao maior número de câmaras municipais, de maneira a criar, a partir daqui, um verdadeiro movimento de promoção do empreendedorismo a nível local ou regional, que deve ser feito também em articulação com as incubadoras locais, as melhores organizações locais para lidar com esta realidade”, explica António Dias Martins, da Startup Portugal, organismo que tem sob a sua responsabilidade a gestão de 125 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para injetar no ecossistema nacional de empreendedorismo nacional.

Com a nova Lei das Startups, que entra em vigor em novembro, passa a haver uma definição de startups e scaleups que permite a caracterização deste tipo de empresas. “Estamos a aproveitar isso em benefício da promoção do ecossistema empreendedor a nível local e regional, isto é, falando com os municípios, com os presidentes de câmara, com as instituições locais, conseguir ter um mapeamento e uma identificação mais micro do tecido empreendedor, das startups na região, mas também da vontade que estes municípios têm de atrair e fazer crescer esta realidade”, refere o responsável.

Benefícios que podem ser atribuídos pelas autarquias

A nova Lei das Startups prevê ainda alguns benefícios fiscais para o ecossistema empreendedor, através, por exemplo, da ferramenta das stock options, mecanismo usado pelas empresas para atrair e reter talento, que passa a ter uma taxa de tributação mais favorável sem sede de IRS. E, a nível central, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem igualmente previsto mais 100 milhões para serem injetados no ecossistema, dos quais 90 milhões para vouchers verdes para as startups e 20 milhões para a rede de incubadoras.

Mas, lembra António Dias Martins, “os municípios possuem vários argumentos e várias áreas de intervenção à sua disposição, que não dependem necessariamente de decisões centrais, do Estado ou do Governo”.

São esses recursos locais que a Startup Portugal pretende que sejam ativados em prol da dinamização do empreendedorismo local. “Vamos explorar e trabalhar diretamente com esses municípios nas áreas que estão à sua disposição, sob sua gestão direta, no sentido de introduzir estímulos especialmente dedicados às startups e às scaleups, na medida em que, com condições reforçadas, quer regulamentares, fiscais, de burocracia, quer de acesso, facilidade até de habitação, os três principais tópicos em cima da mesa, possamos criar vantagens e, com isso, fazer com que o município se apresente no mercado com argumentos adicionais que, não só consolide a comunidade que já tenha de empreendedores, mas também reforçar e atrair mais empreendedores e mais talento”, explica António Dias Martins.

Vamos explorar e trabalhar diretamente com esses municípios nas áreas que estão à sua disposição, sob sua gestão direta, no sentido de introduzir estímulos especialmente dedicados às startups e às scaleups.

António Dias Martins

Diretor executivo da Startup Portugal

Além do imposto de derrama — que incide sobre o lucro tributável das empresas, com uma taxa máxima até 1,5% –, “podemos isentar ou reduzir taxas municipais aplicadas a empresas e, adicionalmente, isentar ou reduzir uma parte do IRS dos trabalhadores locais que esteja sob a gestão dos municípios”, descreve o responsável da Startup Portugal. “Temos em cima disso, políticas ativas destinadas à habitação, como à instalação de empresas que facilitem ou que proporcionem vias verdes e apoiadas para esses processos quer de instalação de empresa, quer atração e retenção de pessoas”, reforça.

A câmara municipal de São João da Madeira foi a primeira a avançar com benefícios fiscais para as startups e scaleups instaladas no concelho, que se segue agora o Fundão, após a Startup Portugal fechar um acordo com a câmara do centro do país.

A componente de habitação é muito importante porque toca com a atração e a retenção de talentos. Não podemos dissociar um aspeto do outro e, de facto, há muita coisa que os municípios podem fazer nesta área de talento”, destaca o diretor executivo da Startup Portugal, destacando o trabalho que a autarquia tem vindo a fazer nesta matéria.

“Um bom exemplo disso é o que a Câmara do Fundão tem feito — anda a fazer isto há cerca de dez anos — criando políticas ativas na área da habitação para atrair quadros jovens e altamente qualificados que, por terem condições atrativas, decidem se fixar lá e desenvolver a sua atividade e empreender a partir de lá. A percentagem local deste perfil de trabalhadores estrangeiros, muito ligados às novas tecnologias, jovens e altamente qualificados, é muito grande, é desproporcional em relação a outros municípios. Significa que os resultados que aparecem quando estas políticas são desenvolvidas”, aponta.

Cerca de outras dez autarquias estão a analisar avançar no mesmo sentido, quais ao certo o responsável da Startup Portugal, nesta fase, preferiu não revelar.

“O que tenho sentido, até agora é uma enorme predisposição e uma enorme vontade de todos os municípios com quem já contactámos, para colocarem na mesa da discussão e para responderem favoravelmente a este repto”, diz.

20 candidatos para desenvolver plataforma de mapeamento

Portugal tem mais de 2.500 startups e scaleups, com Lisboa e Porto a concentrar o maior volume, e uma rede de 160 incubadoras, tendo o ecossistema, desde o início do ano até ao momento, levantado 68,5 milhões de euros, segundo os dados da Dealroom, plataforma de referência na monitorização do ecossistema português.

Mas, até final do próximo ano, a Startup Portugal pretende ter uma nova plataforma de mapeamento e monitorização do ecossistema. O concurso internacional, no valor de 1,360 milhões de euros foi lançado em meados de maio, tal como noticiou o ECO.

“Recebemos 20 propostas, de entidades nacionais e estrangeiras. Superou muito as expectativas”, diz António Dias Martins. A avaliação das propostas está a decorrer e deverá acontecer “até final de agosto”. “A expectativa é que nova plataforma entre em funcionamento no final de 2024.”

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CMVM abre mão das regras ESG da “rainha” da contabilidade

As normas da Fundação IFRS dominam o mundo do reporte contabilístico na União Europeia. Mas as regras de sustentabilidades criadas por esta entidade serão preteridas em relação às emitidas pela CE.

As novas exigências a nível europeu no que diz respeito ao reporte de sustentabilidade são exigentes e implicam elevados custos para as empresas. Mas, este mês, surgiu uma novidade: a entidade que criou as normas contabilísticas usadas nos reportes financeiros das empresas emitentes europeias, a IFRS Foundation, lançou as suas próprias normas de sustentabilidade – normas estas que poderiam ajudar ao esforço de uniformização. Mas o regulador português dos mercados vem esclarecer que as normas europeias devem prevalecer sobre estas últimas da IFRS.

Os emitentes com valores mobiliários admitidos à negociação em Portugal (e na UE) irão reportar a informação de sustentabilidade à luz das normas ESRS [European Sustainability Reporting Standards] e não das IFRS”, escreve a Comissão do Mercado e dos Valores Mobiliários, em resposta ao ECO/Capital Verde. No caso europeu, e como decorre da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD, na sigla em inglês), atualmente em processo de transposição, as normas aplicáveis serão as European Sustainability Reporting Standards (ESRS), explica a mesma entidade liderada por Luís Laginha de Sousa.

Para já, as regras de reporte de sustentabilidade da IFRS ainda não estão alinhadas com as regras que estão a ser preparadas pela União Europeia, nem com as normas GRI [Global Report Initiative], as mais convencionais do mercado, assinala Rodrigo Tavares, professor catedrático convidado na Nova School of Business and Economics, ao ECO/Capital Verde.

A Fundação IFRS anunciou que foi criado um Grupo de Trabalho Jurisdicional para evitar sobreposições, mas ainda não foi feito qualquer anúncio relativamente a consensos, detalha. “A expectativa é que o GRI e a União Europeia percam a batalha”, avalia. Em paralelo, nota que a Fundação IFRS optou por não fundir as normas de contabilidade com as novas normas de sustentabilidade, a “visão mais ambiciosa” em cima da mesa. Para já, vê “um forte alinhamento entre ambas”, mas “não uma integração total”.

Existem mais de 30 metodologias de reporte de sustentabilidade, mais de 100 agências de rating ESG, mais de 50 reguladores nacionais com orientações contrastantes, mais de uma dezena de ferramentas de identificação de materialidade financeira (seleção das métricas ESG que têm mais impacto financeiro) e milhares de métricas ESG.

O professor indica ainda que vários organismos internacionais, como a IOSCO [International Organization of Securities Commissions], e também países, como o Reino Unido, Brasil ou Japão, já sinalizaram que apoiarão ou adotarão os novos padrões da IFRS. Nos Estados Unidos, o regulador dos mercados está a preparar as suas próprias regras de reporte de sustentabilidade mas, tendo em conta a discórdia política em torno da questão, “será mais fácil as empresas americanas simplesmente adotarem as regras da IFRS”, continua Tavares.

Atualmente, existem mais de 30 metodologias de reporte de sustentabilidade, mais de 100 agências de rating ESG, mais de 50 reguladores nacionais com orientações contrastantes, mais de uma dezena de ferramentas de identificação de materialidade financeira (seleção das métricas ESG que têm mais impacto financeiro) e milhares de métricas ESG. O levantamento é do professor Rodrigo Tavares. E a AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado acrescenta que, desde 2011, foram introduzidas em todo o mundo, mas especialmente na Europa, mais de 1.250 novas políticas e estratégias ESG, somando perto de 2.000 iniciativas desde o início do milénio, o que representa um aumento de cerca de 650% nas regulamentações ESG.

A mesma associação refere-se ao recente esforço europeu de regulação de sustentabilidade como um “tsunami regulamentar”. A própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em março que, este outono, a Comissão irá apresentar “propostas concretas” para simplificar os requisitos regulatórios e reduzi-los em 25%.

Rodrigo Tavares reforça que “as expectativas eram muito altas relativamente à capacidade da Fundação IFRS de arrumar o mercado global da sustentabilidade” e que este novo quadro vem permitir que todos falem “a mesma linguagem”, em vez de as empresas continuarem a fazer o reporte em “dois, três ou até quatro” formatos diferentes.

A EDP, uma empresa que está presente em vários mercados internacionais, em declarações ao ECO/Capital Verde, concorda que as linhas do IFRS permitirão “um reporte ESG de maior confiança e comparabilidade para todos os agentes envolvidos”.

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Empresas criticam complexidade e custos elevados no reporte ESG

As exigências de reporte que as empresas enfrentam são cada vez maiores, à medida que vão sendo incluídas matérias de sustentabilidade. Equipas dedicadas implicam custos elevados.

As empresas estão a braços com regras de reporte de sustentabilidade cada vez mais exigentes. O ECO/Capital Verde perguntou a várias empresas portuguesas as implicações das regras mais recentes e a avaliação é unânime: acrescentam complexidade e pressupõem custos “elevados”, sobretudo pela contratação de equipas especializadas.

“O quadro europeu de reporte tem vindo a tornar-se cada vez mais complexo e desafiador para as empresas”, acusa a AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, que fala em “definições pouco claras, lapsos sistemáticos de articulação entre diplomas, interpretações divergentes, e uma implementação apressada e mal preparada”. Esta entidade acredita mesmo que a regulação tem um “efeito pernicioso de obstáculo à solução dos problemas ambientais reais” e que não configura uma “abordagem realista das necessidades dos mercados”.

Recentemente, a European Round Table for Industry (ERT), que junta os diretores financeiros de mais de 30 empresas, queixou-se de que implementar as novas exigências de reporte europeias era “uma tarefa impossível”, em declarações ao Financial Times. Lançou mesmo um estudo em que concluía que as exigências “são ainda demasiado extensas, granularizadas e complexas, e portanto representam uma sobrecarga significativa” para as empresas, especialmente considerando “o curto período de implementação”. “As conclusões do estudo da ERT são preocupantes e merecem uma reflexão profunda das instituições europeias e nacionais”, considera a Sonae.

Para a Altice, as exigências europeias requerem “muito esforço de adaptação”, e a complexidade na implementação varia consoante o tipo de indústria. A Super Bock refere-se às mesmas exigências como “grandes e transformadoras”, e refere que a preocupação reside na “incerteza ainda existente” e na “necessidade de adquirir conhecimento técnico rápido para iniciar o estudo e planeamento” que permita cumprir com as obrigações.

A proliferação de regulamentação europeia em matéria de ESG, mesmo se bem intencionada e em alguns casos relevante, é excessiva.

Sara Miranda

Diretora de Comunicação e Responsabilidade Corporativa na Jerónimo Martins

A diretora de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Jerónimo Martins, Sara Miranda, defende que “a proliferação de regulamentação europeia em matéria de ESG, mesmo se bem intencionada e em alguns casos relevante, é excessiva”, especialmente tendo em conta “a sua simultaneidade, a exigência dos prazos para implementação e alguma falta de clareza sobre o âmbito pretendido para o reporte e as metodologias a seguir”.

Sara Miranda realça uma das novas obrigações previstas na diretiva europeia de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD, na sigla em inglês): a divulgação de informação relacionada com as cadeias de abastecimento e a respetiva verificação externa dos indicadores. A Jerónimo Martins acredita que isto “irá conduzir a um aumento do escrutínio a fornecedores de pequena e média dimensão que, em muitos casos, não estão ainda preparados para reportar esta informação”.

Por seu lado, a EDP “está confiante de que vai conseguir cumprir estas novas exigências nos prazos necessários”, mas não deixa de reconhecer que as exigências de reporte europeias pressupõem “um grande esforço de conhecimento dos vários indicadores” e refere que “o desconhecimento das especificidades do padrão europeu obrigatório setorial que está ainda em preparação constitui-se como um desafio adicional”.

Para o BCP, as exigências de reporte não são “tarefa impossível”, mas “requerem planeamento, alocação de recursos e atuações efetivas”. Olhando ao caso dos bancos em particular, a instituição assinala que “existe um desafio adicional”, de considerar o “muito elevado número de clientes” na estimativa da pegada carbónica, e afirma ser difícil obter dados dos diversos stakeholders. “O Millennium BCP está a trabalhar de forma muito intensa de forma a conseguir cumprir os prazos legais fixados”, diz.

O BPI sublinha que “as obrigações de reporte são exigentes”, mas “o grau de exigência não será igual para todas as empresas”, já que empresas de maior dimensão e instituições financeiras “obedecem a um calendário mais apertado e o grau de detalhe é igualmente superior”. Existe, portanto, um “processo de aprendizagem” uma vez que “muitos dos indicadores e métricas (…) não estão disponíveis” e “não estão totalmente uniformizados”.

Os CTT pontuam: “A nova regulamentação de reporte ESG é exigente para todas as empresas. Acreditamos, contudo, que este novo sistema contribuirá para uma maior transparência das empresas e uma maior uniformização das exigências do ESG”.

Investimento elevado. Reporte ESG pede novas capacidades

“Os valores dos investimentos necessários para responder às novas exigências de reporte são elevados, variando em função do processo de preparação e evolução que cada empresa tem vindo a realizar nos últimos anos”, indica a AEM, a qual considera, simultaneamente, que “em qualquer caso, os valores em causa são sempre demasiado elevados”. Isto porque a associação acredita que o reporte, tal como está pensado, não serve adequadamente os destinatários (os investidores) e, por outro lado, o esforço burocrático “retira a atenção dos temas verdadeiramente urgentes da inovação e da resposta à transição ambiental”.

Os próximos meses e anos serão de profunda reconfiguração. Todos terão de aprender uma nova linguagem para fazer negócios.

Rodrigo Tavares

Professor catedrático convidado na Nova School of Business and Economics

O grupo Super Bock diz ser “inevitável” um esforço adicional de investimento, de forma a cumprir com as novas obrigações. Fonte oficial do BCP afirma que o valor do investimento “é ainda difícil de estimar”, mas “seguramente é elevado e será crescente ao longo dos próximos anos”. No entanto, o banco considera-o “indispensável”.

Mas que tipo de investimentos são necessários? O BPI fala num “investimento muito significativo” em “aquisição de novas tecnologias, na contratação de consultores e auditores especializados e de equipas específicas para estes projetos”. O BCP indica que “o tema ESG é complexo e transversal, o que implica que sejam convocados recursos muito diversos, que incluem também serviços de consultores especializados”.

Além disto, as empresas e instituições financeiras terão de investir em formação no tema, afirma Rodrigo Tavares, professor catedrático convidado na Nova School of Business and Economics. O mesmo coloca a hipótese de “emergir uma revolução no ofício do contabilista” porque, em muitos casos, serão estes profissionais que assumirão a responsabilidade de reportar dados em sustentabilidade, além dos financeiros. “Os próximos meses e anos serão de profunda reconfiguração. Todos terão de aprender uma nova linguagem para fazer negócios”, defende.

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O relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP em 10 conclusões

As 180 páginas do relatório preliminar passam em revista quase uma década de gestão da TAP e intervenção dos Governos. Conheça as principais conclusões.

O relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP debruça-se ao longo de seis capítulos e 180 páginas sobre os momentos relevantes da vida da companhia aérea desde 2015, tirando conclusões sobre muitos deles. Quase sempre simpáticas para o Governo e não tanto para o PSD ou os antigos gestores.

A deputada Ana Paula Bernardo, responsável pelo relatório, afirmou esta quarta-feira em conferência de imprensa que o documento “não é a versão do Partido Socialista”. A opinião da oposição é bem diferente, considerando que se trata de uma “farsa”, uma “ficção” e um “branqueamento” da responsabilidade do Governo. Conheça as principais conclusões.

1. Gestores responsáveis por falta de contratos de gestão

A TAP passou a ser detida maioritariamente pelo Estado (72,5%) em outubro de 2020, tornando-se uma empresa pública. Para os administradores executivos, isso significa ter de cumprir o Estatuto do Gestor Público (EGP), que obriga à celebração de acordos de gestão no prazo de três meses após o início de funções. Nas audições, foi patente que existiu uma iniciativa do anterior presidente do conselho de administração, Manuel Beja, para que eles fossem celebrados, havendo, no entanto, a vontade que estes incluíssem um seguro de responsabilidade civil para os gestores, algo a que o Governo não anuiu. Foi também referido que em várias outras empresas públicas não existem contratos de gestão.

A CPI constata que “se verificou o exercício de funções de administração sem a correspondente celebração do contrato de gestão dentro do prazo legalmente estabelecido”, mas assaca as responsabilidades à equipa liderada por Christine Ourmière-Widener.

“Competia aos administradores da TAP submeterem a proposta de Contrato de Gestão à UTAM [Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial], conforme previsto no EGP”, conclui o relatório preliminar. “A questão dos seguros dos administradores, apontado pelo PCA, deveria ter sido tratada de forma autónoma, não podendo ser aceite como justificação para o não cumprimento dos prazos legais da apresentação desses contratos de gestão”, acrescenta.

As tutelas, o Ministério das Infraestruturas e o Ministério das Finanças, a quem também compete zelar pela celebração dos contratos de gestão, passam com uma admoestação, dirigida sobretudo para a UTAM: “A CPI não encontrou quaisquer evidências de iniciativas por parte das tutelas, e mais concretamente da UTAM, no sentido de sinalizar ao conselho de administração a necessidade de cumprimento dos prazos”.

2. Saída ilegal de Alexandra Reis é culpa da CEO

A saída de Alexandra Reis da TAP com uma indemnização bruta de 500 mil euros brutos foi o caso que levou à constituição da CPI. O Governo passa praticamente incólume. O relatório preliminar conclui que o Ministério das Finanças nada sabia sobre o acordo para a cessação de funções da antiga administradora executiva, como ficou demonstrado nas audições, mas também sublinha que o Ministério das Infraestruturas não dispunha de toda a informação sobre o processo.

Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, em declarações à imprensa - 02MAR23
Christine Ourmières-Widener, ex-CEO da TAP.Hugo Amaral/ECO

Nem o ministro, Pedro Nuno Santos, nem o secretário de Estado, Hugo Mendes, “conheciam o clausulado do acordo, ainda que conhecessem a discriminação das várias parcelas englobadas no montante da indemnização”, refere o documento da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo.

A responsabilidade é apontada essencialmente à antiga CEO. “O processo de cessação de funções na TAP da Alexandra Reis, tanto quanto a CPI conseguiu apurar, partiu de exclusiva vontade e iniciativa de Christine Ourmières-Widener, foi por ela integralmente gerido e, só num momento final e depois de concluído o processo negocial, foi dado a conhecer a todos os membros do conselho de administração.

3. Ida de Alexandra Reis para a NAV sem relação com saída da TAP

Alexandra Reis chegou a colocar o lugar à disposição no final de 2021, quando Humberto Pedrosa, que a tinha proposto inicialmente para a administração, deixou de ser acionista da TAP SA. O Governo manteve-a no cargo, reconhecendo a sua competência, para poucos dias depois, no início de janeiro, a CEO pedir a Pedro Nuno Santos a sua saída. O que aconteceu a 4 de fevereiro. A 22 de março estava já a ser sondada por Hugo Mendes para presidir à NAV, a entidade responsável pela gestão do tráfego aéreo, cargo onde tomou posse no final de junho.

Alexandra Reis, antiga administradora da TAP e ex-presidente da NAV.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Não existem evidências de qualquer conexão entre a saída da TAP e o convite e respetiva nomeação para a NAV. Todas as declarações sobre esta matéria, como as de Hugo Mendes, Christine Ourmières-Widener e da própria Alexandra Reis, apontam para o desconhecimento de tal possibilidade, aquando do processo de renúncia na TAP”, conclui o relatório. “O perfil, as sólidas competências e o conhecimento profundo do setor por parte de Alexandra Reis foram os motivos apontados pelos então governantes para esta escolha”, acrescenta.

4. Demissões de ex-CEO e chairman seguiram normativos existentes

A demissão de Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, anunciada a 6 de março pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, foi acompanhada do anúncio do sucessor: Luís Rodrigues. A base legal gerou polémica, chegando a falar-se da existência de um parecer jurídico que sustentava as demissões, que afinal não existia.

O relatório afirma que os ministros apenas anunciaram a “intenção” de demitir os gestores e defende a lisura de todo o processo: “Decorreu segundo os normativos existentes, nomeadamente o direito a contraditório“. “A Deliberação Unânime por Escrito explicita o despedimento de ambos os administradores, com ‘fundamento nas violações graves da lei e dos estatutos que lhe são indevidamente imputáveis’”, sublinha.

5. Lacunas na informação prestada pela TAP

Aos ex-gestores da TAP são também apontadas falhas na prestação de informação. Uma delas diz respeito à não integração no relatório de contas de 2020 da indemnização paga a Antonoaldo Neves. O antigo CEO, que saiu em setembro de 2020, recebeu 156 mil euros, que segundo o departamento de recursos humanos da TAP dizem respeito aos montantes devidos até ao termo inicialmente previsto do mandato, onde se incluem 32 mil euros de férias não gozadas.

Apresentação dos resultados anuais de 2018 da TAP - 22MAR19
Antonoaldo Neves, ex-CEO da TAP.Hugo Amaral/ECO

A outra falha acontece já com Christine Ourmières-Widener à frente da companhia e diz respeito à informação divulgada ao mercado sobre a renúncia de Alexandra Reis, onde não constava a menção à existência de um acordo. O comunicado foi corrigido por determinação da CMVM, existindo um processo de contraordenação, para apuramento de eventual responsabilidade contraordenacional da TAP.

“Não foram identificadas outras situações que comprovem a existência de informação inadequada ou imprecisa prestada pela TAP ao acionista Estado”, refere o relatório.

6. Práticas discriminatórias no pagamento de prémios

O relatório aponta o dedo à atribuição de prémios no período de gestão privada da TAP, nomeadamente ao facto de nos anos de 2016 e 2017 ter sido “decidido atribuir prémios, os quais nem sempre surgem plenamente associados a cumprimento de metas anteriormente definidas”. É o caso dos 236.000 mil euros pagos a Fernando Pinto, antigo CEO, e dos 207.000 recebidos por Max Urbahn, antigo administrador executivo, para “aparentemente garantir compromissos anteriormente assumidos pelo presidente da comissão executiva e aos membros da sua equipa, vinda do Brasil”.

Para além de considerarmos esta prática discriminatória, também não é adequado fixar os critérios de desempenho anuais após o termo do ano em apreço“, assinala o documento.

A pertinência de manter uma comissão de vencimentos na TAP é questionada: “Num quadro em que a empresa TAP é detida a 100% pelo Estado, em que os seus administradores estão sujeitos ao EGP e o exercício do seu mandato sujeito à celebração de um contrato de gestão que, assim exista, deve definir remunerações, benefícios, metas e objetivos, não é apreensível o motivo que possa justificar a manutenção de uma comissão de vencimentos“.

7. Relatório rejeita ingerência na gestão corrente da TAP

A existência de pressões do Governo sobre a gestão da TAP foi um dos temas que dominou a comissão parlamentar de inquérito (CPI). A versão preliminar do relatório rejeita que tenha existido ingerência na gestão corrente. Quando existiu, havia razões que o justificavam.

Não se registam situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas. Com efeito, a generalidade dos depoimentos aponta para a inexistência de interferência ou ingerência política das tutelas na gestão corrente da empresa”, conclui o documento.

Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP - Audição de Pedro Nuno Santos, antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação - 15JUN23
Audição de Pedro Nuno Santos, antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação, na CPI à TAP.Hugo Amaral/ECO

O relatório também relativiza as situações apontadas como alegados exemplos de interferência política durante as audições. Ou se tratam de “iniciativas de membros da Administração da TAP solicitando à tutela uma orientação ou tomada de decisão sobre assunto concreto. É o caso do pedido de alteração de voo de Sua Excelência o Presidente da República por iniciativa da agência de viagens e da CEO da TAP”.

Ou então “situações em que a tutela intervém quando uma decisão de gestão da administração assumiu repercussões políticas, num contexto delicado da vida da empresa e dos enormes sacrifícios que estavam a ser impostos aos trabalhadores, como os cortes salariais e os despedimentos. É o caso da substituição da frota automóvel“.

8. Críticas à privatização feita por Passos Coelho

A CPI tinha como objeto a tutela pública da gestão da TAP entre 2020 e 2022, mas recuou até 2015, o que foi justificado pela relatora com a necessidade de ter a fotografia completa dos acontecimentos que conduziram à situação da companhia aérea. Porquê 2015? Foi quando foi feita a última privatização, conduzida e concretizada pelos Governos de Passos Coelho.

A discordância da esquerda sobre a aprovação da privatização da TAP a 12 de novembro de 2015, dois dias depois de o programa do Governo de Passos Coelho ter sido chumbado no Parlamento, não é nova. Mas a versão preliminar do relatório da comissão parlamentar de inquérito, entregue na terça-feira perto da meia-noite, não poupa nas críticas.

Apresentação do livro "Vento Suão Portugal e a Europa" de Carlos Moedas - 18FEV20
Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro.Hugo Amaral/ECO

Entende-se que, no contexto político que se vivia no momento, a reprivatização não deveria ter sido concluída naquela data“, conclui taxativamente o relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo.

As “cartas de conforto” enviadas aos bancos portugueses credores da TAP, para viabilizar a privatização, foram um dos temas que geraram discórdia entre PS e PSD. O relatório sublinha que as garantias asseguradas nessas cartas “investiram o Estado numa posição materialmente similar à qualidade de acionista único, como refere o Tribunal de Contas”. Ou seja, colocaram o risco do lado do Estado.

9. Atlantic Gateway fez capitalização sem fundos próprios

O relatório debruça-se também sobre o recurso aos chamados “Fundos Airbus”, pagos pelo fabricante europeu a David Neeleman no âmbito do negócio de renovação da frota, e que o empresário usou para capitalizar a TAP na privatização em 2015.

O documento conclui que as propostas apresentadas em maio e junho pela Atlantic Gateway para a compra de 61% da companhia aérea “são omissas em relação ao mecanismo de capitalização que só mais tarde viria a ser conhecido como ‘Fundos Airbus’“. Só em setembro a holding de David Neeleman e Humberto Pedrosa explicam à Parpública, a acionista da TAP, a verdadeira origem dos 226 milhões de dólares que iriam colocar na TAP.

O relatório assinala que a Atlantic Gateway assegurou que a capitalização seria feita com capitais próprios, “o que, na verdade, não se verificou”.

10. 55 milhões pagos a Neeleman são culpa do PSD

Os acionistas privados opuseram-se ao auxílio de emergência de 1,2 mil milhões de euros que a TAP recebeu em junho de 2020, no âmbito da pandemia, porque abria a possibilidade de ser convertido em capital diluindo a sua participação. Para evitar um litígio que pusesse em causa a salvação da companhia, o Governo avançou para a compra da posição de 22,5% de David Neeleman.

A versão preliminar do relatório sustenta que o Governo não tinha alternativa a negociar a saída do empresário, e sustenta que os 55 milhões pagos a David Neeleman resultam “de uma negociação até um ponto de entendimento entre as partes”.

Como foi reconhecido por vários depoimentos na CPI, incluindo de ex-ministros, caso a TAP fosse nacionalizada o empresário americano Neeleman teria o direito a receber os cerca de 220 milhões de prestações acessórias colocados na empresa pela Atlantic Gateway. Uma possibilidade prevista no Acordo Parassocial de 2017, assinado com o Governo PS, como o PSD e antigos governantes da direita salientaram.

O documento sustenta, no entanto, que “a componente relativa às prestações acessórias resulta do direito originário adquirido em 2015 com a assinatura do Acordo de Venda Direta e do Acordo de Estabilidade Económica e Financeiro [celebrado no tempo de Passos Coelho], que nesta dimensão não sofreu alterações no Acordo Parassocial de 2017″.

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Em cinco meses, pré-avisos de greve já representam 70% do total do ano passado. Luta “vai continuar”, diz CGTP

O ambiente de contestação social tem vindo a crescer, sendo que até maio foram entregues mais de 750 pré-avisos de greve. Entretanto, só no setor público já se registaram mais 100 até junho.

A contestação social tem vindo a aumentar este ano, sendo que até maio foram entregues mais de 750 pré-avisos de greve. Quer isto dizer que em apenas cinco meses houve o correspondente a 70% do total de convocatórias de greve no ano de 2022, de acordo com os dados da Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). A este número ainda vão acrescer mais de 100 pré-avisos no mês seguinte, apenas do lado público. CGTP avisa que “vai continuar a luta”, enquanto UGT destaca importância da negociação coletiva e está de olho no Orçamento do Estado.

Têm-se registado greves em setores como a educação (professores e não docentes), saúde (médicos e enfermeiros), transportes (com greves da CP mas também nos aeroportos, como na Portway), funcionários judiciais e também em empresas como a Matutano e a Nobre.

“O que está a acontecer é o que já tem vindo a acontecer e acentuar-se já há muito tempo: com a brutal degradação das condições de vida, com o aumento do custo de vida e continuação de opções que nos prendem à precariedade, desinvestimento nos serviços públicos, trabalhadores, reformados e pensionistas a sentir que as condições de vida estão a piorar, dificuldades a aumentar, injustiças e desigualdades, é natural a intensificação da ação reivindicativa e a organização e mobilização dos trabalhadores em todos os setores, privado e público“, nota ao ECO a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.

Do lado da UGT, o secretário executivo Carlos Alves aponta ao ECO que “há fatores diversos que podem justificar aumento da conflitualidade”, sendo que em alguns setores como a educação há “questões por resolver”. Existem também “fatores externos como estratégias sindicais”, diz, sem se comprometer em análises a estas questões.

Os dados da DGERT já disponíveis, até maio, mostram que foram entregues, no total do ano, 752 pré-avisos, quase o dobro face ao mesmo período do ano passado, quando foram apenas 452. Comparando com o total do ano de 2022, os pré-avisos entregues em cinco meses correspondem a mais de dois terços do total do ano passado.

Foram mais as greves anunciadas fora do Setor Empresarial do Estado, até maio, ainda que a diferença entre os dois setores tenha sido menor do que no ano passado.

Olhando apenas para abril, 70% dos avisos prévios de greve foram na Administração Pública e Defesa e Segurança Social Obrigatória. Seguiu-se o setor das atividades de saúde humana e apoio social, com 7%. Já em maio, continua a estar a Administração Pública no topo, mas surgem em segundo lugar os transportes e armazenagem, numa altura marcada por greves na CP e também no Metropolitano de Lisboa, ainda que esta última tenha sido desconvocada.

Existem ainda alguns dados disponíveis mais atualizados na DGAEP, ainda que digam apenas respeito ao Estado. Nessa página, é possível verificar cerca de 560 pré-avisos de greve em 2023, dos quais 221 em maio e junho e sete em julho. Quer isto dizer que aos 752 entregues até maio ainda é necessário acrescentar, do lado do setor público, mais de 100 novas convocatórias.

A maioria diz respeito a greves no setor da educação, sendo que várias estruturas sindicalistas representativas dos docentes têm avançado para paralisações e manifestações nos últimos tempos, inclusivamente às avaliações. Além disso, também tem sido um “verão quente” no que diz respeito às greves na saúde, particularmente entre os sindicatos dos médicos, que têm demonstrado desagrado pelo processo negocial que se tem desenrolado com o Governo.

Há já greves anunciadas para este mês e a CGTP antecipa também que a contestação não vai parar, mesmo no verão. “Vamos continuar a luta, continuando a ação de exigência e reivindicação”, nota Isabel Camarinha, ao ECO. “É um caminho que vamos continuar a prosseguir, nos meses de verão há muitos setores onde as empresas fecham mas vai continuar a existir muita luta porque os trabalhadores não baixam os braços”, assegura a sindicalista.

Após o período de férias, está já marcada uma ação nacional de defesa do SNS para setembro, bem como outra ação nacional no dia 16 desse mês cujos contornos serão definidos mais à frente, antecipa.

Apesar destas exigências, a secretária-geral da CGTP destaca também que já foram obtidos alguns resultados com a luta, como “aumentos salariais de 100 euros e alteração de vínculo, melhoria de condições de trabalho num conjunto de empresas”.

Já a UGT salienta que estão “a notar, em virtude do acordo assinado o ano passado, algum impulso à negociação coletiva, no privado e público”, além de terem existido “aumentos salariais”. “Os resultados do acordo sentem-se nos valores dos salários, gostávamos que fosse mais longe, mas os valores negociados estão em linha com as perspetivas do acordo”, admite, ao ECO, o secretário executivo da UGT.

Carlos Alves sinaliza também que no secretariado nacional, na semana passada, “não deixou de dar recados para alguns setores, nomeadamente a importância de algumas negociações para o privado”, mas também “apontar para a necessidade do setor da banca estar aberto à negociação com valores mais em linha com o acordo”. Deixa ainda o “recado ao Estado empregador no sentido de em setores como a educação não deixar alongar a instabilidade”.

Existem ainda questões relativas ao Orçamento do Estado, apesar da política reivindicativa apenas ser apresentada em setembro. “Há questões que levantamos já, sendo que o acordo assinado em 2022 tem efeitos plurianuais”, pelo que no documento apresentado pelas Finanças tem de se “efetivar o acordo”, nomeadamente no que diz respeito ao aumento do salário mínimo, a revisão das taxas de IRS e benefícios fiscais.

Considerações que surgem quando o ano já vai a meio e as greves continuam, sendo que um dos dias de destaque na contestação foi 28 de junho, quando a CGTP promoveu um dia de ação nacional de luta com centenas de greves, manifestações, concentrações e plenários em todo o país para reivindicar aumentos salariais, tanto no público como no privado. Isabel Camarinha faz um “balanço de que houve muitos milhares de trabalhadores em luta no 28 de junho a exigir a resposta necessária e também para o desenvolvimento do país, que não se desenvolve se mantivermos este rumo”, nomeadamente de “desigualdade e injustiça”.

É também de salientar a contestação entre os funcionários judiciais, cujas greves já causaram mais adiamentos de atos processuais e diligências do que no período da pandemia.

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Rendas e preços dos imóveis sobem duas vezes mais em Portugal do que na Europa

Há cinco anos que a tendência de subida do mercado imobiliário nacional acima da Zona Euro se mantém e no primeiro trimestre agravou-se um pouco mais.

O mercado imobiliário residencial continua a mostrar sinais de vitalidade. No primeiro trimestre deste ano, enquanto os preços dos imóveis na Zona Euro registaram uma contração de 0,9% face ao último trimestre de 2022, em Portugal subiram, em média, 1,4%.

Entre os 20 países da Zona Euro, Portugal foi o sexto país a registar o maior aumento de preços no mercado residencial entre janeiro e março, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat.

“Continuamos a lidar com uma falta crónica de casas para venda, agora ainda mais comprometida pelo aumento dos custos de construção”, referiu Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, em maio, em resposta aos resultados do Portuguese Housing Market Survey (PHMS), que apontavam para uma expectativa dos promotores e mediadores imobiliários de o mercado não vir a registar uma quebra de preços nos próximos 12 meses.

No canto oposto estiveram o Luxemburgo e a Alemanha que, no primeiro trimestre de 2023, contabilizaram uma contração de 4,5% e 3,1% dos preços, liderando assim o grupo de oito países da Zona Euro que tiveram uma queda dos preços das casas no primeiro trimestre deste ano.

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O maior dinamismo do mercado imobiliário residencial em Portugal face aos países do Euro não é de agora nem uma tendência de curto prazo. Os dados do Eurostat revelam, por exemplo, que, nos últimos 12 meses terminados em março, enquanto os preços dos imóveis em Portugal valorizaram, em média, 8,7%, na Zona Euro houve um ligeiro crescimento (0,4%).

A mesma tendência observou-se em 2022 (Portugal: 11,3% versus Zona Euro: 3%), assim como nos últimos dois e cinco anos, com os preços em Portugal a aumentaram duas vezes mais que na média dos países da Zona Euro.

No último quinquénio, por exemplo, enquanto os preços dos imóveis em Portugal aumentaram, em média, a um ritmo de 10,2% por ano, que culminou num aumento acumulado de 58%, na Zona Euro, os preços cresceram a um ritmo médio anual de 5,1%, que resultou num aumento global de 28%.

Rendas acompanham de perto preços dos imóveis

O dinamismo do mercado imobiliário nacional não se limita às operações de compra e venda de imóveis. Estende-se também ao mercado de arrendamento.

No último trimestre, os dados divulgados pelo Eurostat revelam que na Zona Euro as rendas aumentaram 0,9% face ao último trimestre de 2022, enquanto em Portugal subiram 1,6%.

A mesma tendência observa-se ao longo dos últimos 12 meses terminados em março: se em Portugal as rendas subiram 4,2%, na Zona Euro ficaram-se por um aumento de 2,7%.

Tal como sucede com os preços dos imóveis, também em relação às rendas os dados do Eurostat mostram que Portugal tem registado níveis de crescimento duas vezes superior à média dos países da Zona Euro.

Nos últimos cinco anos, por exemplo, se as rendas no espaço da moeda única contabilizaram um incremento médio de 7,92%, em Portugal as rendas cresceram 15%, ficando entre os níveis registados no Chipre (15,5%) e da Bélgica (14,7%); mas longe do aumento de 43% das rendas registadas na Lituânia.

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Apesar de em Portugal tanto as rendas como os preços dos imóveis estarem a crescer a um ritmo superior à média da Zona Euro, desde 2018 que o mercado de compra e venda tem estado com muito mais força que o mercado de arrendamento.

Segundo dados do Eurostat, nos últimos cinco anos, o preço de venda dos imóveis em Portugal registou um dinamismo quase quatro vezes superior à evolução das rendas. Apesar de parecer elevado, sobretudo porque também só cinco países na Zona Euro apresentam um rácio acima de Portugal, é um valor muito próximo à média da Zona Euro (3,5 vezes).

Esta tendência até teve um pequeno revés no primeiro trimestre, com as rendas a subirem (1,6%) ligeiramente mais que os preços dos imóveis (1,4%). “O mercado de arrendamento continua a exibir uma procura sólida, o que combinado com a falta de oferta está a pressionar as rendas”, lê-se no último relatório PHMS, produzido pelo Confidencial Imobiliário.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 6 Julho 2023

Em dia de Conselho de Ministros descentralizado, o IAPMEI faz o ponto de situação do PRR no Parlamento. Pode ser votado na especialidade o programa "Mais Habitação".

Aveiro acolhe, esta quinta-feira, um Conselho de Ministros dedicado à ciência, num dia que será marcado também pela audição parlamentar do IAPMEI sobre a análise da execução do Plano de Recuperação e Resiliência, um debate sobre saúde em plenário no Parlamento, as estatísticas do turismo em 2022 e, se não houver novo adiamento, a votação na especialidade do “Mais Habitação”.

“Mais Habitação” pode ser votado na especialidade

A votação do pacote “Mais Habitação” na especialidade pode arrancar esta quinta-feira, cerca de uma semana depois do calendário original. Na semana passada, o adiamento tinha sido pedido pelo Chega. Além da proposta original do Governo, vão estar em cima da mesa para votação mais de duas dezenas de alterações sugeridas pelos diferentes partidos. Uma das medidas mais controversas é a nova contribuição extraordinária sobre o Alojamento Local. A reunião do grupo de trabalho na Comissão de Economia está marcada para as 13h, mas a votação pode voltar a ser adiada: a Iniciativa Liberal apresentou um requerimento nesse sentido.

2022 foi ano recorde para o turismo?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga as estatísticas do turismo relativas a 2022. No início deste ano, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, afirmou que as receitas do turismo atingiram os 22 mil milhões de euros em 2022, superando em 20% o valor registado em 2019, naquele que foi considerado o melhor ano turístico. “Havia muita gente que dizia que para recuperarmos os números de 2019 iríamos demorar três, quatro ou cinco anos, mas conseguimos recuperar durante o ano passado”, sublinhou, na altura.

Aveiro acolhe Conselho de Ministros dedicado à Ciência

Há também um novo Conselho de Ministros descentralizado, desta vez no distrito de Aveiro, que será dedicado exclusivamente à ciência. Na quarta-feira, o primeiro-ministro adiantou que, na reunião, o Executivo vai discutir o novo projeto do estatuto da carreira de investigação: “Vamos aprovar para negociação sindical e negociação com as instituições do sistema científico um novo estatuto da carreira de investigação para estar em vigor antes de terminar este prazo de transição, para não haver descontinuidade”, disse António Costa.

Deputados debatem estado da Saúde

O plenário desta quinta-feira no Parlamento tem agendado um debate sobre saúde, na sequência de um agendamento potestativo do PSD. A bancada social-democrata leva a votos cinco resoluções sobre o tema, que concentram propostas como um orçamento plurianual para a saúde, um check up anual “com total liberdade de escolha para cada cidadão nos setores público, privado ou social”, médico de família digital para três milhões de portugueses ou a extensão facultativa do subsistema de saúde ADSE a outros grupos populacionais, além dos funcionários públicos.

IAPMEI faz ponto de situação do PRR no Parlamento

Um dia depois de o ministro da Economia reconhecer que os pagamentos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estão “ligeiramente atrasados”, os responsáveis do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação são ouvidos, pelas 17h30, na subcomissão para o Acompanhamento dos Fundos Europeus e do PRR da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação para fazer o ponto de situação do plano português. Esta quinta-feira, está prevista a assinatura dos contratos de mais sete agendas mobilizadoras, ficando a faltar três — nomeadamente as da Galp e da REN — para cumprir o total de 53.

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Crédito da casa: taxa variável já custa mais do que taxa fixa

É uma situação inédita na última década, pelo menos, e uma consequência do disparo das Euribor desde 2022: pedir um empréstimo para comprar casa com taxa variável já custa mais do que com taxa fixa.

O disparo das Euribor nos últimos meses conduziu o mercado do crédito à habitação em Portugal a uma situação inédita na última década, pelo menos: em maio, quem pediu um empréstimo para comprar casa com taxa variável ficou a pagar mais ao banco do que quem fixou a taxa.

De acordo com o Banco de Portugal, os novos empréstimos à habitação própria e permanente registaram um valor médio de taxa variável de 4,2% naquele mês, o valor mais elevado em 11 anos, contra uma média de 4,19% da taxa fixa aplicada aos novos contratos.

Variável supera fixa

Fonte: Banco de Portugal

Embora a diferença tenha sido mínima, esta evolução não deixa de ser relevante para um país onde nove em casa dez contratos de crédito da casa estão associados a taxa variável. Sendo a razão pela qual o aperto do Banco Central Europeu (BCE) está a ser particularmente sentido em Portugal, com milhares de famílias a assistirem a fortes agravamentos das prestações mensais que pagam ao banco perante a subida das Euribor, os indexantes usados no cálculo da prestação da casa. Os contratos cujas condições foram revistas este mês tiveram aumentos que podem ir até 260 euros.

Se esta situação poderia levar a um aumento do interesse dos portugueses pela fixação da prestação, a verdade é que isso não está a acontecer.

Apenas 7% dos empréstimos da casa que foram celebrados em maio tiveram taxa fixa, isto apesar de serem menos contratos com taxa variável (72,8%) e mais famílias a optarem por taxa mista (quase 20%) – em que se fixa a taxa num período inicial e depois passa para variável.

Fixa continua fora das opções

Fonte: Banco de Portugal

Ou seja, apesar do aperto do BCE, tem prevalecido o velho hábito em Portugal de pedir um empréstimo ao banco para a compra de casa com taxa variável, uma tradição que já foi estudada pelo Banco de Portugal: as famílias portuguesas não querem fixar a taxa porque tem sido historicamente mais cara no imediato e preferem acreditar na possibilidade de os juros descerem no futuro.

Não se espera que as taxas de juro venham a baixar até final do ano, pelo menos. Depois de vários anos em terreno negativo, as Euribor deram um salto impressionante no último ano e meio, escalando para mais de 3% (para mais de 4% no caso da Euribor a 12 meses), devido à subida dos juros de referência do banco central para controlar a inflação.

Antecipando que o BCE irá ter uma política mais restritiva, o mercado espera que as Euribor a 3 e 6 meses – que representam 70% dos contratos com taxa variável em Portugal – atinjam o pico nos 4% apenas no início do próximo ano, o que significa que as condições financeiras vão continuar a apertar-se durante mais alguns meses até que aliviem um pouco.

Por outro lado, não é a medida do Governo de obrigar os bancos a disponibilizarem uma oferta de crédito à habitação com taxa fixa que está a empurrar as famílias para esta opção.

Do lado dos bancos, a oferta está mais alargada e competitiva. Por exemplo, é possível fixar uma taxa de juro a 30 anos entre 3,46% (Santander) e 4,95% (BPI), de acordo com um levantamento realizado pelo ECO em maio junto das principais instituições financeiras em Portugal.

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2º FNS – Dia 2: Fórum Nacional de Seguros reforçou notoriedade das marcas

  • ECO Seguros
  • 5 Julho 2023

A segunda edição do Fórum Nacional de Seguros terminou, esta quarta-feira, depois de dois dias de debates e palestras. O evento, que decorreu na Alfândega do Porto, recebeu mais 2 mil pessoas.

Dois dias depois, a segunda edição do Fórum Nacional de Seguros (FNS), organizado pelo ECOseguros e pela Zest, chegou ao fim. Ao longo dos dois dias de evento, a Alfândega do Porto recebeu mais de 2000 profissionais do setor de seguros.

No primeiro dia do FNS estiveram presentes no espaço mais de 1300 pessoas, que visitaram os 42 stands em exposição e assistiram aos vários painéis de debate e palestras. Já hoje, o evento, que apenas decorreu da parte da manhã, voltou a encher a Alfândega com vários profissionais que aproveitaram o segundo dia para continuarem a promover as suas marcas.

Mais uma vez, a aposta em tecnologia para a modernização do setor foi um dos temas mais mencionados por vários profissionais presentes nos stands do evento. Um deles foi Rui Ferreira, gerente da Milenia que, sendo uma empresa de programação para a mediação de seguros, aproveitou o FNS para promover o software que a empresa criou para facilitar os processos de venda de seguros: “Estamos aqui a promover a ferramenta que ajuda os mediadores a gerir os negócios deles”.

Na mesma lógica, Jorge Oliveira, representante dos clientes na Randtech Computing, também referiu que o stand da Randtech estava a promover os dois produtos de software da empresa. “Nós desenvolvemos software, quer para seguradoras, quer para os canais, para a mediação”, explicou.

Serviços jurídicos, seguros de caução, de crédito e de habitação

“O que nós oferecemos é uma prestação de serviços jurídicos. Hoje em dia, um serviço jurídico muito mais transversal, deixou de ser apenas a questão da litigância, do contencioso. São as questões de compliance, de regulatório. A necessidade de conformidade é cada vez maior e sentimos que esse é um serviço que nós temos a acrescentar aos nossos clientes e a outros parceiros“, explicou Carla Azevedo Gomes, Partner da SPS.

Por sua vez, Lucas Pereira, responsável territorial da Sammy Free Portugal, referiu que a empresa, enquanto broker especializado em seguros de caução, está a destacar no seu stand “um serviço ágil, rápido e voltado para garantias técnicas, principalmente dentro dos concursos públicos, mas também em âmbito privado“.

Já na linha de seguros de crédito e de caução, estavam os stands da AQS e da Gaspar e Costa. “Estamos a destacar os seguros de crédito e de caução”, disse, por um lado, Carlos Gaspar, diretor-geral da sociedade de mediação Gaspar e Costa. “No nosso stand, nós temos em grande representação o seguro de crédito alinhado com os outros ramos de negócio. Mas o que queremos destacar neste fórum era, essencialmente, a nossa experiência no ramo do seguro de crédito”, afirmou Zenaida Frias, responsável da AQS.

E, mais concretamente nos seguros de vida para habitação, Nuno Almeida, supervisor da Iberia na Metlife, explicou que a empresa se foca precisamente nessa oferta com o objetivo de “aportar às famílias portuguesas poupanças significativas nos seus gastos mensais“. O mesmo intuito foi partilhado por Marta Graça Ferreira, presidente do conselho de administração da Real Vida Seguros, que destacou o core business da seguradora, no qual também está o seguro de crédito à habitação.

“Este ano, estamos a destacar a nossa gama de produtos e estamos a dar um relevo especial ao nosso produto crédito habitação, que tem feito todo o sucesso. Mas também estamos já a comunicar uma novidade, que é o nosso seguro de acidentes pessoais”, disse, por sua vez, Paulo Silva, diretor de Desenvolvimento Comercial na Prévoir.

Promoção do conceito de marca

Com um leque de oferta mais generalista estavam várias empresas que, além de aproveitarem o evento para criarem contactos, também destacaram o conceito da sua marca. Por exemplo, Nuno Castelo, sócio e diretor comercial da Segurajuda, explicou que o objetivo da empresa está no esclarecimento do cliente e não na venda de produtos: “O cliente hoje está muito mais esclarecido e, por isso, precisa do corretor para uma consultoria de risco e, depois, para um pós-venda, não tanto para a venda física”.

Diogo Oliveira, diretor comercial da SEGUP, referiu que estavam a “destacar a rede de parceiros e a possibilidade de crescimento que lhes damos e de singrar no mercado segurador”.

“Nós somos um corretor generalista, representando a generalidade das seguradoras do mercado em Portugal e algumas internacionais. Não temos nenhum produto estrela nem nenhum produto de nicho que possamos destacar, embora tenhamos, dentro daquilo que é o nosso portefólio, tenhamos algumas alíneas onde estamos mais fortes”, disse, por seu lado, Ezequiel Silva, diretor-geral da Seguramos.

Ainda dentro do nicho de seguradoras que são transversais na abordagem a seguros está, também, a NacionalGest. “A NacionalGest é um corretor bastante transversal, somos generalistas, trabalhamos com todos os produtos e agentes de mercado. Por isso, estamos aqui a destacarmo-nos e apresentarmo-nos aos potenciais agentes”, afirmou Cláudio Gonçalves, diretor-geral da empresa.

Micael Carvalho, gestor comercial da Fidelidade, também destacou a abrangência da empresa em todo o tipo de seguros: Destacamos produtos de poupança, de saúde, património, assistência e todo o tipo de elementos que ajudam a garantir a longevidade para as pessoas viverem melhor”.

No segmento corporate, a IBK Seguros também destacou seguros patrimoniais, de responsabilidade civil. “Para além disso, temos produtos especializados para o setor do transporte, que nos diferenciam no mercado, e é a nossa aposta”, acrescentou Fernando Fonseca, diretor da IBK Seguros.

O que estamos a destacar, acima de tudo, é a marca. Somos uma empresa generalista, que tanto vende produtos, como protege os clientes na área não vida, mas também na área de saúde, de vida e na sua proteção pessoal. Por isso, na sua generalidade, estamos a dar a conhecer o que é a AGEAS Seguros nas suas diferentes dimensões da prevenção e da proteção dos clientes e potenciais clientes”, explicou Alexandra Catalão, diretora-geral da distribuição do canal agentes do grupo AGEAS Portugal.

Também com o intuito de reforçar a marca estava Mário Santos, responsável de marketing da Cleva Inetum, que afirmou: “Nós estamos aqui presentes numa lógica de ativação de marca, numa lógica de mostrar que a Cleva Inetum é uma empresa que faz parte deste ecossistema do mercado segurador nacional e, nesse sentido, estamos cá para mostrar e reforçar a marca Cleva Inetum”.

“O nosso ADN passa muito pela proximidade e nós não podíamos deixar de estar presentes onde estão todos os players do mercado e onde estão os nossos parceiros. Nós estamos aqui em representação de mais de duas mil pessoas porque isto é o universo Sabseg. Estamos à procura de oportunidades, novos negócios e aprender boas práticas”, concluiu Fernando Queiroz, diretor da rede de agentes Sabseg.

 

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Governo aberto a facilitar acesso a benefício fiscal a empresas que subam salários

CIP defendeu que as empresas que aumentem os salários beneficiem da majoração de 50% em IRC, mesmo que o valor do aumento não esteja referido nos acordos de contratação coletiva.

O Governo está disponível para, em 2024, alterar o acesso ao benefício fiscal em IRC às empresas que aumentem salários acima do previsto no acordo de rendimentos (4,8%), admitiu Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho, à saída da Concertação Social.

A CIP defendeu que o benefício fiscal em IRC deve ser acessível às empresas que, embora tenham aumentado salários em linha ou acima do que está no acordo, não o refiram nos respetivos contratos de contratação coletiva, uma exigência do acordo de rendimentos, tendo o Governo se mostrado disponível para acolher esta proposta.

“O Governo mostrou abertura, porque valoriza o diálogo social”, disse Miguel Fontes, quando questionado sobre a recetividade do Executivo a fazer a correção desta situação, citado pela Lusa.

Essa questão “não foi possível ficar na interpretação de 2023, mas há abertura do Governo […] para poder aprimorar essa mesma redação, de modo a atender a situações que não estavam previstas”, sendo aplicada apenas em 2024.

O acordo de rendimentos, assinado em outubro na Concertação Social, define aumentos salariais de 5,1%, em 2023, e de 4,8%, em 2024, e prevê uma majoração de 50% em IRS dos custos (remuneração fixa e contribuições sociais) decorrentes desse aumento salarial para as empresas.

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MP desmantela organização suspeita de burlas milionárias ao Estado

  • Lusa
  • 5 Julho 2023

As cerca de três dezenas de buscas domiciliárias decorreram em escritórios de advogados, instalações de sociedades comerciais e viaturas.

O Ministério Público e a Autoridade Tributária desmantelaram esta quarta-feira uma organização criminosa dedicada a fraudes fiscais, à Segurança Social e a particulares, envolvendo elevadas quantias, e executaram quatro mandados de detenção, segundo a Procuradoria-Geral da República.

Uma nota publicada na página da PGR adianta que no âmbito de uma investigação dirigida pelo Ministério Público (MP) do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), decorreram durante esta quarta três dezenas de buscas domiciliárias, a escritórios de advogados, a instalações de sociedades comerciais e a viaturas. Foram igualmente cumpridos quatro mandados de detenção e apreendidos 25 automóveis e um imóvel.

As investigações resultam de 16 inquéritos, afirma o DCIAP, explicando que “ao longo de vários anos, o principal suspeito, empresário na área dos transportes nacionais e internacionais, com a colaboração de pessoas da sua confiança e de familiares, procedeu nas sociedades que geria ao registo contabilístico de operações não realizadas, que foram suportadas por documentos forjados”.

“Nessa sua atividade nunca liquidou contribuições tributárias ou à Segurança Social e levou a que algumas das sociedades fossem declaradas insolventes, desse modo prejudicando gravemente o Estado e os credores”, acrescenta. De acordo com o DCIAP, a partir de determinada altura, o principal suspeito passou a usar pessoas da sua confiança para assumirem a posição de gerentes das sociedades, como “testas de ferro”, sendo que era ele quem, na verdade, as geria.

O suspeito ficcionava uma multiplicidade de transações entre essas sociedades e entre essas sociedades e empresas nacionais e espanholas e, através de contas bancárias abertas em nome dos “testas de ferro”, fazia circular elevadas quantias monetárias, de vários milhões de euros em poucos meses, a coberto de faturação fictícia”, acrescenta a nota.

O DCIAP refere que em causa estão, entre outros factos, atuações organizadas com o objetivo de obter benefícios ilegítimos, através do não pagamento de impostos por ocultação e por alteração de valores ou de outros aspetos inerentes a negócios com reflexo na determinação das prestações tributárias. Em investigação estão ainda movimentações bancárias que poderão ter por objetivo dissipar quantias ilicitamente angariadas.

Os factos, adianta, são suscetíveis de constituir numerosos crimes de burla qualificada, falsificação, branqueamento de capitais, insolvência dolosa, associação criminosa, fraude fiscal qualificada, abuso de confiança fiscal, abuso de confiança à segurança social, burla tributária, fraude à segurança social, auxílio à emigração ilegal, burla informática qualificada e acesso ilegítimo.

As diligências decorreram no Porto, Póvoa de Varzim e Vila Nova de Gaia e contaram com a participação de três magistrados do MP do DCIAP, de um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal e de elementos e equipas de investigação da Polícia de Segurança Pública, da Segurança Social e da Autoridade Tributária e Aduaneira. Este processo encontra-se em segredo de justiça.

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