“Diversidade traz valor humano, mas também financeiro”. Milestone reforça aposta em 2025

Milestone já supera média de mulheres nas áreas STEM (ciência, tecnologia e engenharia) e garante que vai reforçar aposta na diversidade em 2025. Dará, por exemplo, formação contra enviesamentos.

Apostar na diversidade (nomeadamente, de género) não serve apenas para sair bem na fotografia. Impulsiona a inovação, abre a porta a soluções mais ricas e, à boleia, cria valor financeiro. Quem o diz ao ECO é Liliana Silva, diretora de pessoas da portuguesa Milestone, consultora que recentemente anunciou ter ultrapassado a média nacional de mulheres em áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

Milestone foi fundada em 2010 e já conta com quase 200 trabalhadores.

“Se queremos ser sustentáveis, crescer e liderar pelo exemplo, precisamos que as pessoas estejam no centro, mas também que as equipas sejam diversas. Sabemos que, quanto maior a diversidade, mais ricas serão as soluções que ofereceremos aos clientes“, sublinha Liliana Silva.

Na visão desta responsável, sem diferença nas equipas não há conflito e, sem isso, não há inovação. Portanto, “a diversidade de perspetivas” não é apenas positiva em termos de valor humano. Traz também valor financeiro e sucesso às empresas, assegura a diretora de pessoas da Milestone.

No caso desta empresa que foi fundada em 2010, hoje são 196 os empregados que a compõem, dos quais 39% são mulheres. Olhando especificamente para as áreas STEM, a taxa de participação feminina é de 36%, o que supera a média nacional de 35% (segundo consta de um estudo feito pela empresa de recursos humanos Manpower).

Para conseguir esse marco, Liliana Silva explica que a Milestone tem ido às faculdades passar a mensagem às alunas de que é possível fazer um percurso na área tecnológica, mesmo que não estejam a estudar, neste momento, esses tópicos. “Muitas vezes levamos também embaixadoras da Milestone para mostrar que é possível“, adianta.

Principalmente entre as alunas, não existia a perceção de que, mesmo não sendo da área tecnologia, é possível fazer carreira na área. Conseguíamos convencer os rapazes muito mais facilmente.
Hoje já não sentimos isso.

Liliana Silva

Diretora de pessoas da Milestone

E a boa notícia, aponta a mesma, é que hoje as alunas estão mais abertas a fazer carreira na tecnologia. Enquanto há três anos, entre as alunas, não existia a perceção de que, mesmo sendo de outra área, é possível fazer um percurso na tecnologia – “conseguíamos convencer os alunos muito mais facilmente”, recorda Liliana Silva –, hoje a abertura mudou. “Mas isto é recente”, assinala a mesma.

Além desta aposta na aproximação face à academia, a Milestone tem também olhado para os seus processos de recrutamento, tornando-os mais amigos da igualdade de género.

Por exemplo, a equipa responsável pela captação de talento era composta apenas por mulheres. “Mas não podemos pregar a diversidade e não ter uma equipa diversa”, argumenta a diretora de pessoas. A consultora tecnológica criou, por isso, uma equipa de recrutamento “diversa em termos de género, background académico e idade“.

Além disso, ficou estipulado que nenhum candidato seria avaliado apenas por uma pessoa. A análise passa sempre por vários olhos, para garantir que se combatem enviesamentos. “Pode ser mais demorado, mas é um investimento que temos de fazer“, garante a responsável.

Também a avaliação para efeito de progressão na carreira é feita por dois painéis de avaliação distintos, para garantir igualdade de oportunidades, relata a mesma.

Quanto à direção da Milestone, ainda menos de metade dos cargos são ocupados por elas (42%), sendo que a “falha” está a acontecer no início da cadeia, indica Liliana Silva. Isto é, é preciso atrair mais mulheres e retê-las, sublinha a responsável.

Para o ano, a nossa ideia é aproximarmo-nos mais de algumas organizações que trabalham estes temas, porque sentimos que precisamos de aprender mais sobre isto. Por exemplo, assinar a Carta para a diversidade.

Liliana Silva

Diretora de pessoas da Milestone

Quanto ao ano que já se aproxima, a diretora de pessoa explica que a intenção da Milestone é agora “aprender com os melhores“. Quer, portanto, aproximar-se mais “de algumas organizações que trabalham estes temas” da diversidade e assinar, por exemplo, a Carta para a diversidade (da Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão).

A consultora portuguesa quer também garantir formação a todos os seus quase 200 trabalhadores para combater os enviesamentos cognitivos. Os gestores responsáveis pelo recrutamento – os hiring managers – já a receberam, mas não basta. Liliana Silva revela que o plano passa por todos os empregados receberem este conhecimento, para que a Milestone continue o seu caminho rumo à desejada igualdade de género.

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Beat Therapeutics procura investimento para travar cancros agressivos com planta medicinal moçambicana

"Nesta área estamos sempre à procura de financiamento", desabafa Ângela Carvalho. "No próximo ano, vamos procurar ativamente investimento privado que nos permita escalar o desenvolvimento do composto"

A Beat Therapeutics tem o grande objetivo de transformar o tratamento do cancro, desenvolvendo terapias inovadoras para cancros agressivos. Esta startup, que nasceu de um spin-off da investigação da Universidade do Porto, em 2023, recebeu 75 mil euros do fundo Woman in Tech EU. No cerne de tudo está o composto (BBIT20) extraído de uma planta utilizada na medicina tradicional em Moçambique, a árvore Fruta Sapo.

“Um dos parceiros do projeto é a Universidade Pedagógica de Maputo, em Moçambique”, conta ao ECO Ângela Carvalho. “Colaboram há muitos anos com uma das minhas cofundadoras, a professora Maria José Ferreira, no estudo de plantas medicinais. Esta nova molécula surge como um derivado de um extrato de um produto natural”, explica a presidente executiva da Beat Therapeutics, sublinhando que este estudo já vinha a ser desenvolvido há vários anos.

“O que este nosso candidato a fármaco faz é inibir uma via de reparação do ADN nas células cancerígenas. E como tipicamente estas células já têm alguns erros associados, por causa da própria formação do cancro, ao inibir esta via, seletivamente, mata as células cancerígenas. Existe todo um leque de tumores em que o composto pode ser utilizado. Temos provas de conceito em quatro tipos de tumores, maioritariamente no ovário e no cancro pancreático, cancros com uma elevada densidade terapêutica”, conta Ângela Carvalho, frisando que o projeto ainda está numa fase pré-clínica.

“Neste momento, precisamos terminar todo o percurso pré-clínico, fazer o pack regulamentar, todos os ensaios obrigatórios, escalar a produção da molécula em laboratórios certificados e, após essa conclusão bem-sucedida, avançar para os ensaios clínicos”, acrescenta, frisando que são precisos pelo menos quatro anos para chegar aos ensaios em humanos.

Além de tempo, é preciso dinheiro. “Fomos apoiados pela Portugal Ventures no âmbito da call Inove ID e por alguns projetos europeus, como o EIT Health InnoStars. Foram essenciais para nos permitir ter um tempo de operação que nos permitisse procurar investimento e financiamento adicional e desenvolver alguns ensaios em laboratório para levarmos o projeto até um ponto em que ele se torne atrativo para investimento”, conta a responsável. “No próximo ano, vamos procurar ativamente investimento privado que nos permita escalar o desenvolvimento do composto”, revela.

Nesta área estamos sempre à procura de financiamento”, desabafa. “Fiz um mapeamento das candidaturas disponíveis e encontrei o programa Woman in Tech EU. Fazia todo o sentido candidatar-nos, porque apoia o desenvolvimento de projetos de deep tech, a área em que estamos”, sublinha.

E como é que se procura investimento? “Depende muito do projeto e da ambição do mesmo”, responde Maria do Céu Carvalho. “Existe uma série de oportunidades no Portugal 2030 para projetos na área da ciência e tecnologia e que nos dá algumas taxas de financiamento bastante interessantes”, diz a partner da KPMG, encarregue da inovação e desenvolvimento e dos incentivos. “Mas, em projetos mais disruptivos temos de ir à Liga dos Campeões na Europa, ou seja diretamente na Comissão Europeia”, afirma perentória.

Veja a entrevista na íntegra:

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Clubes da LALIGA exploram formas de melhorar a experiência dos adeptos nos estádios em dia de jogo

  • Servimedia
  • 20 Dezembro 2024

Os estádios da LALIGA oferecem aos adeptos, em dias de jogo, desde “fanzones” com música, menus gastronómicos extensos ou visitas guiadas em realidade virtual.

Os clubes da LALIGA partilharam as suas experiências e conhecimentos na Alemanha, numa visita organizada pelo Gabinete de Clubes com o Borussia Mönchengladbach, Bayern Leverkusen, Borussia Dortmund, Schalke 04, FC Köln, FC Köln e FC Köln.

Os clubes da LALIGA realizaram uma segunda viagem de trabalho internacional, após o sucesso do ano passado em Londres, ao Vale do Ruhr, na Alemanha, para criar sinergias com algumas das principais equipas da Bundesliga em termos de exploração comercial das infra-estruturas em dias de jogo.

A expedição visitou estádios emblemáticos como o Signal Iduna Park do Borussia Dortmund, um dos maiores da Europa, ou o BayArena do Bayer Leverkusen, equipa atualmente gerida pela lenda da LALIGA, Xabi Alonso.

Tanto os estádios espanhóis como os alemães dispõem de numerosas experiências que oferecem aos adeptos uma nova forma de viver o futebol. No caso do Valencia CF, foi lançada a Matchball Experience nos dias de jogo. Eduard Castell, Business Stadium Manager do Valencia CF, salienta que “esta é uma experiência única que consiste em os adeptos poderem receber a equipa junto ao balneário da casa, ver os cantos mais emblemáticos do Mestalla e poderem viver o jogo a partir da nossa SUPERBOX, um espaço que oferece uma experiência premium durante o jogo. Da mesma forma, com esta experiência, no pós-jogo, os adeptos podem despedir-se dos jogadores da zona mista e levar uma bola autografada pelos jogadores”.

A nível tecnológico, nos dias de jogo, o Valencia CF utiliza a tecnologia NFC desde a época passada, permitindo aos sócios e portadores de bilhetes de época acelerar a sua entrada no estádio. Esta medida inovadora está também a ser implementada pelo Girona FC. Aran Navarro, diretor comercial e de marketing do Girona FC, salienta que “a transformação digital chegou a todos os processos dos sócios e à aplicação do clube, onde têm o seu bilhete de época digital”.

Para além dos aspetos tecnológicos, o Girona FC também se concentra na criação de uma vasta gama de actividades pré-jogo para conseguir um maior envolvimento dos adeptos. “Duas horas antes de cada jogo, criamos uma fanzone, onde há um DJ e, por vezes, algumas bandas locais vêm tocar”, diz Navarro, que acrescenta que este tipo de ativação, que por vezes inclui provas de comida, ‘não existia antes e as pessoas vinham para o estádio apenas a tempo, mas nos últimos quatro anos temos vindo a fazê-lo todos os jogos e as pessoas habituaram-se e agora vêm com mais tempo’.

O clube catalão criou também duas áreas VIP anexas ao Montilivi, incluindo uma sala de chill out onde, entre outras coisas, um chefe de cozinha de um dos restaurantes mais conceituados da cidade prepara um menu com os melhores produtos locais, em colaboração com uma associação local. O objetivo “é dar uma qualidade extra à experiência de assistir a um jogo”, diz Navarro.

Na cidade de Nervión, o Sevilha CF quer oferecer aos seus adeptos uma experiência única quando visitam o Sánchez Pizjuán. Mariana García, diretora da Área Social e Bilheteira do Sevilha CF, salienta que este ano o clube lançou “cinco experiências de dia de jogo, com as quais os adeptos do Sevilha podem viver momentos únicos no próprio dia do jogo, como a chegada e aquecimento do autocarro, uma visita privada ao estádio, um Meet & Greet, uma fotografia no final do jogo no relvado do estádio e uma Experiência de Jogador”.

Este último encoraja os adeptos a virem algumas horas antes do jogo para descobrirem algumas das áreas mais desconhecidas do Sánchez Pizjuán, ou para acederem à zona mista após o jogo. Para além de todas estas experiências imersivas, o clube tem “cinco áreas de hospitalidade, com uma gama diferente de serviços e produtos, e 14 camarotes privados”, acrescenta García.

Outro dos clubes da LALIGA EA SPORTS que está a conceber um pré-jogo atrativo para os seus adeptos é o CA Osasuna. “O que estamos a trabalhar agora são todas as atividades que podemos oferecer antes dos jogos, como assistir à chegada dos jogadores ou mesmo ter um encontro com um jogador”, diz Iñigo Domeño, diretor de operações do CA Osasuna. No entanto, entre as opções já oferecidas pelo clube estão “visitas guiadas com óculos de realidade virtual onde se podem reviver momentos históricos do clube”, diz Domeño.

Os estádios LALIGA Hypermotion também não ficam para trás e os clubes também procuram reinventar a experiência do torcedor. Um dos clubes que se está a destacar neste aspeto é o Real Oviedo, que, tal como outros clubes da LALIGA, realiza uma visita guiada em dias de jogo no estádio Carlos Tartiere. “Esta visita inclui uma visita guiada ao museu, à sala de imprensa, à zona mista e ao balneário da equipa principal, bem como a visualização do aquecimento da equipa”, explica Estela Díaz, diretora de negócios e operações do Real Oviedo.

No entanto, os planos do clube de Oviedo não se ficam por aqui, uma vez que continua a trabalhar na modernização do estádio para oferecer ainda mais opções aos seus adeptos. “Estamos num período de mudança e evolução muito rápido, fizemos obras no estádio num tempo recorde de 50 dias. Todas as mudanças que conseguimos em tão curto espaço de tempo foram verdadeiramente espetaculares”, explica Díaz.

Por seu lado, o SD Eibar, um dos clubes mais carismáticos da competição devido à sua localização na cidade mais pequena de todas as que competem na LALIGA, tira o máximo partido do Ipurúa, apesar da sua pequena dimensão, e oferece uma experiência exclusiva nos dias de jogo.

“Temos serviços diferentes nos dias de jogo. Por um lado, temos seis camarotes de empresa, que vendemos durante toda a época, cada um composto por dez lugares, com um serviço muito personalizado para cada um deles. E também comercializamos duas experiências diferentes, uma na bancada principal e outra na bancada norte, que têm caraterísticas diferentes para viver os jogos”, salienta Andoni Aranzábal, diretor de desenvolvimento comercial do SD Eibar.

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Terminal de Santa Apolónia estreia novas regras para concessões nos portos. Há nove contratos a chegar ao fim em 2025

O prazo das novas concessões portuárias já pode ir até aos 75 anos. Uma alteração que, diz o setor, poderá incentivar o investimento e a renovação das infraestruturas e equipamentos.

O terminal de Santa Apolónia, em Lisboa, será o primeiro a testar as novas regras das concessões portuárias, que viram o prazo máximo dos contratos aumentar de 30 para 75 anos. Apenas em 2025, há nove contratos que chegam ao fim e que podem aplicar as novas regras. Além das concessões portuárias que vencem no próximo ano, há ainda grandes projetos, como o lançamento do novo terminal de contentores do Porto de Leixões, que podem aplicar prazos de contrato de mais longos, em troca de investimentos mais robustos.

Os contratos de concessão portuária — novos e em execução — podem ir até um prazo máximo de 75 anos, já incluindo eventuais prorrogações. A alteração já vinha a ser preparada pelo anterior Executivo de António Costa, mas foi aprovada pelo Governo de Luís Montenegro no passado mês de outubro e publicada em Diário da República no passado dia 25 de novembro. Esta medida era há muito reclamada pelo setor e pretende criar condições para incentivar maiores investimentos, dando tempo aos operadores portuários para recuperarem o seu investimento.

Com sete contratos a chegarem ao fim nos próximos 12 meses, Lisboa terá oportunidade para optar por prorrogações ou novos concursos com prazos mais extensos, caso o projeto assim o exija. O primeiro terminal que irá a concurso é “multipurpose” de Lisboa, de contentores de Santa Apolónia, com o fim da concessão a 8 de abril de 2025. O terminal de granéis alimentares do Beato e da Trafaria, ambos concessionados à Silopor, que está em liquidação desde 2001 e sem capacidade de fazer investimentos, vencem a 29 de junho.

SiloporSilopor

O terminal de granéis alimentares de Palença, o de granéis líquidos do Barreiro, assim como o multiusos do Beato e multiusos do Poço do Bispo são os outros terminais cujos contratos vencem apenas em Lisboa. Um pouco mais a Sul, o terminal de movimentação de granéis sólidos do Porto de Setúbal, inicialmente concessionado por 25 anos e que já conta com uma prorrogação de cinco anos, vence no final de junho. Em Sines, a concessão do Terminal Petroquímico, adjudicada à Repsol, termina no final de 2025.

Havia ainda outras duas concessões a vencerem no Porto de Setúbal, à Sadoport e à Tersado, mas que foram recentemente prolongadas por um período de dez anos.

Quanto às concessões a terminarem em Lisboa, Carlos Correia, presidente do Conselho de Administração dos Porto de Setúbal (APSS) e Lisboa (APL), referiu no passado mês de setembro que idealiza a redução do número de concessões. “São concessões demasiadamente retalhadas que condicionam a sua operacionalidade. O que vamos propor é a redução do número de concessões. Idealizamos ali um terminal de contentores e um terminal multiusos — duas concessões. O secretário de Estado depois dirá”, comentou na Porto Maritime Week, que decorreu nos dias 23 e 24 de setembro.

A APSS pretende avançar com uma nova concessão que poderá já beneficiar da extensão do prazo máximo dos contratos portuários para 75 anos, uma vez que “30 anos não seriam suficientes para sustentar esses investimentos”, sustentou na mesma ocasião. Em cima da mesa está um projeto para uma nova concessão direcionada para o segmento automóvel de pesados. As novas concessões “estarão preparadas para suportar as eólicas offshore, mas não se esgotam nisso”. “Preveem possibilidade de ter outros tipos de movimentação de carga, associada a essas eólicas offshore“, explicou Carlos Correia.

Esta decisão estratégica do aumento do prazo máximo das concessões de 30 para 75 anos permitirá incentivar o investimento mais robusto nos portos, nomeadamente naqueles que necessitam de fazer face não só aos atuais desafios ambientais, mas também às necessidades infraestruturais.

Associação dos Portos de Portugal

Mais a Norte, o Porto de Leixões prepara-se para divulgar o seu novo plano estratégico, no qual tem estado a trabalhar ao longo do ano e que envolve a expansão do porto, para dar resposta às necessidades da região.

Ainda que não sejam conhecidos para já os detalhes deste plano, o organismo liderado por João Neves preparou um documento assente em três pilares: sustentabilidade económica e competitividade; sustentabilidade ambiental; sustentabilidade social. Segundo o responsável, está a apostar em “investimentos para que porto de Leixões esteja daqui a dez anos com a capacidade instalada de que precisa”.

Segundo adiantou o gestor, o Porto de Leixões está a trabalhar na modernização das vias rodoviárias do porto e da ponte móvel, na construção de novo centro inspetivo e na viabilização da conclusão do polo 2 da plataforma logística. “Há ainda um conjunto de projetos seletivos no âmbito do sustentável 2030 para serem apoiados”, sintetizou.

“Esta decisão estratégica do aumento do prazo máximo das concessões de 30 para 75 anos permitirá incentivar o investimento mais robusto nos portos, nomeadamente naqueles que necessitam de fazer face não só aos atuais desafios ambientais, mas também às necessidades infraestruturais, de forma a responderem, nomeadamente, ao aumento projetado de carga contentorizada e ao tamanho crescente dos navios”, comentou a Associação dos Portos de Portugal, em declarações ao ECO.

Porto de Leixões

A associação considera que, “no caso do Porto de Leixões, e tendo em conta os investimentos necessários, o prazo mais alargado permitirá aos concessionários obter um horizonte temporal mais ajustado para a recuperação dos investimentos”.

Ainda em relação ao porto nortenho, a Associação dos Portos de Portugal nota que “a opção pelo lançamento de novas concessões ou renegociação do prazo das concessões existentes será tomada em função da situação mais vantajosa na implementação do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Porto de Leixões que se encontra em fase de conclusão, bem como da necessidade da APDL em manter os seus níveis de eficiência na resposta diária às necessidades do seu hinterland, designadamente da indústria e comércio da região Norte”.

Maria Zagallo, sócia da PLMJ e antiga coordenadora da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP), reforça que os portos são um “setor estratégico para Portugal” e era necessário “fazer alguma coisa para atrair investimento, lembrando que o prazo dos contratos “deve ser suficientemente longo para pagar obras e investimentos realizados”. “Os 30 anos que existiam não permitiam os investimentos necessários”, realça, destacando que o prolongamento dos prazos máximos está em linha com o que se pratica noutros países.

Para a antiga coordenadora da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP), a existência de concursos desertos — como aconteceu com o lançamento de o concurso para a construção do novo terminal Vasco da Gama, em Sines — mostra que “não é só abrir concurso”. “Por exemplo, há muito tempo que se fala de um novo terminal para Leixões e para Sines, [com as novas regras] podem fazer-se concursos muito mais atrativos e atrair investimento mais sólido se houver mais prazo para amortizar investimentos“, remata.

As concessões portuárias necessitam de se modernizar e os atuais contratos eram de uma geração que não previa questões ambientais ou a utilização de novas tecnologias. Esta possibilidade de prorrogação pode permitir um maior investimento e modernização e eficiência dos nossos terminais.

José Luis Moreira da Silva

Sócio da SRS Legal

“Os investimentos atuais nas concessões portuárias podem ser muito avultados, como na aquisição de novos pórticos, na descarbonização da operação dos terminais, em obras nos terraplenos e nos cais, já sem falar em eventuais dragagens”, concorda José Luís Moreira da Silva, sócio responsável pelo Departamento de Administrativo e Contratação Pública da SRS Legal. Para o jurista, “as concessões portuárias necessitam de se modernizar e os atuais contratos eram de uma geração que não previa questões ambientais ou a utilização de novas tecnologias. Esta possibilidade de prorrogação pode permitir um maior investimento e modernização e eficiência dos nossos terminais”.

O sócio da SRS Legal destaca ainda que as novas regras para os contratos portuários colocam “Portugal em igualdade com os nossos principais concorrentes, pois quer Espanha, quer Marrocos, já permitem prazos mais alargados que os que antes se tinha como possível limite (30 anos)”.

Fonte do Ministério das Infraestruturas e Habitação sublinha que “o alargamento do prazo máximo de duração das concessões do serviço público de movimentação de cargas em áreas portuárias para 75 anos, à semelhança do que sucede noutros países, visa potenciar maiores investimentos e mais concorrência, em especial nos investimentos nas infraestruturas de raiz, nas acessibilidades e na descarbonização e novas energias verdes dos portos, impondo ao mesmo tempo equidade em relação aos terminais portuários de uso privativo que já beneficiam há vários anos deste prazo”.

Dito isto, a mesma fonte alerta que “este prazo será determinado em função do período necessário para amortização e remuneração, em normais condições de rendibilidade da exploração, do capital investido pelo concessionário”.

Apesar de ter promulgado a mudança nos prazos dos contratos portuários, Marcelo Rebelo de Sousa disse que espera que o alongamento do prazo “não seja uma solução paliativa ou de mera compensação de anteriores situações assimétricas, e tenha mesmo o efeito desejado de ultrapassar a estratégia invocada quanto à última década e permita aumentar a competitividade externa”.

Sobre este ponto, José Luís Moreira da Silva refere que “os contratos de concessão portuário são muito fiscalizados e regulados“. Antes de serem renegociados, passam pelo crivo do regulador AMT, “depois o Tribunal de Contas, nas auditorias regulares que efetua também se vai pronunciar, o que tem feito já no passado”, sendo que também se poderão pronunciar outras autoridades.

“Os contratos portuários são muito fiscalizados e transparentes, não me parecendo existir qualquer risco. Caso não se venham a verificar os níveis de investimento acordados, o prazo da concessão pode até ser reduzido, como já se veio a verificar, pelo menos numa ocasião”, defende o sócio da SRS Legal.

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5 coisas que vão marcar o dia

Presidente da República aprecia os processos de indulto com a ministra da Justiça. Há assembleia geral extraordinária no Novobanco. Mário Centeno participa no encontro do Conselho da Diáspora.

No dia em que o Presidente da República aprecia os processos de indulto com a ministra da Justiça, os acionistas do Novobanco reúnem-se em assembleia geral extraordinária. Ainda por cá, o Governador do Banco de Portugal é o orador principal do encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa. Esta sexta-feira é igualmente dia de conhecer alguns indicadores do Banco de Portugal e do INE enquanto lá fora o Eurostat divulga dados sobre a eficiência energética na União Europeia.

Presidente da República recebe ministra da Justiça

O Presidente da República recebe pelas 18h, no Palácio de Belém, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, para apreciação anual dos processos de indulto. Em 2023, Marcelo Rebelo de Sousa concedeu dois indultos por razões humanitárias, com base na proposta da então ministra Catarina Sarmento e Castro.

Novobanco em assembleia geral extraordinária

Os acionistas do Novobanco reúnem-se esta sexta-feira em assembleia geral extraordinária. Um dos pontos da ordem de trabalhos é a nomeação dos membros do Conselho Geral e de Supervisão para 2025-2028.

Mário Centeno no encontro da Diáspora Portuguesa

O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é o orador principal do encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa que acontece esta sexta-feira, no Palácio Cidadela Cascais. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que também é vice-presidente honorário do Conselho da Diáspora Portuguesa, participa no evento. Marcam ainda presença o presidente da mesa da assembleia geral deste Conselho, Durão Barroso, e o presidente da direção do Conselho da Diáspora Portuguesa, António Calçada de Sá, além do autarca de Cascais, Carlos Carreiras.

Eurostat, INE e BdP divulgam dados económicos

Nesta sexta-feira, o Eurostat divulga dados sobre a eficiência energética na União Europeia referente a 2023. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta indicadores sobre a Avaliação Bancária na Habitação relativos a novembro deste ano, além das estatísticas do ambiente e dados da conta de fluxos de materiais, ambos referentes a 2023. O Banco de Portugal (BdP) apresenta, por sua vez, indicadores sobre o financiamento das administrações públicas e ainda a propósito do endividamento do setor não financeiro.

Ministro da Economia visita empresas em Gaia e Aveiro

O ministro da Economia, Pedro Reis, participa na inauguração de linha de produção na Cabelte – Cabos Elétricos, em Vila Nova de Gaia, seguindo-se uma visita à multinacional alemã Bosh, em Aveiro, onde inaugura um espaço de laboratórios de investigação e desenvolvimento de soluções sustentáveis de climatização.

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Novobanco chumba plano de recuperação da FarmáciasGAP com dívidas de 18 milhões

Novobanco é o maior credor da FarmáciasGAP e não aceitou o plano de recuperação apresentado pelo grupo de farmácias que tem dívidas de mais de 18 milhões de euros.

O Novobanco chumbou o plano especial de recuperação (PER) apresentado pelo Grupo FarmáciasGAP, que desde o verão passado procura uma solução para as dívidas de 18 milhões de euros que tem junto de mais de 60 credores.

O banco liderado por Mark Bourke é o maior credor do grupo que explora farmácias em Lisboa e em Setúbal, reclamando uma dívida de 15,7 milhões de euros (correspondendo a 85% do total dos créditos reconhecidos), a qual já tentou vender no passado juntamente com outros créditos de grandes empresas.

No final de junho, o Grupo FarmáciasGAP apresentou no tribunal um plano de recuperação — que foi depois revisto em novembro — onde estabelecia um plano de pagamento aos credores. Do lado do Estado, a Autoridade Tributária e a Segurança Social votaram favoravelmente, com o plano a prever o pagamento da totalidade das dívidas de 134 mil euros e 200 mil euros, respetivamente, ao longo de uma década (125 prestações mensais).

Porém, o plano acabou chumbado pelo Novobanco, o maior credor, mas não só. De acordo com o relatório da administradora judicial provisória, o plano mereceu a reprovação de mais de 90% dos votos dos credores.

Alguns deles justificaram o voto contra. Caso da Naos Portugal, que reclama perto de 900 mil euros, mas não aceita um perdão de 50% da dívida — algo que não estava previsto no primeiro PER apresentado no tribunal.

“O plano apresentado é manifestamente prejudicial aos legítimos interesses dos credores comuns, que são quem, na realidade, permite à requerente [FarmáciasGAP] manter a atividade comercial. É, portanto, um plano que apresenta propostas iníquas e prejudiciais e que transfere a responsabilidade do incumprimento da requerente para os seus credores comuns, a maior parte deles fornecedores”, justifica.

Outros credores com créditos de menor montante rejeitam o plano pois prevê um prazo demasiado longo para os valores que reclamam. Por exemplo, a Dermoteca diz-se credora de pouco mais de dois mil euros, metade da qual será perdoada, pelo que sendo o restante pago em 86 prestações “significa que receberá mensalmente a irrisória quantia de 12,75 euros”. No entender da Dermoteca, “os créditos de valor tão reduzido podiam e deveriam ser pagos de forma diferente e não traduz qualquer tipo de favorecimento, mas apenas tratamento diferente a situações diferentes”.

A Haleon também reclama que o prazo é demasiado extenso para a dívida em causa. Entre outros credores que votaram contra o PER está a Lisgarante e também a sociedade de advogados PLMJ.

O ECO contactou o Grupo FarmáciasGAP e o Novobanco, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.

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EDP “tropeça” na Colômbia no caminho para os 1,3 mil milhões

A EDP Renováveis anunciou esta quinta-feira que iria deixar cair os investimentos previstos para a Colômbia, uma decisão que implica perdas de até 700 milhões de euros.

A EDP Renováveis anunciou esta quinta-feira que iria deixar cair os investimentos previstos para a Colômbia, uma decisão que implica perdas de até 700 milhões de euros. Apesar de a empresa contabilizar esta perda como “evento não recorrente”, salvaguardando desta forma o efeito negativo no lucro, a subsidiária de energias limpas do grupo EDP sofre este golpe num ano em que a casa-mãe impôs como meta atingir os 1,3 mil milhões de lucro.

A EDP espera atingir em 2024 um EBITDA recorrente de cerca de 5 mil milhões de euros, um resultado líquido recorrente de aproximadamente 1,3 mil milhões de euros, em linha com os objetivos financeiros apresentados em maio”, escreveu a empresa, no comunicado relativo aos resultados do terceiro trimestre da cotada.

A EDP detém de momento 71,3% do capital da EDP Renováveis. Até setembro deste ano, estas empresas comunicaram, respetivamente, lucros de 1.083 milhões de euros e 210 milhões de euros. O grupo avançou, ao longo do ano, uma perspetiva de lucro apenas em relação à casa-mãe – os já referidos 1,3 mil milhões de euros. Para a EDP Renováveis, a última meta comunicada, em maio, dizia respeito ao EBITDA, que deveria atingir os 1,9 mil milhões de euros este ano. Em setembro, o EBITDA desta subsidiária cifrava-se nos 1,29 mil milhões de euros.

No rescaldo da última apresentação de resultados, numa chamada com analistas, o responsável financeiro da empresa (CFO, na sigla em inglês), Rui Teixeira, já havia assinalado a situação instável dos projetos na Colômbia: “Quero gerir expectativas. Ao longo dos próximos 2 a 3 meses, a decisão de avançar ou não avançar pode levar a uma perda completa dos 700 milhões de euros na EDP Renováveis”.

O cenário de perda verificou-se. Esta quinta-feira, após o fecho do mercado, a EDP comunicou que “a EDPR decidiu não avançar com os investimentos nos seus projetos eólicos de 0,5 GW [gigawatts] na região de La Guajira, na Colômbia“, e que “face a esta decisão, a EDPR estima perdas potenciais associadas a estes projetos de até 0,7 mil milhões de euros“, montantes que vão ser tratados como eventos não recorrentes, não tendo dessa forma impacto no lucro ou na política de dividendos.

A justificar esta decisão está o risco identificado no país. A EDP Renováveis considera que estes projetos não cumprem os critérios de investimento e perfil de risco que tem como referência. Em causa estão dois projetos eólicos, Alpha e Beta, que obtiveram licenças ambientais em agosto de 2019, ano desde o qual sofreram vários reveses, desde as medidas de contenção do tempo da pandemia covid-19 até à mudança de Governo, o que teve consequências na viabilidade económica do projeto, explicou a empresa em comunicado.

Até hoje, não foi alcançada visibilidade sobre a melhoria do quadro de receitas reguladas, como as reformas do mecanismo “cargo por confiabilidade” e outras medidas potenciais, que a EDPR e a associação de energias renováveis da Colômbia defenderam como cruciais para permitir a construção de projetos eólicos”, pontua a empresa, na comunicação desta quinta-feira ao mercado.

Mas os alertas deixados em relação a esta situação não surgiram apenas nesta segunda metade do ano. Já em maio, novamente em diálogo com analistas no rescaldo da apresentação de resultados do primeiro trimestre, o CEO, Miguel Stilwell d’Andrade, afirmou que a EDP estava focada em obter a licença para a linha de transmissão associada ao projeto antes do final do ano. “Não estamos a incluir [estes projetos] nos objetivos do plano de negócios ou na atualização de perspetivas. E temos uma exposição total, incluindo o valor contabilístico e outros passivos, esperadas no final do ano, em torno dos 700 mil milhões de euros”, assumiu na altura.

Os lucros da EDP têm sido impulsionados pelo investimento em redes. Nos primeiros três trimestres, o resultado líquido da empresa aumentou 14% “suportado pelo bom desempenho da atividade de redes de eletricidade no Brasil, assim como pela recuperação de produção hídrica no mercado ibérico, que mais do que compensaram os menores ganhos com rotação de ativos renováveis”, indicou a elétrica, em comunicado.

No mesmo período, a subsidiária de energias limpas sentiu uma quebra homóloga de 53% nos lucros, para 210 milhões de euros, atribuída precisamente à diminuição dos ganhos com rotação de ativos, que passaram de 393 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023 para 179 milhões no mesmo período de 2024.

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Grupo MDS já tem 70% do negócio de seguros fora de Portugal

O CEO José Manuel Dias da Fonseca explica a construção do grupo MDS como braço do grupo Ardonagh para crescer na Ibéria, África e América Latina. Vai chegar aos 3 mil milhões de negócios em 2025.

José Manuel Dias Fonseca, CEO do Grupo MDS e membro do Conselho Consultivo da CDP, falou a ECOseguros durante o Fórum realizado na Nova SBE, em Carcavelos.Hugo Amaral/ECO

À margem do fórum “Construir o futuro através do Atlântico: Um Fórum para a Europa e as Américas”, iniciativa do Conselho da Diáspora Portuguesa (CDP), José Manuel Dias da Fonseca, CEO do grupo MDS, falou a ECOseguros sobre o futuro do grupo, que é hoje parte do britânico Ardonagh, um dos maiores corretores do mundo. Dias da Fonseca é também membro do Conselho Consultivo e ativista da CDP e foi entre Durão Barroso, Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa que o fórum debateu avanços para a colaboração, pública e privada, entre a Europa e o continente americano.

Gostava de começar por aqui a propósito deste fórum. Até que ponto é importante para uma empresa portuguesa como a MDS estar próxima da diáspora portuguesa?

É uma organização do Conselho da Diáspora Portuguesa, de que eu faço parte como membro do Conselho Consultivo. Entre as suas iniciativas, para além de muitas outras, esteve a criação do Fórum Euro África. A África, como se imagina, é muito importante para a Europa e para Portugal em concreto. O Conselho da Diáspora decidiu alargar ou criar um novo fórum dirigido a Europa e Américas. As Américas também dizem muito a Portugal, não só o Brasil, mas a outras regiões das Américas e que tem muito a ver com a centralidade de Portugal, a centralidade do Atlântico. É um evento muito importante que junta uma centenas de pessoas e speakers de vários países das Américas e de Portugal.

Isso conduz à expansão da própria MDS. Como é que se articula a expansão da Ardonagh com a da MDS?

A Ardonagh é uma mega plataforma de distribuição de corretagem com marcas e operações em vários pontos do mundo. De uma forma simples, do ponto de vista do insurance brokerage, do retail, são quatro grandes regiões onde atua. A primeira é o Reino Unido (UK) onde é uma gigante e, se for gigante na UK, é gigante no mundo. Outra região é a APAC (Ásia Pacífico) que, no caso da Ardonagh, é outra operação gigantesca, com base na Austrália que é um mercado segurador maior que o país. A expansão asiática será a plataforma australiana. Uma terceira região é a Europa continental. E, depois, temos uma outra região que é muito a MDS, integrando a Ibéria, América Latina e África.

Qual a importância de ser a MDS a tratar destes mercados?

A responsabilidade da expansão internacional dentro desta zona não se deve apenas a serem países que falam a língua portuguesa e porque temos uma certa sensibilidade a África. Começa pela Ibéria. Em Espanha tínhamos uma parceria com a corretora Fillet Allard, um dos maiores corretores franceses, que é nosso amigo e membro da Brokerlink, e em que detínhamos 35% do capital. Mas agora, como dentro do projeto da Ardonagh, temos uma missão muito grande para Espanha em articulação com Portugal, essa parceria era mais difícil e portanto conversámos com a Fillet Allard e seguimos caminhos diferentes. Vendemos a nossa parte de 35%, arrancámos com uma operação em Espanha 100% MDS e fizemos primeira aquisição muito recentemente (a Cobian). Agora vamos inaugurar um escritório novo, temos uma equipa e a ambição é transformar a MDS se numa operação ibérica muito forte. Era uma das nossas ambições criar um projeto de crescimento acelerado em Espanha, que agora fica mais fácil, inseridos na Ardonagh.

Na América Latina o forte é o Brasil?

Na América Latina temos uma presença direta, forte no Brasil e no México e ambição de expandir para outros mercados que são nosso target para 2025. Podemos assim, falar de uma MDS Latam em conjunto com MDS Ibéria e MDS África. Hoje já somos um dos maiores operadores da América Latina, excluindo as grandes multinacionais, devemos ser os principais, porque sendo muito grande no Brasil, somos muito grandes na América Latina. No Brasil temos 1.800 pessoas depois da aquisição da D’Or consultadoria que concluímos em agosto. Estamos também no Chile.

Vamos ter por volta de 2,7 mil milhões de prémios intermediados este ano, seguramente que em 2025 passaremos com facilidade os 3 mil milhões, que é um número robusto

Vão continuar as aquisições nesses mercados cobertos pela MDS?

Seguem a mesma lógica da Ibéria. Hoje temos uma operação muito forte em Angola, estamos a crescer bem em Moçambique, mas encaramos investir noutros mercados, noutros países africanos não de língua portuguesa. E estas três regiões debaixo da marca MDS e com a equipas de gestão da MDS faz-nos ter por volta de 2,7 mil milhões de prémios intermediados, seguramente que em 2025 passaremos com facilidade os 3 mil milhões, que é um número robusto.

Tendencialmente, qual será o peso do mercado português no conjunto das operações da MDS?

Portugal tem cerca de 30% atualmente e, como o caminho é absolutamente internacional, tende a “piorar”, ou seja, a diminuir o seu peso.

O que torna o Brasil o mais interessante?

O Brasil é hoje a oitava economia do mundo. O mercado brasileiro é como Estados Unidos com mais pessoas, porque o mercado ainda é muito disperso, há milhares e milhares de brokers e o mercado ainda com uma penetração do seguro relativamente baixa. Portanto, há muito caminho a fazer, muito investimento estrangeiro e empresas fortíssimas. É um mercado que também está muito disperso regionalmente, que permite comprar em muitas regiões do país, não é tudo em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Tem também muitos brokers especializados de nicho que cá também não há muito. Portanto, é um mercado muito importante para nós e não há muitos casos de investimento português que chegaram à posição que a MDS tem hoje no Brasil, sempre a ganhar dinheiro e sempre a correr bem.

É importante a Fidelidade estar também em África e América Latina?

Nós temos sempre uma relação muito próxima como no caso do Chile, Angola, e Moçambique. A Fidelidade não está em mercados cruciais para nós como o Brasil, e como o México mas, por exemplo, está na Colômbia, no Peru, na Bolívia e está no Chile. No Chile já colaboramos bastante.

Entre as recentes aquisições foram compradas pequenas participações de parceiros em algumas empresas portuguesas, mostrando uma vontade de deter 100% do capital. Por exemplo, na MDS Auto haverá vontade de adquirir os 50% do grupo Caetano?

Nesse caso não. É uma parceria que funciona muito bem. Regra geral compramos 100%, queremos controlo na maioria das vezes, mas pode haver opções de não controlar a 100%. Esta é a prática das nossas aquisições aqui ou em qualquer sítio do mundo. Na D’Or uma grande operação com 900 pessoas comprámos 100% porque o vendedor queria assim.

Não sendo potência, Portugal não é ameaça para ninguém. Temos alguma facilidade em unir, em ligar e ouvir, e um processo de internacionalização dá muito trabalho, porque é preciso ter uma atenção muito especial às culturas, às línguas, religiões, às cores.

Nas aquisições de empresas em Portugal parece interessante para a MDS ficar à frente das adquiridas, os donos vendem e saem?

Não, é mais complicado que isso. Quando compramos empresas ou carteiras temos uma preocupação muito grande de integrar bem. Comprar carteiras não é comprar prémios é também trazer equipas e quadros que vão criar valor para a MDS. Não só a MDS vai beneficiar disso, mas as próprias equipas vão beneficiar por fazerem parte da MDS. Em geral, as pessoas que se juntam a nós continuam a ter um papel muito importante nas suas regiões e com seus clientes e muitas vezes mudam de funções, alguns passam para funções nacionais da MDS.

Que tipo de mediadores ou corretores interessam?

Nós avaliamos critérios de dimensão, de geografia, de especialização mas, sobretudo, o critério principal são as pessoas, a qualidade e a integridade das pessoas.

Neste ambiente do Conselho da Diáspora Portuguesa, e com a sua experiência em negociar por todo o mundo, ser português num processo internacional é um ónus ou uma vantagem?

É definitivamente uma vantagem que nem sempre é aproveitada. Nós somos pequenos, eventualmente vistos com desconto por outros, mas é algo que podemos transformar numa vantagem. Não sendo potência, Portugal não é ameaça para ninguém. Temos alguma facilidade em unir, em ligar e ouvir, e um processo de internacionalização dá muito trabalho, porque é preciso ter uma atenção muito especial às culturas, às línguas, religiões, às cores. No caso da rede de corretagem Brokerslink , liderada por um português (que sou eu) , acho que isso funciona porque estamos a falar de 131 países e, portanto, nós temos todas as religiões, todas as línguas, todas as cores, todas as raças, toda a diversidade. E as pessoas são diferentes, os povos são diferentes, os povos dialogam de maneira diferente, comunicam de maneira diferente. Uns quase não comunicam, outros comunicam demais. Nós temos uma capacidade para ouvir, para entender e não para julgar. Portanto, desse ponto de vista, ser português uma grande vantagem. A outra vantagem, e que não era há 20 anos, é a boa reputação no país.

As equipas de gestão devem ser locais?

Temos sempre equipas locais. Não há portugueses a mandar em lado nenhum exceto em Portugal. No Brasil temos equipa brasileira, no Chile equipa chilena, no Chipre cipriotas, em Angola temos equipa africana, em Espanha temos equipa local. Temos 15 nacionalidades no grupo, nativos de dez línguas diferentes. Não quer dizer que não possa haver um português numa operação local, mas será um que “viva lá há 50 anos”. A nossa filosofia é investir muito em equipas muito fortes, com autonomia, com responsabilidade, e nós acompanharmos e apoiarmos no esforço, na integração no grupo, nos recursos do grupo, nas sinergias entre entre equipas.

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Açores e Setúbal: Ministério da Justiça entrega dois edifícios à PJ num investimento de 3,5 milhões de euros

O investimento total ultrapassa os três milhões e meio de euros. MJ adquiriu um edifício na Avenida António Sérgio, em Setúbal, e outro na Rua de São Gonçalo, em Ponta Delgada.

O Ministério da Justiça, através do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ), adquiriu um edifício na Avenida António Sérgio, em Setúbal, e outro na Rua de São Gonçalo, em Ponta Delgada, para instalações da Polícia Judiciária. O investimento total ultrapassa os três milhões e meio de euros.

A Secretária de Estado da Justiça, Maria José Barros sublinhou que “o Governo está a dar um novo impulso aos investimentos necessários na área da Justiça. E a prova disso é que estamos a entregar os edifícios que a PJ aguardava há mais de dois anos. Estou certa de que o desempenho das equipas vai ser beneficiado com a melhoria das condições de trabalho.

Maria José Barros, secretária de Estado da Justiça.

Por seu lado, Luís Neves, diretor nacional da PJ, reconheceu que “a dignidade das condições de trabalho é essencial para o cumprimento da missão da Polícia Judiciária”. Agradeceu, ainda, “o esforço na resolução de um problema que tardava há muito”.

Este foi também o primeiro ato público da nova Presidente do IGFEJ, Ana Luísa Machado, nomeada recentemente (em regime de substituição) para liderar o organismo que gere os equipamentos da Justiça: “Com esta aquisição, o Ministério da Justiça e o IGFEJ reafirmam o seu compromisso com a modernização e melhoria das infraestruturas ao serviço da Justiça, neste caso em particular com a Polícia Judiciária. Este investimento traduz-se em melhores condições de trabalho e permite reforçar a eficácia desta entidade.”

“Atualmente, os Departamentos de Investigação Criminal da Polícia Judiciária encontram-se em instalações que não respondem às necessidades”, diz o MJ.

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Aegon vai além das metas ‘net zero’ para 2030

  • ECO Seguros
  • 19 Dezembro 2024

A companhia atualizou as suas metas em linha com os objetivos da empresa estão alinhados com as recentes orientações emitidas pela Net-Zero Asset Owner Alliance (NZAOA).

A Aegon atualizou as suas metas de Net zero. A empresa quer investir mil milhões de dólares acima do compromisso de 2,5 mil milhões de dólares em atividades que ajudem a mitigar as alterações climáticas ou adaptar-se aos impactos associados a estas até 2030.

Segundo avançou em comunicado, os objetivos da empresa estão alinhados com as recentes orientações emitidas pela Net-Zero Asset Owner Alliance (NZAOA), convocada pelas Nações Unidas, da qual a Aegon é membro. As orientações incluem um quadro abrangente para definir objetivos baseados em ciência alinhados com os Acordos de Paris.

Nesse sentido, tem ainda como objetivo reduzir o peso do carbono nos ativos de conta geral de obrigações corporativas e ações cotadas da Aegon em 50% em relação a 2019.

Também quer “reduzir a intensidade de carbono dos âmbitos 1 e 2 dos investimentos imobiliários detidos diretamente pela Aegon em 42% em relação ao ano de referência de 2019”.

Ao mesmo tempo pretende continuar esforços de envolvimento com pelo menos os vinte maiores emissores de carbono corporativos na carteira da Aegon.

Depois de 2030, a companhia vai atualizar as suas metas de cinco em cinco anos, de acordo com o calendário estabelecido nas diretrizes da NZAOA.

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Vítimas de acidentes de trabalho podem pedir aumento da pensão aos 50 anos

Decisão do Supremo deverá levar à subida dos montantes que as seguradoras têm de pagar aos sinistrados. Por isso devem "adaptar os seus procedimentos internos para agilizar o recálculo das prestações"

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) colocou um ponto final às dúvidas quanto à correção da incapacidade atribuída a um trabalhador vítima de um acidente de trabalho ou doença profissional antes de completar 50 anos.

O acórdão de 17 de dezembro, que fixa jurisprudência, determina que a bonificação do fator 1.5 das Instruções Gerais da Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais “é aplicável a qualquer sinistrado que tenha 50 ou mais anos de idade, quer já tenha essa idade no momento do acidente, quer só depois venha a atingir essa idade“. Para a obter não pode ter sido “anteriormente beneficiado” da bonificação.

Em termos práticos, “um sinistrado cuja incapacidade tenha sido fixada antes de completar 50 anos e que, entretanto, atinja essa idade, passa a beneficiar da mesma bonificação (independentemente de se ter verificado um agravamento da sua situação) que um sinistrado cuja incapacidade inicial é fixada aos 50 anos ou mais“, explica Leonor Futscher de Deus, diretora da área de seguros da Broseta Abogados Portugal, contactada pelo Eco seguros.

Consequentemente, os sinistrados em causa podem “requerer a atualização/correção das prestações a que têm direito mediante a aplicação da bonificação”, recorrendo “ao mecanismo previsto na lei (incidente de revisão da incapacidade) para invocar o agravamento da sua incapacidade em função da idade”, explica Leonor Futscher de Deus.

Até aqui, a lei portuguesa não tinha estabelecido um “mecanismo processual para revisão automática da pensão em função da idade”. O que significa que alterações na prestação estavam vinculadas a mudanças objetivas nas condições de “capacidade de trabalho ou ganho do sinistrado” – o que impedia, nalguns casos, que os trabalhadores que sofressem um acidente de trabalho antes dos 50 ter acesso à bonificação pelo “efeito da idade na capacidade funcional e, por consequência, no desempenho da atividade profissional”, lê-se no acórdão.

“Tratava-se de uma situação controversa na jurisprudência desde há muito tempo e que foi agora clarificada”, assinala a diretora da área de seguros da Broseta Abogados Portugal.

Leonor Futscher de Deus, diretora da área de seguros da Broseta Abogados Portugal.

Leonor Futscher de Deus acredita que a publicação do acórdão poderá provocar “um aumento dos pedidos de revisão de incapacidade” resultantes de acidentes de trabalho requeridos por sinistrados às seguradoras “o que terá impacto ao nível das prestações devidas pelas seguradoras aos seus segurados no âmbito das respetivas apólices de acidentes de trabalho“.

Por isso, as seguradoras devem “adaptar os seus procedimentos internos para agilizar o recálculo das prestações devidas no âmbito das apólices de acidentes de trabalho”, assinala a jurista

Embora que o acórdão só se aplique de forma obrigatória às partes diretamente envolvidas no processo em questão, “tem um caráter orientador” para juízes, advogados, seguradoras e outros operadores. “Este Acórdão do STJ é um acórdão de uniformização de jurisprudência, tornando-se assim mais transparente a aplicação da lei”.

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Scholz e Trump de acordo sobre necessidade de pôr fim rápido à guerra

  • Lusa
  • 19 Dezembro 2024

Os dois líderes concordaram que a guerra na Ucrânia "já dura há demasiado tempo e que é agora necessário encontrar o mais rapidamente possível um caminho para uma paz justa e duradoura".

O chanceler alemão, Olaf Scholz, conversou esta quinta-feira por telefone com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem concordou, segundo Berlim, quanto à necessidade de alcançar o mais rapidamente possível uma paz justa na Ucrânia.

Os dois concordaram que a guerra russa contra a Ucrânia já dura há demasiado tempo e que é agora necessário encontrar o mais rapidamente possível um caminho para uma paz justa e duradoura”, declarou um porta-voz de Scholz num breve comunicado. O tema central da conversa entre Scholz e Trump foram os desafios para a segurança na Europa, de acordo com a nota.

“O chanceler reiterou mais uma vez que manterá durante o tempo que for preciso o apoio à Ucrânia para a sua defesa contra a guerra de agressão russa”, concluiu o porta-voz. Na quarta-feira, Scholz participou numa reunião em Bruxelas com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual estiveram presentes diversos líderes europeus, para discutir a questão de como delinear garantias de segurança para a Ucrânia se se alcançar um cessar-fogo.

“Juntamente com os Estados Unidos, a Europa é suficientemente forte para obrigar a Rússia a uma verdadeira paz. A paz pela força chegará certamente”, escreveu Zelensky nas redes sociais, usando o slogan escolhido por Trump para definir sua política externa.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

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