Porto e Gaia apresentam até ao final do ano candidatura a Capital Mundial do Desporto em 2027

Quase meia centena de ministros europeus reúnem-se de 8 a 10 de outubro, no Porto, Gaia e Matosinhos, numa conferência que vai custar 400 mil euros.

As cidades do Porto e Vila Nova de Gaia apresentam até ao final deste ano a candidatura conjunta a Capital Mundial do Desporto em 2027, anunciou esta sexta-feira Rui Moreira, durante a apresentação da 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa. O autarca considera mesmo que este evento – que vai reunir 46 representantes europeus de 8 a 10 de outubro, nas cidades de Matosinhos, Porto e Gaia – pode servir de “rampa de lançamento da candidatura”.

Durante a apresentação da 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa, Rui Moreira considerou que o evento será “um bom momento para aquecer motores” no âmbito da candidatura “musculada” do Porto e Gaia a Capital Mundial do Desporto à Associação de Capitais e Cidades Europeias do Desporto (ACES Europa).

As duas cidades anunciaram esta intenção faz precisamente esta sexta-feira um ano – a 7 de junho de 2023 – e na ocasião explicaram as mais-valias de serem palco de eventos desportivos de projeção internacional e terem políticas de incentivo à prática desportiva, além de uma vasta rede de equipamentos, variados programas de desenvolvimento desportivo. Tiraram ainda da cartola o trunfo de apoiarem mais de 20 mil atletas federados como mote de coesão territorial, inclusão e educação para a cidadania.

Questionado pelo ECO/Local Online sobre qual o maior trunfo das cidades neste momento, Moreira respondeu: “O leque de atividades desportivas em Portugal e nas nossas cidades, em particular, que se alargou muito. Isso tem, neste caso, um enorme potencial de conseguirmos maior sucesso nesta candidatura”. No caso concreto da Invicta, é o ténis que tem o maior número de atletas federados.

Agora, as autarquias do Porto e Vila Nova de Gaia — lideradas pelo independente Rui Moreira e pelo socialista Eduardo Vítor Rodrigues, respetivamente — estão a “fazer um trabalho árduo” no sentido de apresentarem uma candidatura “credível” até ao final deste ano. “Seria conveniente que ela [candidatura] fosse apresentada até ao fim do ano”, avançou.

Os municípios estão, assim, “a preparar um cardápio detalhado daquilo que é um compromisso, mas também do que são as valências que existem nas duas cidades”.

“Estamos convencidos de que temos boas condições – também com o apoio do Governo e do IPDJ [Instituto Português do Desporto e da Juventude] de apresentar uma candidatura musculada”, assinalou Moreira. O autarca independente está convicto da concretização desta aspiração, até pelo passado vitorioso do país nesta matéria: “Nunca se sabe se conseguimos ganhar ou não, mas Portugal tem tido muito sucesso em candidaturas nos últimos anos, como bem sabem”.

Depois, o facto de Matosinhos ser Cidade Europeia do Desporto 2025 também pode ser um forte contributo para conquistar esta aspiração. Neste ponto, o vereador com o pelouro do Desporto do município de Matosinhos, Nuno Matos, referiu que a autarquia “aposta muito na formação desportiva”, contabilizando em mais de 10 mil os atletas federados e em mais de sete mil os atletas em formação.

Conferência traz 46 ministros europeus do desporto e custa 400 mil euros

A 18ª Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa acontece de dois em dois anos e junta os ministros do desporto de 46 países europeus, que integram o Conselho da Europa, além de três outros países – Canadá, Israel e Marrocos. Este ano será a vez das três cidades nortenhas servirem de palco para este evento que custa 400 mil euros, e vai projetar mundialmente a região e o país, segundo avançou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, durante a sessão.

Para aquilo que é o retorno estimado não é um valor que seja significativo e felizmente não belisca de maneira nenhuma, do ponto de vista do poder central, digamos assim.

Pedro Duarte

Ministro dos Assuntos Parlamentares

“Temos previsto cerca de 400 mil euros de investimento público a dividir por diferentes entidades e com comparticipação do Conselho da Europa”, calculou Pedro Duarte. “Para aquilo que é o retorno estimado não é um valor que seja significativo e felizmente não belisca de maneira nenhuma, do ponto de vista do poder central, digamos assim”.

O Ministério não tem um estudo feito sobre o impacto económico desta conferência para a região e para o país. “Mas é um retorno que tem um impacto imediato no desporto do país”, no turismo e na “afirmação internacional do país”, sustentou o governante.

Rui Moreira e os vereadores das câmaras de Matosinhos e Gaia, Nuno Matos e Elísio Pinto, respetivamente, acreditam que este evento internacional terá um significativo impacto nas três cidades, mobilizando também a população. Não será apenas uma conferência de ministros do desporto exclusiva a reuniões. As cidades terão oportunidade de mostrar o que de melhor têm e fazem nesta área, nomeadamente na formação desportiva.

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Hoteleiros com expectativa positiva para verão. Maioria com reservas acima de 50%

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

“É globalmente muito positiva a expectativa da nossa hotelaria para a época alta”, apontou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.

A maioria dos hoteleiros tem reservas acima dos 50% para o verão, o que faz com que a expectativa para a época alta seja positiva, segundo os resultados de um inquérito da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). “É globalmente muito positiva a expectativa da nossa hotelaria para a época alta”, apontou esta sexta-feira a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, em conferência de imprensa para apresentação dos dados de um inquérito realizado junto dos associados, sobre as perspetivas para o verão.

No que diz respeito ao mês de junho, 70% dos inquiridos indicaram uma taxa de reserva entre os 50% e os 89%, sendo que, para 43% dos hoteleiros que responderam, a taxa de reserva está acima dos 70%. A Madeira destacou-se com a quase totalidade dos inquiridos a apresentar uma taxa de reserva superior a 70%, seguida dos Açores com 86% dos inquiridos a registar reservas acima dos 70%.

Já para julho, a nível nacional, 67% dos inquiridos registaram uma taxa de reserva entre os 20% e os 69%, mas nos Açores quase todos os inquiridos indicaram reservas acima dos 70%, e na Madeira 98% estão com reservas acima dos 50%. No sentido oposto, no Alentejo, apenas metade dos inquiridos tem reservas superiores a 20%, sendo esta a região com a taxa de reserva média mais baixa.

Em agosto, considerado o mês forte para o turismo, 63% dos inquiridos registam reservas entre os 20% e os 69%, com os Açores novamente em destaque, uma vez que todos os inquiridos indicaram que já têm reservas acima dos 70%. Na Madeira e no Algarve, a grande maioria apresenta taxas de reserva superiores a 50% para agosto.

O Alentejo continua a apresentar as taxas de reserva mais baixas também em agosto, com mais de metade dos inquiridos a registar reservas inferiores a 50%. Já em setembro, mais de metade dos inquiridos nos Açores (71%) reportou taxas de reserva superiores a 70%, enquanto na Madeira a quase totalidade apontou taxas acima dos 50%.

No Algarve, metade dos inquiridos tem reservas superiores a 50% para o último mês do verão, enquanto quase todos os inquiridos do Centro e 76% dos inquiridos do Alentejo têm reservas abaixo dos 50%. Relativamente aos principais mercados, 73% dos inquiridos indicou o mercado nacional nos três primeiros lugares, tal como o Reino Unido (52% da amostra) e Espanha (para 45% dos inquiridos), seguindo-se os Estados Unidos da América e a Alemanha, para 38% e 31%, respetivamente.

Os associados da AHP foram também questionados sobre as expectativas para os principais indicadores da operação hoteleira, em comparação com o verão de 2023, tendo 89% da amostra respondido que prevê uma taxa de ocupação igual ou melhor, com o Centro e a Península de Setúbal a serem os mais otimistas.

Quanto ao preço médio, 76% dos inquiridos espera que seja melhor do que no ano passado e, por fim, quanto aos proveitos totais e proveitos de aposento, 68% da amostra está expectante que sejam melhores ou muito melhores. O inquérito decorreu de 20 a 31 de maio e contou com respostas de 378 estabelecimentos turísticos associados da AHP.

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Festival “Being Gathering” regressa para a sua terceira edição em Idanha-a-Nova à procura de “consolidação”

  • + M
  • 7 Junho 2024

O festival acontece na Boomland, na Herdade da Granja, e é limitado a cinco mil pessoas. A programação assenta na fusão de conceitos como wellness, natureza, arte, cultura e música.

O festival BeingGathering regressa para a sua terceira edição, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, entre os dias 17 a 23 de junho. O objetivo passa por consolidar a existência do projeto enquanto referência entre os festivais e comunidades de bem-estar.

Depois de uma primeira edição em 2015 e de uma segunda em 2017, o festival continua a querer colocar Idanha-a-Nova no mapa como “uma das capitais mundiais do bem-estar“, esperando atrair um público – limitado a cinco mil pessoas – preocupado e interessado com a saúde, o bem-estar e a proteção do ambiente.

Esta terceira edição tem assim como propósito “consolidar a existência do projeto, reafirmando-se como uma referência mundial em iniciativas da mesma natureza, de eventos e comunidades de Wellness e de fusão de disciplinas que cuidem da mente e do corpo“, explica a organização em comunicado.

O festival, que acontece na Boomland, na Herdade da Granja (casa do festival Boom), surge “como resposta às crescentes tendências de desenvolvimento pessoal e consequente procura de um estilo de vida mais saudável”, diz a organização.

Enquanto elementos diferenciadores, a organização aponta a fusão entre conceitos como wellness, natureza, arte, cultura e música, “em torno de uma experiência de incentivo ao crescimento pessoal através da partilha coletiva“, bem como a oportunidade de usufruir da Boomland “num formato mais calmo e com menos público do que o Boom”.

A generosidade é o tema da edição de 2024, que conta com atividades como breathwork, dança, fitness, artes marciais, meditação, música, imersão na natureza, nutrição, rituais, talks, terapias ou yoga, acompanhadas pela presença 19 artistas, 78 terapeutas e 176 “facilitadores”.

A organização destaca da programação a presença de Miriam Peretz na dança, de Petros no yoga e de Atmos e Oceanvs Orientalis na música. A programação pode ser consultada aqui.

Os bilhetes têm o preço de 294 euros (semana) ou de 181 euros (fim-de-semana). Até ao momento, o festival já conta com 67 países representados entre aqueles que já asseguraram a sua entrada no evento, os quais apresentam idades entre os três e os 74 anos. A nacionalidade com mais expressão é a portuguesa (37%), seguida pela alemã (11%), francesa (7%), holandesa (7%) e belga (4%).

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Meloni, Orbán e Le Pen decidem futuro do Parlamento Europeu

As negociações só deverão arrancar quando forem divulgados os resultados eleitorais de domingo, mas Orbán, Meloni e Le Pen já preparam caminho em Estrasburgo.

A poucos dias das eleições europeias, e a meses da eleição do próximo presidente da Comissão e Conselho Europeu, a direita radical e extrema-direita tornaram-se numa peça-chave para o futuro em Estrasburgo. No Parlamento Europeu, os liberais lutam para segurar o lugar de terceira força política face às sondagens que sugerem uma ultrapassagem dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), mas a principal preocupação dos eurodeputados centra-se na possibilidade de o ECR formar uma “super coligação” com o Identidade e Democracia (ID), na próxima legislatura. A fusão colocaria a extrema-direita como segunda força política, destronando os Socialistas Europeus (PSE). As únicas matérias que os separam são o grau de euroceticismo e a posição em relação à invasão da Rússia à Ucrânia, mas Viktor Orbán quer garantir que esse casamento acontece, e que dessa união surge espaço na bancada no parlamento para o partido se sentar.

“O que Orbán está a tentar fazer é o que Steve Banon [antigo estratega político de Donald Trump] quis fazer na Europa: formar uma internacional populista identitária. Se esta fusão acontecer, deixaria de haver dois grupos no Parlamento Europeu e passaria a haver um. E, a fusão deste grande grupo, embora difícil, ainda é possível”, afirma José Filipe Pinto, politólogo e professor catedrático de Relações Internacionais na Universidade Lusófona ao ECO. “O que sabemos é que esta solução passará muito por Orbán , Meloni e Marine Le Pen”, diz.

Os partidos de direita devem colaborar. Estamos nas mãos de duas mulheres [Giorgia Meloni e Marine Le Pen] que devem chegar a um acordo”

Viktor Orbán , 4 de julho de 2024

Os esforços de Orbán poderão dar frutos, pelo menos no que toca à futura família europeia do Fidesz, partido húngaro que está órfão em Estrasburgo desde 2021 depois de se ter desvinculado do Partido Popular Europeu (PPE) sob ameaça de expulsão. O primeiro-ministro húngaro tem reiterado o desejo de os eurodeputados do seu partido se juntarem ao ECR após as eleições europeias, tendo na manga possíveis resultados que justifiquem essa adesão.

As sondagens do Politico apontam para que o partido de extrema-direita húngaro consiga eleger pelo menos 10 eurodeputados (menos dois do que em 2019) do total de 21 representantes que a Hungria pode levar para o Parlamento Europeu. Mas as negociações só deverão arrancar depois de domingo e deverão prosseguir até 16 de julho, altura em que arranca a sessão plenária constitutiva que decorre até 19 de julho. Será nesta altura que poderão ser anunciados novos grupos partidários. Nessa mesma sessão, será eleito o presidente do Parlamento Europeu.

Para Mariana Carmo Duarte, doutorada pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença e investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), a entrada do Fidesz no ECR pode ser “bastante vantajosa para o [grupo] porque ia aumentar substancialmente o número de deputados no Parlamento Europeu”. No entanto, poderia “limitar o apoio a von der Leyen [para a presidência da Comissão Europeia] por parte dos outros partidos que pertencem ao ECR”, indica ao ECO. Mas sobre esta matéria, já lá vamos.

À esquerda, a primeira-ministra de Itália Giorgia Meloni, e à direita Viktor Orbán , primeiro-ministro da Hungria.EPA/Vivien Cher Benko

 

As sondagens do Politico são claras: o nascimento desta “super coligação” poderia resultar na ocupação de 153 lugares no Parlamento Europeu (86 do ECR e 67 do ID). Seriam mais 23 lugares do que as projeções indicam para os socialistas (família europeia do PS): 130 eurodeputados, menos nove do que na legislatura que terminou em abril.

Mas a eventual “super coligação” ainda estaria longe dos 172 deputados que os sociais-democratas (família europeia da Aliança Democrática) podem alcançar na próxima legislatura. O PPE deve continuar a ser o principal grupo político, até 2029.

Para os partidos conservadores, [esta “super coligação”] poderia dar-lhes bastante peso, embora aí ache que também seria complicado gerir algumas expectativas, porque esse grupo maior iria de facto incluir partidos cuja bandeira é amplamente eurocética, de saída da União Europeia, e com partidos que são críticos da União Europeia, mas que não querem a sua saída. E essa poderia ser uma linha de desentendimento que pode prevenir que haja a junção do ID e do ECR num só grupo”, explica Mariana Carmo Duarte.

Caso esta expectativa se concretize, o que significaria isto, na prática? Ora, a União Europeia é composta por três instituições. O Conselho Europeu “que representa o interesse dos 27 Estados-membros”, a Comissão Europeia “que é o órgão executivo da União Europeia” e que detém competência legislativa, e o Parlamento Europeu “que representa o interesse do povo”, simplifica o professor catedrático. “Quem define as linhas orientadoras da UE é o Conselho, e não a Comissão. As grandes decisões da UE serão sempre do Conselho”, garante José Filipe Pinto, que afasta o risco de dossiês estratégicos europeus serem postos em causa no hemiciclo.

O meu principal objetivo é construir uma maioria alternativa à que tem governado nos últimos anos. Uma maioria de centro-direita – por outras palavras – que fará com que a esquerda passe para a oposição na Europa.

Giorgia Meloni, 26 de maio de 2024

Haverá, no entanto, alterações quanto ao funcionamento dentro do próprio parlamento. “Se o ID e o ECR formarem um grupo novo vão ter direito à presidência e vice-presidência de comités”, algo que até agora estava nas mãos dos dois partidos ao centro, explica o mesmo.

Mas nada é garantido, visto que a primeira-ministra italiana ainda não respondeu ao pedido de casamento proposto por Orbán e Le Pen. Meloni tem optado por manter as suas opções em aberto até ao resultado das eleições, no dia 9 de junho.

Uma amizade improvável e estratégica

Esta viragem à direita seria dramática pois, pela primeira vez em quase 70 anos, os dois maiores grupos políticos e fundadores do projeto europeu deixariam de liderar as negociações no Parlamento Europeu, e Ursula von der Leyen, que prepara caminho para ser reeleita como presidente da Comissão Europeia, não ignora esta possível mudança de paradigma.Entre os corredores de Bruxelas, Ursula von der Leyen e Giorgia Meloni (que é também líder do ECR) estreitam laços de uma amizade que foi sendo construída nos últimos cinco anos.

“Meloni representa um Estado-membro que enfrenta uma pressão particularmente significativa da imigração nas suas fronteiras, e teria sido politicamente difícil, se não impossível, para von der Leyen ter excluído Meloni ao longo dos últimos anos relativamente a estas políticas da UE”, contextualiza Liza Saris do European Policy Center ao ECO, sublinhando que esta aproximação tem levado a uma “inevitável normalização” da direita radical em Bruxelas.

Tenho trabalhado muito bem com a Giorgia Meloni no Conselho Europeu, tal como com todos os restantes chefes dos Estados-membros. É a minha função enquanto presidente da Comissão. [Meloni] é claramente pró-Europa, tem sido muito clara na sua posição contra Putin e o Estado de Direito. Se essas posições se mantiverem, continuaremos a trabalhar juntas.

Ursula von der Leyen, 23 de maio de 2024

A governante alemã fá-lo apesar de a decisão pôr em causa a relação com os socialistas que, enciumados e ameaçados, já prometeram retirar o apoio a von der Leyen, em setembro, enquanto spitzenkandidat do Partido Popular Europeu (PPE). Para conseguir ser reeleita líder da Comissão Europeia, além de precisar do consenso dos 27 Estados-membros no Conselho Europeu, von der Leyen vai precisar de 361 votos no Parlamento Europeu, e aqui a bancada socialista pode dar um grande impulso no sentido de voto.

“Por parte da von der Leyen há um cálculo eleitoral. Ela percebe que tem que ter o apoio do máximo número possível de partidos e que, se excluir os partidos pertencentes aos grupos mais à direita no Parlamento Europeu, pode ficar numa posição frágil”, analisa a investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

“Não havendo dois grupos para garantir a eleição” (juntos o PPE e o PSE conseguem 302 votos, segundo as projeções), “von der Leyen tem de se apoiar em partidos que à partida ficariam excluídos [das negociações]. A candidata aproxima-se de um mas acaba a criar anticorpos com outro”, aponta o professor da Universidade Lusófona.

À esquerda, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e Giorgia Meloni, primeira-ministra de ItáliaEPA/FILIPPO ATTILI

Em Itália, as projeções indicam que os Irmãos de Itália (Fratelli d’Italia, FdI), que escolheram Giorgia Meloni como cabeça de lista, deverão ganhar as eleições e eleger até 23 deputados do total de 76 que a Itália pode indicar para o Parlamento Europeu. Desta forma, o FdI tornar-se-ia no maior partido do ECR.

“O caso da Giorgia Meloni é muito interessante”, analisa a politóloga, recordando que a sua eleição para chefe do Governo italiano, em setembro de 2022, gerou preocupação entre os Estados-membros por ser considerada “um risco para a democracia europeia” visto que estava a representar “uma política de extrema-direita”. “Houve alguma consternação, alguma preocupação com o que é que adviria de um Governo de extrema-direita em Itália”, atira. Mas dois anos volvidos e o seu extremismo moderou-se, o que se tornou compatível com uma melhoria nas relações com o centro democrático em Estrasburgo.

Meloni, ao contrário de muitos outros partidos de extrema-direita, tem suavizado a sua posição em relação à União Europeia. E essa é uma das razões pelas quais, quando von der Leyen diz que vai precisar do apoio e não nega a colaboração ou comunicação com alguns partidos de extrema-direita, o partido de Meloni está aí incluído. Porque assim que entrou no governo italiano, Meloni tornou-se menos vocal em relação a posições contra a UE”, acrescenta Mariana Carmo Duarte. Essa tem sido uma das linhas vermelhas de von der Leyen, mas nem por isso foi suficiente para evitar criar conflitos na relação com os socialistas.

Nunca cooperaremos nem formaremos uma coligação com a extrema-direita. Isto também significa: nenhuma cooperação ou alianças com o ECR ou a ID no Parlamento Europeu.

Partido dos Socialistas Europeus, 4 de maio de 2024.

Le Pen: um olho no Parlamento outro no Eliseu

Mas além de Meloni, também Le Pen desempenha um papel fundamental nas negociações. As projeções apontam para uma subida galopante do Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen e atualmente liderado por Jordan Bardella, nas eleições de 9 de junho. Dos 81 eurodeputados que França elege para o Parlamento Europeu, 29 deverão ser para a família do Identidade e Democracia, mais 11 face a 2019.

No último mandato, o ID elegeu 73 lugares, tornando-se a quinta maior força política no Parlamento Europeu. No entanto, no decorrer da legislatura, esta família política terminou o ciclo com 58 membros. De acordo com as contas do Politico, o ID terá perdido 19 membros para outros grupos – cinco dos quais foram para o PPE e outros quatro para o ECR. A maioria dos que saíram do ID permaneceu como não inscrito até abril de 2024.

Um casamento com Meloni pode ser, desta forma, encarada como uma dupla vitória para Le Pen. Além de formarem um bloco de votos mais robusto no Parlamento Europeu, permitiria colocar o RN mais à direita aos olhos do público e numa situação de maior destaque em Estrasburgo, algo que Le Pen deseja antes das eleições presidenciais em França, em 2027.

O pontapé de partida começou quando, no mês passado, Le Pen rompeu com o partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemã), rejeitando sentar-se na mesma bancada em Estrasburgo depois de o cabeça de lista pelo AfD, Maximilian Krah, ter proferido declarações polémicas sobre o nazismo, uma linha vermelha para Le Pen. A decisão enviou um sinal claro para os restantes partidos que fazem parte desta família europeia, um deles, o Chega.

Este é o momento de nos unirmos, seria verdadeiramente útil. Se conseguirmos, tornar-nos-emos o segundo grupo do Parlamento Europeu. Penso que não devemos deixar passar uma oportunidade como esta.

Marine Le Pen, 26 de maio de 2024

Numa entrevista, dias mais tarde, Le Pen negou que o corte de relações com o AfD fosse uma manobra cínica destinada a facilitar novas alianças na Europa. Mas a união de facto poderá ser complicada por haver divergências de fundo numa matéria que levou o próprio Orbán a sair da sala, numa votação do Conselho Europeu: o apoio à Ucrânia.

Marine Le Pen apoiou Putin durante muito tempo e chegou mesmo a reconhecer a legitimidade da ocupação da Crimeia, em 2014”, recorda José Filipe Pinto, acrescentando que o RN beneficiou de empréstimos caucionados por bancos russos porque os “bancos ocidentais se recusavam a emprestar dinheiro”.

“O RN, num primeiro momento era pró Putin, mas nas eleições francesas de 2017, o Kremlin trocou o apoio de Le Pen por François Fillon, o que levou Le Pen a mudar também a sua posição em relação a Putin”, acrescenta o professor da Universidade Lusófona.

Se a posição em relação a Moscovo se mantiver, a junção entre o ECR e o ID poderá estar mais perto de se concretizar, mas aí colocaria Orbán numa posição frágil. “É inegável a proximidade de Orbán a Putin”, diz José Filipe Pinto. Já Mariana Carmo Duarte recorda “aquela “negociação simbólica” do novo apoio à Ucrânia, em que Orbán saiu da sala para não melindrar as suas relações com a Rússia, mas ao mesmo tempo, dar espaço para que a UE consiga avançar. Senão, tornar-se-ia um impasse gigantesco”, relembra.

Negociações (e movimentações) até julho

As negociações serão várias, e até julho estará tudo em aberto entre os vários grupos políticos. Os resultados eleitorais são fundamentais para os próximos passos.

Além do Fidesz e do AfD estarem à procura de lugar nas bancadas do Parlamento Europeu por forma a saírem do grupo dos não-inscritos, também o Chega, que faz parte do ID desde 2019 a convite de Le Pen, admite vir a mudar de família europeia na próxima legislatura.

Vão seguramente haver negociações sobre as várias plataformas políticas” que poderão permitir fazer “aumentar a base de apoio conservadora em que o Chega se insere” no futuro, afirmou o cabeça de lista pelo Chega, António Tânger-Corrêa, dizendo que a posição de Le Pen sobre AfD foi um game changer para a família política.

“É perfeitamente possível o Chega mudar de grupo político, mesmo no decorrer da legislatura. Isso já aconteceu múltiplas vezes com alguns partidos. A tendência maior, não só nos partidos de extrema-direita, como nos partidos em geral, é de passar a não inscritos. É uma opção perfeitamente viável e, em último caso, o Chega terá de fazer os seus cálculos políticos e perceber qual será a família europeia à qual quer pertencer”, analisa Mariana Carmo Duarte.

Em todo o caso, as sondagens do Politico preveem que a extrema-direita portuguesa consiga eleger quatro eurodeputados nas próximas eleições: António Tânger Corrêa; Tiago Moreira de Sá, Mariana Mendes Nina Silvestre e Francisco de Almeida Leite.

Fora da esfera da extrema-direita, os olhos também se viram para o futuro do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD) liderado por Mark Rutte e que está risco de ser expulso da família Renovar Europa depois de ter formado um acordo para formar o próximo Governo dos Países Baixos com o partido de extrema-direita PVV, liderado por Geert Wilders. A votação está agendada para o próximo dia 10 de junho, no dia seguinte às eleições.

“[A aliança] é uma opção inaceitável, porque não respeita os nossos valores“, disse a líder do Renovar Europa, Valérie Hayer. “A minha linha vermelha é clara (…). Sempre respeitámos o cordão sanitário [contra a extrema-direita]. É um dos valores absolutos do grupo e eu assumirei as minhas responsabilidades no dia seguinte às eleições para garantir que não vamos contra a extrema-direita”, garantiu.

Uma eventual expulsão dos cinco deputados do VVD contribuiria para perda adicional de lugares para o Renovar Europa que, segundo as sondagens, já se estará a preparar para esse desfecho no dia 9 de junho. Segundo o Politico, dos 102 lugares com que a família da Iniciativa Liberal terminou a última legislatura, pelo menos 27 ser-lhes-ão retirados, para 75 eurodeputados. Feitas as contas, e tanto num cenário de casamento entre a direita radical europeia e a extrema, como noutro em que a fusão entre o ID e o ECR não se concretiza, os liberais não conseguiriam evitar a despromoção para quarta força política no Parlamento.

“Neste momento, tudo aponta para que os liberais não consigam repetir os resultados de 2019. Mesmo com as novas chegadas – a Iniciativa Liberal deverá eleger, pelo menos, um deputado – não será suficiente para ultrapassar o ECR que está a subir e isto levaria a um sério problema para os dois grupos que dominavam o Parlamento Europeu”, aponta o politólogo José Filipe Pinto.

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Suíça acolhe celebração do 10 de Junho na primeira saída conjunta de Marcelo e Montenegro

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

A celebração do 10 de Junho constitui a primeira deslocação conjunta ao estrangeiro de Marcelo e Montenegro.

A Suíça foi o país escolhido este ano para a dupla celebração do 10 de Junho, constituindo o destino da primeira deslocação conjunta ao estrangeiro do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e do primeiro-ministro Luís Montenegro.

Entre 11 e 12 de junho, após as comemorações em território nacional que decorrerão no dia 10 em três concelhos de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 e em Coimbra, os chefes de Estado e de governo comemorarão o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas junto daquela que é a segunda maior comunidade de emigrantes portugueses do mundo (260 mil, apenas atrás de França), com passagens por três cidades: Genebra, Berna e Zurique.

De acordo com o programa, a 11 de junho haverá, em Genebra, um encontro a meio da tarde com alunos do ensino de português no estrangeiro, que terão oportunidade de colocar questões a Marcelo e a Montenegro, seguido de um encontro com a comunidade portuguesa, que culminará com um concerto da fadista Cuca Roseta.

No dia seguinte, 12 de junho, as celebrações terão lugar em Zurique, mas só depois de uma ‘escala’ na capital, Berna, para um encontro e almoço com a Presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd.

Em Zurique, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro têm previstos encontros (separados) com representantes da comunidade portuguesa e com a própria comunidade, este último também finalizado com um momento musical, um concerto de música clássica por jovens músicos portugueses, que encerrará o programa da dupla comemoração na Suíça.

A delegação parlamentar que acompanhará os chefes de Estado e de governo nesta ‘segunda parte’ das comemorações do Dia de Portugal – as primeiras que Marcelo Rebelo de Sousa irá assinalar com o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, que tomou posse no início de abril passado – é constituída pelos deputados Hugo Carneiro (PSD), Pedro Coimbra (PS), Rui Paulo Sousa (Chega), Mariana Leitão (Iniciativa Liberal), Fabian Figueiredo (Bloco de Esquerda), Alfredo Maia (PCP), Paulo Muacho (Livre) e Paulo Núncio (CDS-PP).

Quando assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa lançou, em articulação com o então primeiro-ministro, António Costa, e com a participação de ambos, um modelo inédito de duplas comemorações do 10 de Junho, primeiro em Portugal e depois junto de comunidades portuguesas no estrangeiro.

A Suíça é o sétimo país estrangeiro a acolher a celebração, após França (2016), Brasil (2017), Estados Unidos (2018), Cabo Verde (2019), Reino Unido (2022) e África do Sul (2023), sendo que em 2020 e 2021 só houve cerimónias em Portugal devido à pandemia da covid-19.

O Presidente da República, que já realizou uma viagem oficial à Suíça em 2016, tem novos compromissos no país helvético no final da semana, já que chefiará a delegação portuguesa à Cimeira de Paz para a Ucrânia que vai decorrer perto de Lucerna nos dias 15 e 16, e na qual será acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

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Promoção de 141 inspetores do trabalho “prejudicada desde maio” por “entendimento inédito” do Governo

Sindicato avisa que inspetores que venceram concurso de promoção na ACT já deviam ter sido nomeados, mas entendimento da secretaria do MTSSS está a atrasar.

A polémica está instalada em torno de um concurso de promoção na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Venceram 141 inspetores do trabalho, mas estes continuam à espera de mudar de categoria por causa de um “entendimento inédito” da secretaria-geral do Ministério do Trabalho. Em declarações ao ECO, a presidente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT) alerta que esses funcionários estão a ser prejudicados, nomeadamente, em termos salariais. Ao ECO, o gabinete do secretário de Estado indicou, entretanto, que os recursos hierárquicos (que estavam a impedir a promoção) foram tratados esta sexta-feira, o que significa que a resolução deste problema está agora em curso.

“Houve um concurso de promoção para a carreira de inspetor principal. Não houve vagas para todos e, por isso, houve recursos hierárquicos para a secretaria-geral do Ministério do Trabalho“, começa por explicar Carla Cardoso, em conversa com o ECO. No total, foram interpostos cinco recursos hierárquicos, sendo que o último foi remetido pela ACT a 9 de abril, detalha a sindicalista.

Segundo conta ao ECO a presidente do SIT, a partir de dia 10 de abril deveria ter começado a contar o prazo até ao qual a secretaria-geral teria de se pronunciar, sendo expectável que, ao fim de 15 dias úteis, o efeito suspensivo cessasse e a ACT avançasse, então, no prazo máximo de dez dias, para a nomeação efetiva dos inspetores que venceram esse concurso.

No entanto, tal não aconteceu. Num entendimento inédito, a secretaria-geral do Ministério do Trabalho decidiu que o prazo só começará a contar quando ela mesma terminar a apreciação dos recursos e remeter o parecer para a ministra do Trabalho ou para o secretário de Estado do Trabalho. “Os colegas podem ter de ficar à espera ad aeternum. Isso vai claramente contra o espírito do diploma”, defende Carla Cardoso.

Entretanto, o sindicato pediu um parecer jurídico a um advogado – a que o ECO teve acesso –, que deu razão aos inspetores que estão ainda à espera. “O efeito suspensivo cessa decorridos 15 dias úteis após a receção dos recursos no Ministério, não apenas quando a secretaria-geral se pronunciar sobre os mesmos”, lê-se no parecer.

“Demos conta deste parecer à senhora ministra do Trabalho, ao secretário de Estado do Trabalho, e à ACT, mas até à data não tivemos resposta face ao que solicitamos“, denuncia Carla Cardoso, que revela que, numa reunião recente, o referido secretário de Estado sinalizou que a apreciação dos recursos “estaria para muito, muito breve”.

Entretanto, em declarações enviadas ao ECO, o gabinete do secretário de Estado do Trabalho garante que os cinco recursos hierárquicos que estavam na secretaria-geral em análise foram “despachados” ao final da tarde desta sexta-feira. “Ainda lá estavam, fomos resgatar, tratámos e assinamos. Os cinco recursos foram todos notificados pela secretaria-geral ao final da tarde”, informa o Governo. Ou seja, a resolução está agora me curso.

Segundo tinha salientado Carla Cardoso, os inspetores que venceram o concurso estavam “prejudicados desde maio”, e previa-se ainda um cenário pior, uma vez que estamos agora em junho, mês em que tradicionalmente são pagos os subsídios de férias. Sem a resolução deste impasse, estes inspetores não só iriam continuar a receber o salário sem a promoção, como não veriam o sucesso no concurso refletido nesse subsídio.

Notícia atualizada às 10h56 de dia 8 de junho com declarações do MTSSS

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Fusão de grupos de saúde dá origem à Preveris

A Preveris resulta da fusão da Sagies, empresa do grupo CUF dirigida à área da saúde ocupacional, e da Atlanticare. Vai assegurar a prestação de serviços de prevenção, saúde e bem-estar.

A fusão da Sagies, empresa do grupo CUF dirigida à área da saúde ocupacional, e da Atlanticare, que opera na área da segurança e saúde no trabalho, vai dar origem à Preveris, anunciou esta sexta-feira o grupo detido pela José de Mello.

Em outubro do ano passado, o grupo CUF tinha anunciado que concluiu a aquisição de 51% do capital da Atlanticare, tendo em vista reforçar “a estratégia de crescimento na área da segurança e saúde no trabalho”. O valor do negócio não foi revelado. Esta era a primeira fase do negócio, dado que a segunda fase previa que a CUF ficasse com uma participação de 80% “na futura entidade combinada”, e os acionistas da Atlanticare com 20%.

Esta sexta-feira, o grupo detido pela José de Mello anuncia que “a Preveris resulta da união” das duas marcas. “Através de uma rede nacional de 30 centros clínicos autorizados, pela Direção-Geral de Saúde, para a prestação de serviços de medicina no trabalho, de quatro unidades móveis de saúde e do acesso à rede de hospitais e clínicas da rede CUF“, a nova marca vai assegurar a prestação de “serviços de prevenção, saúde e bem-estar” de norte a sul do país.

O presidente da comissão executiva da Preveris, Francisco Gonçalves Pereira, destaca que estas “soluções contribuem para prevenir as doenças e aumentar a qualidade de vida dos colaboradores das empresas, e diminuir a sinistralidade e o absentismo, o que se reflete na melhoria dos índices gerais de produtividade e ajuda à atração e retenção de talento”.

Com mais de 3.600 empresas clientes, a empresa realizou, no ano passado, 210 mil consultas de Medicina no Trabalho, 84 mil exames e 16 mil check-ups. A Atlanticare contava com “cerca de 290 trabalhadores”, um número semelhante ao da SAGIES.

Desenvolvida pela consultora WB e com a criação da identidade e campanha de lançamento assinada pela Milford, a nova marca nasce da junção dos conceitos Prevenir e Verificar. “Prevenir, pela importância de antecipar e prevenir a doença e os riscos de acidente, verificar, pela importância de assegurar que os colaboradores estão nas melhores condições de saúde para desempenhar o seu papel na empresa e que as condições de trabalho na empresa são as mais adequadas”, explica a empresa.

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Comissão Europeia concorda com quadros de negociação para entrada de Ucrânia e Moldova

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

Para a Comissão Europeia, tanto Kiev como Chisinau adotaram já as reformas prioritárias fixadas, tendo transmitido aos embaixadores dos 27 países da União Europeia a sua avaliação positiva.

A Comissão Europeia concordou esta sexta-feira com a adoção dos quadros de negociação com a Ucrânia e a Moldova para a adesão à União Europeia, cabendo aos Estados-membros convocar a Conferência Intergovernamental (GIG), disse uma porta-voz do executivo comunitário. Para a Comissão Europeia, tanto Kiev como Chisinau adotaram já as reformas prioritárias fixadas, tendo transmitido aos embaixadores dos 27 países da União Europeia (UE) a sua avaliação positiva.

De acordo com a avaliação do executivo comunitário, a Ucrânia avançou na luta contra a corrupção, na regulação da atividade dos grupos de lóbi e oligarcas e permitiu uma lei sobre minorias. No caso da Moldova, Bruxelas destacou os progressos feitos em áreas como a independência judicial, bem como na luta contra corrupção e a oligarquia.

Na quarta-feira, um grupo de 12 Estados-membros, incluindo Portugal, apelou à presidência semestral belga da UE, numa carta conjunta, à convocação de uma GIC antes do fim de junho, quando termina o semestre da Bélgica, a que se segue a presidência húngara. O Governo húngaro liderado pelo ultranacionalista Viktor Orbán, encarado como o líder da UE mais próximo da Rússia, tem adotado uma posição menos favorável às pretensões ucranianas no bloco europeu.

A próxima reunião do Conselho de Ministros dos Assuntos Gerais da UE está marcada para o dia 25 e a presidência rotativa belga termina em 30 de junho, seguindo-se a da Hungria, no segundo semestre do ano. Kiev apresentou formalmente o pedido de adesão à UE em 28 de fevereiro de 2022 e Chisinau em 3 de março de 2022. Os dois países têm estatuto de país candidato desde 23 de junho desse mesmo ano e a abertura das negociações de adesão foi aprovada pelo Conselho Europeu em dezembro de 2023.

A CIG tem como objetivo preparar um novo alargamento do bloco comunitário. O último grande alargamento do bloco europeu aconteceu em maio de 2004, ano em que aderiram dez Estados-membros: Chipre, Malta, Hungria, Polónia, Eslováquia, Letónia, Estónia, Lituânia, República Checa e Eslovénia.

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Dinamarquesa Yogo levanta 670 mil euros e expande para Portugal

Plataforma de marcação de reservas para ginásios e estúdios fitness/wellness arranca com disponibilização de serviços. Mas, admite, no futuro abrir escritório nacional.

A startup dinamarquesa Yogo, que desenvolveu uma plataforma de marcação de reservas para ginásios e estúdios fitness/wellness, levantou cinco milhões de coroas (cerca de 670 mil euros) para dar músculo à entrada em novos mercados, entre os quais Portugal.

“Cada vez que entramos num novo mercado, pretendemos ser o mais locais possível. Com as nossas experiências na Dinamarca e na Noruega, aprendemos como é importante fornecer apoio no idioma local, garantir a localização completa do sistema, oferecer métodos de pagamento locais, etc. Sabemos, pelos grandes sistemas americanos, que eles podem parecer bastante distantes, especialmente se, por exemplo, se dirige um estúdio de ioga em Lisboa. Por isso, é importante estarmos presentes e entender nossos clientes e seus negócios”, começa por referir Magnus Hylander Friis, CEO da Yogo, ao ECO.

Mas, por agora, não há ainda planos para abrir um escritório local. “Em Portugal, começamos com um country manager que fala português, o David Castello. Ele tem vasta experiência em sistemas de gestão de software e na indústria de ioga/pilates/fitness. Além do David, que atualmente mora no Brasil, mas irá mudar-se para a Itália no outono, todos os nossos funcionários estão sedeados em Copenhaga.

No entanto, muitos deles são falantes nativos de outros países e lidam com os respetivos mercados. No futuro, é provável que tenhamos colaboradores portugueses a residir na Dinamarca. Dito isto, nada está definido e se fizer sentido estabelecer um escritório em Portugal, iremos certamente considerá-lo“, admite o cofundador.

Há cinco anos no mercado, com sede na Dinamarca, a startup já está presente na Noruega e Suécia e acaba de fechar uma ronda de financiamento de cinco milhões de coroas (cerca de 670 mil euros) liderada pela Compounding Capital, com o objetivo de entrar em novos mercados: Alemanha e Portugal.

“Na Dinamarca e na Noruega somos atualmente líderes de mercado na indústria de ioga e pilates, e estamos também a avançar para a indústria de Fitness. Portugal tem aproximadamente a mesma dimensão que a Dinamarca em termos de estúdios de formação, e o primeiro passo será explorar a indústria que melhor conhecemos e tornarmo-nos líderes de mercado”, refere o CEO, quando questionado sobre as ambições de negócio para o mercado nacional.

A startup “oferece um sistema operacional e de reserva simples e intuitivo que pode ser perfeitamente integrado a diversos estúdios que oferecem treinamento em equipa, como ioga, pilates e academias de ginástica”, descreve o cofundador. “A plataforma inclui aplicativos personalizados para iPhone e Android, permitindo aos clientes registar e gerir reservas facilmente. Construído para parecer uma solução personalizada para cada estúdio, é um serviço flexível e escalável baseado em assinatura, oferecendo opções de assinaturas gratuitas a fixas, garantindo que atenda às necessidades de diversos clientes”, continua.

Hoje a empresa é composta por 11 pessoas – “há meio ano éramos cinco” – e está a reforçar a equipa.Estamos a recrutar para todos os mercados, principalmente para cargos de desenvolvimento e vendas/apoio. Dito isto, é importante para nós termos um negócio estável e as pessoas certas no momento certo. É claro que estamos interessados ​​em crescer de forma significativa e rápida, mas também queremos manter um negócio saudável e não comprometer a qualidade do produto.”

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Grupo tecnológico chinês compra Teka

  • Lusa
  • 7 Junho 2024

O grupo tecnológico Midea, que tem sede na China, comprou a Teka à Heritage B.

O grupo tecnológico Midea, que tem sede na China, comprou a Teka, que opera na área do design e produção de eletrodomésticos de cozinha e lava-louças. Este acordo inclui as três marcas do grupo de origem alemã — Teka (soluções para cozinha), Küppersbusch (eletrodomésticos) e Intra (design).

“Após a conclusão de um competitivo processo de venda, o grupo Heritage B finalizou o acordo de venda do grupo Teka ao grupo Midea“, anunciou a Teka num comunicado.

O negócio está sujeito às aprovações exigidas pelas entidades reguladoras, esperando-se a sua conclusão nos próximos meses. A Lusa questionou a Teka sobre o valor da operação, mas não obteve resposta.

O grupo Teka está presente em mais de 120 países, contando com 3.000 profissionais e 10 fábricas na Europa, Ásia e América. Por ano, a Teka produz três milhões de produtos.

“Estamos muito satisfeitos com o acordo alcançado. Ter a oportunidade de fazer parte da Midea assegurará um futuro promissor para a empresa e as suas marcas. Permitirá ao grupo melhorar a sua capacidade de inovação e produção, assim como aproveitar sinergias geográficas para uma maior expansão internacional”, defendeu, citado na mesma nota, o presidente executivo do grupo Teka, Mauro Correia.

O grupo Midea, fundado em 1968, conta com mais de 190.000 colaboradores em todo o mundo. Com sede em Foshan, China, o grupo encerrou 2023 com uma faturação de 48.000 milhões de euros. No mesmo ano, a Teka registou uma faturação bruta de cerca de 600 milhões de euros.

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Filho de Marcelo Rebelo de Sousa vai ser constituído arguido no caso das gémeas

  • ADVOCATUS
  • 7 Junho 2024

Nuno Rebelo de Sousa e os pais das gémeas vão ser constituídos arguidos, avançou a CNN Portugal e confirmou o ECO/Advocatus.

Nuno Rebelo de Sousa e os pais das gémeas vão ser constituídos arguidos, avançou a CNN Portugal e confirmou o ECO/Advocatus. Uma vez que se encontra a viver no Brasil, o filho do Presidente da República vai ser interrogado quando regressar a Portugal.

Em causa está o caso das gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros. Este caso começou com um pedido que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa fez ao próprio pai.

O caso das gémeas já tinha dois arguidos: Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde, e Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do Hospital Santa Maria. A investigação está a ser levada a cabo pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Governo coloca vice-presidente do IEFP na direção da Garantia Jovem

No início da semana, foi notícia exoneração de Bernardo Santos e Sousa da vice-presidência do IEFP. Agora, Ministério do Trabalho confirma ao ECO que dirigente vai liderar Garantia Jovem.

O secretário de Estado do Trabalho decidiu nomear Bernardo Santos e Sousa, que até agora era vice-presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), como diretor executivo do Garantia Jovem, programa que visa combater o desemprego entre os trabalhadores até aos 29 anos. A escolha foi indicada ao ECO por várias fontes do instituto e, questionado, o Ministério do Trabalho confirmou a nomeação.

“O secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, nomeou esta sexta-feira por despacho Bernardo Manuel Vieira Santos e Sousa como diretor executivo do Plano Nacional de Implementação de Uma Garantia Jovem“, adianta o ministério liderado por Maria do Rosário Palma Ramalho, em resposta ao ECO.

“Ao assumir as funções para as quais foi hoje nomeado, Bernardo Manuel Vieira Santos e Sousa cessa o seu exercício como vice-presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional”, acrescenta a tutela.

No início da semana, o Jornal de Negócios noticiou que Bernardo Santos e Sousa tinha sido afastado da vice-presidência do IEFP, cargo que ocupava há menos de um ano (o que significa que pode não ter direito a indemnização). O ECO confirmou essa exoneração junto de várias fontes, que sinalizaram, entretanto, que o dirigente em causa passará a ocupar a direção executiva do Garantia Jovem, notícia agora confirmada pelo Ministério do Trabalho.

Na resposta enviada ao ECO, o ministério liderado por Maria do Rosário Palma Ramalho avança também que o Governo quer relançar o programa em questão, “em concretização da aposta que faz, e que consta do seu programa, de apoiar os jovens na procura de emprego e na consolidação de um projeto de vida em Portugal”.

“Escolheu para dirigir o projeto alguém que tem as competências académicas e profissionais adequadas para desempenhar a função“, assegura o Ministério do Trabalho, que detalha que Bernardo Santos e Sousa é licenciado em Economia, fez um MBA Executivo, foi vice-presidente do conselho diretivo do IEFP, foi coordenador da Estrutura de Missão para a Igualdade de Género, coordenou o Pilar da Capacitação e Inclusão Digital das Pessoas na Estrutura de Missão Portugal Digital.

De notar que ainda em fevereiro o IEFP lançou uma nova plataforma no âmbito do Garantia Jovem, de modo a dar um novo impulso a este programa. Na altura, a então diretora executiva, Sara Ramos, explicou ao ECO que a ideia era relançar o projeto e dinamizá-lo mais, tendo em conta que a plataforma anterior já não estava adaptada às necessidades dos jovens.

Com a nomeação de Bernardo Sousa e Santos, Sara Ramos é agora afastada desse cargo. Sara Ramos era diretora executiva do Garantia Jovem desde setembro do ano passado, tendo sido escolhida pelo ex-secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes.

“Estava em acumulação e agora regressa em exclusivo à atividade docente“, indica o Ministério do Trabalho, questionado pelo ECO quanto ao futuro desta dirigente.

No entanto, a própria garante ao ECO que nunca esteve em acumulação, isto é, esclarece que o despacho sinalizara que estava autorizada a continuar a atividade docente, mas nunca o fez. O seu contrato com o ISCTE está suspenso desde abril de 2022, assegura. Sara Ramos sublinha que estava dedicada em exclusivo à Garantia Jovem, de modo a renovar a estratégia desse programa.

Em causa está um programa que visa apoiar os jovens (até aos 29 anos) que nem estudam nem trabalham a encontrarem um novo emprego, estágio ou oportunidade de formação.

O Garantia Jovem nasceu em 2014, por recomendação da Comissão Europeia, numa altura em que o desemprego jovem nos países do bloco comunitário estava em níveis elevados. Em 2020, foi reforçado, face ao impacto da pandemia no emprego jovem. E em fevereiro, como referido, ganhou uma nova plataforma digital.

(Notícia atualizada às 21h32 com declarações da ainda diretora executiva do Garantia Jovem)

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