Índices para revisão de preços nas empreitadas caíram mais de 2% num ano

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Junho 2024

Entre os índices que caíram em fevereiro passado face há um ano incluem-se os azulejos e mosaicos, o vidro, a caixilharia em alumínio adonizado, o tubo de PVC e as madeiras.

Os índices de custos de materiais e de equipamentos de apoio, indicadores usados para refletir a variação dos custos numa empreitada, caíram 2,05% em fevereiro face ao mês homólogo, segundo um aviso publicado esta segunda-feira em Diário da República.

Para “dotar o setor das obras públicas de dados atualizados acerca da evolução dos custos submetidos a revisão de preços”, são publicados os valores dos índices de materiais e equipamentos de apoio, relativos ao mês de fevereiro de 2024, fixados através da aprovação do Conselho Diretivo do IMPIC, I.P, refere.

Entre os materiais que descem de custo, destacam-se o do vidro, que baixou para 111,2 face aos 115,1 fixados no período homólogo; o do aço em varão e perfilados, que passou de 385,6 para 333,3; ou o do tubo de PVC, de 248,5 para 218,4.

Já o índice referente ao cimento em saco subiu de 252,5 em fevereiro de 2023 para 262,9 um ano depois, o dos betumes em tambores passou de 524,9 para 546,0 e o das tintas para construção civil subiu para 409,1 em relação aos 395,4 fixados em fevereiro do ano passado.

O índice de equipamentos de apoio também subiu em fevereiro, passando para 135,1, o que compara com o valor de 133,4 fixado no mesmo mês de 2023.

As fórmulas desenhadas na revisão de preços têm como objetivo encontrar o coeficiente de atualização a aplicar ao preço inicial contratado.

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Quase todos os concelhos já têm antenas 5G das três operadoras

Em cinco concelhos do país, só estão presentes duas das três operadoras. Mas, em 303 dos 308 municípios, existem estações de quinta geração da Meo, Nos e Vodafone.

O mais recente balanço da Anacom sobre o desenvolvimento da quinta geração móvel mostra que, no final do primeiro trimestre, 303 dos 308 concelhos do país já dispunham de antenas 5G das três principais operadoras, Meo, Nos e Vodafone. Há pelo menos uma estação 5G em cada município (já havia desde o final do ano passado), bem como em 70% das freguesias, segundo o regulador.

No final do mês de março, Portugal tinha 9.999 estações de base com tecnologia 5G, um aumento de 12% em relação ao final de dezembro de 2023. A informação, recolhida pela Anacom, é reportada pelas próprias empresas de telecomunicações.

Segundo o regulador liderado por Sandra Maximiano, os dados “comprovam o crescimento das redes 5G em Portugal, mas revelam também que não existe uma distribuição homogénea ao longo do território, verificando-se que é ao longo da faixa litoral ocidental, principalmente entre Viana do Castelo e Setúbal, e da faixa litoral meridional (Algarve), que a concentração do número de estações é maior”, indica num comunicado.

É neste contexto que a Anacom destaca que quase todos os concelhos do país (303 em 308) têm antenas 5G das três operadoras, pelo que, “em relação ao trimestre anterior, são mais sete concelhos que passam a contar com a presença dos três operadores móveis com rede própria”, refere o regulador das comunicações.

Também destaca que já não existe nenhum concelho só com um operador. Ou seja, os cinco municípios que ainda não têm presença das três maiores empresas de telecomunicações de Portugal já dispõem de dois fornecedores de serviços 5G.

Segundo a Anacom, a Nos é a única operadora que tem estações 5G em todos os concelhos. A Vodafone está presente em 306 e a Meo em 305.

Analisando por freguesias, constata-se que ainda existem muitas sem qualquer infraestrutura 5G, principalmente de baixa densidade populacional. “A área total das freguesias onde não existem estações 5G representa 15% do território nacional e, de acordo com o Censos 2021, corresponde a cerca de 8% da população nacional”, refere a entidade reguladora.

Visto de outra perspetiva, só 36% das antenas 5G estão em freguesias de baixa densidade, mas, do total destas freguesias, 65% dispõem de pelo menos uma estação de quinta geração.

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Dívida pública cresce 2,5 mil milhões de euros em abril

Esta subida "refletiu o acréscimo de 1,9 mil milhões de euros dos títulos de dívida", indica o Banco de Portugal.

A dívida pública aumentou em 2,5 mil milhões de euros em abril, para atingir 273,4 mil milhões, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) esta segunda-feira. Depois de uma queda no final do ano passado, a dívida voltou a subir e está agora nos níveis mais altos desde setembro de 2023.

“Esta subida refletiu o acréscimo de 1,9 mil milhões de euros dos títulos de dívida (Bilhetes e Obrigações do Tesouro) e o aumento de 0,7 mil milhões de euros dos empréstimos, sobretudo de curto prazo”, indica o BdP. Em abril, o IGCP realizou três leilões de Obrigações do Tesouro com maturidades entre cerca de dez e vinte anos.

O banco central português indica ainda que os depósitos das Administrações Públicas “totalizaram 12 mil milhões de euros, o que corresponde a uma redução de 1,8 mil milhões de euros relativamente a março”. Se for deduzida desses depósitos, a dívida pública aumentou 4,3 mil milhões de euros, para 261,4 mil milhões de euros.

A dívida pública tinha-se reduzido bastante no final do ano passado, pela mão de Fernando Medina enquanto estava ao leme das Finanças, ficando abaixo dos 100% do PIB. No entanto, os dados do primeiro trimestre mostram que o rácio da dívida pública voltou a superar esse limite, situando-se nos 100,5% no final de março.

(Notícia atualizada às 11h25)

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Euribor cai para novo mínimo a três meses e sobe a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

A taxa Euribor desceu esta segunda-feira a três meses para um novo mínimo desde setembro de 2023 e subiu a seis e 12 meses face a sexta-feira.

A taxa Euribor desceu esta segunda-feira a três meses para um novo mínimo desde setembro de 2023 e subiu a seis e 12 meses face a sexta-feira, depois de ter fechado maio com uma média mais baixa nos três prazos.

Com as alterações desta segunda-feira, as Euribor continuaram em valores muito próximos, mas a taxa a três meses, que recuou para 3,782%, manteve-se acima da taxa a seis meses (3,755%) e da taxa a 12 meses (3,722%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro, avançou esta segunda-feira para 3,755%, mais 0,010 pontos, depois de ter subido em 18 de outubro para 4,143%, um máximo desde novembro de 2008. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a março apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 36,6% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 34,3% e 24,9%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, também subiu esta segunda-feira para 3,722%, mais 0,011 pontos do que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses recuou, ao ser fixada em 3,782%, menos 0,003 pontos e um novo mínimo desde 01 de setembro de 2023, depois de ter avançado em 19 de outubro para 4,002%, um máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor em maio desceu a três, seis e 12 meses, mas mais acentuadamente do que em abril e nos prazos mais curtos. A média da Euribor em maio desceu 0,073 pontos para 3,813% a três meses (contra 3,886% em abril), 0,052 pontos para 3,787% a seis meses (contra 3,839%) e 0,021 pontos para 3,681% a 12 meses (contra 3,702%).

Entretanto, o mercado já aguarda a reunião de política monetária do BCE na quinta-feira, na qual se espera que o organismo corte as taxas de juro em 25 pontos base, que seria o primeiro corte desde março de 2016.

Esta descida, a concretizar-se, deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação. Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

Na última reunião de política monetária, em 11 de abril, o BCE manteve as taxas de juro de referência no nível mais alto desde 2001 pela quinta vez consecutiva, depois de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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JinkoSolar alcança recorde com nova célula solar em Tandem de Perovskita

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  • 3 Junho 2024

A célula solar em Tandem de Perovskita baseada em TOPCon tipo N, lançada pela JinkoSolar, estabeleceu um novo recorde. Esta opção conseguiu uma eficiência de conversão de 33,24%.

A JinkoSolar Holding Co., Ltd., um dos maiores e mais inovadores fabricantes de módulos solares do mundo, anunciou um avanço significativo no desenvolvimento da sua célula solar em Tandem de Perovskita, baseada em TOPCon tipo N.

O Instituto de Microssistemas e Tecnologia da Informação de Xangai, da Academia Chinesa de Ciências, testou esta célula solar e registou um alcance de eficiência de conversão de 33,24%, um salto significativo para além do anterior recorde da JinkoSolar de 32,33% para o mesmo tipo de células em Tandem. Este feito bate o recorde mundial de eficiência e potência de saída para produtos fotovoltaicos 26 vezes.

A célula solar em Tandem de Perovskite, que bateu o recorde, utilizou a célula solar monocristalina TOPCon tipo N de alta eficiência da JinkoSolar como célula de base. Este avanço na eficiência de conversão da célula solar em Tandem de Perovskite/TOPCon foi conseguido através de vários materiais e inovações tecnológicas, onde se inclui a tecnologia de contacto passivado de poli-Si ultrafino, a nova tecnologia de captação de luz, a camada de recombinação intermédia com elevada transmitância de luz e elevada mobilidade de portadores e a tecnologia de passivação de superfície eficiente utilizando materiais híbridos.

Este feito demonstra a compatibilidade da TOPCon como uma tecnologia de células solares convencional com a tecnologia de células Tandem de Perovskite/Silício da próxima geração, o que ultrapassa o limite de eficiência da célula solar de silício de junção única.

Como empresa líder na indústria fotovoltaica, a JinkoSolar investe anualmente em I&D substancial para a inovação tecnológica, ao mesmo tempo que continua a construir a sua carteira de patentes e a bater recordes mundiais em realizações de I&D.

Até à data, a JinkoSolar solicitou mais de 3800 patentes globais e foram-lhe concedidas mais de 3500, que forneceram soluções energéticas de maior eficiência e melhor valor para o mercado global de energia solar fotovoltaica com avanços tecnológicos contínuos.

“Este avanço histórico destaca, mais uma vez, a determinação da JinkoSolar em ultrapassar continuamente os limites através de fortes capacidades de inovação tecnológica. Também estabelece uma base técnica sólida para o desenvolvimento contínuo da empresa. Acreditamos que, à medida que continuarmos a aprofundar a nossa investigação científica e tecnologia, contribuiremos para a construção de uma nova estrutura energética mais verde e sustentável“, afirmou Jin Hao, CTO da JinkoSolar.

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RAR vende fábrica da Colep Consumer Products no Brasil. Lucros do grupo disparam para 34,5 milhões

Após fechar duas fábricas na Alemanha, empresa de Vale de Cambra abandona produção no Brasil e concentra fabrico em Portugal, Polónia e México. Grupo RAR mais do que duplica lucros para 34,5 milhões.

A portuguesa Colep Consumer Products (CCP) abandonou a operação industrial no Brasil no início deste ano, poucos meses depois de ter concretizado o encerramento de duas fábricas na Alemanha, em Bad Schmiedeberg e Laupheim, com o objetivo de “otimizar a sua presença industrial na Europa”.

“O Brasil continuou a ser um mercado desafiante e volátil em 2023, o que levou a Colep Consumer Products a decidir uma saída estratégica deste mercado através da venda das suas participadas, concluída em janeiro de 2024”, revela o grupo RAR no relatório e contas relativo ao exercício de 2023, consultado pelo ECO.

A venda da fábrica em Louveira (São Paulo) mostra que a empresa portuguesa não conseguiu inverter o ciclo negativo do outro lado do Atlântico. No anterior relatório já tinha admitido que o “plano de melhoria para habilitar a operação a enfrentar condições de mercado difíceis” não estava a produzir os “resultados esperados”.

A contract manufacturer de produtos para cosmética, cuidado pessoal, cuidados para o lar e produtos farmacêuticos de venda livre concentra a atividade industrial em Portugal (Vale de Cambra), na Polónia (Kleszczów) e no México (Santiago de Querétar), onde as vendas aumentaram 30% em 2023 e através da qual abastece os clientes norte e centro-americanos. No Oriente tem uma parceria (ACOA) que envolve sócios japoneses, australianos e indianos.

Em termos consolidados, a Colep Consumer Products, que emprega 1.094 pessoas, aumentou as vendas de 260 milhões de euros em 2022 para 306 milhões de euros em 2023, “principalmente impulsionadas pelo impacto do aumento dos preços das matérias-primas e dos volumes produzidos”. “Uma gestão eficaz dos custos operacionais e um mix de produtos mais rentável permitiram que o EBITDA aumentasse de 27,2 milhões em 2022 (versão reexpressa) para 41,4 milhões de euros em 2023”, contabiliza.

Este foi o segundo exercício completo desde que, no verão de 2021, a Colep concretizou a cisão das unidades de negócio de produtos de consumo e de embalagens. Na sequência desta operação, a antiga Colep Portugal passou a designar-se Colep Consumer Products – agora com “particular ênfase na inovação de produto nas categorias de beleza e cuidados pessoais” -, enquanto a área de embalagens assumiu a designação Colep Packaging e passou a ser liderada por Paulo Sousa, um “homem da casa”.

Reportagem na Colep Packaging - 09FEV24
Paulo Sousa, CEO da Colep PackagingRicardo Castelo/ECO

Apresentada como uma das principais produtoras europeias de embalagens metálicas e em plástico para a indústria, a Colep Packaging, que tem um total de 626 trabalhadores, viu as vendas baixarem 14% no ano passado, para 128 milhões de euros, um “decréscimo fortemente influenciado pela redução de consumo nos segmentos em que opera”.

Além das fábricas em Portugal (Vale de Cambra), na Polónia (Kleszczów) e em Espanha (San Adrián), onde em 2022 adquiriu uma participação de 40% na catalã ALM Envases, que permitiu entrar no mercado de aerossóis de alumínio, assinou em 2023 uma joint-venture com o Envases Group para a construção de uma fábrica de aerossóis metálicos no México, num investimento inicial superior a 28 milhões de euros, que deverá iniciar a atividade em 2024.

Do açúcar às saladas, vendas superam 1.000 milhões

Com um total de 3.650 trabalhadores, o grupo RAR ultrapassou em 2023 a fasquia dos 1.000 milhões de euros de volume de negócios (vs. 971,9 milhões em 2022) e viu os lucros mais do que duplicarem face ao ano anterior, para 34,5 milhões de euros. O EBITDA atingiu os 89 milhões, um crescimento homólogo de 24%. Nuno Macedo Silva fala num “ano positivo, com os principais negócios com uma boa evolução, apesar de um ambiente volátil de mercados, afetados por dois conflitos internacionais ativos, níveis de inflação ainda elevados e consequentes taxas de juro altas”.

“Perspetiva-se um novo exercício ainda mergulhado nas muitas incertezas instaladas e condicionado pelo mais recente constrangimento do canal do Suez, que poderá fazer renascer complicações na logística internacional. No entanto, os sinais de baixa da inflação e a adivinhada descida das taxas de juro virá, com certeza, aliviar o ambiente económico e permitir abraçar com mais confiança novos investimentos”, sublinha o presidente do grupo empresarial sediado no Porto.

Fundado há 62 anos, o Grupo RAR tem origem no açúcar, um negócio que ainda mantém e que em 2023 teve “um dos melhores exercícios de sempre, atingindo um EBITDA de cerca de 15 milhões de euros, fruto de uma gestão criteriosa das suas margens e de um controlo efetivo dos seus custos de exploração, num ano marcado por condições favoráveis no mercado europeu de açúcar”. Nesta empresa, que emprega 181 pessoas e registou vendas de 128,9 milhões, está em curso um “ambicioso plano de investimento na sua infraestrutura, o que permitirá uma expansão de capacidade de produção e uma operação mais eficiente”.

O grupo nortenho detém ainda a Vitacress, negócio de saladas e ervas aromáticas que está a expandir a área de cultivo para aumentar a exportação para Inglaterra, Espanha e França; e a empresa de comércio de matérias-primas para a indústria agroalimentar Acembex, que acaba de entrar no segmento dos pellets de madeira e em 2023 faturou 239,4 milhões de euros e movimentou cerca de 800 mil toneladas. Este que é um dos maiores operadores nacionais de cereais (trigo, milho, arroz, cevada) reclama uma quota de 19% na importação de cereais e coprodutos em Portugal, um mercado de cerca de 4 milhões de toneladas.

Novo condomínio na Foz, apesar da “instabilidade política”

Finalmente, através da RAR Imobiliária, direcionada para o segmento alto do mercado habitacional, registou um volume de negócios de 12,2 milhões em 2023, um ano “marcado por um cenário de abrandamento no setor imobiliário”. No mais recente relatório e contas, assume vislumbrar “desafios imediatos como os custos de construção, as dificuldades com licenciamento e financiamento, e a instabilidade política”.

No que toca aos projetos em curso, iniciou recentemente a segunda fase da obra do projeto “Boavista 5205”, situado na Avenida da Boavista, no Porto, próximo do mar e do Parque da Cidade, garantindo já ter comercializado quase 40% deste projeto. Já o projeto “Novo Parque”, localizado em Matosinhos, estava comercializado em 94% no final do ano passado, esperando terminar a construção e realizar a totalidade das escrituras relativas a este projeto até ao final deste ano.

“Sempre atenta a novas oportunidades”, como sublinha o grupo neste documento anual, a RAR Imobiliária comprou o projeto “Montebelo Villas”, situado na Foz Velha, no Porto, onde pretende desenvolver um condomínio de 12 moradias, a iniciar em 2024.

Relativamente à Quinta de S. José de Ribamar, em Algés, e ao projeto Tibãesgolfe, em Braga, “estão a ser analisadas alternativas para o seu desenvolvimento ou para a sua alienação”. Em desenvolvimento está também o projeto de S. Simão da Junqueira, em Vila do Conde, com reuniões com a autarquia “no sentido de o tornar um investimento mais atrativo, dada a sua dimensão”.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h30)

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“Apostamos na criação de um ecossistema nacional de dados em saúde”

  • ECO
  • 3 Junho 2024

No encerramento da 2ª Conferência ECO Saúde e Economia, esteve presente Cristina Vaz Tomé, Secretária de Estado da Gestão da Saúde, que partilhou algumas das medidas a serem implementadas.

A segunda Conferência ECO Saúde e Economia, que se realizou na passada terça-feira, dia 28 de maio, no estúdio do ECO, teve como tema o “Impacto da Saúde na Economia Nacional” e ficou marcada pela presença de Cristina Vaz Tomé, Secretária de Estado da Gestão da Saúde, que fez o encerramento da sessão e partilhou algumas das prioridades a serem postas em prática nos cuidados de saúde.

“O impacto da saúde na economia é um dos aspetos cruciais na minha função como secretária de Estado da Gestão da Saúde.
A saúde contribui diretamente para o bem-estar da sociedade e para a criação de riqueza, o que justifica as despesas e investimentos com ela“, começou por dizer.

Ainda assim, Cristina Vaz Tomé reconheceu que a natureza da procura de cuidados de saúde está a mudar, em resultado do envelhecimento e da prevalência crescente de doenças crónicas: “Estes factos constituem um desafio para o sistema de prestação de cuidados de saúde que, para funcionarem de forma eficaz e eficiente, têm necessariamente que adotar uma cultura e mecanismos de gestão mais exigentes, que lhes permitam ter controlo sobre a atividade e que sejam motivadores dos profissionais de saúde“.

Se tal não acontecer, “os custos serão desnecessariamente elevados, com qualidade potencialmente reduzida, o que representa um risco para a sociedade e um custo para a economia nacional”. Nesse sentido, para se aumentar o valor através da reforma dos sistemas de prestação de cuidados de saúde, em especial tendo em conta o contexto atual de mudança, a secretária de Estado apontou que os vários pontos aos que se devem dar prioridade.

Ter “cuidados de saúde prestados em locais com custos mais controlados, tendo sempre no centro o benefício do cidadão, o que exige maior integração entre sistemas público, social e privado, para fazer face aos efeitos ineficazes da fragmentação da prestação de cuidados de saúde e melhorar a qualidade do serviço” foi a primeira medida anunciada por Cristina Vaz Tomé, que considera que “a prevenção e promoção da saúde tem também de estar no centro da prestação de cuidados de saúde”.

“A transferência da prestação de cuidados de saúde para contextos de custos mais baixos” foi outro dos pontos mencionados: “Se é possível prestar mais cuidados no âmbito dos cuidados primários, será necessário prestar menos cuidados em contextos de utilização mais intensiva de recursos. Isto está relacionado com as necessidades específicas dos doentes, com doenças crónicas, embora outros doentes também possam beneficiar”, continuou.

Ainda sobre os doentes com doenças crónicas e, frequentemente, com co morbilidades, a secretária de Estado enalteceu a necessidade destes de terem acesso a uma vasta gama de serviços no âmbito dos cuidados primários e secundários e a urgência de melhorar a infraestrutura de coordenação, através do desenvolvimento de sistemas e tecnologias de informação eficazes.

Além disso, foram ainda referidas como prioridades a “introdução de coordenadores de cuidados que podem concentrar-se no percurso dos cuidados do doente e aliviar o médico de família ou o doente deste encargo”, bem como a “eliminação dos desperdícios”: “O desperdício pode criar ineficiências e ser suscetível de comprometer a realização de objetivos pré acordados. É um gigantesco desafio, mas urge começar a identificar os indicadores certos e implementar os mecanismos que permitam medir e controlar a prestação de serviços de saúde”.

“A sustentabilidade do SNS implica uma transformação que resultará em oportunidades em termos económicos. É inegável que o atual contexto determina que precisamos de mais digitalização, mais reutilização de dados em proveito do cidadão, mais prevenção na saúde, melhor gestão dos recursos. A este propósito, vale a pena referir as agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, que encorajam o desenvolvimento de startups de saúde e a atração para Portugal de líderes nesta área”, ressalvou.

No seu conjunto, Cristina Vaz Tomé considera que “é expectável que estes projetos, até ao final de 2025, gerem mais de 114 novos produtos ou serviços“: “Este quadro terá a natural correspondência no aumento dos postos de trabalho qualificados, assim como nas receitas e exportações. Deste modo, contribuímos para a construção de um ecossistema que cria mais valor em saúde e para a economia nacional”.

“O nosso compromisso nestas matérias é claro: queremos garantir o acesso universal aos cuidados de saúde, com recurso a todos os meios públicos, privados e sociais. Para isso, apostamos na criação de um ecossistema nacional de dados em saúde, enquadrado no sistema europeu de dados em saúde e na implementação do registo eletrónico de saúde, suportado numa política digital e de IA controlada. Apostamos no desenvolvimento e aceleração dos centros académicos clínicos, em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação, com impacto nos resultados de saúde dos doentes e na conceção e produção industrial de produtos e serviços”, revelou.

A secretária de Estado acrescentou, ainda, que, no âmbito do ecossistema da ciência, há um foco em criar condições para multiplicar por três o número de ensaios clínicos que se realizam hoje em Portugal, de forma a promover o desenvolvimento de um ecossistema de quadros diferenciados e especializados nas ciências da saúde: “Pretendemos a abertura de projetos-piloto de unidades de saúde familiar modelo C, em parceria público-privada, ou público-social, destacando-se pela sua gestão avançada em autonomia“.

A saúde também pode e deve ser o motor do desenvolvimento económico e social do país, capaz de consolidar Portugal como um hub de desenvolvimento da economia da saúde”, concluiu.

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2ª Conferência ECO Saúde e Economia dá palco à Inteligência Artificial

  • Cláudia Pinto
  • 3 Junho 2024

O painel “Os riscos operacionais e legais da IA na Saúde” integrado na 2ª Conferência Anual ECO Saúde e Economia, no passado dia 28 de maio, reuniu três oradores que debateram os desafios atuais.

A IA veio para ficar em vários setores com um claro impacto para a economia. Em particular, na saúde, que ganhos e oportunidades, por um lado, e que riscos e restrições legais, por outro? Foi este o ponto de partida para o debate realizado entre Ana Gil Marques, Head of Legal & Compliance Siemens Healthineers Portugal, Miguel Nobre Menezes, médico cardiologista no Hospital de Santa Maria e Hospital Lusíadas Lisboa, e Maria Raimundo, consultora freelancer em tecnologia e saúde.

Entre os temas abordados, destacam-se as soluções já existentes no mercado, a aceleração de análise e execução de meios complementares de diagnóstico e a automatização da burocracia para libertar os médicos para a prática clínica, diminuindo algumas tarefas que ocupam demasiado tempo, permitindo-os dedicarem-se mais à prática clínica. Por outro lado, que riscos podem trazer as decisões baseadas em algoritmos de IA que, muitas vezes, podem não ser compreendidas e o facto de passarmos a falar com médicos virtuais em vez de se potenciar o lado humano da medicina?

Com as necessidades de IA na área da saúde, que benefícios podem ser antecipados? O que podem esperar os doentes, mas também os profissionais? Foram estes os temas do segundo painel da Conferência, que destacou também os imperativos legais e a atualização do Regulamento mais atual que define as regras para a utilização dos sistemas de IA em vários setores, como o da saúde.

Os oradores convidados para este painel abordaram as prioridades específicas, mas também as preocupações na sua área de atuação. Concluiu-se ainda que neste caminho da evolução da IA na Saúde, a equipa deve ser interdisciplinar e com profissionais de várias áreas, desde médicos, engenheiros, business development, design thinkers, entre outros.

Assista ao debate neste vídeo:

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Partidos com reservas em relação às novas regras para a imigração. Só Chega “congratula” Governo

Os cabeça de lista às europeias manifestaram preocupação quanto ao “apertar das regras” na imigração. Apenas o Chega “congratulou” o Governo por avançar nesse sentido.

Os cabeça de lista às eleições europeias admitiram ter reservas quanto ao apertar das regras para o controlo da imigração que serão apresentadas esta segunda-feira pelo Governo. Apenas o Chega “congratulou” o Executivo de Luís Montenegro por ter dado o passo nesse sentido, argumentando que fronteiras em Portugal estão de “portas escancaradas”.

Se forem cumpridas, achamos muito bem“, afirmou António Tânger-Corrêa, esta segunda-feira durante o último debate entre os oito cabeça de lista às eleições europeias de 9 de junho. Para o diplomata, embora as novas regras aparentem ser positivas, face ao aumento dos processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), é necessário que as “regras existentes” sejam aplicadas para regularizar os imigrantes que já estão em território nacional.

Em causa estão as notícias de que o Governo irá apresentar esta tarde um plano para as migrações, no qual será anunciado o fim da chamada “manifestação de interesse”, um mecanismo obtido junto da AIMA que, pelo tempo que demora a ter resposta, acaba por ser uma fórmula de legalização automática de imigrantes desde que completem pelo menos 12 meses de descontos para a Segurança Social. O plano deverá ter mais de três dezenas de medidas e incluirá também, neste contexto, a exigência de um contrato de trabalho para os imigrantes que a partir de agora entrem no país, mas esse contrato terá de ser apresentado nos consulados portugueses dos países de origem.

“Os imigrantes que cá estão é urgente legalizar” continuou o candidato pelo Chega, alertando que em muitos casos vivem em “situação sub-humanas”, nomeadamente, em tendas na rua nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa. “Não deve entrar mais ninguém sem tratar os que estão aqui“, apelou.

Do lado da cabeça de lista do PS, Marta Temido, este “apertar de regras” anunciado pelo Governo pode contribuir para um “estreitar da tipologia de imigrantes” que o país está disposto a receber.

Sublinhando que o país precisa de “imigração qualificada”, a candidata socialista não esquece que existem “setores com mais necessidades”, como a restauração, construção civil e setor social, e que beneficiam da entrada destes cidadãos. “A grande preocupação é que 74% das pequenas e médias empresas (PME) têm escassez de mão-de-obra”, sublinhou durante a sua intervenção no debate.

Sebastião Bugalho, por seu turno, evita fazer juízos de valor sobre o plano do Governo, argumentando desconhecer a sua essência, no entanto sublinha que “acabar com a política de manifestação de interesse e introduzir o contrato de trabalho poder se útil para reduzir a imigração ilegal”.

“Não pode haver medo de resolver os problemas”, disse o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) quando questionado sobre de que forma encara o anúncio do Governo. “Não acredito que sejam regras mais apertadas“, disse.

Francisco Paupério, em sentido contrário, aponta que existem estudos que concluem que “apertar regras leva a maior imigração ilegal” e que para o Livre “é muito preocupante que a direita democrática está a cooptar um discurso perigoso que associa insegurança a imigração”.

Sobre o plano de imigração do Governo e se existe um aperto de regras, o cabeça de lista do Livre diz que se está a ir “na oposição oposto à que a UE quer que é da solidariedade e cooperação”.

A preocupação com o “discurso de medo” proferido pelo Chega também é levantada pela candidato do PAN que alerta as regras atualmente em vigor devem ser suficientes para dar resposta aos mais de 450 mil casos pendentes na AIMA. “Urgente é o Governo pôr a AIMA a funcionar e dar uma resposta humanitária”, afirmou Pedro Fidalgo Marques, durante a sua intervenção.

O candidato da CDU também não se atravessa em fazer uma avaliação do plano, mas sublinha que a prioridade do Governo devia estar em “concentrar esforços na capacidade dos serviços públicos assegurarem a regularização” de acordo com a legislação em vigor, e não em alterar regras.

Quanto mais se apertam regras aos imigrantes mais se dificulta a sua regularização. Mais regras não significam mais regularização“, disse João Oliveira durante a sua intervenção.

A posição é partilhada pelo candidato da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo que admitiu que fosse “bom que as regras de hoje fossem aplicadas”, mas que até ser conhecido o plano do Governo, prefere “guardar os comentários.

Estar a pôr novas regras que possivelmente não vão ser cumpridas” é uma forma de “legislar sem conhecer” o impacto das regras anteriores”, defende o liberal, que destacou como prioridade “a integração das pessoas que querem escolher Portugal para viver”.

Do lado do Bloco de Esquerda, é “inaceitável” que o Governo decida “apertar a regras” ao invés de cumprir as existentes. “Temos centenas de milhares de migrantes que já estão em Portugal há anos a trabalhar e descontar e não têm a situação regularizada“, alertou Catarina Martins, considerando que essa “é a principal urgência” que deve ser resolvida pelo Governo.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h35)

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Tecnologia, recursos humanos e responsabilidade pessoal: a trilogia para a sustentabilidade do sistema de saúde

  • ECO
  • 3 Junho 2024

Os desafios do setor privado foram um dos temas abordados na 2ª Conferência ECO Saúde e Economia. Responsáveis apontam que será necessário investir fortemente em tecnologia e nos recursos humanos.

Bruno Gomes, CEO da Trofa Saúde, e Luís Drummond Borges, Chief Commercial Officer da Lusíadas Saúde, alertam que face ao envelhecimento da população e sobrecarga do sistema, os cidadãos terão de assumir uma maior responsabilidade pessoal, adotando hábitos de vida mais saudáveis. Vai ainda ser necessário investir fortemente em tecnologia, nos recursos humanos e na otimização. O reforço da capacidade do SNS deve passar por um “processo de especialização”, já o setor privado vai continuar a crescer, com os dois responsáveis a apontarem para fortes investimentos nos próximos anos. Opiniões deixadas durante a 2ª Conferência ECO Saúde e Economia, que aconteceu no dia 28 de maio, nos estúdios do ECO, em Lisboa.

A despesa dos portugueses com a saúde tem vindo a aumentar ano após ano, tendência que vai manter-se, antecipam os gestores. “A verdade é que a despesa na saúde vai continuar a aumentar e, na realidade, nunca o setor privado nem o setor público produziu tanto, mesmo continuando com listas de espera“, começou por dizer Bruno Gomes.

“Neste momento, cerca de 25% da população tem mais de 65 anos. E estima-se que, dentro de 10 anos, seja cerca de 35%. Se nada for feito, se não houver um investimento em recursos humanos e em tecnologia, será, claramente, incomportável”, afirmou o CEO da Trofa Saúde.

As pessoas estão a viver mais tempo com menos qualidade de vida. Para inverter isto, vai ser preciso chamar à responsabilidade cada um de nós porque os nossos hábitos de vida, em termos de exercício físico, em termos cognitivos, em termos mentais.

Bruno Gomes

CEO da Trofa Saúde

“As pessoas estão a viver mais tempo com menos qualidade de vida. Para inverter isto, vai ser preciso chamar à responsabilidade cada um de nós porque os nossos hábitos de vida, em termos de exercício físico, em termos cognitivos, em termos mentais, vão ter de evoluir para assumirmos mais proatividade nessa gestão. E aí, mesmo a saúde privada e pública também têm responsabilidade de criar essa sensibilidade e esse despertar de responsabilidade pessoal“, acrescentou.

A solução passa ainda por “colocar na mesma mesa os médicos, os enfermeiros, os gestores, a indústria, e quem pode desenvolver tecnologia no sentido de otimizar o tempo destes players todos e otimizar a relação que podemos ter entre os hospitais e essas pessoas”, referiu ainda o responsável do grupo Trofa Saúde, salientando que se será necessário “investir em tecnologia e profissionais de saúde, mas também investir na responsabilidade individual que cada um tem e aí, mais uma vez, a tecnologia na palma da mão pode dar uma ajuda.

“Além disso, com uma população cada vez mais envelhecida, vamos ter de nos especializar de alguma forma a gerir essa faixa etária para que essas pessoas não consumam demasiados níveis de serviços de saúde“, concluiu.

O CCO do Lusíadas Saúde referiu que o “crescente custo que se tem vindo a verificar ao nível do sistema como um todo, mas no SNS em particular, nasce de uma elevada desformatação da capacidade instalada e da remuneração dos recursos. O que acontece é que a remuneração que é hoje atribuída aos profissionais de saúde gera mecanismos de distorção do sistema, nomeadamente nos planos que se têm vindo a implementar. Nós remuneramos os profissionais ao nível do SNS e depois fomos remunerar complementarmente por produção executada, não medindo a produtividade efetiva na sua produção de base. Isto é um problema intrínseco do sistema, não só na remuneração dos médicos, dos serviços de enfermagem, de auxiliares”.

“Por outro lado, não deverão existir hospitais tão generalistas e é preciso fazer um processo de especialização. A política levou a que existam hospitais públicos em diversos sítios onde não há necessidade objetiva da existência desses hospitais e uma dispersão de recursos pelo país, com uma proximidade que não faz sentido ter. Por exemplo, os grandes hospitais privados têm uma única unidade de obstetrícia que faz partos. O SNS precisa também de fazer o processo de especialização. É preciso, se calhar, fechar hospitais de uma forma definitivae a arredar considerações políticas do circuito”, continuou.

A aposta na saúde mental

Há três grandes áreas com grande desenvolvimento no tempo – oncologia, neurociências e a cardiovascular. Na parte de neurociências, há mais desenvolvimento pelo facto de as pessoas estarem cada vez mais sensibilizadas. Neste momento, todos nós estamos muito mais sensibilizados para a questão emocional, psicológica e de neurociências, do que estávamos no passado e isso, naturalmente, leva a que haja muito mais procura de cuidados de saúde nessa área”, disse Bruno Gomes.

O grupo Trofa Saúde tem um Hospital de Neurociências, no norte do país, que já colaborou com o SNS: “Neste momento, naquela unidade temos cerca de 70 pessoas internadas, mas não trabalhamos só naquele local, trabalhamos com a rede toda, que são vinte hospitais, onde a maior parte dos tratamentos, a maior parte do diagnóstico, do acompanhamento, na parte das neurociências, não é inpatient, é no ambulatório. E, para além de ser feito com psiquiatras, é feito de uma forma multidisciplinar, onde acrescenta a psicologia e acrescenta a neurologia, quando assim é necessário. Essa é uma área que não é de futuro, ela já existe e vai existir no tempo porque, à medida que vamos envelhecendo, infelizmente uma das manifestações que temos passa pelo facto de que vamos perdendo algumas capacidades cognitivas”.

É nosso entendimento que quando nós pretendemos saber cuidar das pessoas, tudo o que tem que ver com a componente da saúde mental é essencial. E não só numa componente crónica, mas sim numa componente de prevenção, ligada aos burnouts, de promoção da saúde mental.

Luís Drummond Borges

COO do grupo Lusíadas Saúde

O Grupo Lusíadas também está a reforçar o investimento nesta área, com a aquisição recente do Hospital Lusíadas Monsanto, direcionada para a saúde mental. “É nosso entendimento que quando nós pretendemos saber cuidar das pessoas, tudo o que tem que ver com a componente da saúde mental é essencial. E não só numa componente crónica, mas sim numa componente de prevenção, ligada aos burnouts, de promoção da saúde mental. Por outro lado, também estamos a falar nas componentes ligadas a adições e a componentes que têm que ver com os comportamentos das pessoas. Cada vez mais as pessoas têm de ser responsáveis pelos próprios comportamentos e, portanto, nós pretendemos começar a atuar nesta área de uma forma mais diferenciada e, para isso, a unidade de Monsanto é um drive estratégico para que comecemos a trabalhar dentro da grande região de Lisboa, mas a nossa intenção é de que possamos ter um papel de intervenção a nível nacional“, disse Luís Drummond Borges.

Neste ponto, o responsável pelo grupo Lusíadas Saúde referiu, ainda, que estão “a verificar como será o posicionamento do próprio SNS nesta matéria, no sentido de perceber como podemos contribuir ou agir – se em complementaridade ou com o próprio SNS. Nós temos tido contacto de algumas unidades a pedir apoio nestas matérias, porque são áreas que também o próprio SNS precisa de apoio”.

Quais os investimentos prioritários?

Um dos nossos pilares passa pela proximidade, portanto a primeira parte do investimento é continuar a fazer a nossa rede no norte do país e a outra é dar à chave na Grande Lisboa para dar dimensão ao grupo. Para além disso, temos consciência de que ter mais de 1300 camas, mais de mil gabinetes e consultórios, mesmo fazendo cerca de três milhões de atendimentos de ambulatório, mesmo fazendo mais de 170 mil internamentos, ainda está muito longe da capacidade que temos para poder continuar a crescer”, partilhou Bruno Gomes.

Um dos nossos pilares passa pela proximidade, portanto a primeira parte do investimento é continuar a fazer a nossa rede no norte do país e a outra é dar à chave na Grande Lisboa para dar dimensão ao grupo.

Bruno Gomes

CEO da Trofa Saúde

Nesse sentido, o responsável da Trofa Saúde reforçou a necessidade de se entender a tecnologia “como uma ferramenta de ajuda efetiva nos percursos clínicos e administrativos, tornando-os mais eficientes, mais ajustados à realidade para permitir dedicar tempo ao mais importante, que é tratar as pessoas. Em 2025, vamos começar a receber internos, que não é uma tradição do grupo Trofa Saúde, e também estamos a começar a dar início à parte dos ensaios clínicos, na qual o grupo também nunca esteve“.

A ampliação e criação de unidades de saúde, bem como a aposta em tecnologia também estão nos planos do grupo Lusíadas Saúde: “O primeiro plano de investimento está focado nas pessoas do grupo e, portanto, há um grande investimento nos nossos colaboradores, na definição de uma lógica de carreira evolutiva, de uma remuneração efetiva, e de premiar o mérito. Portanto, é um pilar central. O outro pilar tem a ver com tecnologia. É extremamente importante investir nas componentes tecnológicas, quer seja pelo aumento da produtividade, quer seja para termos elementos diferenciadores e captação de recursos”.

No que diz respeito ao crescimento orgânico, nós olhamos para o país dividido em quatro regiões. Há a região norte, onde há uma estratégia de reposicionamento do grupo, já que o grupo precisa de ganhar massa crítica. Estamos a anunciar agora uma abertura em Paços de Ferreira de uma unidade hospitalar, e estamos a perspetivar a ampliação do nosso hospital em Braga para ter uma componente de internamento”, detalhou Luís Drummond Borges.

“Abrimos ainda agora também, em Santa Maria da Feira, uma unidade e, na zona norte, ainda falta mais dois ou três investimentos. No que respeita à Grande Lisboa, há uma necessidade de ampliação, há uma procura elevada, e nós estamos a tentar cobrir os eixos de entrada na grande Lisboa. Na região do Algarve, somos o segundo player e precisamos de fazer um crescimento estrutural. Abrimos um hospital em Vilamoura e vamos continuar o nosso processo de crescimento no Algarve, com duas unidades já programadas para um processo de abertura rápido”, concluiu o COO do grupo Lusíadas Saúde.

Assista ao debate neste vídeo:

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Vasconcelos Advogados assessora PortoBay num investimento em dois hotéis no Algarve

A equipa da Vasconcelos Advogados que assessorou a PortoBay foi liderada pelo sócio Duarte Vasconcelos e contou com a participação do associado sénior João Peixe e do associado Duarte Faria.

A Vasconcelos Advogados assessorou o grupo PortoBay na assinatura de um acordo de joint-venture com o Grupo Humbria. O acordo envolve dois projetos hoteleiros no Algarve: o PortoBay Falésia, que o Grupo já operava desde 2007, e o futuro PortoBay Blue Ocean que nascerá do atual TUI Blue Falésia.

Assim, as duas unidades, num total de 660 quartos, que passam a ser propriedade da nova joint-venture detida a 50% por cada um dos parceiros, serão operadas pela PortoBay.

Segundo o CEO António Trindade, a PortoBay dá um “passo importante” na consolidação do seu negócio algarvio, “dado que chegado a um período próximo do termo ou renovação do contrato, chegámos à conclusão que faria sentido manter não só esta exploração como crescer no Algarve, indo assim duplicar a nossa presença, a partir de agora em parceria global com o reputado Grupo Humbria”.

A equipa da Vasconcelos Advogados que assessorou a PortoBay foi liderada pelo sócio Duarte Vasconcelos e contou com a participação do associado sénior João Peixe e do associado Duarte Faria.

“Esta equipa assegurou a multidisciplinar negociação relacionada com a relação jurídica societária entre ambos os grupos empresariais, a prestação de serviços hoteleiros e a assessoria jurídica imobiliária no âmbito do elevado investimento a realizar e dos contratos de cessão de exploração de ambas as unidades hoteleiras, nas quais se preveem relevantes obras de modernização e uniformização de conceitos”, explicou o escritório em comunicado.

O Grupo Humbria foi assessorado nesta operação pelo escritório Domingos Pires & Associados, e contou com os advogados Domingos Pires e Gilda Barreto.

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Fernando Cabecinha reeleito grão-mestre do Grande Oriente Lusitano da maçonaria até 2027

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

Grande Oriente Lusitano, a mais antiga obediência maçónica em Portugal, tem 103 lojas espalhadas pelo país e 2.500 membros.

Fernando Cabecinha foi reeleito para um segundo mandato, até 2027, como grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, nas eleições que se realizaram no fim de semana.

Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano — Maçonaria Portuguesa desde 2021, Fernando Cabecinha, 70 anos, foi reeleito com cerca de 77% dos votos enquanto o adversário, Luís Natal Marques obteve 22%, de acordo com os resultados provisórios, informou a Lusa fonte da obediência.

Fernando Cabecinha foi reeleito grão-mestre do Grande Oriente Lusitano com cerca de 77% dos votos nas eleições realizadas no fim de semanaLusa 3 Junho, 2024

As eleições realizaram-se no sábado e no domingo e os resultados finais vão ser apurados pelo grande tribunal maçónico em reunião a realizar brevemente, depois de recebidas, no prazo de cinco dias úteis, os resultados nas várias lojas do Grande Oriente Lusitano.

Nas eleições de 2021, Cabecinha ganhou, à segunda volta, com 59% dos votos, batendo Carlos Vasconcelos, que teve 39%.

Com 103 lojas espalhadas pelo país e 2.500 membros (mais 100 do que no início do mandato), Fernando Cabecinha disse, numa entrevista à Lusa em dezembro que 2023, que o GOL mantém capacidade de atração de novos elementos, mesmo num tempo em que o prestígio está associado à visibilidade pública.

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