Hoje nas notícias: Ministra da Coesão, portagens e IRS

  • ECO
  • 28 Setembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Duas empresas detidas pelo marido da ministra da Coesão — que tutela as entidades responsáveis pela gestão dos fundos comunitários — receberam centenas de milhares de euros de fundos europeus, mas Ana Abrunhosa não vê incompatibilidades. O Governo espanhol travou travou a transferência de água do rio Douro para Portugal. No ano passado, as receitas das portagens voltaram a passar a fasquia dos mil milhões de euros. Os rendimentos anuais isentos de IRS deverão subir para 10.500 euros, caso o salário mínimo aumente para 750 euros no próximo ano.

Espanha travou a transferência de água do rio Douro para Portugal

O Ministério da Transição Ecológica espanhol deu ordem para “interromper a transferência” de água do rio Douro para Portugal, que estava a decorrer no âmbito da da Convenção de Albufeira, que rege as relações entre os países ibéricos nos rios que partilham. Esta decisão surge após algumas comunidades regantes e municípios ribeirinhos terem ameaçado avançar com com “mobilizações imediatas” das populações caso o envio de água para Portugal não fosse interrompido.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Empresas de marido de ministra da Coesão recebem fundos da UE

Duas empresas detidas parcialmente pelo marido da ministra da Coesão receberam centenas de milhares de euros de fundos europeus. Ao Observador, Ana Abrunhosa afirma que “não acompanha os negócios que são do marido”, mas não vê qualquer incompatibilidade, fazendo ainda referência a um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) que considera que não é ilegal o marido concorrer a fundos, embora o mesmo documento fale em “obscuridade” da lei.

Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

Algoritmo passa a escolher nomes de empresas na hora

Um algoritmo de inteligência artificial vai assumir a escolha dos nomes das empresas criadas na hora, sistema disponibilizado no Portal da Justiça. Até agora, havia quatro funcionários responsáveis pela lista de nomes da Bolsa de Firmas e Denominações, gerida pelo Instituto dos Registos e Notariado e que já foi utilizada por mais de 80 mil empresários.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Receitas das portagens voltam a superar mil milhões de euros

As portagens das autoestradas portuguesas voltaram a gerar receitas superiores a mil milhões de euros em 2021. No último ano, o alívio das restrições de circulação levou o encaixe com as portagens para 1,005 mil milhões de euros, mais 9,5% em comparação com 2020. As concessionárias, contudo, ainda não recuperaram do ano pré-pandemia, em que a faturação foi de 1,205 mil milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

Rendimentos anuais isentos de IRS deverão subir para 10.500 euros

A manter-se o aumento do salário mínimo, proposto pelo governo, de 705 para 750 euros em 2023, o patamar até ao qual os portugueses estão isentos de IRS, vai disparar 630 euros, de 9.870 para 10.500 euros anuais, em 2024. Daqui a dois anos, cerca de 2,5 milhões de trabalhadores (um quarto da população) vão ficar livres de pagar IRS porque estarão abaixo do mínimo de existência.

Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso livre).

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Apoio do PRR para edifícios mais sustentáveis vai ser reforçado

Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis tem agora uma dotação global de 96 milhões de euros e recebeu 106.133 candidaturas. Fundo Ambiental já pagou mais de 56 mil candidaturas.

O Governo vai reforçar “em breve” a dotação do Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis para satisfazer as candidaturas submetidas, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério do Ambiente.

A segunda fase deste programa encerrou a 2 de maio, com uma dotação global de 96 milhões de euros e recebeu 106.133 candidaturas. “Até à data, o Fundo Ambiental recebeu 106.133 candidaturas, das quais já pagou mais de 56 mil candidaturas“, detalhou fonte oficial do gabinete de Duarte Cordeiro.

“A verba disponível será reforçada em breve para fazer face às restantes candidaturas em avaliação”, revelou a mesma fonte.

Este programa financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) visa promover a reabilitação, descarbonização, eficiência energética, eficiência hídrica e a economia circular, contribuindo para a melhoria do desempenho energético e ambiental dos edifícios. Em concreto, pretende-se com as obras executadas reduzir, em média, pelo menos 30% do consumo de energia primária nos edifícios intervencionados.

Assim, é possível ter um apoio de 85% para substituir janelas para modelos eficientes, de classe energética igual a «A+», com um limite de 1.500 euros; para aplicar ou substituir o isolamento térmico em coberturas, paredes ou pavimentos, isto se recorrer a materiais de base natural (ecomateriais) ou que incorporar materiais reciclados. Se optar por outro tipo de materiais então o apoio cai para 65%.

Todas estas operações têm diferentes limites máximos: três mil euros para paredes e 500 euros para coberturas e pavimentos. Já substituir uma porta de entrada tem um apoio de 85% com um limite de 750 euros. Já a instalação de sistemas de aproveitamento de águas pluviais tem um apoio de 85% com um limite de 1.500 euros.

A primeira fase deste programa teve uma procura enorme. A dotação final foi de 9,5 milhões de euros, após um reforço de cinco milhões, e com ela foi possível alavancar cerca de 21 milhões de euros de investimento.

Esta “gaveta” do PRR, a componente C13, financia ainda um outro programa de Eficiência Energética na Administração Pública com uma dotação de 40 milhões de euros (de um total de 200 milhões). “Foram submetidas 214 candidaturas, que passarão agora para a fase de verificação da elegibilidade e de avaliação de mérito dos projetos”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério do Ambiente. O montante total do investimento é de 232 milhões e o montante solicitado para apoio financeiro é de 219 milhões, mas ainda decorre o período de avaliação das candidaturas.

Também em período de avaliação das candidaturas está o programa de Eficiência Energética no setor dos Serviços. Tem uma uma dotação de 20 milhões de euros (de um total de 40 milhões) e recebeu mais de 1000 candidaturas.

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Operadores logísticos temem “portos obsoletos” com atraso nos investimentos

De Viana do Castelo a Lisboa, comunidades portuárias atacam falta de financiamento público que está a impedir avanço das obras projetadas para aumentar capacidade e eficiência nos portos.

“O Porto de Leixões não está a conseguir o imprescindível financiamento para que aconteçam em tempo útil as principais obras, que necessitam de elevados investimentos e de caráter urgente. Corre o sério risco de se tornar numa berma, em vez de uma via de autoestrada marítima, nem conseguindo segurar parte das escalas atuais. (…) Passará rapidamente de um porto imprescindível a um porto obsoleto se não forem realizados”. O alerta é deixado por Mário Sousa, porta-voz da Comunidade Portuária de Leixões, e partilhado pelos representantes das estruturas de Norte a Sul do país, que dramatizam a falta de garantias de financiamento público para a concretização dos projetos de investimento.

No caso da principal infraestrutura do Norte do país, em causa estão obras como o prolongamento do quebra-mar exterior em 300 metros ou a melhoria das acessibilidades marítimas através do aprofundamento do canal de entrada e da bacia de rotação – inicialmente orçamentadas em 147 milhões e cujo custo acaba de ser revisto em alta, em 50 milhões. “Quando os investimentos nos portos estão fora do PRR, algo vai de mal no reino. E no PT2030 só há 120 milhões para distribuir pelos vários portos. O poder político deve repensar a forma de gestão e financiamento dos portos. Para reindustrializar o país não basta pensar em reativar fábricas; precisamos de otimizar as cadeias logísticas intermodais para fazer chegar os produtos em tempo útil e a preços competitivos”, desabafa o responsável.

Leixões corre o sério risco de se tornar numa berma, em vez de uma via de autoestrada marítima. Passará rapidamente de um porto imprescindível a um porto obsoleto se não forem realizados os investimentos.

Mário Sousa

Comunidade Portuária de Leixões

Um pouco mais a Norte, em Viana do Castelo, também se lamenta o “erro crasso” de ter retirado os portos da lista de entidades a apoiar na chamada bazuca europeia, ao contrário do que previa a primeira versão desenhada pelo atual ministro da Economia. “Bastante preocupado” com o aumento dos custos das empreitadas, Manuel Cunha Júnior sublinha que a infraestrutura que serve sobretudo o Alto Minho e até à Galiza está a “ficar para trás na questão da operacionalidade”. E a “perder competitividade para Leixões, Aveiro e Vigo”, não conseguindo atrair as empresas que se têm instalado na região.

No caso de Aveiro, que em 2021 registou um crescimento de 16% e até agosto estava a progredir 3,5% em termos homólogos, Nuno Pires adverte igualmente que “para continuar a crescer é preciso realizar investimentos”, calculando em 58 milhões de euros aqueles que estão projetados para o biénio 2022/2024. Nessa lista, a administração do Porto de Aveiro incluiu a melhoria das condições de navegabilidade, a expansão da Zona de Atividades Logísticas e Industriais (ZALI) com um terminal marítimo-rodo-ferroviário ou a construção de cais com 200 metros.

Para continuar a crescer é preciso continuar a realizar investimentos. E os que a Administração do Porto de Aveiro se propõe realizar para o biénio 2022/2024 ascendem a 58 milhões de euros.

Nuno Pires

Comunidade Portuária de Aveiro

Ficamos preocupados quando investimentos com retorno óbvio não conseguem ser financiados. Ainda mais tratando-se de um montante relativamente reduzido. A autonomia da própria administração portuária é relativamente baixa. Fizemos um concurso para a dragagem, que está à espera do visto do Tribunal [de Contas], apesar de já ter sido adjudicado. Esta dinâmica não encaixa nas dinâmicas privadas das empresas”, concorda Hermano Sousa, líder da Comunidade Portuária da Figueira da Foz, que falava durante um debate promovido pela Transportes & Negócios no âmbito da Porto Maritime Week.

Ficamos preocupados quando investimentos com retorno óbvio não conseguem ser financiados. Ainda mais tratando-se de um montante relativamente reduzido.

Hermano Sousa

Comunidade Portuária da Figueira da Foz

O projeto de melhoria da acessibilidade marítima – para passar a receber navios com calado de oito metros (em vez de 6,5) e de 140 metros de comprimento, em vez de 120 – está avaliado em cerca de 20 milhões de euros, conta com a comparticipação de operadores privados, mas continua sem ter “assegurada a componente pública do financiamento, à volta dos 10 milhões de euros”, aponta o representante máximo da Comunidade Portuária da Figueira da Foz, que descreve um potencial de captação de carga nova à volta de 2,6 milhões de toneladas, além dos atuais dois milhões.

Ninguém pense que se conseguem fazer investimentos nos portos com base nas taxas portuárias. Ou se arranja uma forma de financiar os investimentos necessários ou nunca mais somos competitivos face aos espanhóis.

Rui Raposo

Comunidade Portuária de Lisboa

Na região da capital portuguesa repetem-se as críticas. “Ninguém pense que se conseguem fazer investimentos nos portos com base nas taxas portuárias. Ou se arranja uma forma de financiar os investimentos necessários ou nunca mais somos competitivos face aos espanhóis, que têm uma política de investimento, através dos Puertos del Estado, que nós não temos”, resume Rui Raposo, que em abril foi reeleito presidente da Comunidade Portuária de Lisboa.

Governação, dividendos e municípios

Em Lisboa, os projetos em destaque são a expansão do Terminal de Contentores de Alcântara – envolve a instalação de equipamentos modernos, a reconstrução do pavimento de todo o terminal e o aumento dos fundos para poder receber navios de maior dimensão –; a navegabilidade do transporte fluvial até Castanheira do Ribatejo; o fornecimento de eletricidade aos navios enquanto estiverem atracados; ou a construção do Campus do Mar em Pedrouços, que pretende que venha a ser um espaço de referência internacional nos domínios das ciências marítimas e da economia azul.

Notando que os armadores têm em consideração as taxas cobradas pelos portos, mas que mais relevante é a eficiência com que operam, isto é, “o tempo que leva entre entrar e sair porque não ganham dinheiro enquanto estão parados”, Rui Raposo frisa que “os resultados positivos das administrações portuárias não deviam servir para pagar dividendos ao Estado, mas para serem reinvestidos no próprio porto”. E defende a criação de um sistema de governação dos portos nacionais, para que “não estejam em concorrência uns com os outros – porque os concorrentes são os espanhóis”.

Porto de LisboaHugo Amaral/ECO

O também presidente na Agência Portuguesa do Transporte Marítimo de Curta Distância – Short Sea Promotion Center faz ainda uma alusão à necessidade de melhorar a relação entre os portos e os municípios, sobretudo quando há interesses que conflituam. “Em Lisboa temos 11 municípios com quem discutir os problemas e é complicado porque cada um pensa da sua maneira. Os habitantes querem ter zonas junto ao rio para pôr lá uns jardins e umas coisas muito interessantes. Mas é importante que percebam que um porto é muito dinamizador para o crescimento e para o emprego”, conclui.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 28 Setembro 2022

Esta quarta-feira é marcada pelo arranque das discussões com vista à assinatura do acordo de rendimentos, bem como pela apresentação da linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa.

O Executivo liderado por António Costa inicia esta quarta-feira as reuniões com os parceiros sociais em prol da assinatura do acordo de rendimentos, no mesmo dia em que o ministro das Infraestruturas estará na estação de Campanhã para a cerimónia de apresentação da linha ferroviária de alta velocidade que ligará Lisboa ao Porto. Há também dados do INE sobre o emprego em agosto e o relatório orçamental da Administração Local em 2021.

Governo discute acordo de rendimentos em concertação social

Inicialmente prevista decorrer na semana passada, o Executivo vai reunir-se esta quarta-feira com representantes dos parceiros sociais para discutir o acordo de rendimentos e competitividade. Este acordo, segundo o primeiro-ministro, deve permitir “fixar para os próximos quatro anos o quadro de políticas públicas, desde a política fiscal às políticas relativas à qualificação e apoio ao investimento”.

Como evoluiu o desemprego em agosto?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira os dados relativos ao mercado de trabalho em Portugal no mês de agosto. Em julho, a taxa de desemprego fixou-se em 5,9%, menos 0,1 pontos percentuais face a junho, havendo nesse mês 306,2 mil pessoas (menos 3,5 mil pessoas desempregadas).

Apresentação da nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa

Esta quarta-feira decorre a cerimónia de apresentação da nova linha de alta velocidade entre o Porto e Lisboa na estação de Campanhã, com a presença do ministro das Infraestruturas e da Habitação. Em maio, Pedro Nuno Santos afirmava que a linha ferroviária de alta velocidade será transformadora para cidades como Leiria, Coimbra, Aveiro e Braga, bem como para um conjunto de cidades do interior.

Orçamento da Administração Local em 2021

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) vai publicar o relatório acerca da evolução orçamental e financeira da Administração Local no ano passado. Em 2020, 298 dos 308 municípios portugueses apresentaram um excedente orçamental total de 239 milhões de euros, o que corresponde a menos de metade do observado em 2019 (570 milhões de euros).

CMVM organiza Roteiro para o Financiamento em Mercado

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) realiza esta quarta-feira o primeiro evento do Roteiro para o Financiamento em Mercado. Trata-se de um encontro com empresas da região de Aveiro, com o objetivo de desmistificar as regras de acesso ao mercado de capitais e sensibilizar para as vantagens deste tipo de financiamento. Este evento insere-se num conjunto de iniciativas de aproximação ao tecido empresarial, no seguimento do lançamento do Guia do Emitente, uma ferramenta digital destinada a apoiar as empresas no acesso ao mercado de capitais.

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Montepio injeta 7,5 milhões em seguradora após turbulência nas bolsas

Lusitânia Vida tem sofrido com a turbulência nos mercados. Em fevereiro, incumpriu requisito de capital de solvência, fazendo soar alarmes na ASF. Grupo reforça proteção com injeção de 7,5 milhões.

Após as perdas registadas na sua carteira de investimentos este ano em resultado da turbulência nas bolsas, incluindo a desvalorização de títulos de empresas russas, a Lusitânia Vida recebeu uma injeção de 7,5 milhões de euros do seu acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), para reforçar o seu rácio de solvência e assim cumprir as exigências do regulador.

A operação foi realizada este mês por via de um empréstimo obrigacionista subscrito na íntegra pelo Montepio e que teve como “finalidade o reforço dos fundos próprios [da Lusitânia Vida], de forma a aumentar a almofada financeira nas atuais condições de mercado, que evidenciam uma forte incerteza e elevada volatilidade”, adiantou fonte oficial do grupo liderado por Virgílio Lima ao ECO.

Com a injeção de capital “pretende-se reforçar o atual rácio de solvência [da companhia seguradora] que estava e está a ser garantido, de forma adequada”, acrescentou a mesma fonte, considerando que o montante agora injetado “parece garantir rácios de conforto adequados”.

Ainda assim, só a “futura evolução dos mercados financeiros, com particular destaque no mercado obrigacionista, determinará a necessidade de ação futura”, assinalou de seguida, depois de questionado sobre se a seguradora precisará de mais fundos no futuro para se manter com rácio de solvência acima dos requisitos regulatórios.

Desde o início do ano que o setor segurador tem sido particularmente afetado pela turbulência que castiga as bolsas por conta de vários fatores que vão desde a guerra da Rússia na Ucrânia e o impacto das sanções a Moscovo, à escalada da inflação e à subida das taxas de juro dos bancos centrais para controlarem a subida dos preços. A incerteza vai continuar a marcar o ritmo dos mercados nos próximos tempos, de acordo com os analistas.

No caso do Montepio, relatava o jornal Público em julho, a volatilidade dos preços dos ativos financeiros tinha resultado em dificuldades para as duas seguradoras do grupo – a Lusitânia Seguros (seguros reais) e a Lusitânia Vida (seguros vida) – na primeira metade do ano, as quais também refletiam, em parte, as perdas de quase 16 milhões de euros da exposição à dívida da companhia de gás Gazprom e da metalomecânica Novolipetsk, como o ECO avançou em primeira mão.

Em relação à situação da Lusitânia Vida em concreto, a seguradora chegou a registar um incumprimento do requisito de capital de solvência em fevereiro – o rácio atingiu os 80%, abaixo do requisito regulamentar de 100% –, levando a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) a fazer uma monitorização mais apertada e a pedir medidas no sentido de responder à insuficiência de capitais.

Em julho passado, o supervisor liderado por Margarida Corrêa de Aguiar garantia que as medidas tomadas pela empresa, em resposta a instruções que dera após o incumprimento, permitiam que a Lusitânia Vida apresentasse “um rácio de solvência superior a 130%, cumprindo assim os requisitos exigidos”.

Também assegurava que a dimensão dos investimentos em ativos de origem russa “não colocou em causa que a empresa regressasse a margens de solvência acima do exigido”. Ao ECO, o Montepio manifestava a esperança de reverter, pelo menos parcialmente, as perdas por imparidade com os títulos russos, que se mantinham a pagar os juros devidos.

A Lusitânia Vida, que está integrada na holding Montepio Seguros juntamente com a Lusitânia Seguros, registou lucros de 5,5 milhões de euros no ano passado, praticamente em linha com o resultado obtido no ano anterior.

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Parceiros querem aumentos salariais e contrapartidas fiscais no acordo de rendimentos

Acordo de rendimentos tem vindo a ser discutido num grupo de trabalho, mas parceiros sociais querem propostas concretas do Governo. Reunião marca arranque das negociações.

Depois de cinco reuniões do grupo técnico, o Governo vai reunir com os parceiros sociais da Concertação Social para iniciar as negociações do acordo de rendimentos e competitividade. Os parceiros aguardam propostas concretas do Executivo, sendo que do lado dos sindicatos exigem-se aumentos salariais e dos patrões contrapartidas.

Era esperado que este encontro acontecesse na semana passada, após o primeiro-ministro anunciar o “momento particularmente importante” em que se iam iniciar as reuniões tendo em vista a assinatura do acordo de rendimentos e competitividade, mas a discussão ao nível da concertação social acabou por ser marcada para esta semana.

Realizou-se ainda assim uma reunião do grupo técnico, que contou com a presença do secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes. “Com estas reuniões o Governo procura acelerar a discussão com os parceiros sociais, com o objetivo de lhes apresentar uma proposta de Acordo tão brevemente quanto possível”, apontou fonte do Ministério do Trabalho, na semana passada.

Nestas reuniões, só se discutiu “intenções”, sinaliza ao ECO João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). Lá, os governantes têm feito “mais analises, estatísticas e questões”, ficando ainda por saber detalhes específicos das propostas.

Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, também aponta ao ECO que “o grupo técnico reuniu cinco vezes e nessas reuniões abordaram-se apenas alguns dos pontos que o Governo tinha colocado no retomar do acordo em CPCS”. “A última reunião encerrou sem ter abordado todos os pontos e sem qualquer proposta concreta por parte do Governo“, explica.

Até à tarde desta quarta-feira, os parceiros ainda não tinham recebido qualquer proposta com mais detalhes. Do lado dos sindicatos, a CGTP “apresentou as propostas, o que considera fundamental para o acordo”, que passa por questões como o “aumento geral dos salários”. O sindicato defende um aumento de 90 euros em 2022 para todos os trabalhadores e, para 2023, “um investimento também no aumento dos salários que parta para negociação duma base de 10% de aumento e 100 euros no mínimo para cada trabalhador”.

Já a CCP salienta que “quem tem que fazer propostas é o Governo, é quem tomou a iniciativa”. Mesmo assim, João Vieira Lopes sublinha que “os salários já estão a aumentar com a falta de mão-de-obra”, pelo que “para aumentar mais do que isto precisam que o Governo dê contrapartidas fiscais”.

Já o líder da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) tinha sinalizado ao ECO no início do ano que o acordo de rendimentos não pode ficar isolado, isto é, tem de ser acompanhado por um compromisso do Governo noutras áreas, nomeadamente na fiscalidade. Eduardo Oliveira e Sousa defendeu que o principal indicador a que deveria ser dada atenção é, antes, o salário médio, “que é o espelho da evolução económica”.

Apesar do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ter estado presente na reunião, ainda não são conhecidos detalhes específicos sobre o que poderá estar na calha neste quadro.

Isabel Camarinha também destaca que “da parte do Governo, não há proposta nenhuma concreta”. “O que temos da parte do Governo é a propaganda que têm vindo a fazer vários ministros, que depois não é secundada pelas propostas que apresenta ou medidas que aprova”. Até os “apoios às famílias são extremamente insuficientes”, defende.

O salário mínimo também estará incluído no acordo de rendimentos, sendo que o que estava previsto era uma subida de 705 para 750 euros. A CGTP defende que a remuneração mínima deverá subir para os 800 euros, “para combater aumento do empobrecimento devido ao aumento dos preços”. Já a UGT também defende que o valor previsto é “insuficiente face ao que tem sido no passado e sem a inflação que temos agora”, em declarações ao Jornal de Negócios.

O primeiro-ministro tinha sinalizado, no início deste mês, que este acordo deve permitir “fixar para os próximos quatro anos o quadro de políticas públicas, desde a política fiscal às políticas relativas à qualificação e apoio ao investimento”, com um “compromisso por parte dos parceiros sociais quanto àquilo que deve ser a evolução para este objetivo de convergência do peso dos salários de acordo com a média europeia”.

O acordo é um dos “instrumentos fundamentais” citados por António Costa para conseguir os objetivos, nomeadamente para o crescimento e para a meta correspondente ao peso dos salários no PIB (que o Governo quer igualar à da União Europeia). O outro instrumento é a conjugação do Plano de Recuperação e Resiliência com o novo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2030.

Este acordo de rendimentos e competitividade foi uma promessa socialista feita em 2019, cuja concretização tem vindo a ser adiada. A última data apontada pelo primeiro-ministro foi que poderia ser fechado no início do outono. O objetivo é fazer um acordo com metas plurianuais para aumentos salariais, semelhante ao Acordo de Concertação Estratégica 1996/1999, feito no primeiro Governo de António Guterres.

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“Vamos anunciar na Web Summit o nosso grande projeto da Fábrica de Unicórnios”, diz Moedas

O anúncio foi feito no Hub Criativo do Beato, o mesmo local que vai acolher a Fábrica de Unicórnios, projeto-bandeira do presidente da autarquia.

“Vamos anunciar na Web Summit o nosso grande projeto da Fábrica de Unicórnios”, prometeu Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, durante a entrega do prémio João Vasconcelos – Empreendedor do Ano 2022, esta terça-feira à noite no Hub Criativo do Beato, em Lisboa.

O anúncio foi feito no Hub Criativo do Beato, o mesmo local que vai acolher a Fábrica de Unicórnios, projeto-bandeira do presidente da autarquia. Perante a plateia repleta de empreendedores, Carlos Moedas incentivou-os a contribuir para transformar o ecossistema de startups num ecossistema de scaleups, prometendo mais detalhes para novembro, durante a realização da Web Summit, que se realiza na FIL de 1 a 4 de novembro.

A cimeira tecnológica – que este ano conta com um contributo de 6,3 milhões da autarquia à Associação de Turismo de Lisboa (ATL) – é, de resto, um dos parceiros do projeto.

“A Web Summit não pode ser apenas um evento anual, por isso pedi que a Web Summit seja um parceiro da Fábrica de Unicórnios”, referiu em maio Carlos Moedas. “Lisboa é mais que o Web Summit e daí a criação da Fábrica de Unicórnios, que tem como objetivo político que Lisboa seja a capital da inovação”.

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Miguel Santo Amaro vence Prémio João Vasconcelos 2022

O vencedor foi conhecido esta terça-feira no Hub Criativo do Beato, no edifício da antiga Fábrica do Pão, onde decorreram os Entrepreneurship Awards.

Miguel Santo Amaro, da Coverflex, é o vencedor do Prémio João Vasconcelos – Empreendedor do Ano 2022, Fred Antunes, RealFevr, ganhou o Melhor Pitch de entre os finalistas e a AssetFloow é a Startup Mais Promissora da Startup Lisboa. Os vencedores foram conhecidos esta terça-feira no Hub Criativo do Beato, no edifício da antiga Fábrica do Pão.

“Os Entrepreneurship Awards são uma oportunidade de reconhecer o sucesso alcançado e o trabalho árduo dos empreendedores e do papel que desempenham na expansão do ecossistema e na transformação de Lisboa num dos hubs de empreendedorismo de maior relevo no mundo, todos os dias”, explica Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa.

Miguel Santo Amaro concorria ao prémio com Afonso Pinheiro (Pleez); Fred Antunes (RealFevr); Miguel Alves Ribeiro (sheerME), Nuno Fernandes (Zomato Portugal) e Sanja Kon (Utrust), tendo sido o escolhido por um júri constituído por Francisco Sá (IAPMEI), Bernardo Correia (Google), Gil Azevedo (Startup Lisboa), Margarida Figueiredo (CML), Inês Sequeira (Casa do Impacto) e a vencedora da edição anterior, Joana Rafael, fundadora da Sensei.

“O Prémio João Vasconcelos – Empreendedor do Ano é simbólico porque representa todo o trabalho que a Coverflex faz e que obviamente partilho com toda a equipa e com os cofundadores. Somos os cinco quem construiu tudo desde o início. Tenho também um sentimento especial pelo João Vasconcelos, meu amigo e mentor que me trouxe do Porto para Lisboa, no início da Uniplaces. Por isso, este prémio tem também um carácter emocional. ” diz Miguel Santo Amaro.

Criado em 2019 pela Startup Lisboa, o Prémio João Vasconcelos – Empreendedor do Ano, no valor de dez mil euros, homenageia João Vasconcelos, o primeiro diretor executivo da incubadora. O galardão promove um espírito empreendedor e de iniciativa, fomenta a inovação e valoriza os empreendedores de acordo com o potencial do seu negócio e perfil de liderança.

Os critérios de avaliação das nomeações e das candidaturas foram: visão e estratégia, resiliência, contributo para o ecossistema empreendedor nacional, liderança e gestão de equipa, crescimento e penetração internacional.

O Prémio conta já com três vencedores das edições passadas: Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai e vencedora em 2019, André Jordão, fundador da Barkyn e vencedor em 2020, e Joana Rafael, Nuno Moutinho, Paulo Carreira e Vasco Portugal, da Sensei e vencedores em 2021.

Fundador da Coverflex em 2019, uma solução de compensação flexível, nos seus primeiros meses de operação, a startup adquiriu a Colmena e a Flexben, consolidando a liderança do mercado nacional e agilizando assim a sua entrada no mercado espanhol, e recentemente entrou no mercado italiano, Miguel Santo Amaro esteve na génese do ecossistema empreendedor quando fundou a Uniplaces, em 2011, e mais tarde juntou-se à Shilling como partner, liderando o fundo de capital de risco com mais de €30M sob gestão. Foi um dos membros fundadores do World Economic Forum em Portugal, e pertence ao conselho de estratégia da Startup Portugal e da Câmara Municipal do Porto.

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Galp quer investir 5.000 milhões de dólares no Brasil em 10 a 15 anos

  • ECO
  • 27 Setembro 2022

O CEO da petrolífera admite que mais de metade do investimento no Brasil seja destinado à produção de energia renovável, nomeadamente eólica e solar.

O CEO da Galp revelou esta terça-feira que a petrolífera planeia investir cerca de 5.000 milhões de dólares (aproximadamente 5,2 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual) no Brasil entre os próximos 10 a 15 anos.

Numa entrevista à Bloomberg, Andy Brown detalhou que a empresa quer investir nas explorações petrolíferas offshore e na produção de energia eólica e fotovoltaica, assinalando que mais de metade do investimento previsto no país sul-americano poderá ser aplicado em renováveis.

“A força da Galp é a força do seu portefólio, sendo o Brasil a joia da coroa”, quer em petróleo quer nas renováveis, frisou Brown. “O nosso objetivo é crescermos cada vez mais na área das renováveis”, reiterou. A Galp tem 5,4 gigawatts em pipeline em projetos eólicos e solares no Brasil.

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Custos e burocracia retalham propriedade rústica em Portugal

  • Lusa
  • 27 Setembro 2022

Em países como Espanha, onde ao fim de 30 anos, o Estado toma posse da propriedade ou com França, onde o prazo é de 10 anos.

Legalizar um terreno custa frequentemente mais do que vale em Portugal, uma das razões apontadas esta terça-feira, em Bragança, para o retalho da propriedade rústica num país com mais de 11,5 milhões de prédios rústicos.

O número consta do diagnóstico feito pelo Grupo de Trabalho para a Propriedade Rústica, que está disponível na Internet, desde julho, e que teve, em Bragança, a primeira de um conjunto de sessões para apresentação pública, seguindo-se Lisboa, Coimbra e Porto. Estas sessões servem, segundo o coordenador do grupo de trabalho, Rui Gonçalves, para apresentar o diagnóstico e recolher contributos de toda a sociedade e, em Bragança.

O diagnóstico, apresentado por José Sousa Uva, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) dá conta de uma “fragmentação do território rural e dificuldades associadas”, com “11,5 milhões de prédios rústicos, 85% dos quais concentrados no Norte e no Centro” de Portugal. O principal problema, segundo o orador, é “o das heranças indivisas”, já que “30% dos prédios rústicos são heranças que ainda não foram objeto de partilha”.

“Metade do país está em heranças indivisas”, sustentou, referindo-se à falta de alteração da titularidade, por parte dos herdeiros, depois da morte do proprietário. O coordenador do grupo de trabalho, Rui Gonçalves, ilustrou que “há propriedades em Portugal que o seu dono originário era o trisavô dos atuais herdeiros, ou seja uma propriedade que era de uma pessoa hoje pode ser de 50 ou de 100 e não houve partilhas”.

Os autores do diagnóstico concluem que esta “realidade extremamente complexa exige medidas”, nomeadamente o emparcelamento ou alteração da legislação portuguesa, que não impõe limite para regularizar a situação. O relatório compara com a legislação em vigor em países como Espanha, onde ao fim de 30 anos, o Estado toma posse da propriedade ou com França, onde o prazo é de 10 anos.

As medidas concretas constarão do segundo relatório deste grupo que deverá ser conhecido em novembro, segundo indicou o coordenador Rui Gonçalves, que se escusou a concretizar o que poderá vir a ser proposto. Aos jornalistas falou apenas numa “obrigação legal de dar um prazo para as pessoas fazerem, não um prazo apertado de um, dois anos, mas tem que ser uma coisa que tenha limite, não pode ser eterno, tem que haver um prazo”.

Ao presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Orlando Rodrigues, que foi o anfitrião da sessão, coube fazer a análise do diagnóstico e alertou para o custo do direito de propriedade, concretizando que “fica mais cara a escritura do que o valor da parcela”. “Os custos que impõem às pessoas são frequentemente superiores ao valor da propriedade e as pessoas são forçadas a não optar pelos mecanismos formais, a manter-se nos mecanismos informais”, frisou.

Apesar de avanços como os balcões BUPI para o registo das terras, o presidente do IPB fez reparos também à falta de informação e de articulação entre os diferentes organismos públicos. “Há várias entidades a intervir, os registos e notariado, a administração fiscal, o Ministério da Agricultura, o INE (Instituto Nacional de Estatística) e o diálogo entre estas instituições e a reutilização da informação, de se criar uma base comum de informação, não tem sido fácil”, observou.

Orlando Rodrigues questionou ainda se a fragmentação diagnosticada “é verdadeiramente uma desvantagem”, alertando que o pequeno pedaço de terra faz parte da identidade de regiões como Bragança, onde a horta, por exemplo, é um complemento de rendimentos e dá “resistência às famílias em particular nesta situação de crise”, além de ser para muitos um passatempo. Considerou ainda que “não tem adesão com a realidade” o discurso de que a propriedade nestas regiões “está muito fragmentada, que é muito atávica”.

“Na verdade tem havido uma concentração de propriedade sobre diversas formas, ou pelo menos da exploração da terra, e um processo de modernização muito interessante. Nós vemos nascer uma agricultura moderna e muito inovadora, nalgumas circunstâncias, explorando novas culturas, novas oportunidades, é um aspeto a contrapor a um discurso que salienta, sobretudo, o lado atávico dos constrangimentos que temos”, afirmou.

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Ex-MNE polaco agradece aos EUA por sabotagem nos gasodutos Nord Stream 1 e 2

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Setembro 2022

O atual eurodeputado do PPE agradeceu aos EUA pela alegada sabotagem nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que ligam diretamente a Alemanha à Rússia.

O eurodeputado polaco Radoslaw Sikorski, do grupo político PPE – do qual o PSD faz parte –, agradeceu esta terça-feira aos Estados Unidos por terem alegadamente provocado danos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2.

Numa publicação na sua conta na rede social Twitter, acompanhada de uma fotografia em que é possível ver uma das três fugas de gás detetadas, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, durante o governo de Donald Tusk, afirmou “Obrigada, EUA”.

Como dizemos em polaco, uma coisa pequena, mas muita alegria“, acrescentou Sikorski, marido da escritora Anne Applebaum, numa outra publicação na mesma rede social, com a mesma fonte.

Em outro tweet, Sikorski escreve que os “danos no Nordstream reduzem o espaço de manobra de Putin. Se quiser retomar o fornecimento de gás para a Europa, terá que conversar com os países que controlam os gasodutos Brotherhood e Yamal”, ou seja, com a Ucrânia e a Polónia.

Esta terça-feira, foram detetadas três fugas de gás, das quais duas foram sinalizadas nos tubos do Nord Stream 1, junto à Suécia, a que se soma uma outra fuga num tubo do Nord Stream 2, a sudeste da ilha dinamarquesa de Bornholm. Segundo a Reuters, as fugas no gasoduto estão a resultar na formação de bolhas de gás natural no Mar Báltico.

Alemanha, Polónia e Dinamarca acreditam que existem suspeitas de que as recentes ruturas nos dois gasodutos do Nord Stream tenham sido intencionalmente provocadas. De acordo com uma autoridade de segurança alemã, citada pela Bloomberg, os indícios apontam para uma causa violenta da rotura e não um simples problema técnico.

As declarações alemãs surgem na sequência daquelas proferidas pelo primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, que esta manhã lançou um alerta para uma possível sabotagem, enquanto a homóloga dinamarquesa, Mette Frederiksen, não excluiu, para já, essa possibilidade, afirmando ser “difícil imaginar que se trate de uma coincidência”, avança a Reuters.

Esta possibilidade não é rejeitada pela Rússia, que desde o início do mês não tem enviado gás para a Europa através do Nord Stream 1 por alegada falta de condições técnicas. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ainda é prematuro falar em sabotagem, mas lembrou que nenhuma hipótese “pode ser eliminada”.

Já a dona do gasoduto, a estatal russa Gazprom, voltou a reiterar que ainda não é possível saber quando é que o Nord Stream 1 voltará a funcionar.

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“Não há guerra nenhuma relativamente à água” com Espanha, diz ministro do Ambiente

  • Lusa
  • 27 Setembro 2022

"Acreditamos que Espanha tem do seu lado, também, o respeito pelos compromissos internacionais que assume”, disse Duarte Cordeiro.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, disse esta terça-feira que “não há guerra nenhuma relativamente à água” com Espanha e referiu que o Governo irá “continuar a privilegiar o diálogo” sobre o assunto.

Não há guerra nenhuma relativamente à água. Há sim, da parte de Portugal e de Espanha, trabalho conjunto e permanente (…) e aquilo que é uma compreensão relativamente a um ano particularmente difícil do lado de cá e do lado de lá”, disse o governante em Manteigas, no distrito da Guarda, à margem de uma visita a obras de estabilização de emergência na serra da Estrela e de uma reunião com autarcas da área afetada pelo incêndio de agosto.

Durante Cordeiro referiu que, no tocante ao assunto da água, os Governos dos dois países vão privilegiar “a comunicação conjunta” e “o contacto conjunto”. “Nós temos estado em contacto com Espanha, relativamente àquilo que são as responsabilidades que ambos os países têm relativamente a compromissos internacionais que assumem e vamos, naturalmente, como sempre o fizemos, respeitar aquilo que são os compromissos internacionais. E, obviamente, acreditamos que Espanha tem do seu lado, também, o respeito pelos compromissos internacionais que assume”, declarou.

Referiu, ainda, que “qualquer situação que diga respeito à compreensão de problemas que estejam a ser vividos, têm que ser, naturalmente, dialogados, conversados e discutidos entre os dois países”. “É isso que nós vamos continuar a fazer”, afirmou, assumindo que a seca é um problema estrutural e o Governo irá “continuar a privilegiar o diálogo, que é a forma correta de resolver os problemas”.

No dia 22, a delegada do Governo central espanhol na região autónoma de Castela e Leão, Virgínia Barcones, disse que Espanha vai manter a passagem de água dos rios para Portugal e respeitar os caudais acordados bilateralmente. “Espanha é um Estado sério que cumpre os acordos internacionais que assina”, assegurou Virgínia Barcones, em resposta a questões dos jornalistas na cidade espanhola de León, citada pela agência de notícias EFE.

A representante do Governo central espanhol na região autónoma de Castela e Leão, que faz fronteira com os distritos de Bragança e da Guarda, acrescentou que, em Portugal, o destino da água de rios partilhados pelos dois países “tem as mesmas restrições por causa da seca do que em Espanha”.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática também lembrou que foi publicada uma resolução do Conselho de Ministros que determina que, a partir de 1 de outubro, ocorra uma suspensão temporária nos recursos hídricos de 15 albufeiras, “até que sejam alcançadas as cotas mínimas da sua capacidade útil que venham a ser estabelecidas”.

“Isso é feito como uma reserva para o período que nós vamos viver nos próximos meses, para garantir a segurança no abastecimento de energia”, explicou Duarte Cordeiro. A medida do Governo insere-se no contexto do reforço das medidas de segurança energética e foi adotada “para acrescentar um nível de caudal para reforçar a segurança energética do país”.

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