Pensões já podem ter aumento extraordinário, mesmo com Governo “congelado”

O aumento extraordinário das pensões será incluído, tem garantido Costa, no Orçamento do Estado para 2022, que já tem a aprovação garantida. Mas a medida poderia avançar já, dizem advogados.

A repetição dos votos dos emigrantes promete deixar o Governo “congelado” até à primavera e atirou a entrada em vigor do Orçamento do Estado (OE) para o segundo semestre do ano. Mas António Costa já pode, se assim quiser, avançar com o aumento extraordinário das pensões, defende a esquerda, posição que é confirmada pelos advogados ouvidos pelo ECO.

Inicialmente, a proposta de OE para 2022 entregue em outubro do ano passado previa a atribuição de um aumento extraordinário de dez euros às pensões até 1,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (cerca de 665 euros), tendo o Governo firmado o compromisso, no âmbito da negociação com a esquerda, de conceder, afinal, esse adicional às pensões até 1.907 euros.

Contudo, o chumbo parlamentar do OE pela esquerda fez cair por terra esse acréscimo, uma vez que, perante a dissolução da Assembleia da República e a antecipação das eleições legislativas, o primeiro-ministro entendeu que “politicamente” não devia avançar com medidas extraordinárias.

Em entrevista à RTP em novembro, António Costa explicou: “Nas matérias relativamente às quais o Governo não está impedido juridicamente, o critério é seguinte: vamos fazer tudo aquilo que é normal ser feito e que é corrente fazer no início do ano. O que é que não faremos porque não devemos fazer? Tudo aquilo que tem natureza extraordinária. Não devemos politicamente fazer.”

Ou seja, o chefe do Executivo até reconheceu que a lei previa a possibilidade de as prestações sociais serem aumentadas, mesmo com o país em duodécimos, mas deixou claro que, “com a Assembleia da República dissolvida”, o seu Governo estava com a “legitimidade política limitada“, pelo que não daria aos pensionistas o extra anunciado anteriormente.

A promessa deixada nessa altura foi a de que o PS incluíra essa subida adicional das pensões no seu programa eleitoral. Caso saísse vencedor das eleições de 30 de janeiro, repetiria a medida no Orçamento do Estado.

Entretanto, António Costa conseguiu mesmo a vitória (e a maioria absoluta que pedira aos portugueses) na ida às urnas, mas a repetição das eleições no círculo da Europa decidida, entretanto, pelo Tribunal Constitucional adiou para abril a tomada de posse do novo Governo, o que significa que o Orçamento do Estado para 2022 já só deve entrar em vigor no segundo semestre do ano. Deste modo, medidas tão relevantes para o bolso dos portugueses como o aumento extraordinário das pensões deverão, afinal, chegar ao terreno mais tarde do que se esperava.

Ainda assim, Catarina Martins veio sublinhar que, querendo, o Executivo atualmente em funções pode avançar já com o aumento extraordinário das pensões, não tendo de esperar pelo OE. “O Governo tem margem para o aumento extraordinário das pensões, porque já houve o ano passado. Se há matérias, como a lei fiscal, que precisam do Parlamento, há matérias de apoio social que podem avançar“, defendeu a bloquista, em entrevista ao Público (acesso condicionado).

Tais declarações ficam em linha com o que o próprio primeiro-ministro tinha reconhecido em novembro. Ora, os advogados consultados pelo ECO também confirmam que o Governo pode já avançar, por decreto-lei, com o aumento extraordinário das pensões.

“Durante o período transitório em que se mantiver a prorrogação de vigência da lei do Orçamento do Estado de 2021, a execução mensal dos programas em curso não pode exceder o duodécimo da despesa total da missão de base orgânica, com exceção das despesas referentes a prestações sociais devidas a beneficiários do sistema de Segurança Social e das despesas com aplicações financeiras”, começa por explicar Jane Kirkby, consultora da Antas da Cunha Ecija & Associados.

E acrescenta: “Sendo as pensões prestações sociais devidas a beneficiários do sistema de segurança social, não existe qualquer impedimento legal para que o Governo, mesmo estando o país em duodécimos, avance já com os aumentos extraordinários das pensões, nos termos estabelecidos na lei do Orçamento do Estado de 2021″.

Na mesma linha, José Luís Moreira da Silva, sócio da SRS Legal, entende que o Governo pode aprovar por portaria o aumento extraordinário das pensões, “desde que tenha margem orçamental nos duodécimos para o fazer, podendo alterar as verbas de uma rubrica para outra para o fazer“. Convém realçar que em 2021 os apoios criados no âmbito da pandemia exigiram verbas bem mais avultadas do que as que estão atualmente a ser necessárias, pelo que esses fundos poderiam ser agora, por exemplo, direcionados para a atualização extraordinária das pensões, ainda com o país em duodécimos.

O advogado frisa, além disso, que o Governo atual ainda está em funções plenas, “pois não se demitiu e a nova Assembleia da República ainda não esta instalada, por ainda não existir apuramento geral das eleições”.

A possibilidade de o Governo avançar já com uma subida extra das pensões não é, contudo, uma questão inteiramente pacífica entre os juristas ouvidos pelo ECO.

Por um lado, Tiago Marques, advogado coordenador da área das relações laborais, contratação coletiva e Segurança Social da RSA, salienta que o aumento extraordinário em causa “não é uma obrigação no Orçamento de 2022, uma vez que poderão existir realidades distintas de 2021 para 2022 que obriguem a realocar essa verba ou mesmo ficar em hold face a alguma situação que não estava previsto em 2021, mas que se possa verificar em 2022″.

Por outro, Madalena Caldeira, sócia contratada da Abreu Advogados, defende que o que Catarina Martins sinalizou “materialmente faz sentido“, mas explica que o aumento extraordinário das pensões que estava previsto no Orçamento do Estado para 2021 estava só determinado para esse ano, pelo que não é certo que haja enquadramento legal para uma repetição dessa medida em 2022, enquanto o país viver em duodécimos.

De notar que o Orçamento do Estado para 2022 já tem aprovação garantida (o PS já tem assegurados, pelo menos, 117 assentos no Parlamento) e que António Costa prometeu que as medidas aí previstas terão efeitos retroativos a janeiro, pelo que esta antecipação do aumento extraordinário das pensões não seria mais do pagar já aos pensionistas os valores que já estão prometidos, evitando que estes tenham de esperar mais tempo por essa transferência, numa altura em que a inflação tem registado um agravamento.

De resto, em janeiro, as pensões já subiram de forma automática até 1%, com base na economia e na evolução do Índice de Preços no Consumidor. As pensões até 886 euros foram atualizadas em 1%, as pensões entre 886 euros e 2.569 euros cresceram 0,49% e as pensões acima de 2.569 euros subiram 0,24%.

O ECO questionou o Governo sobre a eventual antecipação do início do pagamento do aumento extraordinário das pensões, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo.

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Setor tecnológico de Wall Street escapa ao conflito na Ucrânia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 28 Fevereiro 2022

Os principais índices norte-americanos continuam voláteis devido sobretudo ao conflito na Ucrânia. Apenas o setor tecnológico fechou em terreno positivo no quinto dia após a invasão russa.

A sessão desta segunda-feira em Wall Street fechou mista, apenas com o tecnológico Nasdaq em alta. À medida que prossegue o conflito no leste da Ucrânia, os mercados financeiros atravessam uma forte volatilidade, sendo que as sanções decididas pelo ocidente estão a gerar pressão vendedora nos ativos de risco.

À hora de fecho, o industrial Dow Jones caía 0,47%, para 33.900,08 pontos, enquanto o S&P 500 desvalorizava 0,22%, para 4.375,10 pontos, influenciado pela subida do preço do petróleo. O tecnológico Nasdaq foi o único índice a inverter a tendência na abertura e acabou o dia a registar ganhos de 0,41%, para 13.750,83 pontos.

“A invasão Rússia-Ucrânia, por si só, não será provavelmente uma condição adversa a longo prazo para as ações dos EUA. Mas penso que, a curto prazo, é um grande contribuinte para o recuo das ações”, disse a diretora de investimentos da Defiance ETFs, Sylvia Jablonski, citada pela agência Reuters.

O agravamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia aumentou as preocupações dos investidores, numa altura em que aumenta a inflação e se antevê uma subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA.

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Operadoras portuguesas disponibilizam chamadas gratuitas para a Ucrânia

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

Meo, Nowo, Nos e Vodafone anunciaram chamadas gratuitas para os contactos com a Ucrânia. Saiba o que oferece cada uma.

As operadoras de telecomunicações Meo (Altice Portugal), NOS, Nowo e Vodafone Portugal estão a disponibilizar chamadas gratuitas para a Ucrânia, país que na semana passada foi alvo de uma invasão por parte da Rússia.

Na sexta-feira à noite, a Meo informou os clientes de que, “para facilitar as comunicações e aproximar as famílias”, oferece “temporariamente a todos os seus clientes chamadas móveis internacionais para a Ucrânia e disponibiliza gratuitamente o ‘pack’ Ukrainian TV”. Esta medida, segundo a operadora da Altice Portugal, está em vigor de 26 de fevereiro a 15 de março, “podendo ser alargada consoante o evoluir da situação”.

No sábado, a Nowo informou que os seus clientes podem fazer chamadas para a Ucrânia gratuitamente. “Face aos acontecimentos atuais, a Nowo decidiu oferecer chamadas internacionais para a Ucrânia de forma a poder ajudar todos aqueles que necessitam de entrar em contacto com os seus familiares, amigos que estão atualmente neste país”, adianta a operadora, em comunicado, salientando que as condições, também em vigor de 26 de fevereiro a 15 de março, “poderão ser alargadas” consoante o “evoluir da situação”.

Contactada pela Lusa, a Vodafone adianta que, “no seguimento dos acontecimentos na Ucrânia”, decidiu, “a partir da passada sexta, dia 25 de fevereiro, às 18:00, para pré-pagos, e dia 26 para pós-pagos, não taxar as comunicações internacionais com origem em Portugal e destino na Ucrânia”, bem como “não taxar as comunicações realizadas em ‘roaming’ na Ucrânia”. Estas medidas estão em vigor “até ao próximo dia 15 de março”, adianta a Vodafone Portugal.

Fonte oficial da NOS disse à Lusa que “as chamadas e SMS para Ucrânia não serão cobradas”.

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Governo vai avaliar “mais à frente” manutenção do Autovoucher

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

O Autovoucher tem quase de 1,6 milhões de beneficiários tendo, até ao momento, reembolsado 24,2 milhões de euros.

O Governo vai avaliar “mais à frente” a eventual a manutenção do Autovoucher, sendo esta realizada em função da evolução do preço dos combustíveis e de outras decisões que venham a ser tomadas, disse à Lusa o Ministério das Finanças.

“A oportunidade da sua [Autovoucher] manutenção será avaliada mais à frente em função da evolução do quadro atual do preço dos combustíveis e das decisões que, entretanto, possam vir a ser tomadas”, indicou, em resposta à Lusa, fonte oficial do Ministério das Finanças.

Lançado no início de novembro, o Autovoucher consiste na atribuição de um reembolso de 10 cêntimos por litro até ao limite de 50 litros mensais de combustível aos consumidores registados na plataforma IVAucher, sendo o valor (equivalente a cinco euros) pago com o primeiro abastecimento do mês.

A medida foi desenhada para durar durante cinco meses – de novembro de 2021 a março de 2022 –, tendo ficado definido que, caso o consumidor não faça qualquer abastecimento num mês, o apoio previsto ‘desliza’ e acumula com o valor do(s) mês(es) seguinte(s).

“O Autovoucher tem quase de 1,6 milhões de beneficiários tendo, até ao momento, reembolsado 24,2 milhões de euros, mantendo-se em vigor até ao dia 31 de março, conforme previsto”, acentua a mesma fonte oficial.

O Autovoucher foi uma das medidas tomadas pelo Governo no final do ano passado, a par de outras, com o objetivo de mitigar o impacto da subida dos combustíveis, havendo então a expectativa de que esta tendência de subida seria temporária – o que não se tem verificado.

Na mesma resposta, o Ministério das Finanças acentua que o pacote de medidas de mitigação do aumento dos preços da energia, nomeadamente dos combustíveis, “que se encontra em vigor desde outubro, mantém-se enquanto os pressupostos que levaram à sua criação se mantiverem”.

Neste contexto, acrescenta, insere-se a manutenção e renovação dos mecanismos de compensação das empresas de transportes públicos de passageiros, “estando previsto que num futuro próximo possa ser decidida a extensão do gasóleo profissional ao transporte público rodoviário coletivo de passageiros”.

Em novembro foi publicado o diploma que alargou o limite anual de litros elegíveis de gasóleo profissional para a devolução integral do ISP, de 35 mil litros para 40 mil litros por ano e por viatura, para as transportadoras de mercadorias.

Em paralelo, o mecanismo de devolução em ISP dos ganhos em IVA decorrentes do aumento do preço de combustíveis mantém-se em vigor até 30 de abril, com a fonte oficial a adiantar estar “em avaliação permanente a evolução do PVP para tomada das medidas consequentes”.

Além disto, deverá manter-se em vigor a suspensão da atualização da taxa de carbono, o que “evita o aumento dos preços dos combustíveis em cinco cêntimos e partir de 1 de abril”.

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Preço do trigo de moagem atinge recorde de 322,5 euros por tonelada

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

Kiev é o quinto maior exportador mundial de trigo. Preço do trigo de moagem, para entregar em março, bate recordes.

O preço do trigo de moagem para entrega em março atingiu um recorde de 322,5 euros por tonelada, um valor impulsionado pelo conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

O bloqueio dos portos ucranianos, tendo em conta que Kiev é o quinto maior exportador mundial de trigo, é um dos motivos que explica a evolução registada, segundo apontou um especialista da Inter-Corte à Agência France Presse (AFP).

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

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Governo garante “reservas confortáveis” de gás e combustíveis para mais de 90 dias

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

“Portugal não depende em nada do gasoduto que vem da Rússia", disse Matos Fernandes, adiantando que o país recebe, em média, seis navios por mês com GNL e, até final de março, chegarão oito.

O ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse esta segunda-feira que Portugal tem “reservas muito confortáveis” de gás, bem como “reservas públicas de 90 dias” de combustíveis, perante eventuais constrangimentos devido à invasão russa da Ucrânia.

Portugal não depende em nada do gasoduto que vem da Rússia, tudo o que usa de gás é GNL, que chega a Sines e é re-gaseificado e utilizado no nosso país. Há três dias, tínhamos as reservas de gás a 80% e hoje o número é certamente superior”, pelo que “temos reservas muito confortáveis”, declarou João Pedro Matos Fernandes.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas após uma reunião extraordinária do Conselho sobre situação energética na Europa na sequência da crise na Ucrânia, o governante apontou que Portugal recebe, em média, seis navios por mês com GNL e, até final de março, chegarão oito.

Já questionado relativamente a eventuais constrangimentos no fornecimento de gás e combustíveis a Portugal, devido às tensões geopolíticas, João Pedro Matos Fernandes assinalou que “a quantidade e a disponibilidade […] hoje não é uma preocupação” para o Governo. “Se avançarmos para o gasóleo, a gasolina e o crude, há reservas públicas de 90 dias de abastecimento, aos quais acresce o das empresas”, afincou.

“É antes uma questão de preço […], mas não é imediato” e de “instabilidade dos próprios preços”, admitiu.

 

UE em acordo sobre ligação a sistema elétrico ucraniano e REN dá aval

O ministro português do Ambiente disse ainda que a União Europeia (UE) alcançou “consenso político” sobre a interligação da rede elétrica ucraniana com a europeia, que conta com aval da REN, visando fornecimento após invasão russa do país.

“Hoje houve um Conselho de emergência […] e foi expressa toda a solidariedade à Ucrânia face a este ataque brutal externo que está a sofrer e foi obtido um consenso político sobre a interligação do sistema elétrico da Ucrânia no europeu, no qual Portugal se encontra”, disse João Pedro Matos Fernandes.

O governante explicou que o sistema elétrico ucraniano “estava ligado à Rússia e, nos últimos dias, tem estado a funcionar de maneira independente, com sucesso, mas é da maior relevância poder dar estabilidade à Ucrânia e fazer-se esta ligação ao resto da Europa”.

“Têm de haver alguns testes técnicos e vamos acelerar o processo, mas há condições para que possa ser feito sem risco”, acrescentou João Pedro Matos Fernandes. Questionado pela Lusa na ocasião, o ministro da tutela apontou que, para esta sincronização ocorrer, a UE irá “queimar etapas” nos procedimentos, faltando porém alguns trabalhos técnicos “para garantir que não há falhas”.

Portugal já fez o seu trabalho de casa e quem gere a rede, nomeadamente a REN [Redes Energéticas Nacionais], não encontra risco acrescido para a interligação ser feita”, adiantou. E, para João Pedro Matos Fernandes, “vale bem o ganho que terá” para a Ucrânia, em altura de confrontos.

Esta sincronização das redes elétricas ucraniana com a europeia facilitará as trocas entre os países e tornará mais fácil ultrapassar problemas de fornecimento de eletricidade para a Ucrânia.

A posição surge depois de, hoje, a Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão (ENTSO-E) ter anunciado que recebeu um “pedido urgente” do operador elétrico ucraniano “para uma sincronização de emergência do sistema elétrico […] com o sistema elétrico da Europa Continental”.

A área abrangida pela ENTSO-E inclui um total de 35 países, da UE e parceiros. A Ucrânia estava sincronizada com a rede elétrica russa até à invasão de Moscovo, na semana passada.

A invasão russa da Ucrânia tem vindo a causar uma acentuada subida no preço do gás na UE e nos preços globais do petróleo, aumento esse que surge no contexto de um pico já existente nos preços energéticos, dada a crise no setor.

Na passada quinta-feira, reunidos em cimeira extraordinária em Bruxelas, os líderes da UE apelaram à ação a todos os níveis e convidaram a Comissão a propor medidas de emergência, nomeadamente para o setor da energia, razão pela qual surgiu a reunião de hoje dos ministros da tutela.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou pesadas sanções.

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BCP com exposição “imaterial” a empresas russas. Já implementou “100 restrições” por causa das sanções

Banco já implementou no seu sistema "cerca de 100 medidas" relacionadas com as sanções anunciadas por Bruxelas à Rússia. Diz ter exposição "imaterial" à dívida de empresas russas.

O BCP tem uma “exposição absolutamente imaterial” à dívida de empresas russas, anunciou o CEO Miguel Maya esta segunda-feira, adiantando ainda que, na sequência da bateria de sanções anunciadas por Bruxelas à Rússia, a instituição financeira já implementou cerca de “100 restrições” no seu sistema, nomeadamente relacionadas com outros bancos.

“O BCP não tem qualquer exposição [à dívida soberana russa], nem o banco na Polónia. O grupo não tem qualquer exposição. Mesmo contando com dívida corporate, a exposição é absolutamente imaterial quer a partir de Portugal quer a partir das operações estrangeiras”, referiu Miguel Maya na apresentação de resultados.

“Do ponto de vista de risco de crédito, não há qualquer motivo para preocupação”, assinalou.

De acordo com a mesma fonte, o banco já implementou no seu sistema “cerca de 100 medidas” que têm “impacto em entidades” que foram alvo das sanções da Comissão Europeia. São sobretudo “restrições a trabalhar com banco A ou C”, explicou.

Por outro lado, Miguel Maya observou que Portugal “não tem grande relação nem com a Ucrânia nem com a Rússia” e, nesse sentido, “não é tema que cause grande apreensão” o potencial impacto direto do conflito na Ucrânia no banco.

Contudo, acrescentou logo a seguir, “a guerra na Ucrânia terá implicações no aumento do preço da energia à escala global, que afetam a economia europeia e mundial” e também no BCP.

O BCP registou lucros de 138,1 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 25% em relação ao ano anterior, e vai distribuir dividendos “muito moderados”.

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Ucrânia: União Africana apela ao fim de discriminação “chocantemente racista” nas fronteiras

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

“Relatos de que africanos estão a ser escolhidos para tratamento desigual inaceitável seria chocantemente racista e em violação da lei internacional”, dizem o Presidente do Senegal e da UA.

A União Africana classificou esta segunda-feira como “chocantemente racista” que cidadãos africanos sejam impedidos de fugir do conflito na Ucrânia, apelando a todos os países que respeitem a lei internacional e apoiem quem foge da guerra, independentemente da sua raça.

Relatos de que africanos estão a ser escolhidos para tratamento desigual inaceitável seria chocantemente racista e em violação da lei internacional”, dizem, em comunicado, o Presidente do Senegal e presidente em exercício da União Africana (UA), Macky Sall, e o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat.

Os dois dirigentes apelam por isso “a todos os países que respeitem a lei internacional e mostrem a mesma empatia e apoio a todas as pessoas que fogem da guerra, independentemente da sua identidade racial”.

Sall e Faki dizem estar a seguir de perto os acontecimentos na Ucrânia, mostrando-se “particularmente perturbados” por relatos de que cidadãos africanos estão a ser impedidos de atravessar a fronteira da Ucrânia em busca de segurança.

Os dois líderes sublinham que “todas as pessoas têm o direito de atravessar fronteiras internacionais durante conflitos” e, por isso, devem poder fugir da guerra na Ucrânia, independentemente da sua “nacionalidade ou identidade racial”.

Aplaudem os esforços dos Estados-membros da UA e das suas embaixadas nos países vizinhos para receber e orientar os cidadãos africanos e as suas famílias ao tentarem atravessar a fronteira ucraniana em busca de segurança.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

À semelhança de centenas de milhares de pessoas, muitos africanos – na sua maioria estudantes – estão a tentar fugir da Ucrânia para os países vizinhos, incluindo a Polónia, mas a enfrentar um tratamento discriminatório nas estradas e nas fronteiras ucranianas, de acordo com várias organizações não-governamentais.

O número crescente de acusações de comportamento racista por parte das autoridades ucranianas, sobretudo, mas também polacas, levou o Governo nigeriano a instar hoje as autoridades aduaneiras da Ucrânia e dos países vizinhos a tratarem os seus cidadãos “com dignidade”.

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CaixaBank reforça capital do BPI com emissão de 425 milhões

O BPI vai realizar uma emissão de dívida subordinada de 425 milhões de euros, totalmente subscrita pelo CaixaBank. Vai pagar "spread" de 3,3%.

O BPI informou esta segunda-feira o mercado que vai reforçar o rácio de capital total através da emissão de 425 milhões de euros em dívida subordinada, que será integralmente subscrita pelo seu acionista, o espanhol CaixaBank.

O financiamento irá reforçar o capital total do banco, que passará de 17,4% para 18,1%, uma vez que a dívida subordinada, por comportar maior risco (só é reembolsada após a dívida sénior ser paga), contribui para o chamado rácio Tier 2. O rácio principal (CET1) mantém-se, por isso, inalterado nos 14,2%.

O banco informa que a emissão contribui igualmente para o reforço do montante para o cumprimento do requisito de MREL, uma almofada de fundos próprios e passivos elegíveis que os bancos são obrigados a ter para a absorção de choques.

A emissão vence em março de 2032, mas pode ser reembolsada antecipadamente em março de 2027. O juro anual estará indexado “à Euribor a 6 meses, acrescida de um spread de 3,30%”.

O BPI irá ainda “proceder, em 24 de março, ao reembolso antecipado de uma emissão de dívida subordinada (Tier 2) de 300 milhões de Euros, totalmente subscrita pelo CaixaBank”.

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Ryanair volta a apelar a António Costa para “libertação” de slots ocupados pela TAP

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

A Ryanair apela para a libertação de 18 slots diários da TAP para salvar 20 rotas. Se isso não acontecer a companhia será forçada a reduzir de 7 para 4 aviões a operação em Lisboa no fim desta semana.

A companhia aérea low cost Ryanair voltou a apelar ao primeiro-ministro, António Costa, para que sejam libertados slots (faixas horárias) não usados pela TAP até 4 de março, indicando que se tal não acontecer terá de cancelar rotas.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, a transportadora voltou “a apelar ao primeiro-ministro português, António Costa, para que tome medidas imediatas e exija à TAP a libertação de 18 slots diários – que não pode, nem irá utilizar, no verão 2022 –, de forma a permitir a operação da Ryanair com sete aviões baseados em Lisboa, poupando 20 rotas, um milhão de passageiros e 250 milhões de euros gastos por visitantes em Lisboa no verão 2022”.

De acordo com a Ryanair, “a menos que o primeiro-ministro intervenha esta semana para libertar os slots não utilizados pela TAP – apenas para o verão 2022 –, a Ryanair será forçada a reduzir sete aviões para quatro, na sua base no Aeroporto da Portela, em Lisboa, no final desta semana, e com isto perder um milhão de passageiros, 150 postos de trabalho e mais de 250 milhões de euros de despesas turísticas em Lisboa”.

Citado na mesma nota, o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, disse que a empresa escreveu “ao primeiro-ministro, António Costa, a 16 de fevereiro, pedindo-lhe que agisse antes do final de fevereiro”, mas, até agora não recebeu qualquer resposta.

“Por essa razão, volto a solicitar ao primeiro-ministro que intervenha urgentemente para salvar estes aviões, rotas, passageiros, e postos de trabalho em Lisboa, para o verão 2022”, referiu.

Segundo Michael O’Leary, “a Ryanair não precisará destes slots após o verão 2022, uma vez que a TAP será forçada, pela Comissão Europeia, a libertar 18 slots diários, a partir do inverno de 2022”.

“Uma vez que a TAP não utilizará estes slots no verão 2022, estes serão desperdiçados, a menos que o primeiro-ministro intervenha e solicite à TAP o empréstimo destes slots à Ryanair, apenas para o verão, para salvar 20 rotas, um milhão de visitantes, e os 250 milhões de euros gastos por estes, em Lisboa”, reforçou.

De acordo com o gestor, caso a companhia não obtenha “uma resposta positiva” do gabinete do primeiro-ministro, a 4 de março, “estes aviões e rotas em Lisboa serão cancelados apenas para o verão 2022”.

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EDP Renováveis convoca assembleia-geral para votar distribuição de 86 milhões em dividendos

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

Os acionistas da empresa são chamados a votar, no dia 31 de março, a proposta de distribuição de “um dividendo bruto de 0,09 euros por ação da EDP Renováveis".

A EDP Renováveis (EDPR) convocou uma assembleia-geral de acionistas para o dia 31 de março, na qual vai votar, entre outros pontos, a proposta de distribuição de dividendos, no montante de 86 milhões de euros, foi comunicado ao mercado.

Segundo a informação remetida à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os acionistas vão votar a proposta de distribuição de “um dividendo bruto de 0,09 euros por ação da EDP Renováveis, com direito aos mesmos, equivalente a um montante global de 86.450.234,58 euros que provirão da conta de reserva voluntária, com direito a recebê-lo no momento do pagamento”.

Em cima da mesa estará ainda a análise e votação das contas anuais individuais e consolidadas da EDPR e da proposta de aplicação dos resultados de 2021.

Os acionistas vão também deliberar sobre o relatório de gestão individual da EDPR e o estado da informação não financeira do grupo, correspondente ao exercício terminado em 31 de dezembro de 2021. Por último, será votada a gestão e atuação do Conselho de Administração no exercício em causa.

A EDPR indicou ainda que, caso não seja alcançado o quórum necessário, a assembleia-geral realizar-se-á no dia 07 de abril, em Madrid.

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Governo avalia criação de linha de crédito para setores mais afetados por preços do gás, diz Matos Fernandes

Os setores em causa serão o do vidro, cerâmica, têxtil e mais dois que o Ministério da Economia está a identificar, adiantou Matos Fernandes.

O ministro Matos Fernandes anunciou, após a reunião dos ministros do Ambiente da União Europeia, que “está em avaliação a criação de uma linha de crédito” para os setores mais afetados pela subida dos preços do gás, nomeadamente vidro, cerâmica, têxtil e mais dois que o Ministério da Economia está a identificar. Há também a possibilidade de apoios diretos ou benefícios fiscais.

São “várias as hipóteses a ser discutidas em cima da mesa”, aponta o ministro, em conferência de imprensa transmitida pelas televisões. Entre elas encontra-se a “possibilidade de apoios diretos aos setores mais afetados, bem como a possibilidade de haver algum benefício fiscal”, para no final do ano fiscal poder existir recuperação do aumento.

Além disso, está também em avaliação a “criação de uma linha de crédito para o setor do vidro, da cerâmica, têxtil e mais dois ou três que o Ministério da Economia está a identificar como aqueles que podem sofrer maior impacto”, adianta Matos Fernandes.

Desde que a Rússia, o principal exportador de gás natural da Europa, atacou militarmente a Ucrânia que o preço do gás natural tem subido de forma acentuada. O preço do gás natural TTF (Title Transfer Facility) para entrega em março subiu esta segunda-feira 26% para 115 euros por megawatt hora (MWh), num contexto de maior incerteza.

(Notícia atualizada às 18h42)

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