Empresários desvalorizam resultados do teste à semana de 4 dias. “Prioridade deveria ser reforçar produtividade”

Vice-presidente da CIP atira que resultados seriam "muito diferentes" se empresas da indústria, distribuição e construção civil tivessem participado no projeto-piloto. Recomenda cautela.

Rafael Campos Pereira diz que “não quer desvalorizar o trabalho” de quem levou a cabo o projeto-piloto à semana de quatro dias em Portugal, mas deixa claro que os resultados obtidos (e divulgados esta segunda-feira) não são representativos da economia nacional. Em declarações ao ECO, o vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defende que a prioridade neste momento deveria ser reforçar a produtividade das empresas portuguesas, para que, numa fase seguinte, estas consigam mesmo reduzir a carga de trabalho semanal por cada trabalhador.

Não podemos embandeirar em arco, sem pensar no contexto e consequências”, atira o responsável, em reação aos resultados finais que o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) publicou esta manhã.

De acordo com esse relatório, das 21 empresas que testaram a semana de trabalho mais curta entre junho e novembro do ano passado, só quatro decidiram voltar para os tradicionais cinco dias por semana.

Do lado dos trabalhadores, houve uma redução do stress e da fadiga. Já do lado das empresas, melhorou a atratividade no mercado e o funcionamento das equipas, sem que isso tenha implicado, na maioria dos casos, mais custos.

Além destas 21 empresas, outras 20 já tinham arrancado a experiência antes do verão de 2023, sendo que, também entre estas, a maioria continua com este modelo inovador (metade já o dão por permanente, enquanto outras seis continuam a testar).

“Estamos a falar de 40 organizações, num universo de um milhão e meio de empresas. Estamos a falar de algumas centenas de trabalhadores num universo de cinco milhões de trabalhadores”, atira Rafael Campos Pereira, que considera, assim, que a amostra usada foi “pouco representativa”.

“O universo abrangido foi residual”, insiste. Convém explicar que o projeto-piloto foi de adesão voluntária. Mais de 100 empresas mostraram interesse inicialmente, mas só as tais 21 arrancaram efetivamente o teste em junho.

Além disso, o vice-presidente da CIP recomenda “muita cautela” em eventualmente rever os tempos de trabalho, tendo em conta três grandes pontos.

Primeiro, as empresas portuguesas estão com “grandes dificuldades em recrutar recursos humanos” e isso só tenderá a piorar, “com o afunilamento das fronteiras na Europa”. Nesse cenário em que contratar é difícil, o responsável alerta que reduzir o tempo de trabalho dos trabalhadores já integrados pode, portanto, piorar os resultados das empresas.

Em alguns casos, reduzir o tempo de trabalho pode significar ter de aumentar os preços, o que impacta a competitividade das empresas nacionais face às de outros países onde se trabalham mais dias. “Não estou a ver os consumidores disponíveis a pagar cinco ou dez vezes mais em nome dos direitos dos trabalhadores“, sublinha.

Em terceiro lugar, Rafael Campos Pereira dá o exemplo da Função Pública: a carga semanal foi reduzida para 35 horas, o que fez os custos do trabalho aumentarem, mas a qualidade dos serviços deteriorou-se, salienta.

Nesta fase, seria mais interessante, em vez de comprar um estudo, investir em medidas suscetíveis de ajudar as empresas a aumentarem a produtividade, para depois terem solidez suficiente para poderem reduzir o tempo de trabalho.

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente da CIP

Devemos ponderar muito bem antes de entrar numa coisa destas. Não devemos pôr o carro à frente dos bois. Nesta fase, seria mais interessante, em vez de comprar um estudo, investir em medidas suscetíveis de ajudar as empresas a aumentarem a produtividade, para depois terem solidez suficiente para poderem reduzir o tempo de trabalho”, defende o vice-presidente da CIP.

Quanto à produtividade, é importante lembrar que os baixos níveis de que padece a economia portuguesa foram sempre um argumento contra a semana de trabalho mais curta. O projeto-piloto veio mostrar que reduzir as horas trabalhadas não teve o impacto nefasto esperado, mas Rafael Campos Pereira realça que o teste foi conduzido somente em organizações do setor dos serviços. “Na indústria, construção civil, distribuição, os resultados seriam muito diferentes”, assegura.

Os coordenadores do projeto-piloto já reconhecerem eles mesmos, no relatório final, que o teste serviu apenas de prova de conceito, apelando a que mais empresas (em especial, grandes organizações) experimentem reduzir as suas semanas de trabalho.

“A partir de agora, é sobretudo o setor privado a ver se de um lado e de um outro — do lado dos empregadores e do lado dos trabalhadores — existe valor” neste modelo, afirmou o coordenador Pedro Gomes, em declarações ao ECO.

As empresas que queiram vir a experimentar a semana de trabalho mais curta vão ter à disposição a partir do último trimestre deste ano um kit de iniciação com informação que as orientará nessa experiência.

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Prazo para entregar IRS termina domingo. Já foram submetidas 5,6 milhões de declarações

  • Lusa
  • 24 Junho 2024

A entrega da declaração do IRS arrancou no dia 1 de abril e termina no próximo domingo, dia 30 de junho.

O prazo para a entrega da declaração anual do IRS entrou na última semana, com os dados disponíveis no Portal das Finanças a indicarem que, até agora, foram submetidas 5.644.378 declarações. Por comparação com as declarações entregues em 2023, aqueles 5,64 milhões correspondem a cerca de menos 700 mil, de acordo com os mesmos dados.

A entrega da declaração do IRS arrancou no dia 1 de abril e termina no próximo domingo, dia 30 de junho, com as regras a ditarem que, apesar de o último dia do prazo coincidir com o fim de semana, não há lugar a prolongamento do prazo. Dos 5,64 milhões de declarações já submetidas, a maior parte (3,61 milhões) são de pessoas que em 2023 tiveram apenas rendimentos de trabalho dependente e/ou de pensões, o que corresponde às categorias A e H, respetivamente.

Já os contribuintes que no ano passado obtiveram rendimentos de outras categorias, nomeadamente, das categorias B (trabalho independente ou alojamento local, por exemplo), F (rendas) ou E (capitais), entregaram até agora 2,03 milhões de declarações. Os últimos dados do Ministério das Finanças relativamente à campanha deste ano do IRS referem que até ao final da primeira semana de junho tinham sido pagos 2.074 reembolsos, num montante global de 2.002,7 milhões de euros.

A lei determina que a liquidação das declarações tem por data limite 31 de julho, podendo os reembolsos ser pagos até 31 de agosto. O último dia de agosto é também a data limite para o pagamento do imposto em falta, para os contribuintes que receberam notas de cobrança.

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Governo aguarda avaliação da Mota-Engil sobre recomendação para novo hospital de Lisboa

Ministério aguarda que o consórcio liderado pela Mota-Engil faça uma "avaliação" das exigências pedidas pelo TdC, nomeadamente no que toca a custos e a "adaptações" sobre o novo Hospital de Lisboa.

O Governo dá sinais de quer seguir a recomendação do Tribunal de Contas (TdC) sobre o novo Hospital de Lisboa Oriental, que sugeriu de forma “firme, incisiva e solene” a inclusão de uma “solução de isolamento sísmico de base”, que obrigará à revisão do projeto. Ao ECO, fonte oficial do Ministério da Saúde adianta que “está a aguardar” que o consórcio liderado pela Mota-Engil faça uma “avaliação” das exigências pedidas pelo tribunal, nomeadamente no que toca a custos e a “necessidades de adaptações” da obra.

“O Ministério da Saúde está a aguardar do construtor uma avaliação das exigências decorrentes das condições solicitadas pelo Tribunal de Contas, quer no que se refere a custos quer a necessidades de adaptações ao projeto”, revela fonte oficial da tutela liderada por Ana Paula Martins, em resposta ao ECO.

No parecer divulgado no final de maio, o tribunal liderado por José Tavares, dava o chamado visto prévio à Parceria Público-Privada (PPP) para a construção e manutenção por 30 anos do novo Hospital de Lisboa Oriental, mas sugeria ao Ministério da Saúde, de forma “firme, incisiva e solene” que inclua no projeto de execução “a solução de sistema de isolamento de base, para além de garantir um sistema rigoroso e eficaz de monitorização do projeto de estruturas e fundações”.

Tal como o ECO noticiou, a mudança obrigará, na prática, à revisão do projeto, incluindo as condições de financiamento e põe mesmo em risco o acesso a 100 milhões de euros de fundos comunitários. Na altura, fonte oficial do Ministério da Saúde adiantava apenas que o processo estava “em análise”, mas agora vem sinalizar que a sugestão do TdC é para cumprir. No entanto, continua sem abrir o jogo sobre mais detalhes, nomeadamente se esta revisão poderá levar à perda dos fundos europeus.

O Hospital de Lisboa Oriental, que terá três edifícios e 875 camas, vai ser construído numa área total de 180 mil metros quadrados na zona de Marvila e permitir substituir seis unidades de saúde dispersas fisicamente no centro da cidade de Lisboa, como é o caso dos hospitais de São José, Santa Marta, Santo António dos Capuchos, D. Estefânia, Curry Cabral e a maternidade Alfredo da Costa.

A construção do novo hospital – que além da infraestrutura prevê também o fornecimento e a instalação de equipamentos fixos – estava previsto custar 380 milhões de euros, segundo anunciou a construtora liderada por Carlos Mota dos Santos, em comunicado enviado ao mercado, em fevereiro. Para o efeito, a empresa recorreu a um empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) no valor de 107 milhões de euros, mas que pode chegar aos 190 milhões.

Mas este montante inclui um financiamento de até 100 milhões de euros (sem IVA) do PRR, que poderá ficar em risco, dado que o PRR tem que ser executado até ao final de 2026. O Estado prevê gastar quase 732,3 milhões de euros ao longo dos próximos 30 anos com a concessão.

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Figueira da Foz anuncia primeira licenciatura da Universidade de Coimbra na cidade

  • Lusa
  • 24 Junho 2024

"Cada licenciatura trará uma ou mais centenas de alunos universitários para uma universidade que se prevê que esteja duradouramente no futuro do concelho”, sublinhou Pedro Santana Lopes.

O Campus da Figueira da Foz vai ministrar a sua primeira licenciatura e cursos de mestrado a partir de setembro, anunciou esta segunda-feira o presidente da Câmara Municipal, que se antecipou à Universidade de Coimbra (UC). “Estou autorizado pelo reitor a dizê-lo hoje, que este ano, a partir de setembro, será ministrada a primeira licenciatura, em Biologia Marinha, e para o próximo ano [letivo] serão duas ou três licenciaturas, cujo processo final está em aprovação no Ministério da Educação”, disse Pedro Santana Lopes.

O autarca, que discursava na sessão solene do feriado municipal da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, destacou que se trata de um “processo sustentado e sustentável, responsável, com os pés assentes na terra, como é próprio de uma instituição com a credibilidade e respeitabilidade do saber da UC”.

Só isto será um tempo completamente novo. Cada licenciatura trará uma ou mais centenas de alunos universitários para uma universidade que se prevê que esteja duradouramente no futuro do concelho”, sublinhou. A criação do Campus da UC na Figueira da Foz, com sede na Quinta das Olaias, resulta de um protocolo de cooperação com o município local, que foi assinado em setembro de 2022 entre as duas entidades.

O antigo terminal rodoviário da Figueira da Foz, cedido em julho de 2023 pela Câmara da Figueira da Foz à UC, encontra-se em obras para acolher instalações e laboratórios do campus universitário. Numa primeira fase, que deverá estar concluída a tempo de iniciar o próximo ano letivo, a intervenção vai permitir três salas de aula e dois laboratórios.

Numa segunda fase, que terá de estar concluída até ao verão de 2025, ficam disponíveis mais três salas de aula, dois laboratórios e um auditório. Santana Lopes salientou ainda os investimentos “muito significativos” que o município se prepara para fazer nas áreas da habitação, da saúde e da educação, com dezenas de milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030.

“Por exemplo, a Escola Bernardino Machado vai ter um investimento muito significativo [9,8 milhões de euros], que vai implicar a mudança de instalações”, frisou o autarca, salientando que são “tempos muito desafiantes, em que o setor da educação lidera”. Na sua intervenção, Santana Lopes realçou ainda o investimento previsto para este ano da administração central na melhoria da barra e na navegabilidade do porto de mar, de cerca de três dezenas de milhões de euros.

Destacou também a construção do big shot para a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia da praia a norte para a margem sul, ameaçada pela erosão costeira, “um investimento que está para ser concretizado há anos e que em 2024 o Estado central o concretizará através do Ministério do Ambiente”.

Na sessão solene do feriado municipal, a Câmara da Figueira da Foz distinguiu várias personalidades, entre elas o apresentador televisivo Júlio Isidro, o médico especialista Nascimento Costa, antigo presidente dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e o atual presidente da Assembleia Municipal, José Duarte Pereira.

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“Buraco” do Fundo de Resolução reduz-se pelo terceiro ano

Ainda que a dívida ao Estado e bancos se tenham mantido nos 7,5 mil milhões de euros, o Fundo de Resolução registou uma melhoria da situação líquida de quase 240 milhões no ano passado.

O “buraco” do Fundo de Resolução reduziu-se em 2023 pelo terceiro ano consecutivo. Embora não tenha liquidado qualquer parcela da dívida de 7,5 mil milhões de euros que contraiu junto do Estado e dos bancos, a autoridade de resolução de bancos registou uma melhoria da sua situação líquida em quase 240 milhões no ano passado, de acordo com as contas publicadas esta segunda-feira.

Esta evolução deveu-se a dois fatores principais: desde logo porque não teve de fazer qualquer pagamento ao Novobanco ao abrigo do mecanismo de capital contingente (ao contrário dos anos mais recentes); e depois porque deram entrada nos seus cofres mais de 323,5 milhões de euros relativos contribuições regulares dos bancos (216,1 milhões) e ao dividendo da Oitante (57,1 milhões), entre outros fatores.

Por outro lado, teve de contabilizar perdas de 83,9 milhões de euros que resultaram da diminuição da sua participação no capital do Novobanco de 19,31% para 13,04% no ano passado.

Contas feitas, houve lugar a uma melhoria dos recursos próprios na ordem dos 239,6 milhões de euros, que passaram de um saldo negativo de 6,97 mil milhões de euros no exercício de 2022 para um saldo negativo de 6,74 mil milhões no final do ano passado.

O fundo, que é liderado por Máximo dos Santos, ressalva que se trata do “maior aumento anual dos recursos próprios” desde a sua criação, em 2012. Só nos últimos três anos o Fundo de Resolução acumulou recursos próprios de quase 580 milhões, adianta.

A dívida do Fundo de Resolução manteve-se nos 7,51 mil milhões de euros, dos quais 6,38 mil milhões constituem dívida ao Estado (85%) e 1,13 mil milhões constitui dívida obtida junto de um conjunto de sete instituições de crédito nacionais (15%). Estas dívidas, que serviram para suportar as medidas de resolução aplicadas ao BES (2014) e Banif (2015) terão de ser saldadas até 2062, de acordo com as últimas previsões.

O Fundo de Resolução explica que não liquidou qualquer euro da dívida pois não paga qualquer taxa de juro em função da última atualização dos contratos de empréstimo com o Estado e bancos.

Do lado do ativo, avaliado em 883,3 milhões de euros, 709,3 milhões são disponibilidades ou valores a receber, “o que significa que o Fundo de Resolução dispõe de capacidade de tesouraria para fazer face a eventuais contingências que possam ainda materializar-se e/ou para iniciar a amortização da sua dívida antes da próxima refixação das respetivas taxas de juro”.

(Notícia atualizada às 16h44)

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Fornecimento de gás na UE e acessibilidade dos preços em risco, diz Tribunal de Contas Europeu

"Os consumidores não têm garantias de que, se houver uma falha grave [de fornecimento de gás] no futuro, os preços serão acessíveis para todos", alerta o TCE.

A União Europeia não está blindada contra uma eventual nova crise de fornecimento de gás, que é uma possibilidade em aberto, já que subsistem riscos no que diz respeito ao fornecimento, deteta o Tribunal de Contas Europeu. A acessibilidade dos preços pode também ser posta em causa. Em paralelo, o mesmo tribunal considera que muitas das medidas aplicadas na última crise não têm eficácia comprovada, como é o caso do tecto aos preços do gás ou da plataforma criada para a compra e venda deste combustível fóssil, a AggregateEU. No que diz respeito ao tecto imposto aos preços, a mesma entidade deteta inclusivamente riscos para o funcionamento do mercado.

Não vivemos uma grande crise de escassez de gás. Isso significa que o fornecimento de gás na Europa é seguro? A resposta é não. Ainda há falhas no fornecimento de gás na Europa“, afirma João Leão, ex-ministro das Finanças português e membro do TCE. “Desafios importantes terão de ser endereçados para a União Europeia estar totalmente preparada para a próxima possível crise de gás“, alerta, numa conferência com jornalistas a propósito do relatório “Segurança do aprovisionamento de gás na UE”, lançado esta segunda-feira.

Os desafios, acrescentou, estão ligados a uma maior dependência de gás natural liquefeito e a conciliação do uso de energia carbónica com a descarbonização. Para já, o TCE regista um “progresso muito lento” no desenvolvimento de tecnologia de captura de carbono e armazenamento.

Na nota de imprensa que acompanha o relatório, João Leão realça ainda que “os consumidores não têm garantias de que, se houver uma falha grave no futuro, os preços serão acessíveis a todos“.

O relatório tem como objetivo analisar se as medidas de segurança do aprovisionamento de gás aplicadas pela União Europeia foram eficazes, de forma a contribuir para a evolução destas políticas e até para a descarbonização no Velho Continente.

“O impacto das medidas tomadas em resposta à utilização do gás como arma por parte da Rússia nem sempre é evidente. Além disso, a maior dependência da UE em relação ao gás natural liquefeito e a necessidade de descarbonizar parte do consumo de gás da União colocam novos desafios”, lê-se no relatório.

"Este novo panorama exige que, ao analisar a segurança do aprovisionamento de gás e estruturar a sua resposta, a UE dê maior peso à questão da acessibilidade dos preços, em paralelo com o seu trabalho pormenorizado sobre a disponibilidade.”

Tribunal de Contas Europeu

No final de 2023, a UE tinha conseguido diversificar o aprovisionamento de gás, reduzindo o proveniente da Rússia, e resistido à crise da acessibilidade dos preços, que estabilizaram num valor médio de cerca de 45 euros/MWh em 2023, ainda assim o dobro dos níveis anteriores à crise, enquadra o Tribunal.

Hoje, a União está mais dependente do gás natural liquefeito (GNL), um produto comercializado a nível mundial, “o que aumenta o risco de existirem preços estruturalmente mais elevados e de maior volatilidade devido à restritividade deste mercado”, regista o relatório. “Este novo panorama exige que, ao analisar a segurança do aprovisionamento de gás e estruturar a sua resposta, a UE dê maior peso à questão da acessibilidade dos preços, em paralelo com o seu trabalho pormenorizado sobre a disponibilidade”, remata.

TCE não vê prova de sucesso de muitas das medidas

O Tribunal constatou que algumas medidas avançadas pela UE em contexto de crise energética contribuíram para a segurança do aprovisionamento, apoiando a redução da procura ou assegurando um nível suficiente de gás armazenado. Por exemplo, o enchimento obrigatório das reservas “proporcionou certeza ao mercado, bem como garantias sobre a segurança do aprovisionamento num período de crise”, embora o TC ressalve que esta “não é uma alteração significativa” face ao cenário pré-crise.

Já “o impacto de outras medidas de resposta à crise (o limite máximo ao preço do gás, a agregação da procura e a coordenação dos contactos internacionais) não pode ser demonstrado”, contrapõe a mesma entidade. De acordo com o TCE, é difícil perceber o papel que tiveram outros fatores que mexem na equação do fornecimento, como os preços elevados do gás (que desincentivam a procura), a destruição da procura ou as condições meteorológicas amenas.

No caso da limitação aos preços grossistas do gás, os preços têm-se situado “muito abaixo” do tecto definido, “pelo que não é possível avaliar a eficácia do limite imposto, uma vez que não foi desencadeado até à data”. Além disso, “o Tribunal constatou que existem riscos associados à eventual ativação do limite do preço“, como a possibilidade de a negociação de gás deixar de ter lugar na UE caso os preços se aproximem do limite. Também podem existir consequências disso para “o bom funcionamento do mercado”, assinala.

No que toca a plataforma AggregateEU, o “Tribunal não conseguiu demonstrar o seu valor acrescentado em relação às plataformas de negociação existentes, nem encontrou uma falha do mercado que o AggregateEU colmatasse”. O facto de não ser possível aceder aos contratos firmados nesta plataforma também dificulta a análise. O TCE considera ainda que “a Comissão não está em condições de levar a cabo os seus esforços para, a montante, coordenar as ações e negociações da UE com os fornecedores externos, uma vez que não dispõe dos instrumentos e competências jurídicas para o fazer”.

TCE pede maior atenção aos preços do gás e melhor reporte e transparência

O relatório recomenda que a Comissão conclua o quadro da UE relativo à acessibilidade dos preços do gás. “A União tem de fortalecer o modo como garante que os preços do gás são acessíveis a todos“, salienta o TCE numa nota à imprensa.

O Tribunal sugere por exemplo que, na revisão do Regulamento Segurança do Aprovisionamento de Gás, seja incluída uma consideração relativa ao risco de acessibilidade dos preços, no âmbito das avaliações nacionais dos riscos. Os Planos Nacionais de Energia e Clima, por exemplo, também poderão ter como requisito a inclusão de informações sobre a acessibilidade dos preços. Recomendações estas que o TCE espera ver acatadas até 2025.

O TCE também vê necessidade de otimizar o processo de comunicação de informações sobre a segurança do aprovisionamento de gás pelos Estados-membros. Na ronda de comunicação de 2019, 18 Estados-membros não concluíram o processo de comunicação de informações nos planos preventivos e nos planos de emergência, e dois não enviaram quaisquer informações.

Assim, urge simplificar os requisitos de informação e agilizar o processo de elaboração e apresentação dos mesmos. A Comissão deve ainda facilitar o processo através da disponibilização de ferramentas digitais para a comunicação, entende o TC.

Em paralelo, o Tribunal sugere uma revisão da estrutura da cooperação regional, já que falta fechar ainda acordos de solidariedade, tanto a nível bilateral como através de um mecanismo à escala da UE. Clarificar as funções e responsabilidades das diversas partes é uma das sugestões, além de repensar a cooperação em função das mudanças no aprovisionamento da UE.

É ainda importante melhorar a transparência da execução dos projetos de interesse comum, acredita o TCE, que aponta que os efeitos dos projetos não são claros, o que dificulta a avaliação da taxa de execução dos projetos de interesse comum (PIC) e do respetivo valor acrescentado. “A Comissão não consegue apresentar uma visão global do resultado final dos 291 PIC de gás”, diz o TC, ao mesmo tempo que alerta que as mesmas falhas se poderão vir a verificar nos projetos de hidrogénio verde. Deve então ser melhorada a recolha e partilha de informação sobre estes projetos, entende o TCE.

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Bruxelas decidiu libertar os 714 milhões do cheque do PRR suspenso

Comissão pagou a Portugal, no final do ano passado, 2,46 mil milhões de euros referentes ao terceiro e quarto cheques do PRR, mas reteve 713 milhões devido ao incumprimento de dois marcos e uma meta.

A Comissão Europeia decidiu esta segunda-feira libertar os 714 milhões de euros retidos do terceiro cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), por incumprimentos de dois marcos e uma meta. A decisão surge depois de Portugal ter pedido a 11 de junho que as verbas fossem desbloqueadas.

“A Comissão Europeia emitiu esta segunda-feira uma avaliação preliminar positiva para levantar a suspensão do pagamento de 714 milhões de euros a Portugal e de 37,2 milhões de euros à Roménia (líquidos de pré-financiamento), depois de reconhecer os progressos realizados na implementação dos respetivos Planos de Recuperação e Resiliência”, lê-se no comunicado emitido esta segunda-feira por Bruxelas. “Isto ocorre após suspensões anteriores, em que a Comissão concluiu que determinados marcos e metas não tinham sido cumpridos de forma satisfatória no terceiro e quarto pedidos de pagamento de Portugal e no segundo pedido de pagamento da Roménia”, acrescenta o mesmo comunicado.

“Está dado mais um passo na direção certa, mas temos um longo e exigente caminho pela frente”, disse o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, em comunicado de reação à decisão de Bruxelas. “Agora estamos focados na próxima etapa o quinto pedido de pagamento, que será submetido em julho – e continuaremos a trabalhar intensamente para que em 2026 possamos dizer que Portugal executou integralmente o maior pacote de fundos que o país já recebeu”, acrescentou.

“Após a suspensão inicial, Portugal foi incentivado a tomar medidas durante um período de seis meses. A Comissão concluiu agora que Portugal tomou medidas para garantir que todos os marcos e metas pendentes foram concluídos de forma satisfatória”, sublinha o mesmo comunicado da Comissão.

Os dois marcos que estavam em falta, no momento em que a Comissão Europeia fez a sua análise (6 de dezembro de 2023), foram a criação dos centros de responsabilidade integrados nos hospitais, que entrou em vigor a 1 de janeiro, e a lei relativa às profissões reguladas (ordens profissionais) que também entrou em vigor em janeiro.

A outra falha – a única que foi herdada pelo Governo de Luís Montenegro – foi a conclusão do processo de descentralização de competências da Saúde para os municípios, porque a negociação com as câmaras se arrastou muito mais do que era esperado já que as exigências se foram avolumando. Ao concluir as negociações com Ovar, Nelas, Alvaiázere e Óbidos, foi possível cumprir a meta definida, tendo em conta a margem de flexibilização de 5% que a Comissão dá no cumprimento de todos os objetivos.

Na semana de 22 de maio esteve em Portugal uma equipa da Comissão Europeia para atestar o cumprimento dos objetivos definidos, semana em que foi organizado o segundo encontro anual do PRR.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Setor agrícola deve procurar financiamento fora da PAC, diz ministro

  • Lusa
  • 24 Junho 2024

Os ministros da UE defendem que não haja cortes nas verbas da PAC, "que se mantenham os apoios no primeiro e segundo pilares" desta política e que estes sejam justos.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, defendeu esta segunda-feira, no Luxemburgo, a necessidade de o setor ser financiado por outros fundos que não apenas os da Política Agrícola Comum, ao mesmo tempo que recusa cortes na PAC. “A Política Agrícola Comum [PAC] e a agricultura não podem ser financiadas apenas pelos fundos da PAC”, disse o ministro, à margem do Conselho de Agricultura e Pescas da União Europeia, apelando para o recurso a apoios do Horizonte Europa, o programa InvestUE, ou da política de coesão, por exemplo.

Os ministros da UE, disse também, defendem que não haja cortes nas verbas da PAC, “que se mantenham os apoios no primeiro e segundo pilares” desta política e que estes sejam justos, dado que os agricultores “recebem cerca de 40% do que recebem as outras profissões”, referindo-se ao rendimento do trabalho.

José Manuel Fernandes, ainda sobre as preocupações que têm sido expressas pelos agricultores, salientou também que tem de ser procurado um equilíbrio na cadeia de valores, para que “o produtor não seja perdedor e haja também um preço justo para o consumidor”.

Os ministros da Agricultura e das Pescas da UE tiveram, no Luxemburgo, a última reunião do Conselho sob presidência belga, que termina no final do mês.

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Portuguesa miio vai operar em quatro novos países durante o verão

Durante quatro meses, na Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda, os utilizadores de veículos elétricos poderão fazer carregamentos utilizando a app da miio. Sucesso vai determinar expansão da startup.

Durante quatro meses, os utilizadores de veículos elétricos na Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda poderão fazer carregamentos usando a aplicação da portuguesa miio. Durante a campanha “Borderless” a app chega a mais de 247 mil postos de carregamento de quatro novos países europeus durante os meses de verão, com o sucesso da campanha a determinar a permanência da empresa nestes mercados, a partir de outubro.

“A nossa missão é a de criar um futuro mais sustentável e simples. Por isso, decidimos expandir os nossos horizontes ao permitir que os nossos utilizadores possam viajar, durante o verão, apenas com uma solução de carregamentos. Esta campanha também permitirá à miio tomar decisões informadas no seu plano de futura internacionalização”, explica Daniela Simões, CEO e cofundadora da miio, citada em comunicado.

A iniciativa da startup nacional surge num momento em que “cada vez mais portugueses optam por viajar para o estrangeiro com os seus carros elétricos”. Assim, a partir de desta segunda-feira, e durante quatro meses, será possível fazer carregamentos em mais de 247 mil postos de carregamento de quatro novos países europeus: Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda.

A miio deu os seus primeiros passos na internacionalização em 2022 com a entrada nos mercados espanhol e francês e, desde o início de 2024, “tem registado um número crescente de sessões de carregamento em Espanha e em França por parte de utilizadores portugueses”.

Atualmente, com 300 mil utilizadores registados nos três países – uma comunidade que “representa cerca de 70% do mercado português de utilizadores de veículos elétricos e plug-in” –, com esta campanha a startup de mobilidade elétrica estuda a possibilidade de entrar em novos mercados.

Fundada em 2019, a startup viu em fevereiro a espanhola Repsol comprar uma posição maioritária na companhia.

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Lidl, OMD e VML lideram investimento publicitário em maio

No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o Modelo Continente é o maior anunciante e a Dentsu Media e VML lideram nas agências.

O Lidl foi o maior anunciante do país em maio. A primeira posição do ranking MediaMonitor continua, assim, a ser ocupada por uma cadeia de supermercados, mas, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois meses, não se trata do Continente, que ocupa agora a quarta posição.

A preços de tabela — ou seja, sem os descontos negociados com os meios — a cadeia alemã investiu 54,4 milhões de euros. Na segunda posição surge a Altice Portugal (47 milhões) e na terceira o Ediclube (43,6 milhões).

Modelo Continente, Unilever Fima, McDonald’s, L’Oreal, Vodafone, Worten e Viva Melhor Sempre completam o ranking dos dez maiores anunciantes.

Entre as agências de meios, a liderança mensal foi no último mês da OMD, com um investimento, também a preços de tabela, de 144,6 milhões de euros. De acordo com ranking elaborado pela MediaMonitor, a segunda posição foi ocupada em maio pela Dentsu Media, surgindo a Wavemaker no terceiro lugar.

Arena, Initiative, Mindshare, Havas Media, Zenith, PHD e EssenceMediacom preenchem as posições seguintes do “top 10”.

Nas agências criativas o ranking é liderado pela VML, com a Fuel e O Escritório a ocuparem as posições seguintes. Publicis, McCannErickson, Santa Fé Orange, Dentsu Creative Portugal, Caetsu, Havas Worldwide e Bar Ogilvy encerram o “top 10”.

Observando o acumulado dos primeiros cinco meses do ano, Modelo Continente, Ediclube e Lidl são os maiores anunciantes. Dentsu media, Arena e OMD ocupam as primeiras posições entre as agências de meios e a VML, Fuel e Havas Worldwide são as maiores agências criativas.

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Ex-presidente do Banco Europeu de Investimento investigado por suspeitas de corrupção

BEI levantou a imunidade a dois antigos funcionários. Ex-presidente da instituição Werner Hoyer está a ser investigado por suspeitas de corrupção e apropriação indevida de fundos da UE.

Werner Hoyer, ex-presidente do BEI, considera as suspeitas são “totalmente absurdas e infundadas”Committee of the Regions / Tim De Backer via Flickr

O ex-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Werner Hoyer, está a ser investigado por suspeitas de corrupção, abuso de poder e apropriação indevida de fundos da União Europeia (UE). A informação é avançada pelo Financial Times e pelo Politico, após o levantamento de imunidade do antecessor de Nadia Calviño.

A Procuradoria Europeia (EPPO) revelou esta segunda-feira, em comunicado, que o BEI aceitou o pedido “para levantar a imunidade de dois antigos funcionários, bem como a inviolabilidade das suas instalações, edifícios e arquivos no Luxemburgo”.

Segundo o Financial Times e o Politico, a investigação visa o ex-presidente do BEI, que exerceu funções entre 2012 e 2021. Werner Hoyer, que teve como vice-presidente Ricardo Mourinho Félix entre outubro de 2020 e dezembro de 2023, deixou o cargo no final do ano passado, sendo substituído pela ex-vice presidente do Governo espanhol, Nádia Calviño.

O economista alemão garantiu, quer ao Financial Times, quero ao Politico, que as acusações são “totalmente absurdas e infundadas”. “Espero agora que sejam totalmente investigados e esclarecidos e peço ao BEI que coopere totalmente com a Procuradoria Europeia”, disse. “Também estou a cooperar totalmente com a Procuradoria Europeia e exijo um esclarecimento completo dos factos”, acrescentou.

De acordo com o Politico, o advogado de Hoyer indicou que a investigação da Procuradoria Europeia se centra na saída de um funcionário do BEI e na indemnização que lhe foi paga neste contexto. Segundo a sua equipa jurídica, Hoyer terá aprovado o acordo de saída, de acordo com as regras do BEI, embora não tenha feito parte das negociações.

A Procuradoria Europeia, responsável por investigar, processar e levar a julgamento crimes contra os interesses financeiros da UE, precisou que “o BEI concedeu o levantamento da imunidade de dois antigos funcionários, que permitirá a prossecução diligente e eficaz da investigação”.

“No estrito respeito dos princípios do Estado de direito e dos direitos garantidos, em particular, pela Carta dos Direitos Fundamentais da UE, isto permitirá reunir todas as provas necessárias, sejam elas de acusação ou de defesa, para esclarecer plenamente a fatos sob investigação. Todas as pessoas envolvidas são presumidas inocentes até prova em contrário nos tribunais competentes”, refere, acrescentando que não serão divulgados mais detalhes.

O BEI, sediado no Luxemburgo e detido conjuntamente pelos países da UE, financia-se nos mercados de capitais e concede empréstimos com condições favoráveis a projetos que apoiem os objetivos da UE.

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BE quer ouvir PGR no Parlamento sobre relatório de atividades do Ministério Público

  • Lusa
  • 24 Junho 2024

Na sequência da divulgação de escutas telefónicas, Mariana Mortágua disse que o BE "tomará a iniciativa” no sentido de Lucília Gago ir ao Parlamento apresentar o relatório de atividades do MP.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, defendeu esta segunda-feira a audição da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, no Parlamento para apresentar o relatório de atividades do Ministério Público (MP), salientando que este órgão “não está acima do escrutínio democrático”.

Faz sentido que a Procuradora-Geral da República possa ir ao Parlamento explicar o relatório de atividades do Ministério Público, o Bloco de Esquerda tomará a iniciativa nesse sentido, faz sentido que assim seja“, considerou a coordenadora bloquista, em declarações aos jornalistas após uma reunião com o chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid.

Mariana Mortágua salientou que está em causa uma audição que a lei já prevê mas que “não tem acontecido”.

A dirigente do BE defendeu prudência em separar política e justiça e considerou que essa é a razão “da cautela dos políticos e dos representantes políticos relativamente ao Ministério Público”.

“Não deixámos, no entanto, de criticar quando tínhamos questões a criticar, nomeadamente quando achámos que a Procuradora não explicou o suficiente algumas ações mais recentes por parte da Procuradoria-Geral da República. E, portanto, é óbvio que há uma separação de poderes e a cautela que nós temos a lidar com ela faz sentido, é assim que protegemos a democracia e a separação de poderes. Mas o Ministério Público não está acima do escrutínio democrático e neste caso devem-se prestar esclarecimentos“, advogou.

Na ótica da bloquista, Lucília Gago tem o dever de explicações e de escrutínio “perante a democracia e não perante um político ou outro político” e o Parlamento tem o papel, “enquanto representante da democracia, de poder ter um diálogo com o Ministério Público”, considerando que essa é uma forma de “pacificação entre instituições”.

A coordenadora do BE criticou na quarta-feira as escutas ao ex-primeiro-ministro António Costa, considerando inaceitável que sejam mantidas quando não têm relevância criminal e defendeu que se trata de um caso de ingerência em atos políticos.

Nesse dia, o Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Segundo a informação divulgada por vários órgãos de informação, a investigação do MP visa as escutas divulgadas na terça-feira pela CNN Portugal, entre elas uma que apanha António Costa a ligar a João Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis.

No domingo, o Presidente da República defendeu que as fugas ao segredo da justiça são “um dos pontos importantes” a ponderar numa reforma do setor, considerando que há um acordo em Portugal quanto à necessidade de repensar a justiça.

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