Roubo “sistemático” de material atrasa obras na ferrovia

O presidente da Infraestruturas de Portugal afirmou no Parlamento que existe "uma situação complicada" de roubo de material. Atribui derrapagem nos prazos ao calendário desadequado com a realidade.

Miguel Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), justificou os atrasos no Ferrovia 2020 com a “elevada complexidade de um empreendimento ferroviário”, que demora cerca de dez anos desde a conceção à conclusão, e a falta de resposta do mercado. Apontou também “uma situação muito complicada de roubo de material” nas obras.

Há algo que estamos com muita dificuldade em lidar, e tem vindo a acontecer sistematicamente, que é o roubo de material“, afirmou o presidente da empresa pública responsável pela gestão da infraestrutura ferroviária e rodoviária, que está a ser ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, a requerimento da Iniciativa Liberal, por causa dos atrasos no Ferrovia 2020.

Miguel Cruz afirmou que “a situação muito complicada de roubo de material” está a contribuir para atrasos nas obras, dando como exemplo a Linha do Algarve, onde os furtos levaram a um atraso de três meses, e a Linha do Oeste, onde “foram necessários seis meses para recuperar material”.

“A nossa preocupação não é tanto o valor. Os roubos são feitos enquanto estamos em obra e a responsabilidade recai sobre o empreiteiro. A questão principal é o tempo. O roubo de cabo significa, necessariamente, que o empreiteiro vai ter de encomendar novamente cabo. Podemos estar a falar de seis meses para entrega. Tem impacto sobre todo o investimento”, esclareceu o presidente da IP, acrescentando que a empresa está “a trabalhar com os empreiteiros para aumentar a segurança e autoridades poderem dar apoio”.

Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal, assinalou que o calendário inicial do Ferrovia 2020 previa a conclusão das obras em 2021, que em 2019 foi apresentado um novo calendário com data limite de 2023, e, “quase oito anos depois, continuam por concluir obras em sete das oito linhas intervencionadas”. Lembrou as críticas de “suborçamentação”, que “limita a concorrência e faz com que os prazos derrapem”.

O presidente da IP defendeu que os atrasos resultam de um calendário desadequado da realidade. Na intervenção inicial, Miguel Cruz afirmou que o Ferrovia 2020 arrancou com o país a sair do período de assistência financeira e num contexto de “forte limitação na dimensão do mercado e na capacidade de resposta do mercado”.

Miguel Cruz salientou também a “elevada complexidade” e o elevado tempo necessário para a implementação dos projetos, apontando que os estudos preliminares e a avaliação estratégica demoram cerca de um ano, os trabalhos preparatórios quatro anos, a obra quatro anos e meio e seis meses para testes e certificações.

Existiu uma desadequação entre a previsão da data de conclusão de muitos investimentos e aquilo que era possível executar.

Miguel Cruz

Presidente da Infraestruturas de Portugal

Existiu uma desadequação entre a previsão da data de conclusão de muitos investimentos e aquilo que era possível executar“, apontou também. “Em boa medida temos um Ferrovia 2020 que arranca com um planeamento e previsão de conclusão de obras, quer pelas condições de mercado quer de condições de profundidade dos projetos que avançam para financiamento comunitário, que tornam o planeamento notoriamente desadequado com a capacidade que existia”, acrescentou.

Tanto o PSD como o Chega questionaram Miguel Cruz sobre se a IP concordou com os prazos, que serviram para diferentes ministros fazerem anúncios de obras. O social-democrata Gonçalo Oliveira Lage perguntou se existiu uma “ocultação dos prazos reais” e deixou críticas ao antigo ministro das Infraestruturas. “Ou o anterior ministro Pedro Nuno Santos acordou estes prazos com a IP ou o objetivo foi fazer aqui um show off“, disse.

Houve uma gestão política na elaboração dos prazos. A IP sabia que os prazos eram impossíveis. Havia uma conveniência política em colocar esses prazos”, acusou Carlos Guimarães Pinto.

O calendário foi apresentado num pressuposto de capacidade de resposta. Houve um excesso de otimismo“, reconheceu Miguel Cruz. “A IP assume a responsabilidade pelo planeamento, com aquilo que conhecemos hoje e as condições que temos hoje”, acrescentou o presidente da IP.

Sobre o atraso na Linha da Beira Alta, Miguel Cruz reiterou que a obra estará concluída no primeiro trimestre de 2025, mas afirmou não ser possível garantir que não existirão mais derrapagens nos prazos.

O presidente da IP afirmou que já sugeriu a simplificação de mecanismos para acelerar o tempo dos projetos. “Nós não nos queixamos dos atrasos de resposta das entidades. Trabalhamos muito bem com as APA, as ICNF ou o Tribunal de Contas. O problema é que todo o processo, quando estamos com uma quantidade de pedidos enorme, cria um determinado acumular. Importa perceber se do ponto de vista das regras não há eficiências que possam ser conseguidas”, disse.

Segundo o relatório e contas da IP relativo a 2023, nesse ano foram executados 466 milhões de euros em investimentos do Ferrovia 2020, 65% do que estava orçamentado. No ano anterior tinha sido de 69%. O programa devia ter ficado concluído em 2021.

O Plano de Investimento Ferrovia 2020 contempla a modernização de cerca de 1.200 km de rede, que inclui ligações a Espanha, a renovação de parte da linha do Norte ou a eletrificação de mais de 400 km de linhas existentes.

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Indico e Oxy receberam mais 35 milhões do Banco de Fomento para capital de risco

Indico Capital e Oxy Capital cumpriram primeira meta de investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 30% do montante subscrito até 30 de junho.

A Indico Capital e a Oxy Capital receberam mais 35 milhões de euros do Banco de Fomento no âmbito do programa de Venture Capital, anunciou esta quarta-feira a instituição liderada por Ana Carvalho. O aumento de capital decorre do bom desempenho das duas capitais de risco e da superação da primeira meta de execução. Programa de capital de risco sobe execução para 10%.

“Face à boa performance e à superação da primeira meta de execução, o Banco Português de Fomento aprovou o reforço de capital nos fundos geridos pela Indico Capital Partners e Oxy Capital, elevando a participação do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) de 65 para 100 milhões de euros, disponibilizando assim mais recursos financeiros para apoiar startups e empresas em crescimento”, anunciou o banco em comunicado.

As regras do do programa de Venture Capital preveem a possibilidade de aumento de capital por parte do Banco de Fomento caso as capitais de risco o peçam e estejam cumpridas duas metas: o investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 30% do montante subscrito até 30 de junho de 2024; e o investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 60% do montante subscrito até 31 de março de 2025.

A Indico Capital e a Oxy Capital cumpriram a primeira meta e, assim, viram as dotações, que lhes foram concedidas inicialmente serem aumentadas de 35 milhões para 50 milhões de euros no Indico VC Fund II, e de 30 milhões para 50 milhões de euros no Fundo Juno, gerido pela Oxy.

“Este reforço de investimento permite que o fundo alcance de imediato os 76 milhões de euros de capacidade de investimento, tendo em conta o capital de privados já investido no mesmo”, afirma Stephan de Moraes, líder da Indico Capital Partners. “Desde o início do ano foram já comprometidos cerca de 15 milhões de euros em quatro empresas: Rows, Indie Campers, Oscar e FRVR, estando outras operações em fase final de análise e concretização“, refere ainda o gestor, em comunicado enviado às redações.

O Programa de Venture Capital tem uma dotação de 400 milhões de euros para subscrever fundos de capitais de risco que apoiem empresas, sobretudo nas fases de arranque (pré-seed, seed, start-up, later stage venture). Em julho, o BPF revelou ao ECO que já tinha assinado todos os contratos no âmbito deste programa e agora, num novo balanço, revela que, dos “12 fundos de capital de risco contratados, sete já concretizaram investimentos em empresas”.

Em causa está um investimento global de 51,8 milhões de euros, dos quais 25,32 são públicos, o que se traduz numa execução de 10,1% do Programa de Venture Capital e uma subida de oito pontos percentuais face ao início de junho. Este investimento foi feito em 21 empresas, abrangendo setores como TIC, e-commerce, engenharia, financeiro, cleantech, consultoria, alojamento, turismo, biotecnologia e fabrico de motociclos, entre outros. As empresas estão distribuídas por várias regiões: Porto, Lisboa, Braga, Viseu, Guimarães, Santo Tirso.

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Quase um quarto dos cidadãos não-europeus vive em casas sobrelotadas

A crise da habitação é mais grave para cidadãos a viver em Portugal que vêm de fora da Europa. Entre os residentes, a percentagem de cidadãos em casas sobrelotadas baixa para menos de metade: 10,9%.

O número de pessoas a viver em casas sobrelotadas continua a aumentar, mas são os cidadãos provenientes de fora da Europa que sentem mais a crise da habitação. Segundo o Eurostat, 23,8% dos cidadãos não europeus a residir em Portugal viviam, em 2023, em casas que não têm o número de quartos apropriados para o número de moradores. Esta percentagem é mais do dobro do número de residentes que vivem sem condições.

Os preços das casas e o valor elevado das rendas têm deixado muitas pessoas em dificuldades, forçando-as a dividir casa, muitas vezes sem que o imóvel tenha condições para ter tantos moradores. Esta situação levou a que, no ano passado, o número de pessoas a viver em casas sobrelotadas tenha aumentado de 9,4% para 12,9%, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.

No entanto, o acesso à habitação varia em função da origem das pessoas. Para os estrangeiros, sobretudo os que vêm de fora da Europa, conseguir uma casa com condições é ainda mais difícil, conforme revelam os números publicados pelo gabinete de estatísticas europeu esta quarta-feira.

No final de 2023, 23,8% dos cidadãos não-europeus em Portugal viviam em casas sobrelotadas, uma taxa que compara com 16,6% dos cidadãos europeus e 10,8% dos residentes.

No conjunto da Europa a realidade é ainda pior. Em 2023, 34,2% dos cidadãos não europeus viviam em casas sobrelotadas, acima dos 32,9% registados um ano antes. Entre os cidadãos dos próprios países, a taxa situou-se em 13,7%, ligeiramente abaixo dos 13,9% em 2022. Já entre os cidadãos europeus a viver noutros países da região, 20,8% habitavam em casas sem condições para o número de pessoas que o imóvel alberga.

Numa análise país a país, Polónia (53,3%), Itália (50,7%), Suécia (48,3%) e Grécia (47,5%) são os países europeus onde os estrangeiros que chegam de fora do Continente vivem com piores condições, em casas sobrelotadas. Já o Chipre, Irlanda e Malta apresentam a realidade oposta: apenas 4%, 9,1% e 10,8% dos cidadãos não-europeus partilham casas sobrelotadas, respetivamente.

Mais oferta, apoios a jovens e IVA a 6%

A crise na habitação é um dos principais problemas, sucedendo-se histórias de casas sobrelotadas, particularmente de cidadãos imigrantes. O Governo aprovou, no passado mês de maio, o pacote Construir Portugal, procurando responder à crise de oferta habitacional em Portugal.

Incentivar a oferta com a disponibilização de imóveis e redução de custos; promover a habitação pública; devolver a confiança no arrendamento; simplificar a legislação; fomentar a habitação jovem; e assegurar a acessibilidade na habitação foram os seis capítulos detalhados neste plano.

No âmbito deste pacote surgem ainda os apoios aos jovens que querem comprar casa, com o Executivo a aprovar a Isenção de IMT e Imposto de Selo na compra da primeira casa para os jovens até aos 35 anos nos imóveis até ao 4.º escalão de IMT, ou seja, até 316 mil euros.

Ademais, na proposta de Orçamento do Estado para 2025, o Governo incluiu uma autorização legislativa para aplicar a taxa reduzida de IVA às empreitadas de construção e reabilitação de imóveis, com objetivos sociais. A intenção vai, parcialmente, ao encontro das exigências de promotores imobiliárias e construtoras.

A autorização legislativa permite ao Governo proceder à alteração da verba 2.18 da lista de produtos e serviços às quais se aplica a taxa reduzida de IVA, de 6%, e que diz respeito às “empreitadas de construção ou reabilitação de imóveis de habitações económicas, habitações de custos controlados ou habitações para arrendamento acessível”.

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Bruxelas conclui que X não é uma grande plataforma digital comercial

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Segundo a Comissão Europeia, o X não se qualifica como plataforma principal uma vez que "não é uma plataforma importante para as empresas alcançarem os utilizadores finais".

A Comissão Europeia decretou esta quarta-feira que a rede social X (antigo Twitter) não pode ser designada como uma plataforma principal ao abrigo da legislação para serviços digitais.

Em comunicado, o executivo comunitário anunciou que concluiu uma investigação iniciada em 13 de maio deste ano sobre as implicações de o X ser uma plataforma digital principal.

O X “argumentou contra, explicando as razões para que esta rede social não seja considerada como uma ponte entre empresas e consumidores, ainda que (…) cumpra os requisitos da Lei dos Mercados Digitais para esse efeito”.

Ou seja, o X alegou que, apesar de haver empresas a operar na sua plataforma, a rede social não faz a ponte entre essas empresas e os utilizadores que são consumidores, como outras plataformas, por exemplo, a Google.

“A Comissão [Europeia] concluiu que, de facto, o X não se qualifica como ao abrigo desta lei, já que o X não é uma plataforma importante para as empresas alcançarem os utilizadores finais“, sustentou o executivo de Ursula von der Leyen, acrescentando que vai “continuar a monitorizar” as operações da rede social.

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Governo criticado por baixar preços dos transportes sem reforçar a oferta

Especialistas em transportes apontam o dedo ao Governo por baixar o preço sem aumentar a oferta à população.

Ao reduzir o preço dos transportes públicos — implementando medidas como o Passe Ferroviário recentemente aprovado –, sem reforçar os veículos em circulação, o Governo não está a garantir mobilidade à população. Acaba, sim, por condicionar o aumento da procura por um sistema congestionado, gerando sobrecargas e uma maior dificuldade das pessoas acederem aos transportes, alertaram esta terça-feira, no Porto, três especialistas em mobilidade.

“O que mete confusão nos sistemas de transporte é que a política é baixar preço, não é garantir mobilidade. Com este baixar de preço, nós não estamos a garantir nada, estamos a tirar o acesso às pessoas, estamos a congestionar os sistemas”, assinalou o vice-presidente da Associação Comercial do Porto, Álvaro Costa, durante a conferência “Mobilidade: desafios e soluções para as grandes cidades”, numa iniciativa da Rádio Renascença e da Câmara Municipal do Porto.

Os sistemas estão congestionados, há roturas, as pessoas não andam, e há uma política central para baixar o preço”, criticou Álvaro Costa, que também é CEO da TRENMO. Aliás, avisou, “baixar o preço [só vai] agravar o problema”. Para o especialista, “direito à mobilidade” e gratuitidade são duas coisas completamente distintas, uma vez que a baixa de preços pode acabar por limitar a capacidade dos transportes em circulação.

O que mete confusão nos sistemas de transporte é que a política é baixar preço, não é garantir mobilidade. Com este baixar de preço, nós não estamos a garantir nada; estamos a tirar o acesso às pessoas, estamos a congestionar os sistemas.

Álvaro Costa

Vice-presidente da Associação Comercial do Porto

Também Carlos Oliveira Cruz, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, defendeu que, primeiro, o Governo deveria ter apostado no reforço da capacidade dos transportes. “Sou favorável à melhoria da acessibilidade económica (…), mas isto deveria ter começado primeiro com o reforço da acessibilidade física: ter mais comboios a circular, mais autocarros“, e só depois baixar o preço, vincou.

“Temos problemas de capacidade no sentido em que os comboios circulam cheios. Tenho um preço barato, mas para um serviço que não tem a qualidade suficiente”, sustentou Carlos Oliveira Cruz. Em relação ao sistema rodoviário, o professor sugeriu a criação de mais corredores BUS, o que permitiria “aumentar a velocidade de circulação dos autocarros e com isso melhorar a eficiência”.

Paula Teles, presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), apontou a necessidade de se “pensar no espaço, na acessibilidade que se tem e no desenho urbano” e condicionar a presença do veículo privado nas ruas. Podem ser praticados “preços mais baixos, o que é importante para as famílias” ou uma “maior oferta”, mas “se o espaço público não permitir a competitividade do sistema de transportes, não há hipótese”, alertou.

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Lusocargo reforça ligação rodoviária a Marrocos com rotas semanais para Tânger e Casablanca

Em parceria com a Gondrand, a transitária reforça ligação a Marrocos, para onde as empresas portuguesas exportaram 1.000 milhões de euros. Mercadorias chegam a Tânger em 48h e a Casablanca em 72h.

A Lusocargo, que foi comprada em 2021 pelo grupo francês BBL e é uma das maiores empresas transitárias do país, vai reforçar a ligação rodoviária a Marrocos. Com saídas semanais às sextas-feiras as mercadorias vão chegar a Tânger em 48 horas e a Casablanca em 72 horas.

“Este novo serviço é uma oportunidade para reforçar as trocas comerciais entre Portugal e Marrocos, proporcionando aos nossos clientes um serviço rápido, seguro e de confiança”, afirma João Silva, diretor geral da Lusocargo.

A parceria com o grupo logístico Gondrand, criado em 1866, vai permitir à empresa portuguesa melhorar a conectividade e eficiência na movimentação de mercadorias entre os dois países. Em comunicado, realça ainda que “permite aos clientes tirar partido da European Road Freight Network do Groupe BBL, (…) alargando a sua rede de distribuição e aumentando a conectividade entre a Europa e o Norte de África”.

No ano passado, as exportações portuguesas para Marrocos ultrapassaram pela primeira vez os mil milhões de euros, de acordo com dados do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia.

Em junho, a transitária anunciou o reforço da ligação rodoviária aos Países Baixos, um dos principais mercados da empresa. Na altura, João Silva explicou ao ECO que o transporte rodoviário representa o core da atividade da Lusocargo, “desdobrando-se na importação, exportação e no transporte a nível nacional, sendo, atualmente, 86% da faturação anual”.

Fundada em 1984 e integrada no Grupo BBL, a Lusocargo emprega 200 pessoas e dispõe de espaços físicos no Porto, Mealhada, Lisboa e Pombal, numa área total de 20 mil metros quadrados de armazéns e 5.000 metros quadrados de escritórios.

Fundado em 1997 por Kaci Kébaïli, o Grupo BBL construiu um modelo original de “federação de especialistas” que reúne cerca de 20 pequenas e médias empresas (PME), com um total de mais de 2.000 colaboradores, tendo fechado 2023 com um volume de negócios de 720 milhões de euros.

Oportunidade para exportadores de carne

Esta nova ligação surge numa altura em que o Governo marroquino decidiu reforçar a importação de carne de bovinos e ovinos para fazer face à crise da carne vermelha, marcada pela subida dos preços e pela diminuição do efetivo pecuário.

De acordo com uma nota publicada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), além dos animais vivos, Marrocos vai autorizar a importação de carne halal (proveniente de um abate especial) pronta para consumo, refrigerada ou congelada.

A agência liderada por Ricardo Arroja, que vai ver as transferências das Finanças mais do que triplicam no próximo ano, frisa que esta medida de emergência tem como objetivo “garantir um abastecimento adequado de carne a preços acessíveis, preparando simultaneamente o país para o próximo período de grande consumo, nomeadamente o Ramadão”.

 

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Juíza no caso Salgado também é lesada do BES

Defesa de Salgado e de suíços fizeram referência às ações que a juíza perdeu no BES. “Quanto é que valem 500 ações, passe na Av. da Liberdade a ver se consegue comprar uma mala", disse a magistrada.

A magistrada que lidera o coletivo de juízes do julgamento do Universo Espírito Santo também é uma lesada do BES. Um facto que já tinha sido assumido pela juíza, depois do pedido de escusa para ser afastada do caso, feito pela própria Helena Susano, no final do ano passado. Esse facto não tem passado despercebido nas duas sessões de julgamento do caso BES que decorre desde terça-feira, no Campus de Justiça, em Lisboa.

Na terça-feira, a defesa de Ricardo Salgado, nas alegações iniciais, a cargo de Adriano Squillace acusou a juíza de ser “uma lesada do BES”, uma vez que chegou a pedir escusa do caso BES, invocando ser titular de 560 ações do banco. “Mas o Tribunal da Relação decidiu que isso não afetava a sua imparcialidade”. Esta quarta-feira, foi a vez do advogado Tiago Rodrigues Bastos — que representa dois arguidos suíços no processo — fazer referência às ações que a juíza Helena Susano perdeu no BES, sugerindo que é também lesada pela queda do banco.

Em resposta, a presidente do coletivo de juízes relembrou que foi feito um pedido de escusa, tendo este sido recusado pela Relação de Lisboa. E deixou a sugestão a Tiago Rodrigues Bastos, para “ver quanto é que valem 500 e tal ações”. “Passe na Avenida da Liberdade e veja se consegue comprar uma mala com isso”, ironizou. Tiago Rodrigues Bastos alegou ainda que não é conhecida a decisão da Relação de Lisboa, tendo a juíza respondido que a decisão é pública.

Com o devido respeito, não vemos que os dados de facto alegados (de a senhora juíza e filhas terem ações do BES bem como outro familiar em segundo grau ações da Portugal Telecom que com a queda daquele ocasionaram praticamente a sua total desvalorização) desacompanhada de qualquer outro facto – e estando neste processo vinculada, enquanto profissional, a realizar a justiça reclamada no caso concreto – sejam ‘motivo sério e grave’ que permita considerar verificada qualquer aparência suscetível de justificar o risco de a sua intervenção no processo ser considerada suspeita ou de gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade.

Decisão da Relação de Lisboa face ao pedido de escusa

A 22 de novembro, a juíza que iria presidir ao coletivo do julgamento do caso BES, Helena Susano, pediu escusa ao Tribunal da Relação de Lisboa. Segundo o despacho, a magistrada pediu-o por considerar haver motivo “sério e grave” para gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade. Em causa estava o facto de a juíza ser titular de “quinhentas e sessenta ações do BES” e das suas duas filhas serem igualmente titulares, “cada uma, de ações do BES, em quantidade que neste momento não consegue precisar, porquanto as mesmas se encontram no estrangeiro e sem documentos de que se possam socorrer para a respetiva concretização, mas certamente em número não superior a quinhentas e sessenta ações”.

Mais: a juíza diz ainda que possui “um familiar em segundo grau que é titular de sete mil e quinhentas ações da Portugal Telecom, S.A., a qual, como é consabido e público, se encontra alegadamente relacionada com a queda do universo BES, tendo esta queda ocasionado praticamente a total desvalorização daquelas ações”.

Mas o Tribunal da Relação de Lisboa não aceitou este pedido de escusa da juíza. “O pedido de escusa do juiz para intervir em determinado processo pressupõe, e só poderá ser aceite, quando a intervenção correr o risco de ser considerada suspeita, por existir motivo sério e grave adequado a gerar dúvidas sobre a sua imparcialidade – referenciada em concreto ao processo em que o incidente de recusa ou escusa é suscitado –, a qual pressupõe a ausência de qualquer preconceito, juízo ou convicção prévios em relação à matéria a decidir ou às pessoas afetadas pela decisão”, sublinha a decisão da Relação de Lisboa, datada de janeiro deste ano, a que o ECO teve acesso. “Não bastando, como é pacífica a jurisprudência nomeadamente do STJ, a convicção particular do ponto de vista do requerente (o seu sentimento pessoal de que a sua intervenção no processo possa gerar desconfiança ou ser considerada suspeita)”, sublinha.

Mas “com o devido respeito, não vemos que os dados de facto alegados (de a Srª juíza e filhas terem ações do BES bem como outro familiar em 2º grau ações da Portugal Telecom que com a queda daquele ocasionaram praticamente a sua total desvalorização) desacompanhada de qualquer outro facto – e estando neste processo vinculada, enquanto profissional, a realizar a justiça reclamada no caso concreto – sejam “motivo sério e grave” que permita considerar verificada qualquer aparência suscetível de justificar o risco de a sua intervenção no processo ser considerada suspeita ou de gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade”, concluem as três juízas desembargadoras.

Professora durante mais de uma década, a magistrada que julga Salgado tem 61 anos de idade mas só é juíza há pouco mais de 20, como explicou o Público. Nascida em Alcobaça, foi professora de Português e Francês. Tem 21 anos de experiência, a maior parte dos quais na área criminal. Primeiro como juíza de instrução e, desde 2007, no julgamento da criminalidade mais grave, uma carreira que apenas interrompeu para dar aulas aos futuros magistrados, no CEJ.

O segundo dia do julgamento do caso BES é marcado pela conclusão das exposições introdutórias dos advogados dos arguidos e com a reprodução das gravações do interrogatório a Ricardo Salgado na fase de inquérito. No total serão oito horas de gravação das declarações do ex-banqueiro.

Dez anos depois da queda do BES, com o arguido Ricardo Salgado acusado de 62 crimes (três entretanto prescreveram), o julgamento do processo BES conta com 17 arguidos singulares, sete empresas arguidas, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes. Este megaprocesso, que já vai nos 215 volumes após uma acusação com mais de quatro mil páginas.

O ex-banqueiro está acusado de associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento de capitais. E estava inicialmente acusado de um total de 65 crimes, vai agora ser julgado por 62 ilícitos criminais, após terem prescrito dois crimes de falsificação de documento e um de infidelidade. O levantamento dos crimes em risco de prescrição recentemente realizado pelo Ministério Público indica ainda que Ricardo Salgado pode ver cair, em finais de novembro próximo, mais um crime de falsificação e outros dois crimes no final de dezembro.

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Plano para as migrações já está mais de 80% executado, garante Governo

Governo previa que plano fosse concretizado no espaço de quatro anos, mas Leitão Amaro revela que 83% das medidas já estão executadas.

O plano de 41 medidas apresentadas pelo Governo para regularizar a situação migratória em Portugal tem já mais de 80% das medidas executadas. De acordo com António Leitão Amaro, o Governo previa que o plano ficasse concretizado no espaço de quatro anos, mas “ao final de alguns meses, está muito adiantado”.

“Das 41 medidas, metade estão plenamente executadas e três delas dependentes de um deliberação parlamentar”, anunciou o governante, esta quarta-feira, na Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Mais detalhadamente, Leitão Amaro assinala que 18 medidas estão executadas, 15 encontram-se em execução avançada. “Ter 83% [do plano adiantado] em quatro meses é uma obra relevante“, sublinhou.

Embora não tivesse detalhado que medidas em concreto estão em fase avançada, Leitão Amaro deu nota de que o plano permitiu que houvesse um redução de 80% dos pedidos de autorização de residência desde de que as manifestações de interesse foram revogadas, em junho. “A medida produziu efeitos significativos”, defendeu, acrescentando que dos 400 mil pedidos que se encontravam pendentes, a maioria encontra-se já regularizada, em parte graças ao centro para a regularização de processos, em Lisboa, e a outros dois que serão inaugurados em Braga e no Porto, futuramente.

Leitão Amaro garante que esta operação não tem como objetivo legalizar estes cidadãos. “Só sai com autorização de residência quem cumpre a lei”, assegurou.

A execução do plano acontece numa altura em que Bruxelas pede aos Estados-membros que reforcem as suas políticas para a regularização da imigração. Numa carta enviada aos 27 Estados-membros, no início da semana, a presidente da Comissão Europeia defendeu a criação de “centros de regresso”, fora da União Europeia, para requerentes de asilo rejeitados, à semelhança da parceria entre Itália e a Albânia.

Devemos também continuar a explorar possíveis formas de avançar no que respeita à ideia de desenvolver centros de regresso fora da UE, especialmente tendo em conta uma nova proposta legislativa sobre o regresso“, escreveu von der Leyen. “Com a entrada em funcionamento do protocolo entre a Itália e a Albânia, poderemos também tirar lições desta experiência na prática”, defende a presidente do executivo comunitário.

Além disso, a Comissão Europeia está disponível para ajudar financeiramente com 25 milhões de euros os Estados-membros nos processos de regressos voluntários de pessoas sem direito de permanência legal na União Europeia. O Estados-membros que participam no Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI) são elegíveis e podem candidatar-se até 15 de novembro de 2024 a esta verba que se destina a ajudar os Estados-membros cujos sistemas de regresso estão sob pressão, reforçando as suas capacidades e apoiando os regressos voluntários.

Novo sistema de controlo de fronteiras europeu vai causar atrasos

Leitão Amaro aproveitou a sua intervenção inicial para dar conta que a implementação em Portugal do novo sistema de controlo de fronteiras, o Sistema de Entradas e Saídas (EES, na sigla em inglês), está a decorrer conforme os planos, embora com atrasos.

A Comissão Europeia tinha definido que este novo mecanismo entrasse em vigor a 6 de outubro, no entanto, o prazo vai voltar a ser adiado. Neste momento, esclarece Leitão Amaro, o mecanismo está previsto ficar operacional a 10 de novembro, “mas há incertezas europeias que nada têm a ver com Portugal”, garantiu, dando nota que “há três grandes países” — França, Alemanha e Países Baixos — que estão “a pedir um adiamento” do processo.

“Não sabemos o que vai acontecer, mas temos de ter tudo preparado“, apelou, fazendo referência a um “conjunto de alterações legislativas” que ainda carecem de aprovação no Parlamento e que são “indispensáveis para que Portugal ponha o sistema a funcionar”, explicou.

Resumidamente, o EES é um novo sistema eletrónico que substituirá o carimbo físico dos passaportes quando se passa pelo controlo de passaportes à chegada dos aeroportos. Todos os Estados-membros da UE — com exceção da Bulgária, Chipre, Irlanda e Roménia, onde os passaportes continuarão a ser carimbados manualmente — e os quatro países não pertencentes ao espaço Schengen da UE (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) farão parte deste novo sistema.

Assim que entrar em funcionamento, agora em novembro, os viajantes que aterrarem noutro país deste bloco passarão a ter de tirar uma fotografia do rosto e digitalizar eletronicamente as suas impressões digitais. Cidadãos da UE ou dos países do espaço Schengen não serão afetados e poderão continuar a viajar livremente em todo o espaço.

Recordando que, em maio, Portugal estava atrasado na implementação não só do EES, como também do Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagens (ETIAS, na sigla em inglês), Leitão Amaro assegurou aos deputados que “felizmente, Portugal cumpriu e entregou os testes com prontidão”, deixando assim de ser “um problema europeu”.

“Há dois meses, tive de passar pelo embaraço no Conselho Europeu por Portugal ser um dos três Estados que estava atrasado na implementação do sistema. Felizmente, Portugal cumpriu e entregou os testes”, tendo o Governo avançado com um investimento de “25 milhões de euros” para a instalação de software, que tinha ficado por concretizar na legislatura anterior.

O ministro da Presidência deixou, no entanto, um alerta para quando este sistema entrar em vigor, sublinhando que “vai causar atrasos” nos aeroportos.

Todos os cidadãos que venham pela primeira vez para a UE e sejam fora do espaço Schengen, vão ter de se registar. Se vale a pena?“, questionou, “sim, porque passamos a ter os dados biométricos das pessoas que entram em Portugal”, permitindo reforçar o combate à imigração irregular.

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PS quer debate de urgência com ministro das Finanças sobre previsões económicas

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Socialistas querem esclarecer diferenças entre as previsões macroeconómicas do OE2025 e do Plano de Médio Prazo e as inscritas no programa eleitoral da Aliança Democrática.

O PS pediu esta quarta-feira um debate de urgência para que o ministro das Finanças explique no parlamento “as diferenças” entre o cenário macroeconómico da campanha, que consideram “empolado de propaganda”, e o plano de médio prazo enviado para Bruxelas.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o deputado do PS Carlos Pereira referiu que os socialistas já tinham “desconfiado que havia problemas nas previsões e nas contas públicas deste Governo” quando foi conhecida a proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), “comparando com aquilo que foi o programa eleitoral da AD” nas eleições, sobretudo no que diz respeito ao cenário macroeconómico.

“Primeiro vimos o orçamento e ficámos com dúvidas sobre essa matéria, mas depois, com a apresentação do plano de médio prazo para Bruxelas, ficamos com certeza que o programa eleitoral da AD estava encharcado de propaganda. Eu diria mesmo empolado de propaganda“, acusou.

Segundo Carlos Pereira, é preciso “uma clarificação” e que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento – que “fez parte também da equipa de economistas que construiu o cenário macroeconómico do Governo na altura da campanha” — vá ao parlamento “justificar estas diferenças, estas opções e estas previsões”.

Do nosso ponto de vista, merecem explicações porque são de certa forma inconsistentes e, por isso, vamos propor um debate de urgência na Assembleia da República, na altura em que é possível fazê-lo, que é só na próxima semana, dia 25“, anunciou.

Este debate, segundo o PS, deverá assim acontecer antes da votação do OE2025 na generalidade, considerando que esta é “uma matéria absolutamente urgente”. O deputado socialista apontou dois aspetos em que identifica estas diferenças, o primeiro dos quais o crescimento económico.

“Vimos que no cenário macroeconómico previa um aumento do PIB médio de quase 3 pontos percentuais, estamos a falar de 2,9%, e que agora, quando se olha para o plano de médio prazo apresentado a Bruxelas, esse crescimento económico não chega aos 2%, é 1,9%”, apontou. Esta diferença, segundo Carlos Pereira, é significativa e demonstra aquilo que os socialistas tinham dito em campanha eleitoral, ou seja, que “o cenário macroeconómico da campanha eleitoral não era credível“.

“O PSD faz aquilo que fez sempre: diz em Bruxelas o que não diz em Portugal”, acusou, referindo-se ao que aconteceu no período da ‘troika’ em relação às pensões.

O outro aspeto é sobre os salários, em que, segundo o PS, há “um problema semelhante”, acusando o Governo de prever “uma trajetória de crescimento bastante inferior do que aquela que acordou com a concertação social”. “Isto é grave, porque isto de alguma maneira descredibiliza o Governo, descredibiliza o país no quadro europeu e obviamente, deve deixar-nos todos assustados de alguma maneira“, defendeu.

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Uma dose de economia: #14 Relatório Draghi

  • ECO
  • 16 Outubro 2024

Neste episódio do podcast 'Uma dose de economia', Filipe Ratão fala sobre o Relatório Draghi.

“Uma dose de economia” é um podcast onde alunos do ISEG discutem temas de atualidade ligados às finanças e à economia.

Este podcast é fruto de uma parceria entre o ECO e a associação ISEG Young Economics Society e todos os meses haverá um novo episódio.

No décimo terceiro episódio do podcast “Uma dose de economia” Filipe Ratão discute o Relatório Draghi.

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CCP pede aos partidos para viabilizarem OE2025

CCP cita as sondagens para defender que a "eventual realização de novas eleições, em resultado de uma crise política aberta pela não aprovação do OE2025, resultaria numa situação de impasse".

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pede aos partidos que aprovem a proposta de Orçamento do Estado para 2025. Com o PS a decidir na segunda-feira o seu sentido de voto e o Chega e o PAN já decididos a votar contra, a confederação liderada por João Vieira Lopes pede aos partidos que “coloquem o interesse nacional acima das táticas políticas”, tendo em conta a atual “conjuntura económica do país” e os “desafios que vivem as empresas”.

“Acreditando que a previsibilidade e a estabilidade desejadas pelo tecido empresarial passam necessariamente por essa aprovação, a CCP apela a todas as forças políticas — e especialmente àquelas que têm garantido a governabilidade do país — para que coloquem o interesse nacional acima de circunstanciais ganhos políticos próprios, e tudo façam para assegurar os compromissos necessários na Assembleia da República para a aprovação de um Orçamento de Estado para 2025, mesmo que isso signifique não se reverem totalmente no documento”, defende a CCP num comunicado.

A CCP cita as mais recentes sondagens para defender que a “eventual realização de novas eleições, em resultado de uma crise política aberta pela não aprovação do OE2025, resultaria numa situação de impasse que não garantiria qualquer maioria estável“.

Invocando a necessidade de estabilidade para cumprir os objetivos definidos no novo Acordo Tripartido assinado na Concertação Social, nomeadamente o aumento salarial de 4,7%, a CCP diz que é “condição necessária que os partidos com representação parlamentar entendam a necessidade de contribuir para a governabilidade do país”.

Contudo, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já está a condicionar os aumentos salariais de 4,7% previstos no acordo a “novas medidas”. Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, Armindo Monteiro sublinhou que o “referencial de crescimento da economia, para atingir os 75% da média europeia, tem de ser 3,2% já em 2025”.

“Pelas projeções, já não está a acontecer esse aumento de produtividade. Temos de materializar novas medidas para que o crescimento seja maior”, disse o presidente da CIP, considerando “anémico” o crescimento de 2,1% previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2025.

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Caixa chega a acordo com sindicatos para aumentos de 3,2% este ano e 2,5% no próximo

Banco público e sindicatos chegaram finalmente a um acordo para a atualização dos salários. Trabalhadores vão ter um aumento de 3,2% este ano e de 2,5% no próximo.

Os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vão ter aumentos salariais de 3,2% (com mínimo de 65 euros) este ano e de 2,5% no próximo. O banco público chegou finalmente a um acordo com os sindicatos relativamente à atualização deste ano, sendo que é o primeiro banco a fechar aumentos para 2025.

A Caixa já tinha feito uma atualização unilateral de 3% em fevereiro, mas o acordo com os STEC, Mais Sindicato, Sindicato Bancários Centro e Sindicato dos Bancários do Norte traz uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais e do aumento mínimo. “O acerto face ao processado em fevereiro (3% e um mínimo de 52,63 euros) com retroativos a 1 de janeiro, irá ser efetuado com referência a esta data juntamente com o salário do mês de outubro”, explica o banco liderado por Paulo Macedo em comunicado.

Além da atualização da tabela salarial (que fica acima dos 3% dos outros bancos), as duas partes chegaram a um acordo para um aumento de 4% do subsídio de refeição para 13 euros e do subsídio de apoio ao nascimento para um valor de 1.000 euros (aumento de 11%), que o banco diz ser o mais elevado do setor. Em relação às restantes cláusulas de expressão pecuniária haverá um aumento de 3,79%, com exceção das diuturnidades, ajudas de custo e abono para falhas. E é revisto para 40% o valor máximo do crédito à habitação, passando para os 350 mil euros.

Para 2025, os trabalhadores vão ter uma atualização da tabela salarial e da generalidade das cláusulas de expressão pecuniária de 2,5%, acima da inflação esperada de 2,3%. A Caixa diz que é a primeira instituição de crédito a fechar aumentos para o próximo ano.

“Fim de luta difícil”, assinalam sindicatos

Do lado dos sindicatos, assinala-se o fim de um processo negocial intenso com a Caixa. “Este resultado só foi possível pela firmeza e determinação que o STEC manteve ao longo deste processo negocial e que se traduziu em diversas ações de contestação, reivindicação e denúncia pública, com destaque para a Greve de 1 de março de 2024, provando-se mais uma vez que vale a pena lutar”, refere o sindicato mais representativo da CGD em comunicado — o sindicato contabilizou 11 reuniões negociais, nove com a CGD e duas no âmbito do processo de conciliação no Ministério do Trabalho.

“Este é o final de uma difícil luta sindical”, referiram por sua vez os sindicatos afetos à UGT, lembrando que ficou estabelecido o compromisso de o acordo ser revisto caso “a taxa de inflação seja materialmente superior à apurada pelo INE para o ano de 2024, ou se ocorrerem alterações substanciais das circunstâncias económicas e sociais subjacentes à outorga da atual revisão”.

(Notícia atualizada às 12h20 com reação dos sindicatos)

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