Cinven escolhe Jorge Quemada para liderar a empresa globalmente, juntamente com outros dois sócios co-diretores

  • Servimedia
  • 1 Fevereiro 2024

Jorge Quemada, sócio responsável pela equipa regional na Península Ibérica e membro do Comité Global de Investimentos e do Comité Executivo da Cinven, foi nomeado um dos três sócios co-diretores.

Ele presidirá o Comité de Investimentos e supervisionará as atividades de investimento da Cinven, enquanto continua liderando a equipe da Espanha e Portugal da empresa. Jorge Quemada, Co-CEO da Cinven, presidente do Comité de Investimentos e responsável pela equipe regional da Ibéria, participou de várias operações, como Amara NZero, HBX Group (anteriormente Hotelbeds), MasMovil, Planasa, Prezioso, RB Iberia, Tinsa, Ufinet e Ufinet International.

Anteriormente, ele trabalhou por mais de 13 anos na 3i em Madrid e Londres. Nos últimos quatro anos, foi sócio da 3i em Espanha, onde trabalhou em investimentos no mercado ibérico. Jorge Quemada possui MBA pela INSEAD e mestrado em Economia e Administração de Empresas pela Universidade Complutense de Madrid e Universidade de Paris. Quemada ingressou na Cinven em 2011.

A empresa internacional de investimentos Cinven anunciou hoje que Bruno Schick, Jorge Quemada e Supraj Rajagopalan se tornarão sócios co-diretores da empresa em partes iguais, refletindo o significativo crescimento do Oitavo Fundo da empresa, recentemente estabelecido, assim como o aumento de ativos sob gestão, número de funcionários e presença internacional. Stuart McAlpine se tornará presidente da empresa e continuará sendo membro do Comité de Investimentos.

Bruno Schick, que liderou com sucesso a estratégia de investimentos da Cinven na região DACH, presidirá o Comité de Portfólio, o comité que supervisiona a criação de valor dos fundos por meio das empresas detidas, e também supervisionará a carteira de investimentos.

E Supraj Rajagopalan, que historicamente liderou a equipa de investimentos no setor de Saúde da Cinven, dirigirá e gerenciará as operações diárias da empresa como CEO e presidirá o Comité Executivo.

Quemada, Schick e Rajagopalan determinarão a direção estratégica e o desenvolvimento da Cinven em colaboração com seu Comité Executivo, grupo de sócios e toda a equipe da Cinven, no melhor interesse dos investidores e seus beneficiários, enquanto Schick e Quemada continuam com suas responsabilidades regionais.

A evolução da equipa de gestão e a implementação deste plano de sucessão ocorrem em um momento em que o Fundo 8, o último fundo da Cinven, está a progredir com sucesso. Após ser iniciado quase um ano atrás, levantar 14,5 bilhões de dólares (13,2 bilhões de euros) e atingir o seu limite máximo (“hard cap”), o Fundo 8 já realizou dois investimentos, com a equipa da Cinven buscando formar uma carteira atraente em todos os setores e geografias. A Cinven conseguiu realizar com sucesso três processos de sucessão desde a sua independência em 1995.

A Cinven foi fundada em 1977 e tem inovado continuamente em seus quase 50 anos de história, gerando retornos atrativos para seus Limited Partners: levantou o primeiro fundo focado na Europa de mais de um bilhão de euros em 1996, liderou o primeiro MBO europeu de 1 bilhão de euros em 1998 e levantou mais de 55 bilhões de euros desde então.

Sob a liderança de Stuart McAlpine, o desenvolvimento estratégico da Cinven tem avançado consideravelmente: os ativos sob gestão aumentaram de 11 bilhões de euros para 44 bilhões de euros, e a capacidade e cobertura geográfica da empresa também se expandiram significativamente: o número de funcionários mais que dobrou, chegando a 260, com escritórios em Frankfurt, Guernsey, Londres, Luxemburgo, Madrid, Milão, Nova Iorque e Paris.

Os três novos sócios co-diretores somam mais de 50 anos de experiência na Cinven e 65 anos na indústria de investimentos em capital, e colaboraram de perto nos Comités Executivo, de Portfólio e de Investimentos de vários fundos da Cinven.

Bruno Schick, co-CEO, preside o Comité de Portfólio e lidera as equipas regionais da DACH e Europa emergente. Ele participou de numerosos investimentos, como Arcaplanet, Arxada (anteriormente Lonza Specialty Ingredients), CBR, CeramTec, Envu (anteriormente Bayer Environmental Science Professional), group.one, JOST, Maxeda, Master Builders Solutions, SLV, STADA, think-cell, TK Elevator e Viridium. Anteriormente, ele foi CEO da Surplex AG, uma inovadora provedora alemã de soluções de recuperação de ativos, da qual foi co-fundador em 1999. Anteriormente, Bruno trabalhou no Goldman Sachs em Frankfurt. Ele possui mestrado em Gestão pela ESCP-EAP European School of Management. Ele ingressou na Cinven em 2003.

Supraj Rajagopalan, co-CEO, dirige e gerencia as operações diárias da empresa como CEO e preside o Comité Executivo. Ele trabalhou em várias transações, como Ahlsell, Barentz, CeramTec, Clario (anteriormente Bioclinica), JLA, Medpace, National Seating & Mobility, LGC, Phadia, Sebia e STADA. Anteriormente, ele trabalhou na The Boston Consulting Group, onde colaborou em projetos nos setores de saúde e serviços financeiros. Ele possui bacharelado em Ciências Médicas pela Universidade de Cambridge e ingressou na Cinven em 2004.

Numa declaração conjunta, Schick, Quemada e Rajagopalan afirmaram: “Gostaríamos de agradecer a Stuart pela sua exemplar liderança na empresa. Sob a sua direção, a Cinven cresceu significativamente sem comprometer nossa cultura distintiva de parceria, respeito e compromisso com a excelência. Estamos encantados que a empresa continue se beneficiando da sua experiência como presidente e membro do nosso Comité de Investimentos”.

“Como sócios co-diretores, estamos ansiosos para aproveitar nossa longa e estreita relação para conduzir a empresa para sua próxima fase de crescimento e continuar nossa trajetória de oferecer retornos excecionais a nossos investidores.

A classe de ativos de capital de risco está evoluindo no ritmo mais acelerado da sua longa história e confiamos que nossa nova estrutura de gestão e equipe administrativa, trabalhando em conjunto com nossa excecional equipa da Europa e EUA, nos posicione de forma sólida para aproveitar o futuro crescimento e inovação. Estamos empolgados e honrados por ter a oportunidade de servir nossos investidores, nossa equipe da Cinven e outras partes interessadas ao embarcarmos neste novo capítulo”, acrescentaram.

Stuart McAlpine disse que “foi um enorme privilégio liderar a Cinven nos últimos oito anos. Ao lado de nossa equipe excecional, tive o orgulho de supervisionar um período de crescimento, inovação e desenvolvimento estratégico para nossa empresa. Olhando para o futuro, estou encantado em assumir o cargo de presidente e ansioso para apoiar Bruno, Jorge e Supraj na sua atuação diária à frente da empresa. Tenho certeza de que continuaremos crescendo”.

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A Universidade Alfonso X el Sabio analisa em Oviedo o impacto da IA nas profissões

  • Servimedia
  • 1 Fevereiro 2024

Isabel Fernandez, reitora da universidade, participou do Foro Câmara, organizado pela Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Navegação de Oviedo.

A irrupção de ferramentas de IA Generativa na sociedade está a provocar uma onda informativa que promove o debate sobre a idoneidade ou não dessa tecnologia. Para analisar as potencialidades da IA Generativa nos ambientes profissionais, Isabel Fernandez, doutora em IA pela Universidade de Oviedo e reitora da Universidade Alfonso X el Sabio, participou do Foro Câmara, organizado pela Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Navegação de Oviedo, com a conferência ‘O impacto da inteligência artificial generativa nas profissões’.

Durante a sua intervenção, Fernández destacou a capacidade da tecnologia de melhorar a vida e o bem-estar dos cidadãos. “Eu sou uma defensora fervorosa da tecnologia com propósito”, afirmou. “A tecnologia bem utilizada leva avanços a lugares que, de outra forma, não seriam alcançados porque não são rentáveis. O 86% da população mundial possui um smartphone; paradoxalmente, em lugares onde não há acesso a água potável, esses telefones estão sendo usados diariamente”.

No âmbito profissional, a reitora da UAX defendeu que a tecnologia é um facilitador que pode automatizar e amplificar tarefas diárias na maioria dos setores, e a IA será um fator adicional que auxiliará na amplificação das habilidades dos profissionais.

“80% dos empregos serão impactados pela Inteligência Artificial; mas isso não é negativo”, afirmou. E apoiou a sua afirmação com exemplos como a geração de conteúdo e imagens, que já está a ser utilizada pela indústria do entretenimento, a geração de código ou a aceleração dos processos de pré-diagnóstico e triagem na área da saúde, que podem ser agilizados pela aplicação da IA.

UAX

A Universidade Alfonso X el Sabio tem evoluído as metodologias tradicionais de ensino superior nos últimos 30 anos, alinhando a educação universitária com as necessidades das empresas e gerando o talento que elas necessitam. Esse objetivo levou a universidade a desenvolver metodologias de ensino inovadoras, como o UAXmakers, que permite aos estudantes trabalhar em projetos reais alinhados com os objetivos da Agenda 2030, junto a empresas líderes como Quirónsalud, CaixaBank, Avanade, Ecoalf, Telefónica e Microsoft, entre outras.

Por meio dessa metodologia, a UAX promove uma abordagem positiva na adoção das novas tecnologias e sua aplicação com propósito nas profissões, ajudando seus estudantes a utilizar a tecnologia como uma ferramenta para amplificar suas habilidades, cumprir com seu propósito de transformar os negócios, democratizar os serviços e gerar um impacto social positivo.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 1 de fevereiro

  • ECO
  • 1 Fevereiro 2024

Ao longo desta quinta-feira, 1 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Noucor atingiu uma faturação de 119 milhões de euros em 2023, um aumento de 19% em relação ao ano anterior

  • Servimedia
  • 1 Fevereiro 2024

Em 2024, a empresa planeia investir mais de 11,5 milhões de euros nas suas fábricas produtivas de Barcelona e 9,3 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento.

A Noucor, uma empresa químico-farmacêutica orientada para os negócios B2B e impulsionada pela MCH Private Equity, encerrou 2023 com uma receita de 119 milhões de euros, representando um aumento de 19% em relação a 2022.

Ao longo do ano, a empresa sediada em Palau-Solità i Plegamans (Barcelona) destinou 8,4 milhões de euros para melhorias nas suas três fábricas produtivas (mais de 30% do investimento voltado para o crescimento) e 7,4 milhões para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Assim, a Noucor concluiu seu segundo ano como uma empresa especializada no desenvolvimento e comercialização de produtos inovadores e medicamentos genéricos de valor agregado. Com presença em mais de 100 países, em 2023, a empresa apostou no impulso de inovações nas áreas terapêuticas de respiratória, dermatologia, saúde da mulher e sistema nervoso central.

Nesse sentido, o CEO da Noucor, David Perdigó, destacou “o crescente investimento em P&D no último ano, que foi 17% superior ao de 2022, e nos permitiu consolidar o desenvolvimento de novos medicamentos que serão fundamentais para o crescimento da empresa nos próximos anos.”

A empresa também encerrou 2023 com um importante investimento em ativos fixos. “Destinamos mais de 8 milhões de euros para nossas três fábricas produtivas, com foco especial na melhoria e expansão da nossa fábrica química Urquima. Com 55% do orçamento, essas instalações em Sant Fost de Campsentelles”, ressaltou Perdigó, “terão melhorias significativas em termos de meio ambiente, renovação da capacidade produtiva e serviços.”

Neste sentido, ele destacou “o esforço do investimento feito pelos acionistas. Sem o compromisso deles e sem o compromisso de todos os colaboradores da Noucor, não seria possível alcançar os resultados que estamos obtendo”, destacou Perdigó.

SUSTENTABILIDADE

No ano passado, Urquima recebeu fundos europeus da Next Generation para financiar esse projeto de melhoria da sustentabilidade, que já consolidou sua primeira parte, destinada a reduzir em 80% o volume de águas residuais geradas e reaproveitar a água limpa obtida após o processo de evaporação. Nesse sentido, ao longo de 2023, a empresa consolidou a instalação de um sistema de evaporação de águas residuais.

No âmbito da segunda fase do projeto, que será desenvolvida entre 2024 e 2025, o objetivo é reduzir em mais de 60% a emissão de compostos orgânicos voláteis (COVs) liberados para a atmosfera, que estarão muito abaixo dos níveis legalmente estabelecidos.

ESG

Desde a sua fundação, a Noucor indicou que tem-se comprometido com a sustentabilidade do seu modelo de negócio. Em reconhecimento a esse trabalho, em 2023 a EcoVadis concedeu a medalha de bronze à empresa pelo seu nível de práticas sustentáveis, colocando-a no topo do ranking de empresas do setor.

Para fortalecer ainda mais esse compromisso, a empresa já está a trabalhar no design e implementação do seu Plano Estratégico de Sustentabilidade 2024-2026.

PREVISÕES

No contexto da aposta estratégica da Noucor em suas fábricas produtivas, em 2024 a empresa tem planos de destinar mais de 11,5 milhões de euros para suas três plantas: a planta de química fina Urquima, a farmacêutica e a de suplementos alimentares, estas duas últimas localizadas em Palau-Solità i Plegamans, onde também está a sede da Noucor.

Especificamente, Urquima será o epicentro do investimento em 2024, com 60% do orçamento em ativos fixos, com o objetivo de expandir sua área e armazéns, bem como continuar com as melhorias ambientais. Além disso, a Noucor continuará investindo em P&D com 9,3 milhões de euros ao longo do ano. Assim, esse valor representará uma soma agregada desde a criação da empresa no final de 2021, de 23,7 milhões de euros, fortalecendo e impulsionando o crescimento da Noucor.

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Da corrupção à prevaricação, estes são os crimes imputados pela Justiça aos três detidos na Madeira

Pedro Calado, ex-autarca no Funchal, é suspeito de sete crimes de corrupção passiva. Já Custódio Correia é suspeito de três crimes de corrupção ativa e Avelino Farinha de quatro.

Pedro Calado, presidente demissionário da Câmara do Funchal, Custódio Correia, empresário e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, e Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, foram detidos há cerca de uma semana no seguimento das buscas realizadas na Madeira, mas só começaram a ser ouvidos na quarta-feira. Em causa estão cerca de 30 crimes que vão desde corrupção a prevaricação.

Segundo o Ministério Público, Pedro Calado é suspeito de sete crimes de corrupção passiva. Este crime é punido com pena de prisão de um a oito anos, mas a pena pode chegar aos dez anos se for agravada.

Segundo o artigo 373.º do Código Penal (CP), destina-se ao “funcionário que por si, ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para a prática de um qualquer ato ou omissão contrários aos deveres do cargo, ainda que anteriores àquela solicitação ou aceitação”.

Mas se o ato ou omissão não forem contrários aos deveres do cargo e a vantagem não lhe for devida, o agente é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

Custódio Correia é suspeito de três crimes de corrupção ativa e Avelino Farinha de quatro. O crime de corrupção ativa (artigo 374.º do CP), pune o agente com pena de prisão de um a cinco anos.

“Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, der ou prometer a funcionário, ou a terceiro por indicação ou com conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim indicado no n.º 1 do artigo 373.º, é punido com pena de prisão de um a cinco anos”, lê-se.

Mas se o ato ou omissão não forem contrários aos deveres do cargo e a vantagem não lhe for devida, o agente é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias.

Mas a lista de crimes não fica por aqui. Apesar de não concretizar, o Ministério Público sublinha que “são ainda suscetíveis de integrar a prática pelos arguidos dos crimes de prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, participação económica em negócio, abuso de poderes e tráfico de influência”. Ou seja: poderão ser cerca de cinco crimes por cada um dos arguidos.

Detidos estão a ser ouvidos

Foi no dia 24 de janeiro na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ, sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, que Pedro Calado, Custódio Correia e Avelino Farinha foram detidos.

A detenção dos dois empresários e do autarca do Funchal surgiram na sequência de uma operação que também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e anunciou na sexta-feira que vai abandonar o cargo, apesar de inicialmente ter afirmado que não se demitia.

Os interrogatórios aos três detidos começaram na quarta-feira ao final da tarde. O juiz de Instrução Criminal começou a ouvir o empresário Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia. A continuação do interrogatório de Custódio Correia prosseguirá nesta quinta-feira, a partir das 09h30, de acordo com fonte judicial.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado de Custódio Correia, André Navarro de Noronha, manifestou-se satisfeito com o início dos interrogatórios, sublinhando que o empresário está disponível para “responder a todas as perguntas”.

“É um alívio começar. Espero que seja só um problema no motor de arranque e que agora empurrado o carro vá de uma vez“, observou.

Questionado sobre os trabalhos, André Navarro de Noronha referiu que o seu cliente vai responder a todas as perguntas que lhe fizerem, ressalvando que ainda está tudo numa “fase muito inicial”.

O defensor lamentou também a demora para o arranque dos interrogatórios, considerando que se trata de uma interpretação “à portuguesa” do que determina o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

É no quinto dia, ao fim da quinta sessão que se inicia um interrogatório, quando a lei determina 48 horas para uma apresentação judicial. A jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem estabelece como máximo quatro dias. Nós é com esta interpretação à portuguesa de que 48 horas é para iniciar e que depois há de ser o que nosso Senhor Deus quiser”, criticou.

De acordo com documentos judiciais, o Ministério Público refere que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança” que terá beneficiado aquele grupo empresarial “ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública”.

Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.

O que diz, em concreto, o DCIAP sobre a investigação?

  • As investigações estão ligadas à Madeira e incidem, sobretudo, sobre a área da contratação pública. Em concreto sobre o elevado número de contratos de empreitada celebrados pelo Governo Regional da Madeira e várias entidades públicas da Região Autónoma com empresas da região;
  • O DCIAP ordenou ainda a detenção de três suspeitos, para apresentação a primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação;
  • Sob investigação estão, além do mais, várias dezenas de adjudicações em concursos públicos envolvendo, pelo menos, várias centenas de milhões de euros;
  • Suspeita-se, designadamente, que as sociedades visadas tenham tido conhecimento prévio de projetos e dos critérios definidos para a adjudicação, assim como acesso privilegiado às propostas e valores apresentados pelas suas concorrentes diretas nos concursos, o que lhes terá possibilitado a apresentação de propostas mais vantajosas e adequadas aos requisitos determinados;
  • Investiga-se, também, um conjunto de projetos recentemente aprovado na Madeira, ligados às áreas do imobiliário e do turismo, que envolvem contratação pública regional e/ou autorizações e pareceres a serem emitidos por entidades regionais e municipais;
  • Há ainda suspeitas de pagamento pelo Governo Regional da Madeira a uma empresa de construção e engenharia da região de elevados montantes a coberto de uma transação judicial num processo em que foi criada a aparência de um litígio entre as partes, bem como suspeitas sobre adjudicações pelo Governo Regional da Madeira de contratos públicos de empreitadas de construção civil relativamente aos quais o Tribunal de Contas suscitou dúvidas e pediu esclarecimentos;
  • A investigação incide, de igual modo, sobre condicionamento na publicação de notícias prejudiciais à imagem do Governo Regional em jornais da região, em moldes que são suscetíveis de consubstanciar violação da liberdade de imprensa;
  • Investigam-se, ainda, benefícios obtidos por titulares de cargos políticos, por causa dessas funções, que ultrapassam o socialmente aceitável;
  • Em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, suscetíveis de serem crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência;
  • Participam nas buscas seis magistrados do MP do DCIAP, dois juízes, oito especialistas do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) da Procuradoria-Geral da República e inspetores, técnicos informáticos e peritos da Unidade de Perícia Financeira e contabilística da Polícia Judiciária;
  • Foram ordenadas buscas domiciliárias e não domiciliárias em cerca de 60 locais (aproximadamente 130 mandados), 45 desses locais na Região Autónoma da Madeira.

E o que diz a Polícia Judiciária?

  • Três pessoas foram detidas por suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, abuso de poder e tráfico de influências, tendo sido executadas 130 buscas nas regiões autónomas e no continente;
  • “As diligências executadas visaram a recolha de elementos probatórios complementares, a fim de consolidar as investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência”, lê-se numa nota divulgada pela Polícia Judiciária (PJ);
  • Segundo a mesma informação, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foram executadas 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores);
  • As detenções ocorreram fora de flagrante delito às 14:15, acrescenta a PJ, sem revelar a identidade dos detidos, nem em que locais foram efetuadas;
  • “Nos inquéritos referenciados investigam-se factos suscetíveis de enquadrar eventuais práticas ilícitas, conexas com a adjudicação de contratos públicos de aquisição de bens e serviços, em troca de financiamento de atividade privada;
  • Suspeitas de patrocínio de atividade privada tendo por contrapartida o apoio e intervenção na adjudicação de procedimentos concursais a sociedades comerciais determinadas;
  • A adjudicação de contratos públicos de empreitadas de obras de construção civil, “em benefício ilegítimo de concretas sociedades comerciais e em prejuízo dos restantes concorrentes, com grave deturpação das regras de contratação pública, em troca do financiamento de atividade de natureza política e de despesas pessoais”, explica a Polícia Judiciária.

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5 coisas que vão marcar o dia

O Banco de Portugal vai revelar os dados da dívida pública relativa ao final de 2023. Já o Eurostat vai divulgar a estimativa rápida da inflação na Zona Euro de janeiro e os números de desemprego.

Esta quinta-feira, o Banco de Portugal vai revelar os dados da dívida pública relativa ao final do ano passado. Já o Eurostat vai divulgar a estimativa rápida da inflação na Zona Euro de janeiro e os números de desemprego de dezembro. A marcar o dia está ainda a subida dos preços da Meo, Nos e Vodafone e o INE revela os índices de produção industrial de dezembro de 2023.

Banco de Portugal confirma se dívida pública ficou abaixo dos 100%

O Banco de Portugal revela esta quinta-feira os dados da dívida pública relativa ao final do ano passado, que vão permitir confirmar se o rácio, na ótica de Maastricht, já ficará abaixo dos 100% do PIB. O Governo demissionário apenas previa que se atingisse este marco em 2024, mas uma “operação especial” em dezembro terá permitido que a dívida pública ficasse abaixo dos 100% já em 2023.

Eurostat divulga estimativa rápida da inflação

O Eurostat vai divulgar a estimativa rápida do índice de preços no consumidor na Zona Euro referentes ao mês de janeiro. Os preços na Zona Euro voltaram a acelerar no final do ano passado, mas em linha com o que era amplamente esperado pelos analistas. A taxa anual de inflação subiu para 2,9% em dezembro, uma aceleração face aos 2,4% registados no mês anterior. Portugal fechou o ano passado com uma taxa de inflação de 1,9% e foi um dos nove países que ficaram abaixo da média do euro.

INE divulga produção industrial

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai revelar esta quinta-feira os índices de produção industrial referente a dezembro de 2023. Em novembro, os preços na produção industrial diminuíram 6,2%, face ao mesmo período de 2022, intensificando em 1,3 pontos percentuais a variação negativa observada no mês anterior.

Como está o desemprego na União Europeia?

Esta quinta-feira, o Eurostat vai divulgar os números de dezembro de 2023 do desemprego na Zona Euro e na União Europeia. Novembro foi sinónimo de um recuo, ainda que ligeiro, do desemprego. Em contraste, em Portugal a taxa não mexeu, permanecendo, assim, acima da média comunitária e da área da moeda única.

Preços da Meo, Nos e Vodafone sobem

A partir desta quinta-feira, a fatura das telecomunicações vai subir para a maioria das famílias portuguesas. As três principais operadoras aumentaram as mensalidades em linha com a inflação, mesmo depois de o regulador do setor ter pedido “contenção”. Os clientes vão sentir uma subida de 4,3% nos preços dos serviços.

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Lei do Clima faz dois anos com quase tudo por fazer

De fundamental e bem-feita a inconsequente e platónica. A Lei de Bases do Clima celebra dois anos com aplausos por existir mas apupos pelos atrasos na concretização, com resultados quase nulos.

A Lei de Bases do Clima celebra dois anos desde a sua entrada em vigor, esta quinta-feira. Mas celebrar pode não ser a palavra certa. Enquanto alguns sublinham os méritos de esta lei estar cá fora, muitos reconhecem que o efeito prático está a tardar.

Claramente existe um antes e um depois da lei de bases [do clima]“, considera Miguel Costa Matos, deputado do Partido Socialista que foi coautor da proposta de lei que vingou. O que separa os dois momentos, na sua opinião, é que após a publicação da lei floresceu a “noção clara” de que as alterações climáticas têm de ser prioridade”, e facilitaram-se os consensos políticos, pois ” tornou-se mais difícil ter um discurso contra [a causa climática]”. No entanto, assume, “é frustrante para quem esteve na construção da lei ver tantos dos seus instrumentos por concretizar“.

Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), concede que a Lei do Clima está “bastante bem feita”, mas aponta um “défice de planeamento, decisão e de ação” e afirma que “não há muita ação governativa que tenha sido baseada na lei do clima”. A associação ambientalista Zero, num comunicado enviado às redações, vai mais longe: apesar de ser uma “lei decisiva” pois “estabelece diretrizes fundamentais para uma abordagem coletiva e integrada”, “os progressos são medíocres”. A velocidade de ação foi “parada, devagar ou devagarinho” e ” muito pouco foi feito nestes dois últimos anos”.

O Governo, cuja liderança está nas mãos de António Costa desde que esta lei nasceu, defende-se afirmando que “os resultados expressivos em matéria climática que o país tem vindo a alcançar, também reconhecidos internacionalmente, estão alinhados com os objetivos centrais da Lei de Bases do Clima“. Neste âmbito, fonte oficial do ministério do Ambiente recorda que Portugal encerrou as centrais a carvão nove anos antes do previsto, e que na última revisão do Plano Nacional de Energia e Clima o Governo antecipou em quatro anos as metas de produção de eletricidade e confirmou o compromisso de acabar a produção de eletricidade com base em gás natural em 2040. Além disso, ” tem havido uma evolução muito favorável da produção descentralizada, além de se ter promovido, como nunca, a eficiência energética, protegendo os mais vulneráveis”, conclui.

Aprovada e publicada em 2021, a Lei de Bases do Clima entrou em vigor em fevereiro de 2022, e é o texto legislativo no qual o país se compromete a atingir a neutralidade carbónica até 2050, e a tentar acelerar esse esforço de forma a estar idealmente concluído em 2045. Ou seja, o objetivo era que nesse ano o país compensasse todas as suas emissões de dióxido de carbono, depois de as ter reduzido ao mínimo possível. O primeiro-ministro reforçou na última cimeira global do clima, a COP28, que 2045 é o verdadeiro objetivo.

Para tal, a lei prevê a criação de vários outros diplomas estratégicos nos quais se concretize o caminho que deve ser percorrido até à meta. É um “diploma assumidamente não autossuficiente“, explica Raquel Freitas, consultora sénior da PLMJ na área de Público e focada em direito do ambiente.

E são vários os diplomas previstos nesta lei que não viram a luz do dia, ignorando o prazo que lhes era imposto. Precisamente a 1 de fevereiro de 2024, era suposto ter-se a apresentação de uma Estratégia Industrial Verde, dos Planos setoriais de mitigação e de adaptação às alterações climáticas e dos Planos regionais e municipais para a ação climática. Dos dois primeiros não há registo, dos últimos verifica-se que a execução está muito incompleta.

Confrontado com o atraso nos planos setoriais de mitigação, o ministério da tutela indica que “os recursos humanos da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] estão a ser reforçados, dotando a instituição dos meios necessários para assumir as novas responsabilidades conferidas pelas Lei de Bases do Clima, incluindo a coordenação dos planos setoriais”. Para Filipe Duarte Santos, devia ter sido dada mais prioridade à questão de adaptação às alterações climáticas, pois estão a viver-se “problemas reais” como a escassez de água no Algarve que pediam medidas de resiliência ao invés de medidas restritivas, acredita.

No que toca à Estratégia Industrial Verde, a Zero só vê condições para que esta seja lançada daqui um ano depois do prazo, apesar de a avaliar como sendo “extrema relevância”. O gabinete chefiado por Duarte Cordeiro afirma que já havia sido criado um grupo interministerial para desenhar esta estratégia, e que haviam sido iniciados os trabalhos, mas “no atual contexto político e tratando-se de um documento estruturante, a Estratégia deverá ser elaborada pelo próximo Governo”. Miguel Costa Matos considera que, apesar de este instrumento ser “relevante”, tem sido compensado pelo investimento que tem sido captado a nível europeu nas áreas de sustentabilidade, sobretudo no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

Já no que respeita aos planos regionais e municipais para a ação climática, “a falta de apoio por parte do governo central às autarquias na elaboração destes planos, quer ao nível financeiro quer ao de recursos humanos técnicos adequados, traduz-se na impossibilidade de apresentação do plano por parte da maioria dos municípios”, acusa a Zero. À data, apenas 124 dos 308 municípios que existem em Portugal finalizaram este documento. Miguel Costa Matos Concorda que “é importante arranjar maneiras de apoiar e mobilizar” sobretudo pela larga abrangência destes planos, que dão resposta sobretudo do lado da procura e não tanto do fornecimento de serviços.

Neste terceiro ponto, o Governo indica que a Agência Portuguesa do Ambiente publicou orientações para a elaboração dos planos regionais e interagiu com algumas Comunidades Intermunicipais (CIM). “O plano futuro” contemplava a capacitação dos municípios e das comissões regionais através de planos formativos e de acompanhamento.

Fora estes três assuntos que adquirem o rótulo de “fora do prazo” no segundo aniversário da entrada em vigor da lei, são amplamente criticados o atraso na criação de um Conselho para a Ação Climática, um órgão consultivo e independente que supervisionará a aplicação da lei, e do qual dependem alguns dos diplomas, assim como a ausência dos chamados Orçamentos de Carbono. Estes últimos deveriam estabelecer limites quinquenais de emissões de gases de efeito de estufa para o país, mas não existem para o período atual até 2025 nem para 2025-2030.

A eleição do presidente do CAC fica para a próxima legislatura e, quanto aos Orçamentos de Carbono, Costa Matos afirma que o Governo garantiu que estão feitos, mas à espera de um CAC que os valide. Assim, deverão fixar igualmente pendurados.

Numa nota mais positiva, a cumprir a lei do clima está a divulgação de dois relatórios. Um, por parte da Assembleia da República, que apresentou o seu relatório de avaliação do impacte carbónico da sua atividade e funcionamento. Outro, é o relatório anual sobre a exposição ao risco climático do setor financeiro e segurador, apresentado pelo Banco de Portugal e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Consequente ou inconsequente, eis a questão

O atraso no cumprimento das ações previstas na LBC pode implicar um atraso no alcance das metas a que o Estado Português se encontra vinculado, alerta a consultora da PLMJ. A Zero diz mesmo que os atrasos na implementação desta lei “prejudicam fortemente o correto planeamento e execução da política e ação climática nacional”. Pelo contrário, Costa Matos considera que “não foi por não haver planeamento que deixou de haver atraso na ação climática”, mas reconhece que “esse atraso poder-se-á revelar daqui a uns tempos“, estando dependente da capacidade de recuperar o tempo perdido.

Mas, afinal, se não em sido respeitada, para que serve esta lei? A PLMJ vê-a como “um primeiro passo de uma ação sistematizada”. É neste documento que estão “as linhas mestras das políticas públicas” ligadas ao clima, realça Susana Alberto, associada no Departamento de Administrativo e Contratação Pública da SRS Legal.

Na barricada oposta, está Armando Rocha, professor na Universidade Católica portuguesa e responsável pelo Climate Litigation Lab desta instituição. Considera a Lei do Clima uma “lei para o cidadão ver”, que “cumpriu o seu objetivo simbólico” mas ” não produziu nada de substancial”. Para Carla Amado Gomes, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, esta é “uma lei platónica, ou quase”, apesar de ser fruto de compromissos assumidos junto da União Europeia.

Também cético apresenta-se João Macedo Vitorino, líder da sociedade Macedo Vitorino. “A LBC é uma lei inconsequente, sim“, já que “pouco ou nada acrescenta de concreto ao PNEC, que já é ele próprio pouco conclusivo”.

Na visão deste jurista, qualquer lei sobre clima que tenha resultados práticos passa por desincentivar já quem polui (por exemplo proibindo o uso industrial e o consumo de materiais poluentes para os quais já haja alternativa) e incentivar as boas práticas ambientais (por exemplo, com redução de impostos sobre a atividades climaticamente sustentáveis). “Não há tempo para mais grupos de trabalho, nem para relatórios, estratégias e planos a 10 anos“, remata.

E, de acordo com a avaliação da SRS Legal, não existe penalização prevista para os atrasos. “Não existe legislação que contemple sanções para o não cumprimento dos prazos fixados na Lei de Bases do Clima para a sua regulamentação”, indica. Existe um regime sancionatório previsto na própria lei de bases, mas este debruça-se sobre “ações e omissões danosas que acelerem ou contribuam para as alterações climática” e não sobre a não regulamentação da Lei de Bases.

No entanto, é possível recorrer aos tribunais para “obrigar à emissão das normas em falta e para responsabilização por danos causados”, ressalva. A professora Amado Gomes partilha da mesma interpretação. E a prática já o confirmou. Em novembro do ano passado, a associação ambientalista Último Recurso avançou um processo em tribunal contra o Estado português, por falhar na aplicação da lei de bases do clima.

Ação nas mãos de próximo Governo. Mas há riscos

Nas eleições de 10 de março vai saber-se qual o Governo que terá a responsabilidade de executar — ou voltar a falhar — a Lei de Bases do Clima.

Filipe Duarte Santos mostra-se otimista, “os dois partidos principais de Portugal têm pontos de vista muito semelhantes em relação à necessidade de descarbonizar”, e “em Portugal não temos uma situação comparável a outros países como os EUA. Na Europa há um consenso bastante grande entre várias forças políticas sobre a realidade da mudança climática e necessidade de descarbonização”. No entanto, realça que as alterações climáticas não estão tão presentes no debate político como entende que se justificaria.

Miguel Costa Matos faz uma avaliação semelhante, mas alerta que o crescimento do partido Chega, “abertamente negacionista” acerca das alterações climáticas, é “preocupante” do ponto de vista da ação nesta área.

 

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Dívida pública baixa dos 100% mais rápido que o esperado

Depois de uma "operação especial" no final do ano passado, o objetivo de colocar o rácio da dívida pública abaixo dos 100% do PIB será alcançado mais cedo. Economia também deu uma ajuda.

Com o fecho das contas de 2023, começa a ser possível verificar se o “brilharete” de Fernando Medina à frente das Finanças se concretizou. Depois do crescimento do PIB no último trimestre ter surpreendido, esta quinta-feira são conhecidos os valores finais da dívida pública, que já terá ficado abaixo dos 100% do PIB — algo que o Governo apenas previa acontecer este ano e que foi possível graças a uma operação especial que incluiu a recompra de títulos de dívida pública a privados, seguradoras e bancos.

Segundo dados do Banco de Portugal, os bancos reduziram a sua exposição à dívida das administrações públicas em mais de dois mil milhões de euros no mês de dezembro, o que correspondeu a uma recompra de dívida pública aos bancos e seguradoras por parte do Tesouro português. A operação foi entendida como um “desígnio nacional” pelos banqueiros, que acederam ao pedido do Governo e venderam parte da sua carteira de títulos em dezembro.

Esta semana, o CEO da Caixa, Paulo Macedo, considerou que a redução da dívida para menos de 100% do PIB será um “marco importante”. O peso da dívida pública deixa de ser uma “questão que não nos puxa para baixo”, explicou.

Um boletim mensal da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) divulgado na semana passada também mostra que avançou a recompra de 2,7 mil milhões de euros em obrigações e outros títulos em dezembro. “A 31 de dezembro de 2023, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em 296.037 milhões de euros”, indicou o IGCP, que segue uma metodologia diferente do Banco de Portugal.

Os dados mais recentes do Banco de Portugal, referentes a novembro, mostram que a dívida pública caiu para 267,9 mil milhões de euros, o nível mais baixo desde novembro de 2020, quando se fixou em 267 mil milhões de euros. Nesse mês, a redução, de 2,5 mil milhões de euros, deveu-se principalmente à amortização parcial de empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF). Portugal devolveu em novembro 1,5 mil milhões de euros ao MEEF, ao qual ainda fica a dever 22,3 mil milhões no âmbito do apoio financeiro concedido pela troika no âmbito do resgate internacional de abril de 2012.

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Outra parte desta operação “secreta” planeada por Fernando Medina passou também pelo pagamento das dívidas dos hospitais junto dos fornecedores.

Com Medina, o slogan das “contas certas” esteve sempre presente e a redução da dívida foi uma das grandes bandeiras do Orçamento do Estado para 2024. Numa entrevista ao ECO em outubro, respondia às críticas de falta de reformas reiterando: “se a baixa da dívida não é uma reforma, não sei o que é uma reforma”. “Se passarmos do que é um país historicamente considerado devedor, com uma credibilidade internacional oscilante, para um país com um nível de vida muitíssimo mais elevado, com custos de financiamento muito mais baixos e com uma sólida credibilidade internacional… Se isto não é uma grande reforma, não há grandes reformas”, defendeu.

A trajetória de redução da dívida permitiu que Portugal saísse do top 5 dos mais endividados da União Europeia, no terceiro trimestre de 2023. Registou a segunda maior queda homóloga da dívida entre os Estados-membros, nesse período, reduzindo-se para 107,5% do PIB.

No Orçamento do Estado para 2024 está inscrito um rácio da dívida pública de 103% do PIB em 2023 e de 98,9% em 2024. No entanto, será já no ano passado que se baixa da fasquia dos 100%. A expectativa do Governo, segundo o Expresso, era que a dívida pública tivesse descido para cerca de 99,5% do PIB.

Esta terça-feira foram conhecidos os dados da economia portuguesa que mostram que o PIB cresceu 2,3% no ano passado — acima dos 2,2% previstos no Orçamento do Estado. Este crescimento acima do previsto ajuda também à redução do rácio da dívida pública, que poderá assim ficar abaixo de 99,5%.

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Fed deixa caminho aberto para cortar juros em maio

A Fed quer ter maior confiança sobre a tendência de descida da inflação, que não deverá receber antes de março, pelo que o início do ciclo de descida de juros nos EUA só deve acontecer em maio.

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) deu mais um passo em direção ao alívio da política monetária depois de um agravamento sem precedentes nos últimos 40 anos, embora a necessidade de maior confiança sobre a descida da inflação indique que os cortes de juros não devem surgir já na próxima reunião de março.

O comunicado do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) e as declarações do presidente Jerome Powell foram bem explícitas sobre qual será o próximo movimento do banco central, embora deixando em aberto o timing em que vai surgir o primeiro corte de juros, o que deixa margem para o banco central ajustar as decisões à evolução dos dados económicos.

Pela primeira vez desde que parou de subir os juros (julho do ano passado), a Fed deixou de mencionar a necessidade de voltar a agravar a política monetária. Pelo contrário, fez referência direta ao corte de juros, salientando que só avança quando existir maior confiança sobre a descida sustentável da inflação em direção à meta dos 2%.

Powell reforçou esta mensagem, afirmando que as taxas de juro já terão atingido o pico, a trajetória da inflação é positiva, mas será necessário confirmar que está a caminho da meta para a Fed avançar com cortes de juros. Sem fechar a porta a uma descida na próxima reunião, o presidente da Fed fez questão de frisar que cortar os juros a 20 de março “não é o cenário mais provável”.

As declarações do FOMC foram bem mais arrojadas que na última declaração de dezembro. Reconhecendo os bons dados económicos, mas identificando uma desaceleração do crescimento dos dados de emprego e um alívio das pressões inflacionárias, embora sem atingir o target de 2%”, comenta Mário Martins, analista da ActivTrades.

Descida em maio é “mais provável”

A evolução robusta da economia e do mercado de trabalho dá margem para a Fed ser mais cautelosa na inversão da política monetária, pois o desejado cenário de aterragem suave da economia não parece estar em causa. Por outro lado, a inflação persiste numa trajetória descendente, mas continua acima da meta do banco central, dando argumentos à Fed para esperar por mais dados para validar que a inflação vai mesmo a caminho dos 2%.

O índice de preços no consumidor registou uma subida homóloga de 3,4% em dezembro, enquanto o indicador que exclui alimentos e energia aumentou 3,9%. Anualizando os dados dos últimos seis meses, a inflação subjacente já está a subir a um ritmo de 2%. Powell reconheceu que os números dos últimos seis meses foram positivos, mas realçou a incerteza que persiste e a necessidade de ganhar mais confiança sobre o alívio dos preços.

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Questionado de forma insistente sobre o que é necessário para que a Fed o ciclo de corte de juros, Powell carregou na tecla da necessidade de maior confiança na tendência de descida da inflação, uma condição que dificilmente será cumprida a tempo da reunião de 20 de março. Até lá, serão publicados os dados de janeiro e fevereiro.

Já na reunião seguinte, agendada para 1 de maio, os responsáveis da Fed terão mais leituras de inflações mensais e indicadores de atividade económica, bem como as novas projeções macroeconómicas atualizadas da Fed. Se o corte em março parece agora pouco provável, a primeira redução em maio está a ganhar força.

A Fed “não parece ter pressa em cortar as taxas de juro”, pelo que “pensamos que maio, e não março, é o ponto de partida mais provável para o início do alívio da política monetária”, comentam os economistas do ING, salientando ainda assim que estão a ganhar força os “argumentos para uma decisão mais célere”.

Depois do erro cometido em 2021, de classificar a alta da inflação como transitória, “a última coisa que a Fed quer fazer é errar novamente num ponto de viragem fundamental, aliviando [a política monetária] demasiado cedo e demasiado rápido, reacendendo as pressões inflacionistas”, acrescentam os economistas do banco dos Países Baixos.

Caso avance com o corte de juros em maio, a Fed iniciará o ciclo de alívio da política monetária mais de dois anos depois do primeiro agravamento do atual (março de 2022). Será também o primeiro corte de juros em quatro anos (abril de 2020).

Cortes em todas as reuniões a partir de maio

A Capital Economics estimava a primeira descida de juros em março, sendo que alterou para maio após as conclusões da reunião desta quarta-feira. “Tendo em conta a orientação surpreendentemente explícita fornecida por Powell, esperamos agora que o primeiro corte das taxas da Fed ocorra na reunião do início de maio, e não em meados de março”, refere o economista da consultora para a América do Norte, Paul Ashworth.

A Capital Economics sustenta esta previsão com base na declaração de Powell, que vincou a importância de acertar numa decisão altamente consequente de iniciar o alívio de uma política monetária restritiva. Estas palavras sugerem que, “apesar de termos apertado no gatilho demasiado cedo”, com a previsão de cortes em março, “estamos corretos em antecipar o corte de 25 pontos base em todas as reuniões seguintes”, diz Paul Ashworth. A consultora estima assim uma baixa acumulada de 150 pontos base este ano, com a taxa de juro a descer até 3,00%-3,25% em meados de 2025.

O ING também estima cortes de 150 pontos base este ano e mais 100 pontos base em 2025, num total de 250 pontos base que levará a taxa de juro até a 3% em meados de 2025. Neste cenário, a taxa de juro atingirá um nível neutral, “mas se a economia entrar num período mais problemático, há espaço para cortes bem mais profundos do que estamos a estimar”, refere o ING.

Ficou claro que a Fed não tem pressa em aliviar tão rapidamente como mercados estão à espera, sendo ainda necessários mais dados promissores sobre a inflação para desbloquear a primeira redução de juros”, comentou à Reuters Michael Brown, analista da Pepperstone.

“Com um crescimento económico estável, é expectável que os responsáveis da Fed aguardem por mais evidências de uma tendência sustentada da inflação antes de decidirem qualquer alteração na política monetária”, comenta Whitney Watson, da Goldman Sachs Asset Management, aconselhando os investidores a aproveitarem os níveis atrativos das yields das obrigações e posicionarem-se para o início do ciclo de descida de juros.

“Powell referiu explicitamente que em março não deverá ocorrer um corte, o que mudou radicalmente o sentimento em Wall Street, dado que o mercado desde o início do ano que confiou nesse cenário” de cortes em março, assinala Mário Martins, acrescentando que “o foco da Fed continua a ser a contenção da inflação e os bons dados económicos dão margem de manobra tanto para redução de ativos como manutenção da taxa de juro”.

O índice S&P500 desceu 1,6%, na desvalorização diária mais acentuada desde setembro que foi também motivada por resultados da Alphabet e Microsoft que dececionaram os investidores.

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Empresas dispostas a subir salários, mas 38% queixam-se de “exigências irrealistas” dos trabalhadores

Inflação e escassez de profissionais estão a pressionar empresas a subir os salários e há abertura para isso, mas 38% dos empregadores avisam que expectativa dos trabalhadores está "pouco alinhada".

Os salários dos portugueses deverão voltar a subir este ano, mas há um desalinhamento considerável entre as expectativas dos empregadores e as dos trabalhadores. De um lado, as empresas queixam-se de “exigências irrealistas“. Do outro, os trabalhadores mostram-se insatisfeitos com os seus ordenados e acreditam, na sua maioria, que os vencimentos não estão em linha com os níveis de responsabilidade assumidos.

O retrato é traçado pela empresa de recursos humanos Hays, num novo guia que teve por base as respostas de mais de 800 empregadores e 3.400 profissionais.

Em jeito de balanço de 2023, a maioria das empresas ouvidas indica que existe “uma clara escassez de profissionais qualificados no mercado, bem como uma escassez global de candidatos (com ou sem qualificações)”, sendo esta uma das razões por detrás dos aumentos salariais aplicados no último ano (entre 2,5% e 9,9%).

Em 2024, antecipando-se que continuarão a faltar trabalhadores, os empregadores estão dispostos a voltar a reforçar os salários. “A maioria dos empregadores planeia efetuar aumentos salariais entre 5% e 15%“, estima a Hays.

Apesar dessa abertura, 38% dos empregados deixa claro que as exigências dos trabalhadores, ao nível salarial, são “irrealistas”. “Têm expectativas salariais pouco alinhadas com a realidade do mercado”, refere o guia divulgado esta quinta-feira.

Em contraste, 60% dos trabalhadores dizem-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o seu salário atual. E 73% dos profissionais acreditam que o seu ordenado não está em linha com o seu nível de responsabilidade.

Aliás, entre os motivos de insatisfação com o emprego atual, o salário é dos mais apontados pelos trabalhadores portugueses. Ainda assim, face a 2023, esse peso diminuiu, o que poderá ser um “reflexo do esforço de atualização salarial feito pelos empregadores”, justifica a referida empresa de recursos humanos.

Mais relevante do que os salários para a insatisfação dos trabalhadores, são, neste momento, as perspetivas de progressão: 73% dos trabalhadores indicam esse motivo. Além disso, pesam os prémios de desempenho (71%) e a comunicação interna (63%).

Ainda que tenha havido um aumento generalizado da insatisfação por parte dos profissionais, “nem sempre tal é suficiente para motivar uma mudança efetiva de emprego“, destaca a Hays.

A propósito, 55% dos profissionais qualificados revelam que recusaram ofertas de emprego (duas ou mais) ao longo do último ano. A justificar essa rejeição está, sobretudo, uma oferta salarial insuficiente (mais de metade dos ouvidos refere-o).

“No entanto, as condições contratuais oferecidas e a falta de interesse no projeto apresentado também surgem em destaque, reunindo 31% e 23% das respostas, respetivamente”, segundo o estudo que será apresentado esta quinta-feira.

Apesar de crise política, empresas estão abertas a contratar

Ainda que o país esteja a atravessar um período de crise política, os empregadores portugueses têm perspetivas positivas quanto às contratações que pretendem fazer em 2024. Cerca de 82% revelam que querem recrutar ao longo deste ano, fatia semelhante à registada em 2023.

Quanto aos perfis mais procurados, a Hays avança que os comerciais deverão ser os mais procurados em 2024. “Mais de três em cada dez empresas em Portugal estarão a recrutar este tipo de profissionais este ano”, é detalhado. E estes profissionais superam mesmo as vagas para perfis de engenharia e tecnologias de informação.

Convém indicar ainda que as contratações pretendidas são maioritariamente para funções permanentes (74%). Em comparação, 23% das empresas querem recrutar para funções temporárias e 8% pretendem contar com o suporte de freelancers em 2024.

Já do lado dos trabalhadores, pela primeira vez desde 2021, cresceu a disponibilidade para as mudanças de emprego. Em concreto, 77% dos profissionais qualificados querem abraçar novos desafios em 2024, acima dos 70% registados no último ano.

Entre os vários setores de atividade, é na área de serviço ao cliente que se encontram mais trabalhadores dispostos a mudar de emprego (85%), seguindo-se a área de retalho (84%) e, logo depois, contabilidade e finanças (83%). E o salário é, novamente, um dos principais motivos para essa vontade.

Já os profissionais de turismo, energia, recursos humanos e tecnologias de informação estão entre os que menos planeiam uma mudança.

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Premier League abandona o seu modelo de prejuízo e imita a LaLiga e a Bundesliga no mercado de transferências

  • Servimedia
  • 1 Fevereiro 2024

A poucas horas do fecho do mercado de transferências de inverno nas cinco principais ligas europeias, os números indicam que a Premier League, e a Arábia Saudita, optaram por conter os gastos.

Neste mercado de Inverno, a liga inglesa reduziu significativamente seu investimento em contratar novos jogadores, passando de 853 milhões de euros na última temporada de inverno para apenas 81 milhões de euros este ano, uma redução de 90% até ao momento.

Esta drástica diminuição nos gastos com transferências pode estar relacionada à iminente chegada de um órgão regulador financeiro independente criado pelo governo britânico, bem como às várias sanções impostas pela Premier League a clubes como Everton e Nottingham Forest por violarem as regras de rentabilidade e sustentabilidade financeira que estão em vigor no campeonato inglês.

Uma situação que pode se estender ao Manchester City, que aguarda para saber as consequências do seu comportamento financeiro que, assim como os demais clubes da Premier League, se baseou em um modelo de prejuízo, especialmente ao contratar jogadores nas últimas temporadas.

Além disso, esse menor investimento em transferências também afeta os direitos de transmissão televisiva, onde também se percebe uma desaceleração por parte dos operadores na área de investimentos.

As consequências estão a ser sentidas pelos adeptos, já que, segundo relatam vários meios de comunicação ingleses, como o ‘The Telegraph’, os clubes ingleses estão a aumentar drasticamente os preços dos bilhetes de temporada e ingressos para compensar as perdas e a falta de capacidade de gerar outras receitas.

Estes números contrastam com os da LaLiga e da Bundesliga, as duas maiores competições europeias que apostam na sustentabilidade financeira dos seus clubes por meio de regras que permitem manter os clubes saudáveis financeiramente.

No caso da liga espanhola, este mercado de transferências tem sido caracterizado, dependendo do que possa acontecer nessas últimas horas de mercado, por um aumento nos investimentos em contratações, passando de 34 milhões de euros na temporada passada para 63 milhões de euros, um aumento de 85% este ano.

Os números, portanto, mostram estabilidade e crescimento sustentável nos gastos dos clubes, que continuam após o fim da pandemia, sem perder a competitividade das equipas espanholas, como demonstrado pelo sucesso do Real Madrid CF, FC Barcelona, Atlético de Madrid e Real Sociedad na Liga dos Campeões, o que coloca a LaLiga como o campeonato com mais representantes na fase final da principal competição continental.

A Bundesliga, por sua vez, mantém números semelhantes nesta temporada em relação à anterior, com um gasto em transferências de cerca de 70 milhões, já que, assim como a LaLiga, aposta em manter um controle nos gastos e na sustentabilidade financeira, o que também permite que seja uma das ligas mais competitivas da Europa.

Quanto aos gastos com transferências, os clubes da Ligue 1 francesa foram os grandes animadores deste mercado de inverno, tendo realizado até o momento novas contratações no valor de 166 milhões de euros, quase 25% a mais do que no mercado de inverno anterior.

A competição francesa, que também regista prejuízos de aproximadamente 2 bilhões de euros nos últimos 10 anos, acaba de fechar um acordo com o fundo CVC, seguindo os passos da LaLiga, embora com diferenças significativas em relação ao acordo assinado com a competição espanhola, pois todo o investimento financeiro recebido pelas equipas francesas pode ser usado em contratações de jogadores sem limites, o que pode ter consequências para a estabilidade económica e desportiva a médio prazo.

Cenário semelhante também na Itália, já que a Serie A, sem um controle económico aos clubes e uma política de sustentabilidade financeira definida, também aumentou os gastos nesta janela em relação à temporada passada. Até o momento, o investimento em contratações pelos clubes italianos chega a 90 milhões de euros, um aumento de 114% em relação a 2022/2023 no mesmo período.

Por fim, parece que a Arábia Saudita está a por fim aos investimentos multimilionários feitos, como ocorreu no último verão. Os clubes do país árabe, após terem conseguido sediar a Copa do Mundo de 2034, quase não investiram em contratações nesta janela de inverno.

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Efacec faz operações harmónio de 175,65 milhões para cobrir prejuízos

Operações de aumento e redução de capital para cobertura de prejuízos acumulados foram feitas em dezembro, nas três empresas operacionais do Grupo Efacec, para reforçar capacidade financeira.

A Efacec realizou três operações harmónio de 175,65 milhões de euros nas três empresas operacionais do grupo, para cobrir prejuízos.

“As operações de aumento e redução de capital para cobertura de prejuízos acumulados, realizadas em dezembro nas três empresas operacionais do Grupo Efacec (Efacec Energia, Efacec Engenharia e Efacec Electric Mobility) tiveram como objetivo reforçar os capitais próprios das respetivas empresas, com os fundos que entraram na holding do Grupo (Efacec Power Solutions, SGPS) após a conclusão do processo de privatização”, confirmou ao ECO fonte oficial da empresa.

O aumento de capital, seguido de redução, mais avultado foi de 132,39 milhões de euros na Efacec Energia, máquinas e equipamentos. Após a operação, a empresa de Leça do Balio ficou com um capital social de 16,8 milhões de euros.

Em segundo lugar surge a operação harmónio na Efacec Engenharia e Sistemas, que ascendeu a 33,27 milhões de euros. Após a redução, o capital social ficou em 11,25 milhões de euros.

Finalmente, a terceira empresa na qual foi necessário cobrir prejuízos foi a Efacec Electric Mobility, cujo capital foi aumentado em 9,98 milhões de euros e logo reduzido no mesmo montante, ficando no final em 1,2 milhões de euros.

Nas três operações a redução foi feita por diminuição do respetivo valor nominal das ações.

“Com estas operações, a Efacec cumpre um dos objetivos assumidos com a privatização, nomeadamente o reforço da capacidade financeira do grupo Efacec e das suas atividades, adequando o balanço das suas empresas às necessidades operacionais das mesmas, cumprindo igualmente os preceitos legais aplicáveis, nomeadamente o artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais”, justificou ainda fonte oficial da empresa liderada por Ângelo Ramalho.

Recorde-se que, quando o Estado vendeu a Efacec ao fundo alemão Mutares, em outubro de 2023, também foi feita uma operação harmónio na qual foi feita uma redução total do capital de 309 milhões de euros para cobrir parcialmente os prejuízos. Num segundo momento, as prestações acessórias de capital – obrigações subscritas pelos acionistas – de 9,4 milhões de euros da Parpública e 2,1 milhões da MGI Capital, o outro acionista (um consórcio formado pelo Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves – TMG), foram transformadas em capital e novamente reduzidas a zero, para cobertura de prejuízos. E, finalmente, num terceiro momento, foi feito um novo aumento de capital para os atuais 300 milhões de euros.

Na operação de venda, os bancos aceitaram perder 29 milhões de euros (de dívida não garantida), mas asseguram 94 milhões de euros de trade finance ao longo dos próximos cinco anos. A própria Mutares avançou também com 60 milhões de euros em garantias, essenciais para executar os contratos que vai ganhando e que têm ciclos de produção muito longos. Esta quarta-feira a Efacec anunciou a celebração de novos contratos nos Países Baixos e no Reino Unido sem, no entanto, revelar valores.

Contrato celebrado com a Porthos inclui o fabrico, fornecimento e instalação de dois transformadores e dois transformadores Zig-Zag de ligação à terra.

O reforço de posição no Reino Unido foi feito através da celebração de três call-off-contracts com a Scottish and Southern Electricity Networks (SSEN), no âmbito do contrato-programa em vigor entre as duas empresas. “Esta nova encomenda, que vai contribuir para o desenvolvimento da rede elétrica, inclui o fabrico, fornecimento e instalação de dois transformadores de potência 90MVA, 132/33kV para as subestações de Thatcham e Fareham da SSEN em Inglaterra, e de um transformador de potência 45MVA e 132/11kV para a subestação de Deanie na Escócia”, explica a Efacec em comunicado.

Nos Países Baixos foi celebrado um contrato com a Porthos, que está a desenvolver uma infraestrutura no Porto de Roterdão, na qual o dióxido de carbono proveniente de vários clientes será transportado e armazenado em jazidas de gás natural vazias no fundo do mar do Norte. À Efacec cabe o “fabrico, fornecimento e instalação de dois transformadores de potência 57 MVA e dois transformadores Zig-Zag de ligação à terra”, acrescenta a mesma nota.

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