Governo aprova alteração à lei dos solos. Medida “permite construir mais onde hoje não é possível”

As alterações propostas pelo Governo abrem a porta à construção e à urbanização de habitações em terrenos rústicos, para aumentar a oferta de casas de norte a sul do país.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira uma alteração à Lei dos Solos que permitirá a utilização de terrenos rústicos para fins habitacionais, uma medida que visa aumentar a oferta de habitação em Portugal.

Esta decisão, anunciada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após aprovação em Conselho de Ministros faz parte do pacote “Construir Portugal“, apresentado a 10 de maio, que engloba 30 medidas para enfrentar a crise habitacional no país.

Flexibilizar o uso dos solos criando um regime excecional que permite que por decisão dos órgãos municipais, em última ação da Assembleia Municipal, seja possível construir edificar, fazer urbanização onde hoje não é possível, designadamente em solos classificados como rústicos”, explicou Leitão Amaro, sublinhando que esta medida “permite construir mais onde hoje não é possível construir.”

A alteração à Lei dos Solos, inicialmente prevista para ser implementada num prazo de 60 dias após o anúncio do programa “Construir Portugal” (ou seja, até julho deste ano), visa promover várias modalidades de habitação acessível. Entre os objetivos estabelecidos no programa inicial do Governo estão o fomento da habitação a custos controlados, o arrendamento acessível, o alojamento temporário (reforço BNAUT) e a oferta de casas para funções públicas específicas, como professores, forças de segurança, trabalhadores agrícolas, industriais e do setor do turismo.

O ministro da Presidência enfatizou que esta medida tem como alvo principal a classe média e a habitação pública. “Isto é para habitação para a classe média e habitação pública”, afirmou Leitão Amaro, acrescentando que “70% desta edificação tem de ser para a habitação pública ou a valores moderados, excluindo destes 70% a habitação de luxo”.

Apesar da flexibilização, o Governo garante que a medida não comprometerá áreas ambientalmente sensíveis ou de elevado potencial agrícola. “Protege os valores naturais mais sensíveis na REN, na RAN, na rede natura, nas áreas classificadas. Os espaços mais sensíveis estão excluídos desta possibilidade”, referiu o ministro, sublinhando ainda que “estão também excluídas as zonas de risco e os terrenos agrícolas de maior potencial.”

Esta alteração legislativa representa uma mudança significativa na política de ordenamento do território em Portugal, permitindo que os municípios tenham um papel mais ativo na promoção da habitação.

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Setor dos vinhos vive “momento difícil” apesar da subida das exportações. “Não me lembro de um ano com tanta turbulência”

Crise é justificada pela redução do consumo mundial de vinho, subidas das taxas de juro e inflação. Apesar do momento difícil as exportações cresceram de janeiro a setembro.

“Estamos num momento difícil. Não me lembro de um ano com tanta turbulência“, disse Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, no Fórum Anual dos “Vinhos de Portugal” que está a decorrer esta quinta-feira em Leiria. As importações de vinho a granel de Espanha, o baixo consumo de vinho a nível mundial, a inflação e as taxas juros são os principais culpados pela crise sem precedentes que o setor enfrenta. No entanto, o cluster viu as exportações aumentar.

Na ótica de Frederico Falcão esta retração do consumo é justifica pela a subida das taxas de juro (sobretudo na Europa) e perda de poder de compra por parte dos consumidores. O líder da associação, que representa mais de 80% dos produtores de vinho e de uva no país, considera que este abrandamento “vai levar ao abandono da atividade de muitos produtores”.

António Mendes, presidente do conselho de administração da Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (Fenadegas), constata que o “consumo de vinho está a baixar”, com Jorge Monteiro, presidente da Associação de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ACIBEV) a dar nota que esta “crise é internacional”.

O Estado fica com o dinheiro todo dos produtores de vinho.

Luís Mira

Secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal

A acrescentar à lista, o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal realça que o “Estado fica com o dinheiro todo dos produtores de vinho”.Isto não é de hoje, nem é de ontem e isso devia ser uma das prisionais bandeiras da ViniPortugal – criticar sem dó nem piedade esse facto e torná-lo público até que os políticos tenham vergonha”, afirma Luís Mira.

Apesar do “momento que o setor vitivinícola está a viver, não ser fácil”, o líder da ViniPortugal acredita que cluster vai conseguir “alguma estabilidade” em 2025.

No entanto, nem tudo são más notícias. A diretora do departamento de estudos e apoio à internacionalização do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) ressalva que Portugal encontrava-se entre os dez maiores exportadores de vinho em 2023, “a oitava posição em volume (319 milhões de litros) e a nona posição em valor (925 milhões de euros)”.

Setor exportou 698 milhões de euros até setembro

Os dados mais recentes apresentados esta quinta-feira no Fórum Anual dos “Vinhos de Portugal” mostram que, de janeiro a setembro deste ano, foram exportados 260 milhões de litros no valor de 698 milhões de euros, o que representa um crescimento em valor de 2,5% quando comprado com o período homólogo (681 milhões). No entanto, o preço médio caiu para 2,69 cêntimos por litro, quando comparado com os 2,80 euros por litro registados de janeiro a setembro do ano passado.

Dados do IVV mostram que de janeiro a setembro deste ano, as exportações de vinhos cresceram 2,5% em valor e 7,75% em volume, quando comparado com o mesmo período de 2023.

Quanto aos mercados de exportação, em valor, os EUA estão em primeiro lugar (77 milhões de euros), depois de França (76 milhões de euros) e Brasil (66 milhões de euros). Por volume, Angola ocupa a primeira posição (26 milhões de euros), depois França (25 milhões de litros), Brasil (22 milhões de litros) e EUA (com 18 milhões).

Venda de vinho na distribuição e restauração sobe para 984 milhões até setembro

De janeiro a setembro deste ano, a restauração foi responsável por 59% das vendas em Portugal, enquanto a distribuição representou 41%, enquanto o ano passado a restauração canalizou 51,3% e a distribuição 48,7%.”De janeiro a setembro deste ano, a distribuição e a restauração vendeu 213 milhões de litros, o que representa um crescimento de 3,6% face ao período homólogo.

Em valor, “a distribuição e a restauração venderam 984 milhões de euros, um crescimento de 19% face a 2023″, detalha Maria João Dias, diretora do departamento de estudos e apoio à internacionalização do IVV.

Quais são os planos estratégicos para o setor do vinho?

O ano passado, as exportações de vinhos portugueses recuaram para 928 milhões de euros em valor, com o preço médio por litro a crescer 0,66% para 2,90 euros. A ViniPortugal justificou esta quebra em grande parte devido ao contexto mundial.

No plano estratégico 2030, o presidente da ViniPortugal elencou que o setor do vinho quer, em 2030, atingir exportações de 1.200 milhões de euros e aumentar o preço médio para 3,19 euros por litro, para “garantir a sustentabilidade económica”.

A marca Wines of Portugal, através da ViniPortugal, tem um investimento anual superior a oito milhões de euros para realizar ações de promoção dos vinhos portugueses. EUA, Canadá, Brasil, Reino Unido, Coreia do Sul, China, Suíça, Países baixos, Luxemburgo, Bélgica, Polónia, Suécia, Japão, Ucrânia e Espanha são os países onde a ViniPortugal vai investir para promover a imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos. “50% do nosso investimento vai para EUA, Canadá, Brasil“, detalha Frederico Falcão.

Entre os objetivos do plano estratégico está a questão da sustentabilidade, com o líder da ViniPortugal a ambicionar ter 40% das empresas associadas com certificação de sustentabilidade vitivinícola até 2030.

Por outro lado, Frederico Falcão salienta que a “perceção de baixo valor do vinho português em alguns mercados” é um dos principais desafios que o setor do vinho português enfrenta. O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considera que “para aumentar o valor é necessário reforçar a aposta na promoção”.

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Governo legaliza taxas da Anacom às operadoras a pagar ainda este ano

Depois de as taxas cobradas pela Anacom terem sido consideradas inconstitucionais, o Governo aprova agora um diploma que as legaliza. Executivo entende que são os regulados que devem pagar regulação.

O Governo aprovou no Conselho de Ministros desta quinta-feira um diploma que “legisla a contribuição das empresas de telecomunicações” para a Anacom, a autoridade que regula as comunicações.

“O Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade da contribuição que os operadores de telecomunicações pagavam para a Anacom. Nós entendemos que quem deve pagar a regulação independente são os regulados e, portanto, aprovámos hoje um diploma que, de forma legal, cumprindo as limitações definidas pelo Tribunal Constitucional, cria esta contribuição que esperamos possa ser paga ainda relativamente ao ano de 2024″, disse o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, numa conferência de imprensa que precedeu a reunião do Governo.

No dia 29 de outubro, os juízes do Palácio Ratton declararam a inconstitucionalidade, “com força obrigatória geral”, da taxa anual devida pelo exercício da atividade de fornecedor de redes e serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público, cobrada pela Anacom, devido ao enquadramento legal que lhe era dado por uma portaria.

Já este mês, numa entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, a presidente da Anacom, Sandra Maximiano, mostrou preocupação por esta decisão poder impedir a cobrança de taxas em 2024: “Se não houver enquadramento legal, a Anacom tem de arranjar meios de se financiar”, afirmou, admitindo estar a trabalhar com o Governo para “resolver a situação”.

A notícia da aprovação deste diploma surge também no Comunicado do Conselho de Ministros divulgado ao final da tarde, já depois da publicação desta notícia. “[O Governo] aprovou um diploma legal que determina os elementos essenciais da contribuição financeira devida à Autoridade Nacional de Comunicações por parte dos fornecedores de redes e serviços de comunicações eletrónicas, assegurando o financiamento da regulação independente pelos regulados. Este regime tem em consideração o disposto no Acórdão de 29 de outubro de 2024 do Tribunal Constitucional.”

Nós entendemos que quem deve pagar a regulação independente são os regulados.

António Leitão Amaro

Ministro da Presidência

As declarações do ministro António Leitão Amaro esta quinta-feira sugerem ter sido encontrada uma solução legislativa que permita a cobrança destas taxas às empresas de telecomunicações ainda este ano. No orçamento de 2024, o regulador estimou rendimentos de 44,61 milhões de euros por via das taxas de exercício de atividade sobre o setor.

Já no orçamento de 2025, que foi divulgado nesta quarta-feira, em conjunto com o plano de atividades da Anacom para o período de 2025 a 2027, o regulador prevê obter 59,408 milhões de euros com estas mesmas taxas no ano que vem, um aumento anual de 33,2%.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h27 com comunicado do Conselho de Ministros)

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Governo garante que despesa em viaturas para PSP e GNR é nova

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros o investimento de mais 20 milhões de euros de aquisição de mais de 650 viaturas para as forças de segurança. 

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros o investimento de mais 20 milhões de euros de aquisição de mais de 650 viaturas para as forças de segurança. O ministro da Presidência explicou que este concurso é “adicional” ao lançado anteriormente em fevereiro pelo governo socialista.

“Aprovamos uma despesa nova de 20 milhões de euros em concursos novos para comprar 650 viaturas para forças de segurança. Estes 650 carros, motas e veículos pesados vão permitir aos polícias e aos guardas da PSP e da GNR terem melhores condições para protegerem os portugueses“, disse o ministro da Presidência António Leitão Amaro.

O Executivo sublinhou várias vezes durante a conferência de imprensa que este “esforço adicional” para dotar as forças de segurança é novo e não do anterior Governo. “Mais 20 milhões de euros para comprar 650 viaturas para PSP e GNR que não estavam em concurso, que não estavam em aquisição, que a despesa não tinha sido aprovada e não estava a ser feita“, disse.

Esta quinta-feira, o ex-ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, lançou a dúvida ao frisar que o concurso já estava em preparação e com financiamento estabelecido, tudo feito ainda no governo socialista. Mas Leitão Amaro veio esclarecer: “Tratam-se efetivamente de novas aquisições”.

Uma coisa era um concurso e uma decisão passada para adquirir carros apenas, e não carros, motas e veículos pesados como agora“, disse. Leitão Amaro assegurou que estão a executar e a pagar a aquisição anterior por parte do governo socialista, mas identificaram novas necessidades. “Este Governo lançou a decisão. Este Governo tomou hoje a decisão de aprovar os 20 milhões de euros”, acrescentou.

Sobre as viaturas adquiridas pelo governo socialista, Leitão Amaro garante que ainda estão a ser entregues. “Quando nos chegamos a funções estava em curso um procedimento, não estavam entregues, a maior parte ainda não estão entregues. Uma decisão que tinha começado antes deste Governo e que este Governo continuou, executou e pagou. Continua a executar, continua a pagar e continuarão a ser entregues em 2024/2025 várias dessas viaturas”, disse.

O ministro assegurou ainda que estão “profundamente” comprometidos em manter Portugal como um dos países mais seguros do mundo e apoiar as forças de segurança, dando-lhe os meios para cumprirem a sua missão.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro reuniu com as chefias da PJ, PSP e GNR e as ministras da Justiça e Administração Interna, onde fizeram um balanço do esforço de investigação que está em curso sobre os desacatos do último mês. Nas declarações à comunicação social após a reunião, já tinha anunciado este investimento de mais de 20 milhões de euros de aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

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IVA das touradas desce para a taxa reduzida de 6% com a abstenção do PS

Espetáculos tauromáquicos vão deixar de ser tributados à taxa máxima de 23% em 2025. Proposta de PSD e CDS passou com o apoio do Chega e a abstenção do PS.

O IVA dos bilhetes das touradas vai baixar da taxa máxima, de 23%, para a reduzida, de 6%, no próximo ano. A proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) de PSD e CDS foi aprovada esta quinta-feira no Parlamento com o apoio do Chega e a abstenção do PS. IL, BE, Livre e PAN votaram contra e PSD, CDS, Chega e PCP votaram favoravelmente.

Esta alteração revoga o agravamento do imposto introduzido pelo Executivo socialista de António Costa no Orçamento de 2020, que passou a tributar a atividade tauromáquica a 23% quando antes estava na taxa mínima. No debate do Orçamento de Estado deste ano, os social-democratas já tinham apresentado a proposta de redução do imposto das touradas.

Os partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD) argumentam que os espetáculos tauromáquicos são considerados uma atividade cultural e, como tal, não podem ser discriminados negativamente com uma taxa de IVA mais elevada.

A descida do IVA dos bilhetes das touradas de 23% para 6% custaria no máximo cerca de 115.000 euros aos cofres do Estado, segundo uma análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

Num relatório sobre o impacto na liquidação fiscal desta proposta de alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), a UTAO avança que, de acordo com dois cenários projetados, esta traduzirá uma diminuição da cobrança líquida de 115.185 euros ou 107.862 euros, consoante a atualidade dos dados históricos usados na projeção.

“A previsão pontual depende da informação histórica mais recente que se utilize para projetar o ano de 2025”, refere. No entanto, a líder e deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, contestou estes valores, e pediu novos esclarecimentos à entidade presidida por Rui Baleiras, o que levou ao adiamento da votação desta proposta parta esta quinta-feira.

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Deputados dão “luz verde” a aumento extra das pensões à revelia do Governo

Pensões até cerca de 1.500 euros vão ter aumento extra de 1,25 pontos percentuais em janeiro de 2025. Proposta partiu do PS e foi aprovada por uma maioria negativa esta tarde.

As pensões até cerca de 1.500 euros vão ter um aumento extraordinário em janeiro do próximo ano. A proposta partiu do PS e foi aprovada esta quinta-feira pelos deputados, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), à revelia do PSD e do Governo, que preferiam dar um novo suplemento aos reformados, em vez desta subida extra permanente.

Por lei, as pensões são atualizadas no início de cada ano com base em dois indicadores: a variação anual dos preços (sem habitação) e o crescimento económico.

Os dados disponíveis (que ainda não são os definitivos) permitem perceber que, só por esta via, as pensões já terão atualizações até 2,5%. Mas o PS decidiu propor um aumento extraordinário (de 1,25 pontos percentuais) para as reformas até três vezes o indexante que guia as prestações sociais (cerca de 1.500 euros), o que mereceu “luz verde” esta tarde dos deputados, nas votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2025.

A proposta recebeu os votos favoráveis do PS, do PCP, do Bloco de Esquerda, do Livre e do PAN, a abstenção do Chega e os votos desfavoráveis do PSD, do CDS-PP e da Iniciativa Liberal.

Numa audição recente, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro questionara a ministra do Trabalho sobre a disponibilidade para avançar com este aumento extraordinário das pensões. Maria do Rosário Palma Ramalho sinalizou que a intenção do Governo seria avançar com um novo suplemento (se houvesse margem orçamental), e não com uma subida extra com impacto permanente, como defende o PS.

Nessa audição, a governante aproveitou também para deixar um recado à oposição, dizendo que as medidas extraordinárias devem ser tomadas apenas “quando for seguro para o país” e que “qualquer aumento desproporcional de um dos pilares vai descompensar os demais, expondo o país a risco de desequilíbrios“.

Apesar destes avisos, a oposição, em maioria negativa, aprovou a subida extraordinária das pensões, que terá um impacto orçamental de cerca de 265 milhões de euros, de acordo com o próprio PS. De acordo com as contas do ECO, este aumento extraordinário somado à atualização regular decorrente da lei dará mais 21 euros por mês à pensão média (553 euros) a partir de janeiro.

Pelo caminho, ficaram, contudo, as propostas do PCP, do Bloco de Esquerda, do Livre e do Chega, que defendiam outros aumentos extraordinários das reformas, que a ministra do Trabalho fez questão de sublinhar não serem acomodáveis com as “boas contas” da Segurança Social.

“Reformados não podem estar à espera da Festa do Pontal”

Em reação à aprovação desta proposta socialista, Pedro Nuno Santos sublinhou que o aumento extraordinário a que a maioria negativa deu luz verde “não põe em causa o equilíbrio das contas públicas” e defendeu que “o Governo não tem grandes argumentos para contestar” esta medida.

“Aquilo de que o Governo fala é de uma eventual subvenção única e pontual num só mês, a ser anunciada provavelmente na Festa do Pontal, como aconteceu este ano. Os reformados não podem estar à espera da Festa do Pontal para saber se têm subsídios mensais ou um subsídio pontual. Os reformados precisam de melhorias permanentes das pensões”, salientou o líder socialista.

Pedro Nuno Santos lembrou também que o Governo estava disponível para “perder mais 330 milhões de euros com a redução [de mais] um ponto do IRC”, quando aumentar, de forma extraordinária, as pensões custa menos aos cofres públicos.

“São duas formas de ver a política e a sociedade. O Governo não é mais responsável do que nós, tem é uma visão diferente para quem trabalhou uma vida inteira, que são os reformados“, realçou.

Já sobre o facto de o Chega ter sido determinante para esta medida ser viabilizada, o líder socialista disse que não andou a pedir o voto a esse grupo parlamentar, mas também não pediu a ninguém que votasse contra a proposta.

Maior aumento será o resultante da lei, realça ministro

Momentos depois de, no Parlamento, uma maioria negativa ter aprovado um aumento extraordinário permanente das pensões, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, foi questionado pelos jornalistas. “Sobre as pensões, não tenho nada a acrescentar”, começou por dizer.

Mas não tardou a destacar que foi o atual Governo que aumentou o Complemento Solidário para Idosos (em 50 euros este ano e em 30 euros no próximo), a defender que o modelo do suplemento seria o mais correto e a realçar que o maior aumento permanente das pensões não será o decidido pelo Parlamento, mas o aplicado pelo Governo (ao cumprir a lei).

“Seguramente o aumento mais significativo que ocorrerá no próximo ano é este decidido pelo Governo em cumprimento da lei da atualização das pensões”, sublinhou o ministro.

Leitão Amaro não respondeu, contudo, se o Governo está disponível para acolher o aumento extraordinário na portaria de atualização regular das pensões, nem quis fazer comentários mais detalhados sobre o que o Parlamento aprovou. Insistiu, porém, que o aumento que deveria ficar permanentemente nas reformas deveria ser somente o resultante da lei.

Além de extra permanente, pensionistas poderão também ter suplemento

Os deputados aprovaram também esta quinta-feira uma proposta do PSD e do CDS-PP que abre a porta a um novo suplemento extraordinário para os pensionistas entre 100 e 200 euros, à semelhança daquele que foi pago em outubro. A proposta passou com os votos contra de IL, PAN, Livre e BE e a abstenção de PCP e Chega.

Assim, além do aumento extraordinário permanente garantido pela proposta do PS e da atualização decorrente da lei, os pensionistas poderão ter também um “bónus”, mas apenas se houver margem orçamental para tal. “Em função da evolução da execução orçamental e das respetivas tendências em termos de receita e de despesa”, lê-se na proposta que mereceu “luz verde”.

Notícia atualizada às 17h48 com declarações de Pedro Nuno Santos

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É oficial. Governo aprova aumento do salário mínimo para 870 euros

Agora é oficial. O salário mínimo nacional vai subir para 870 euros em janeiro. O valor já tinha sido acordado na Concertação Social e o decreto-lei foi aprovado esta quinta-feira pelo Governo.

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministro a subida do salário mínimo nacional para 870 euros. O novo valor entra em vigor em janeiro e representa, segundo o ministro da Presidência, “um esforço significativo para aumentar o rendimento do trabalho daqueles que mais precisam“.

“Aprovamos hoje [esta quinta-feira] o decreto-lei que aumenta o salário mínimo nacional para o ano de 2025 para 870 euros. São mais 50 euros por mês“, sublinhou António Leitão Amaro, em conferência de imprensa.

O acordo de rendimentos assinado pelo anterior Governo em 2022 na Concertação Social já previa uma subida do salário mínimo em 2025, mas apontava para um aumento dos atuais 820 euros para 855 euros. O Governo de Luís Montenegro quis, contudo, ir mais longe e negociou com os parceiros sociais um reforço de 50 euros para 870 euros. Ou seja, 15 euros acima do estipulado anteriormente.

“O aumento é significativamente superior ao previsto pelo Governo socialista”, realçou, por isso, esta tarde o ministro da Presidência.

E fez questão de referir que entre o valor previsto anteriormente e aquele a que o Executivo conseguiu chegar na Concertação Social e aprovou esta quinta-feira há uma diferença de 210 euros por ano (15 euros por mês durante 14 meses).

“É um esforço significativo para aumentar os rendimentos do trabalho daqueles que mais precisam”, afirmou o mesmo ministro. O ECO questionou o ministro da Presidência, na conferência de imprensa, sobre o número de trabalhadores que passarão a receber o salário mínimo nacional com este novo aumento, mas Leitão Amaro disse não ter presente estes dados.

No acordo de salários e crescimento económico assinado em outubro pelo Governo de Luís Montenegro, pelas quatro confederações empresarias e a UGT, está também previsto que o salário mínimo subirá dos tais 870 euros para 920 euros em 2026, 970 euros em 2027 e 1.020 euros em 2028, isto é, no último ano da legislatura.

Salários mínimos adequados

No Conselho de Ministros desta quinta-feira, o Governo aprovou também a proposta de lei que transpõe para a legislação portuguesa a diretiva europeia dos “salários mínimos adequados”.

“A diretiva estabelece um regime que visa garantir a adequação dos salários mínimos nacionais, a promoção da negociação coletiva sobre a fixação dos salários e a melhoria do acesso efetivo dos trabalhadores ao direito e à proteção salarial mínima”, salienta o Governo, em comunicado.

De notar que esta diretiva não fixa um valor do salário mínimo para os países da União Europeia. Antes, estipula que, para a avaliação da adequação dos seus salários mínimos nacionais mínimos, os países da União Europeia podem estabelecer um cabaz de bens e serviços a preços reais, ou fixá-lo em 60% do salário médio bruto. Em Portugal, com o esmagamento dos últimos anos entre o salário mínimo e o salário médio, essa diretiva não terá ter um impacto significativo na carteira dos trabalhadores.

Atualizada às 17h57

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Ex-Revolut captam 2,2 milhões para criar conta bancária na blockchain

Dupla de fundadores portugueses, João Alves e Guilherme Gomes, estiveram vários anos a trabalhar na Revolut no Reino Unido. Agora lançam a versão beta do seu projeto, a Bleap.

João Alves e Guilherme Gomes, fundadores da Bleap

João Alves e Guilherme Gomes terminaram o mestrado em Engenharia e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) em 2019 e rumaram a Londres para trabalhar na Revolut. Saíram no ano passado para lançar o seu próprio projeto, a Bleap. Agora, fecharam uma ronda pré-seed de 2,3 milhões de dólares (cerca de 2,2 milhões de euros) para criar uma conta bancária na blockchain. A versão beta da Bleap arranca agora, com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2025.

“Em 2019, após terminarmos a faculdade, emigrámos para Londres para trabalhar na Revolut, numa altura em que a empresa estava a crescer rapidamente. Aprendemos imenso lá, e, antes de sair da Revolut, em 2023, era responsável global pelos cartões da empresa — tudo o que se via na app relacionado com cartões estava sob a minha responsabilidade. O Guilherme [Gomes] geria três equipas de produto quando saiu também”, diz João Alves, ao ECO.

Saíram da Revolut para fundar a sua própria startup, a Bleap. “Estamos a usar blockchain e stablecoins para criar um novo tipo de banco digital, que acreditamos ser superior ao que existe atualmente no mercado”, acredita o cofundador.

O que propõem

Agora, a startup, sedeada em Londres, com uma filial na Polónia e registada como um Virtual Asset Service Provider (VASP) na UE, captou investimento numa ronda pré-seed liderada pelo fundo Ethereal Ventures de Joseph Lubin — cofundador da Ethereum e fundador da MetaMask —, com participação da Maven11, Alliance DAO, Robot Ventures, e de angel investors da Revolut, Phantom, OKX, EigenLayer e Consensys.

A primeira versão da Bleap “é uma app de pagamentos self-custody que permite aos clientes gastarem stablecoins diretamente com um cartão de débito, sem taxas e com até 2% de cashback nas compras. Esta área de stablecoins tem algum momentum como um killer use case para cripto, evidenciado por aquisições como a recente compra de 1,1 mil milhões de dólares da Bridge pela Stripe”, diz ainda.

A ser testada junto a um conjunto de utilizadores no mercado europeu, a Bleap tem arranque oficial até março do próximo ano.

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Fosso entre salários lisboetas e resto do país agrava-se. Ouça o podcast “Ao trabalho!”

O podcast "Ao trabalho!" traz-lhe as notícias que estão a marcar o mercado de trabalho, dos salários às novas tendências, todas as quintas-feiras.

A diferença entre os salários praticados em Lisboa e os oferecidos nas demais regiões do país tem estado a aumentar, o que pode criar alguns problemas. Este é um dos principais temas do novo episódio do podcast “Ao trabalho!”, que lhe leva todas as quintas-feiras os principais destaques do mundo laboral em menos de cinco minutos. Falamos também sobre o leque salarial e o benefício em sede de IRC, e sobre os jovens que acumulam trabalho e estudos.

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Pedro Nuno Santos acusa Montenegro de alimentar perceção de insegurança e de fazer propaganda

  • Lusa e ECO
  • 28 Novembro 2024

Os líderes da oposição usaram termos como "caricato", "propaganda", "inusitado" ou "caça às perceções para criticar o anúncio de Montenegro na abertura dos jornais de noite, às 20h00.

O secretário-geral do PS acusou esta quinta-feira o primeiro-ministro de revelar falta de sentido de Estado ao alimentar a perceção de insegurança em Portugal e tentar apropriar-se da ação das forças de segurança para propaganda pessoal. Acusações que foram acompanhadas pelos outros partidos da oposição. Já o PSD critica “coro de críticas da oposição” e diz que é obrigação do primeiro-ministro “assegurar que Portugal é um país seguro e está a trabalhar para continuar a ser um país seguro.”

Estas acusações foram feitas por Pedro Nuno Santos no Parlamento, depois de Luís Montenegro, na quarta-feira, em horário nobre televisivo, a partir de São Bento, ter anunciado que o Governo vai aprovar esta quinta em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

Perante os jornalistas, o líder socialista considerou que o tema da segurança “é demasiado importante para ser tratado da forma como foi pelo primeiro-ministro” na quarta-feira.

Luís Montenegro fez, esta quarta-feira, uma declaração onde anunciou o investimento de 20 milhões para veículos para a PSP e a GNR, reforçando que “Portugal é um país seguro” apesar do “sentimento de insegurança”.

“Foi uma declaração de alguém que quer alimentar uma perceção de insegurança, prendendo cavalgar essa onda. Ora, um primeiro-ministro não alimenta perceções. Deve é antes executar políticas para resolver os problemas das pessoas. Um primeiro-ministro não é diretor da PSP, da PJ ou [comandante] da GNR”, observou o secretário-geral do PS.

Para Pedro Nuno Santos, na quarta-feira, o país “assistiu a uma instrumentalização da imagem e dos resultados da investigação e das operações das forças de segurança”.

“Um primeiro-ministro tem de garantir os meios e as condições para que as forças de segurança façam bem o seu trabalho e não instrumentalizar a sua ação para benefício da propaganda pessoal. Foi isso a que assistimos ontem [quarta-feira], mas em outros momentos mais importantes não tivemos direito a uma declaração do primeiro-ministro, como durante os tumultos na área Metropolitana da Lisboa, ou quando se registaram onze mortes ao longo da crise no INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)”, afirmou.

Em contraponto, de acordo com o secretário-geral do PS, “ainda recentemente houve declarações do primeiro-ministro a desvalorizar a perceção sobre a violência doméstica – esse um crime grave, um dos crimes que mais mata em Portugal”. “Aí, não tivemos direito ao peso e à solenidade da intervenção de um primeiro-ministro sobre o tema”, rematou.

Também a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, salientou que as 20:00 é normalmente a hora utilizada pelos responsáveis políticos para comunicar matérias importantes ao país.

“E o primeiro-ministro, Luís Montenegro, convoca uma conferência de imprensa em horário nobre para anunciar meios que já estavam contratados para resolver um problema que o próprio diz que não existe na sua declaração que faz ao país às oito da noite. Isto seria caricato. E é. Não fosse ser também grave”, criticou Mariana Mortágua.

Na opinião da bloquista, “o primeiro-ministro está ativamente a contribuir para aumentar a perceção de insegurança que o próprio diz querer combater”.

“É uma caça às perceções. É pior que uma caça aos gambuzinos. E é ainda mais grave porque o primeiro-ministro está a mobilizar meios do Estado na sua caça às perceções”, acusou.

Mariana Mortágua criticou ainda o líder do executivo minoritário PSD/CDS-PP de ter anunciado resultados de uma investigação que “cabe à PSP e à PJ”, investigação que, afirmou, envolve várias entidades estatais como a Segurança Social, a Autoridade Tributária ou a ASAE.

“Meios do Estado que o Governo está a alocar, não com critérios legais, criminais, decididos pelas hierarquias, pelas direções de cada uma destas instituições, mas que o Governo está a usar para fazer números políticos”, criticou, acusando o executivo de desrespeito por estas entidades estatais.

Também o porta-voz do Livre Rui Tavares acusou o Governo de ter feito uma “operação de propaganda” na qual utilizou “as polícias como adereços” e criticou a forma como o líder do executivo se dirigiu ao país.

“Um primeiro-ministro que não tem cuidado com essa forma de fazer uma comunicação ao país está a desvalorizar o seu cargo, a desvalorizar a própria comunicação ao país e também ao usar as policias como adereços está a demonstrar falta de respeito pelas polícias porque, no fundo, as está a utilizar na política do correr atrás do prejuízo em relação aos votos que o PSD perdeu para a extrema-direita”, criticou.

Já o Chega diz que a declaração do primeiro-ministro foi caricata e uma “trapalhada política”, enquanto o PAN considerou que Luís Montenegro não acautelou o princípio da separação de poderes.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, André Ventura salientou que a prática em Portugal tem sido que, quando há uma declaração marcada pelo primeiro-ministro ou pelo Presidente da República para as 20:00 é para comunicar “assuntos iminentemente urgentes ou novos”, considerando que o se verificou na quarta-feira foi “uma trapalhada política”.

“O caricato da intervenção foi que todo o contexto da mesma parecia indicar que iríamos ter uma grande mudança de paradigma na área da segurança e da justiça e o primeiro-ministro acaba por anunciar mais viaturas e mais investimentos em viaturas, um anúncio que podia ter sido pelo ministro da Administração Interna à saída do Parlamento”, criticou.

Por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou a declaração “absolutamente inusitado” e criticou o primeiro-ministro por “assumir as funções de porta-voz dos órgãos de polícia criminal”.

“Não nos parece razoável, como também não parece acautelar o princípio da separação de poderes, ainda que no âmbito de um caso que consternou o país e que nos preocupou, tendo em conta o contexto de insegurança que foi vivido”, afirmou, numa alusão aos desacatos que se sucederam à morte de Odair Moniz.

A deputada única do PAN manifestou ainda estupefação por o primeiro-ministro “extrapolar a dimensão de um caso para o horário nobre, em pleno processo orçamental”, salientando que a Assembleia da República tem precisamente neste momento os instrumentos para conseguir responder a questões como a valorização das forças de segurança, dos órgãos de polícia criminal, dos bombeiros, Proteção Civil e Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Numa reação às declarações dos vários líderes da oposição, Hugo Soares, líder do grupo parlamentar do PSD, disse que “acusar de ridículo e caricato, uma declaração ao país que tem como principal objetivo transmitir segurança aos cidadãos, isso sim é caricato e ridículo.”

“Como é possível assistir a um coro de críticas da oposição a uma declaração do primeiro-ministro, que o faz dando conta de uma reunião de trabalho que teve com os representantes do sistema de segurança interna, das forças de segurança, com as ministras que tutelam a área da segurança”, reforçou o líder da bancada parlamentar social-democrata.

Para Hugo Soares “é mesmo uma obrigação do primeiro-ministro dizer ao país o que o governo está a fazer e como pretende resolver um problema concreto da vida das pessoas” e “assegurar que Portugal é um país seguro e está a trabalhar para continuar a ser um país seguro.”

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Goldman Sachs antecipa que políticas comerciais de Trump terão pouco impacto em Portugal

Os analistas do Goldman Sachs antecipam que Portugal cresça acima da Zona Euro em 2025, com a economia a ser sustentada por um consumo e investimento “resilientes” e menos exposta a riscos externos.

A economia nacional deverá manter um crescimento acima da média da Zona Euro no próximo ano, de acordo com as previsões do Goldman Sachs para o Sul da Europa.

Após um período de crescimento mais lento, na década anterior à pandemia, Portugal, juntamente com Espanha e Grécia, têm superado o desempenho médio da Zona Euro desde a crise da Covid-19. Para o próximo ano, a equipa de analistas do Goldman Sachs liderada por Sven Jari Stehn antecipa que esta tendência continuará, embora a um ritmo mais moderado do que em 2024.

Esperamos que o sólido crescimento do consumo e a resiliência do investimento se mantenham, com base num crescimento do rendimento disponível acima da média e num mercado de trabalho firme”, antecipam os especialistas para os três países europeus numa nota enviada aos clientes.

Além disso, o Goldman Sachs refere que Portugal e os seus vizinhos do Sul da Europa são apontados como beneficiários de uma menor exposição a alguns riscos externos, nomeadamente às políticas comerciais que Donald Trump pretende adotar. Os analistas a antecipam, por exemplo, um “impacto limitado de potenciais tarifas dos EUA sobre as exportações europeias” e uma “menor concorrência industrial da China em comparação com outras economias da zona euro”.

Sven Jari Stehn e os restantes analistas salientam que esta situação tem facilitado uma atividade industrial mais resiliente, embora Portugal seja apontado como uma exceção neste aspeto.

A trajetória positiva das finanças públicas nacionais é também referenciada pelos especialistas. O Goldman Sachs sublinha que o “saldo orçamental é previsto manter-se positivo, mesmo incluindo pagamentos de juros”. Além disso, destacam que o rácio da dívida pública continua em queda, com a possibilidade de ficar “abaixo da média da Zona Euro já em 2026”.

O banco de investimento norte-americano destaca ainda o papel crucial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o crescimento da economia nos próximos anos. “Portugal tem ainda por executar cerca de 7% a 10% do PIB em fundos europeus até 2026”, notando que estes fundos “permitirão expandir o investimento público, mantendo simultaneamente saldos orçamentais positivos”.

Apesar de prever uma desaceleração face a 2024, o Goldman Sachs mantém uma visão positiva para a economia nacional para o próximo ano. O banco antecipa a “continuação do crescimento acima da média da Zona Euro” e um “aumento da produtividade laboral”. Além disso, salienta que existe um “potencial de recuperação adicional do investimento em capital fixo”.

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Direção da APAP reconduzida. António Roquette mantém presidência da direção

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  • 28 Novembro 2024

António Roquette foi reeleito enquanto presidente da direção para o triénio 2024/2027. A única alteração na direção passa pela substituição de Duarte Durão (Nossa) por João Ribeiro (SaTG).

A Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e Marketing (APAP) foi a votos, tendo António Roquette sido reeleito presidente da direção para o triénio 2024/2027.

Na direção da associação acompanham o CEO da Uzina Alberto Rui Pereira (APAME) e Erilk Lassche (Fullsix), enquanto vice-presidentes, bem como João Ribeiro (SaTG), Paula Lopes (Grupo Publicis), Pedro Santana (Fuel) e Rodrigo Freixo (VML) que foram eleitos vogais.

A única alteração face aos elementos da direção anterior passa pela substituição de Duarte Durão (Nossa) — que, após seis anos, optou por não continuar na associação — por João Ribeiro.

Promover e potenciar o nosso reconhecimento coletivo, enquanto indústria, através da valorização da criatividade e da inovação, como os fatores críticos para o sucesso das marcas e dos negócios em Portugal e, agora potenciado pelos Effie Awards, a nível global“, é o principal objetivo apontado por António Roquette para este mandato, conforme referido em comunicado.

Recorde-se que os Prémios à Eficácia, organizados pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN), vão passar a ser Effie Awards Portugal a partir do próximo ano. A iniciativa resulta de uma colaboração com a APAP e leva os até agora Prémios Eficácia – agora Prémios Effie Portugal – ao cenário internacional, com Portugal a juntar-se à rede global Effie Worldwide, que abrange 125 países.

Atualmente com 34 associados de diferentes áreas, a APAP foi fundada em 1969 com o objetivo de defender os interesses e direitos dos seus associados, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da atividade empresarial da publicidade e da comunicação.

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