Homming e a Finaer melhoram a gestão e a proteção das rendas com as sinergias geradas entre as duas empresas

  • Servimedia
  • 5 Junho 2024

Esta aliança oferece aos utilizadores das duas plataformas um ambiente seguro e eficaz para otimizar a gestão dos ativos imobiliários de arrendamento a médio e longo prazo.

A homming, plataforma proptech na categoria de gestão de propriedades, e a Finaer, empresa especializada em proteção de rendas e gestão de incumprimentos de rendas, anunciaram um acordo de parceria estratégica para oferecer aos seus clientes os seus serviços de forma integrada, melhorando a experiência do utilizador para inquilinos, senhorios e gestores de propriedades.

Com esta aliança, as ferramentas de gestão de garantias de arrendamento da Finaer serão integradas na plataforma homming e permitirão a milhares de clientes utilizar este serviço para agilizar as transações de arrendamento, garantir a cobrança de rendas, otimizar a seleção de inquilinos e facilitar o acesso dos mesmos à habitação. Com esta sinergia, os utilizadores da homming terão acesso a funcionalidades mais seguras e eficientes para a gestão integral dos seus imóveis.

Da mesma forma, os clientes da Finaer, entre os quais se destacam as empresas imobiliárias e gestores de imóveis, poderão utilizar a plataforma homming para uma gestão automatizada e integrada dos seus ativos, de forma centralizada, gerando assim otimizações significativas.

Para Jorge Montero, CEO da homming, “esta parceria com a Finaer permite-nos enriquecer a nossa oferta e disponibilizar uma solução completa e robusta aos nossos clientes. Estamos empenhados em facilitar e melhorar a gestão de alugueres e este acordo é um passo importante nesse sentido”.

Nicolás Barilari Plana, CEO da Finaer, afirmou que “a integração dos serviços da homming na nossa plataforma é um avanço estratégico que nos permite oferecer aos nossos clientes uma ferramenta tecnológica de primeiro nível para a gestão do aluguer. Estamos confiantes de que esta colaboração trará grandes benefícios para todos os nossos utilizadores”.

Com este acordo, as duas plataformas esperam aumentar as suas capacidades e otimizar ainda mais a gestão e a proteção do aluguer em Espanha. Além disso, esta aposta estratégica visa reforçar os laços com os seus milhares de utilizadores e consolidar estas empresas como referências de inovação no setor da gestão imobiliária.

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Os festivais destacam-se como um fenómeno cultural e turístico em crescimento, da Arábia Saudita à Suíça

  • Servimedia
  • 5 Junho 2024

Nos últimos anos, os festivais evoluíram para verdadeiras experiências que combinam atividades culturais, musicais e gastronómicas, entre muitas outras.

A popularidade dos festivais de música em particular, e a oportunidade de desfrutar desta experiência ao ar livre durante a época de verão e de ver vários artistas num único palco, aumentou a procura destes eventos, especialmente entre os jovens, que consideram este tipo de experiências essenciais para o verão, criando um “novo modelo de turismo” acessível e economicamente viável.

Os festivais não são apenas uma ferramenta para atrair turismo nacional e internacional, mas também promovem outras atrações locais, fortalecendo a economia, especialmente em setores como a hotelaria. São também uma excelente oportunidade para divulgar a cultura do país de acolhimento e facilitar a internacionalização das cidades. Atualmente, existem festivais em todo o mundo:

Jeddah, na Arábia Saudita, é uma cidade dinâmica que celebra a cultura pop moderna e as tradições antigas. Durante a época de verão, celebra o Festival de verão de Jeddah, que inclui atividades como jogos, passeios de jet ski, compras com desconto, espetáculos de fogo de artifício, passeios em veículos todo-o-terreno pelas dunas do deserto e comida árabe. Outros festivais em Jeddah permitem aos turistas conhecer a autêntica cultura saudita, tornando a cidade um destino atrativo para vários tipos de viajantes.

Espanha é o país com mais festivais no mundo, com quase mil eventos por ano, e um dos principais destinos turísticos para festivais de música. Entre os festivais de música mais importantes encontram-se o primavera Sound, que se destaca pela sua homenagem aos anos noventa e pela sua aposta na paridade, apresentando este ano um cartaz liderado por mulheres. E o Mad Cool Festival oferece uma experiência musical com uma mistura de rock e pop com um toque nostálgico dos anos noventa, consolidando a sua identidade atual.

O Paleo Festival Nyon, na Suíça, é um dos mais importantes eventos musicais da Europa, oferecendo seis dias e noites de música e espetáculos em sete palcos. O festival não é apenas uma plataforma para jovens talentos e grandes artistas, mas também inclui uma variedade de estilos musicais, circo e artes de rua. O festival transforma-se numa cidade temporária que se encarrega do acolhimento, da decoração e da seleção de bancas de comida e artesanato, proporcionando uma experiência única e diversificada.

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5 coisas que vão marcar o dia

A ministra da Saúde é ouvida na AR sobre a demissão do diretor executivo do SNS e da sua equipa. O IRS também é mote de debate e o INE divulga o índice de custos de construção de habitação nova.

Esta quarta-feira fica marcada pela audição da ministra da Saúde na Assembleia da República sobre a demissão do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da sua equipa, a emergência médica e sobre o Plano de Emergência para o SNS. Além disso, o dia será igualmente marcado pelo debate sobre o IRS no Parlamento e pela divulgação do índice de custos de construção de habitação nova por parte do Instituto Nacional de Estatística. Terá ainda lugar no dia de hoje a assembleia de credores da Lisgráfica.

Audição da ministra de Saúde na AR

Decorre esta quarta-feira a audição da ministra de Saúde, a requerimento do PS, para prestar esclarecimentos sobre a demissão anunciada do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da sua equipa. Ana Paula Martins presta ainda esclarecimentos sobre emergência médica e sobre o Plano de Emergência para o SNS. Tem igualmente lugar a audição do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, a requerimento do Chega, sobre a saída de Cristina Pinto Dias da CP.

IRS em discussão no Parlamento

A discussão e votação do texto de substituição da Proposta de Lei n.º 1/XVI/1.ª (GOV) — que altera o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) –, assim como do Projeto de Lei n.º 64/XVI/1.ª (CH) — que propõe a alteração ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, promovendo uma maior justiça fiscal –, está marcada para esta quarta-feira na Assembleia da República.

INE divulga índice de custos de construção de habitação nova

Esta quarta-feira é conhecido o índice de custos de construção de habitação nova pelo INE. Os últimos dados conhecidos revelam que os custos de construção de habitação nova aumentaram 2,1% em termos homólogos em março, menos 0,4 pontos percentuais que o observado no mês anterior.

Assembleia de credores da Lisgráfica

A assembleia de credores da Lisgráfica acontece esta quarta-feira para discussão e aprovação do plano de insolvência e recuperação da empresa. Em fevereiro, a Lisgráfica apresentou um plano de recuperação ao Juízo do Comércio de Sintra no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, após ter apresentado insolvência em dezembro.

Conferência “Risco País Lisboa 2024”

Esta conferência é uma iniciativa da Coface em Portugal para analisar as tendências e a evolução da economia mundial. Conta com o diretor do jornal ECO, António Costa, como moderador e debate temas como a instabilidade geopolítica, as perspetivas macroeconómicas mundiais ou as “perspetivas económicas para Portugal no atual cenário mundial”.

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O que defendem os candidatos às europeias sobre o alargamento da UE?

A poucos dias das eleições europeias, os oito candidatos às europeias respondem ao ECO sobre cinco temas que vão marcar a próxima legislatura. O que pensam os candidatos sobre a alargamento?

  • Ao longo desta semana, o ECO vai publicar “O que defendem os candidatos às europeias?”, série na qual publicamos as respostas dos cabeças de lista (dois oito partidos com assento parlamentar) às eleições europeias de 9 de junho, sobre cinco temas que vão marcar a próxima legislatura: imigração, defesa, alargamento, regras orçamentais e recursos próprios.

O que defendem os candidatos às europeias para o alargamento?

“Para nós o alargamento da União Europeia (UE) a leste – à Ucrânia, aos Balcãs Ocidentais, à Geórgia e à Moldávia – é, antes do mais, um imperativo geoestratégico. Defendemos que a União deve preparar-se – financeira e institucionalmente – para cumprir este desígnio no mais breve trecho. Nesse sentido, contribuiremos para as discussões que se avizinham, quer estas incluam ou não alterações aos Tratados, que, cremos, têm já flexibilidade para abarcar os ajustes necessários, mas poderão vir a merecer alterações cirúrgicas, que preservem a capacidade da UE para receber novos Estados, sem com isso pôr em causa políticas como a política de coesão.”

“O alargamento a Leste e aos Balcãs é um imperativo moral, de solidariedade e de interesse geopolítico que se justifica pela promoção da estabilidade e segurança do Continente e, bem assim, pelo contributo para a expansão da influência da UE como ator global. Esse processo deve avançar com seriedade, baseado no mérito e nos esforços dos Estados candidatos no cumprimento dos critérios de Copenhaga e dos valores fundamentais da UE. A UE deve também reformar-se internamente nas questões institucionais, assegurando ainda o reforço do orçamento comunitário.”

O Chega é a favor do alargamento da UE, pois acreditamos que isso é do interesse nacional dos Estados-Membros – incluindo Portugal -, além de corresponder à defesa dos nossos valores fundamentais: liberdade, democracia, Estado de Direito, direitos humanos. Um novo alargamento tem de obedecer a regras muito definidas. Desde logo, tem de ser antecedido de uma revisão do quadro institucional e financeiro da UE. Depois, esse processo tem de ser feito respeitando todas as regras e critérios, sejam os negociados nos acordos de adesão específicos de cada país, sejam os gerais como os critérios de Copenhaga. Por outro lado, o alargamento não deve prejudicar os países da coesão e não pode pôr em risco o princípio de um comissário por País. Não abdicaremos nunca disso em Bruxelas. É preciso reconhecer, com seriedade, que o prazo deste novo alargamento pode ser amplo porque muitos países em “lista de espera” não estão ainda preparados em matéria de criação de instituições que preservem a Democracia, o Estado de Direito e os Direitos Humanos, já para não falar de uma economia de mercado a sério. Tudo o que seja acelerar processos apenas e só por motivos políticos internos pode não correr bem numa perspetiva de médio e longo prazo.”

“A Iniciativa Liberal é favorável ao alargamento da UE no respeito pelos critérios de Copenhaga, com as necessárias adaptações à governança da UE. Os países que queiram aderir à União Europeia devem poder ser auxiliados nas reformas necessárias para que cumpram requisitos.”

“Concordamos com a integração de candidatos à UE que cumpram os critérios de Copenhaga: garantia de um estado de direito e capacidade de execução da legislação comunitária, a verificar em período de negociação e transição. Este alargamento não pode, no entanto, ser concretizado sem que a própria União tome as medidas necessárias para acolher os novos membros. Quem pensar que pode ter uma União maior sem um orçamento maior, terá apenas um maior problema.”

“A adesão de novos Estados deve sempre resultar de uma decisão soberana, democrática e informada de cada povo quanto às suas consequências. Precisa também de acautelar os impactos económicos, assegurando os meios financeiros, sem penalizar países como Portugal. Mas esta questão não pode ser desligada da intenção das principais potências em alargarem a sua influência, conquistarem mercados, acederem a mão-de-obra barata, imporem a novos países a sua dominação económica e política. No atual contexto, a concessão do estatuto de países candidatos à adesão à Ucrânia, à Moldova ou à Geórgia, não pode ser dissociada da crescente política de confrontação no Leste da Europa.”

“O Livre defende que o alargamento da União Europeia é uma garantia de estabilidade e segurança na Europa. As negociações em curso com Ucrânia e Moldova e a adesão plena dos países dos Balcãs Ocidentais são oportunidades únicas de fortalecer a democracia na Europa. Porém, a política de alargamento da UE deve seguir os valores democráticos e o Estado de Direito como pilares inabaláveis; os critérios de Copenhaga devem ser respeitados durante todo o processo de adesão.”

“A génese do espírito europeu é a solidariedade e a entreajuda. Para o PAN, o alargamento da UE deve ser visto como uma oportunidade de paz e fortalecimento e não como um problema. O processo de entrada na UE deve ter em conta a disponibilidade e trabalho desenvolvido no sentido de acompanhar os valores democráticos, de respeito pelo Estado de Direito e de inclusão que pautam a União Europeia, pelo que, a par do tempo previsto para a adesão de novos países, no caso, 2030, deve ser acautelado o respeito pelos valores e pelos critérios que estão plasmados nos tratados e políticas da UE.”

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Grupo Gallo colabora num projeto agrícola com Inteligência Artificial para melhorar a produção de cereais

  • Servimedia
  • 5 Junho 2024

O projeto liderado por MASUR Agro e Grupo Gallo permitiu cultivar trigo duro com tecnologia de precisão 4.0 aplicada à agricultura.

A agricultura de precisão está a avançar com determinação na Andaluzia através de projetos pioneiros que procuram introduzir novas técnicas ligadas à agricultura 4.0: são as técnicas de cultivo do futuro que estão a ser implementadas progressivamente com projetos como o liderado pela MASUR Agro e pelo Grupo Gallo no campo andaluz.

O colaborador em projetos de I&D do IFAPA (Instituto de Investigação e Formação Agrária e Pesqueira, Produção Alimentar e Ecológica da Junta da Andaluzia) e a empresa explicaram a metodologia e as ferramentas aplicadas na colheita de trigo duro produzido com agricultura de precisão. Um total de 1.200 toneladas de trigo duro que o Grupo Gallo adquiriu ao MASUR e que se destinará ao moinho de sementes da fábrica da empresa em El Carpio.

A introdução destas técnicas agrícolas, baseadas na tecnologia de dados e na Inteligência Artificial, permite obter colheitas mais sustentáveis e com parâmetros de rendimento muito mais elevados para o agricultor, como foi referido. “Trata-se de avançar na digitalização, demonstrando que a tecnologia pode aumentar significativamente o rendimento, a eficiência e a qualidade das culturas, e que o agricultor profissional pode contar connosco nesta transformação tecnológica sem precedentes”, afirmou a diretora técnica da MASUR AGRO, Alba Aguilar.

Juntamente com Aguilar, o chefe de Trigo do Grupo Gallo, José Chacón, supervisionou o início da colheita de 2024 no campo de Ecija onde o projeto foi desenvolvido. Com a compra da colheita desta época, “a nossa empresa dá mais um passo em frente no seu compromisso com a sustentabilidade da cadeia alimentar, apoiando os agricultores que utilizam técnicas inovadoras que ajudam empresas como a Gallo a continuar a acrescentar valor”.

Além da exploração situada em Ecija, MASUR Agro desenvolve outros projetos na província de Cádis, onde obtém dados sobre a evolução dos rendimentos de culturas como o tomate e os cereais, e promove a transformação do setor agrícola.

O projeto que estão a desenvolver em conjunto com o Grupo Gallo é um exemplo dos numerosos acordos e iniciativas que MASUR Agro está a levar a cabo com empresas e instituições, como a Universidade de Córdoba, com o objetivo de aplicar os seus projetos de investigação à escala comercial; concretamente, fornecendo a tecnologia e os instrumentos necessários para ligar os sistemas de dados aos tratores que trabalham no campo.

“Com a agricultura de precisão conseguimos controlar em todo o momento o que a cultura exige, dando-lhe o que precisa quando precisa para obter a máxima qualidade”. José Chacón explicou que para a sementeira desta cultura, MASUR Agro também utilizou os fertilizantes Impact Zero da Fertiberia que o Grupo Gallo está a introduzir para reduzir as emissões nas suas culturas: “o nosso objetivo é minimizar o impacto da pegada de carbono na atividade agrícola para obter não só um trigo de maior qualidade, mas também mais sustentável”.

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Do investimento na Defesa ao alargamento, os temas que vão marcar a próxima legislatura na UE

  • Joana Abrantes Gomes
  • 5 Junho 2024

A invasão russa da Ucrânia mudou as prioridades políticas da União Europeia ao longo dos últimos anos, colocando na agenda o investimento na Defesa e Segurança e um novo alargamento das fronteiras.

Há cinco anos, o Brexit, o clima, o desemprego, a paridade e o asilo marcavam as propostas ambiciosas da então recém-nomeada presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Uma pandemia, duas guerras (ainda em curso) às portas da Europa e uma (consequente) crise económica e energética depois, as prioridades políticas da próxima legislatura em Estrasburgo e no Berlaymont serão diferentes, juntando tópicos como o investimento na indústria de Defesa e o alargamento da União Europeia (UE) à imigração e às alterações climáticas.

Depois de uma gestão da pandemia de Covid-19 vista como um sucesso – embora não livre de polémicas –, a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, foi a premissa para a mudança de foco da presidente da Comissão Europeia, que, na conferência de imprensa em que confirmou a candidatura a spitzenkandidat pelo Partido Popular Europeu (PPE), assumiu a segurança como “um dos principais tópicos” do seu programa eleitoral.

Von der Leyen sugeriu, aliás, criar uma pasta dedicada à área da Defesa na Comissão Europeia, e o tema é igualmente enfatizado nos programas dos outros dois maiores grupos políticos do Parlamento Europeu, designadamente os Socialistas & Democratas (S&D) e os liberais do Renovar Europa, bem como por vários chefes de Estado e de governo dos Estados-membros.

Adicionalmente, a questão surge no topo das preocupações dos cidadãos da UE. De acordo com o último Eurobarómetro, publicado na semana passada, mais de três quartos dos cidadãos da UE (77%) são a favor de “uma política de defesa e de segurança comum” entre os 27 Estados-membros, além de que 71% consideram que o bloco comunitário “devia reforçar a sua capacidade de produção de equipamentos militares” e, para 35%, a guerra na Ucrânia, país que Bruxelas tem apoiado desde o primeiro momento, é a principal preocupação.

A importância da política de Defesa e Segurança da UE ganha outra dimensão perante um eventual regresso de Donald Trump à Casa Branca após as eleições presidenciais norte-americanas. A concretizar-se este cenário, a aliança militar dos EUA com os restantes países da NATO fica sob ameaça, tendo em conta que o candidato republicano afirmou, durante um comício em fevereiro, que “encorajaria” a Rússia a atacar os membros da organização que não cumprissem a meta de despesa definida, fixada em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

É neste contexto que um número crescente de países tem anunciado que vai começar a cumprir o compromisso de despesa estabelecido no âmbito da NATO e que, a poucos meses de terminar o atual mandato, o Executivo comunitário propôs um Programa Europeu para a Indústria de Defesa, dotado de 1,5 mil milhões de euros numa fase inicial, reforçando assim a relevância que o tema terá ao longo dos próximos cinco anos em Bruxelas.

Alargamento põe em cima da mesa revisão dos tratados

Além da política de Defesa e Segurança, a invasão russa da Ucrânia tornou premente o alargamento da UE, conferindo-lhe uma dimensão geopolítica que não tinha até então. Porém, “alargar” o bloco comunitário é fonte de discórdia há muito tempo, já que a entrada de um país na UE implica, entre outras coisas, mudanças na influência de cada Estado-membro nas instituições europeias — tanto que a última adesão ocorreu em 2013, com a Croácia.

Sobretudo a partir da queda do Muro de Berlim e o subsequente colapso da União Soviética, a União Europeia começou a expandir-se para leste e a invasão da Rússia à Ucrânia aponta para que esta tendência se mantenha. Por isso mesmo o Conselho Europeu decidiu, em dezembro passado, iniciar as negociações formais de adesão da Ucrânia e da Moldova – ano e meio depois de se tornarem países candidatos – e conceder à Geórgia, que partilha fronteiras com a Rússia, o estatuto de país candidato à UE.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acompanhado pelos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel, numa visita dos líderes europeus a Kiev em fevereiro de 2023European Union, 2023

No entanto, ainda que os líderes das instituições europeias “atirem” o horizonte de um novo alargamento para 2030, afigura-se como uma utopia face aos diversos desafios que os atuais dez países candidatos têm de superar para a adesão ao bloco comunitário — além das diferenças económicas entre o Leste e a Europa Ocidental, o cumprimento do conjunto de leis, direitos e obrigações comuns que unem todos os Estados-membros da UE e os litígios territoriais e diplomáticos por resolver.

Outras barreiras que se colocam à adesão desses países incluem a Política Agrícola Comum (PAC), pois a entrada na UE de países economicamente dependentes da agricultura (como é o caso da Ucrânia) obrigaria a uma revisão das regras de aplicação dos apoios, e a consequente necessidade de aumento do orçamento comunitário.

Acresce que, perante um novo alargamento, será preciso fazer uma reforma institucional. A revisão dos tratados da União Europeia – para abranger, por exemplo, mais competências nas áreas da saúde ou da educação – precisa de reunir consenso entre os Estados-membros. O fim desta regra da unanimidade é, aliás, um dos motivos que reúne defensores da revisão dos tratados. Mas se a unanimidade dificulta o entendimento, no voto por maioria haverá sempre países a impor a sua vontade a outros.

Novo pacto mantém imigração nas prioridades da UE

A crise migratória e de refugiados de 2015, que expôs as fragilidades e deficiências do Sistema Europeu Comum de Asilo, colocou a imigração na agenda política da União Europeia. Passaram cinco anos até o Executivo comunitário propor um novo Pacto em matéria de Migração e Asilo e mais quatro anos de discussões até a reforma receber a “luz verde” final do Parlamento Europeu e do Conselho.

A demora até chegar a acordo mostra como a política migratória é uma permanente fonte de tensão entre os 27 países do bloco comunitário. E, a somar a este novo pacto, que contempla todos os aspetos desde o momento em que um requerente de asilo pisa território da UE –, Bruxelas tem assinado acordos com países terceiros, como a Tunísia, a Mauritânia e o Egito, para travar os fluxos de migrantes.

Organizações como a Médicos Sem Fronteiras (MSF), Save the Children ou a Amnistia Internacional têm criticado a reforma, aprovada já no final da legislatura. Contudo, os líderes das instituições europeias são os primeiros a admitir que esta não resolve todos os problemas do que chamam de “imigração ilegal”.

Só em 2023, a UE recebeu 1,14 milhões de pedidos de proteção internacional, o número mais elevado dos últimos sete anos, e registou um aumento de quase 20% das passagens irregulares de fronteiras, para 380 mil, metade das quais através da rota central do Mar Mediterrâneo. Atraídos pela posição geográfica e a reputação de continente estável e aberto, a Europa continuará a ser vista como um lugar seguro para requerentes de asilo e migrantes, em fuga a conflitos internos e internacionais, às alterações climáticas e à pobreza global, pelo que tão cedo a questão sairá da lista de prioridades das instituições da UE.

A par com Grécia e Itália, a Espanha é um dos países da UE onde desembarcam mais migrantes através das rotas do Mar Mediterrâneo. Entre 1 de janeiro e 15 de fevereiro deste ano, as autoridades registaram a chegada de 11.704 migrantes, de forma irregular, às Canárias, mais 630,6% em relação ao mesmo período de 2023Lusa

Pacto Ecológico em risco com novos apoios aos agricultores

O “momento do homem na lua” da União Europeia: foi assim que Ursula von der Leyen apelidou o lançamento do Pacto Ecológico Europeu, uma das grandes bandeiras do seu (primeiro?) mandato à frente da Comissão. Mas, embora tenha prometido manter na agenda os “grandes temas”, o clima quase não foi mencionado pela alemã quando anunciou a sua candidatura a spitzenkandidat pelo PPE.

Não surpreende que o também conhecido como Pacto Verde tenha perdido a relevância que assumia em 2019 para Ursula von der Leyen se se tiver em conta, em particular, a revisão da nova Política Agrícola Comum. A proposta fora apresentada pelo Executivo comunitário em março, sob pressão da vaga de protestos dos agricultores (que, entre outras coisas, contestavam o que consideram ser uma regulamentação excessiva, a concorrência desleal de alguns mercados externos e a quebra de rendimentos face à subida da inflação e dos preços da energia).

As medidas aprovadas pelos eurodeputados na última sessão da legislatura, em 24 de abril, preveem, por exemplo, maior flexibilidade para os Estados-membros isentarem os agricultores de regras ambientais — no que toca aos solos, à rotação de culturas e ao pousio dos terrenos — em caso de problemas na aplicação dos apoios da PAC ou de condições climáticas extremas.

Um dos principais motivos para os protestos dos agricultores em França, o maior produtor agrícola da União Europeia, foi as grandes importações provenientes da Ucrânia, para as quais Bruxelas renunciou a quotas e direitos desde a invasão russa. EPA/YOAN VALATEPA/YOAN VALAT

Face à continuação das manifestações do setor agrícola em parte da UE – com um novo protesto já marcado para 4 de junho, dias antes das eleições europeias – e ao apelo de organizações ambientalistas pelo reforço do Pacto Ecológico Europeu, os dois temas prometem, pelo menos, manter-se na agenda durante o próximo ciclo legislativo.

Conclusão da União Bancária?

A crise financeira de 2008 e a subsequente crise da dívida soberana na Zona Euro evidenciaram a necessidade de uma melhor regulamentação e supervisão do setor financeiro da UE. A resposta nasceu em 2014, com a criação da União Bancária, que veio estabelecer um “conjunto único de regras” através de requisitos de fundos próprios para os bancos e de regulamentação para a prevenção e gestão das situações de insolvência bancária, assegurando a proteção dos consumidores.

Concluídos os passos que criaram o Mecanismo Único de Supervisão, que avalia a saúde financeira dos bancos, e o Mecanismo Único de Resolução, de forma a que um banco que tenha dificuldades possa eventualmente ser resolvido, mas sem recurso ao dinheiro dos contribuintes, está por implementar uma última componente: o Sistema Europeu de Garantia de Depósitos (SEGD).

Atualmente, as normas europeias ditam que só os depósitos até 100 mil euros estão protegidos em caso de falência de um banco, mas mesmo esta proteção é garantida apenas no seio de cada Estado-membro. O SEGD serviria, assim, como uma segurança a nível europeu para demover os clientes de determinado banco de levantarem as suas poupanças em períodos de “stress financeiro”.

Trata-se de um dossiê que tem encontrado alguma resistência por parte de alguns países, em particular do norte da Europa, mas deverá ter desenvolvimentos nos próximos cinco anos, em que a crise de habitação, a inflação elevada e as altas taxas de juro e a modernização do mercado de trabalho deverão igualmente ser temas a ter em conta nas decisões que saírem de Bruxelas.

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Montenegro admite “algum” financiamento público para os media. Gestores apontam ao Governo o caderno de encargos

Luís Montenegro admitiu, sem detalhar, "algum" financiamento público para os media. O +M/ECO ouviu os gestores dos principais grupos de comunicação social, que apresentam o caderno de encargos.

Pedro Morais Leitão (Media Capital). Francisco Pedro Balsemão (Impresa), Luís Santana (MediaLivre), Rudolf Gruner (Observador), Luís Delgado (Trust in News) e Paulo Padrão (Swipe News)

A novidade para os media chegou este domingo, pela voz do primeiro-ministro, que admitiu a possibilidade de “algum” financiamento público para a comunicação social. “Aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam”, afirmou sem detalhar.

Luís Montenegro acrescentou que a atração de capital privado deve também ser estimulada” e que o Estado deve “garantir um bom retorno dos investimentos que ocorreram”. “Também precisamos de instrumentos de mecenato para a comunicação social, precisamos que o capital que é atraído para esta atividade possa ter condições de retribuir o esforço que está a dar”, adiantou ainda o chefe do Governo.

As declarações foram proferidas na conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias, título em vias de sair do perímetro da Global Media e integrar um novo grupo, criado para absorver alguns dos principais ativos da também dona do Diário de Notícias e da TSF. Para além destas declarações, e ainda no âmbito do aniversário do Jornal de Notícias, o ministro que tutela a comunicação social, Pedro Duarte, avançou que o plano de ação para o setor dos media seria apresentado em breve.

O Estado, recorde-se, transfere cerca de 190 milhões de euros para a RTP, não através do Orçamento de Estado mas da contribuição audiovisual, cobrada na fatura da eletricidade. No porte pago investe 4.5 milhões de euros e para a agência Lusa o montante transferido pelo Estado é de 18 milhões de euros.

As afirmações, tanto na forma como no conteúdo, e o local escolhido para as fazer, parecem ter apanhado de surpresa os responsáveis dos principais grupos de media do país

Fazia sentido repensar o que é o serviço público. Se há outras entidades que o fazem [para além da RTP] e se também vão ser subsidiadas”, começa por defender Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital. Para o responsável pela empresa que detém a TVI, no entanto, a Global Media é “uma situação complicada do ponto de vista da sustentabilidade financeira”, com um histórico de “diferentes vagas acionistas” a não ajudar. “Se vamos começar a discutir o que cada grupo acha que é serviço público, temos um problema”, comenta.

“O Preço Certo é o programa de maior audiência da RTP e não é serviço público. Os 200 milhões gastos na RTP não são só para cumprir serviço público, são para manter a estrutura de custos criada a funcionar. Uma estrutura que ninguém faz grande esforço para reduzir”, repete ainda a propósito da RTP.

No entanto, em sua opinião faz sentido discutir o papel da RTP e o que se quer como serviço público, “se isso é dizer que vamos dar dinheiro à Global Media, já é muito discutível”. “Custa-me que as declarações tenham sido no contexto da conferência de Jornal de Notícias. Já se percebeu que o serviço público deve ser discutido. Mas ser discutido em contexto Global Media é tentar apagar um fogo que devia ser apagado pelos seus donos”, crítica Pedro Morais Leitão em conversa com o +M.

Notando que o Governo tem tomado uma série de decisões rapidamente, e sem dados sobre o plano para o setor que o Executivo promete apresentar, para Pedro Morais Leitão as prioridades situam-se em três frentes: uma pressão firme em relação às plataformas digitais – “nos EUA foi tomada uma posição que podia levar ao fecho do TikTok, se calhar está na altura de os governos europeus fazerem o mesmo em relação às plataformas americanas” –; o reforço do montante atribuído via Instituto do Cinema e do Audiovisual à produção – “em Espanha há incentivos no valor de 2,5 mil milhões, em Portugal são entre 30 e 40 milhões”, dá como exemplo –; e a questão da televisão digital terrestre.

“A RTP, SIC e TVI gastam em conjunto 12 milhões de euros por ano num serviço que ninguém vê”, sustenta, defendendo que sejam tomadas no imediato medidas com vista a desativar a TDT a partir 2030, quando termina a licença.

“O plano de ação deve incidir sobre a rede e não sobre o peixe ou a esmola”, aponta Francisco Pedro Balsemão

Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, defende por seu turno que “o jornalismo tem de ser valorizado” e, para isso, é preciso “projetos financeiramente viáveis, capazes não de sobreviver mas sim de crescer, num setor com concorrência leal e com players que encarem os media pelas razões certas”.

Questionado sobre como é que o Estado pode ou deve apoiar os media, o responsável do grupo dono da SIC e do Expresso responde, por escrito, que acredita e vai continuar a acreditar, que os media podem ser um bom negócio. “Nunca como hoje, por exemplo, se consumiu tantos conteúdos noticiosos. E nunca como hoje, numa sociedade polarizada e em que a desinformação grassa impunemente, as funções de um jornalista foram tão relevantes”, aposta.

Assim, “e sempre respeitando de forma escrupulosa a independência dos jornalistas, deve ser feita uma ampla reflexão sobre de que forma os media merecem ser olhados com as especificidades próprias, no que respeita à sua importância para a defesa da democracia e liberdade de expressão, mas também como outras indústrias com valor económica, e que são apoiadas com o objetivo de exportar ou de se modernizar tecnologicamente”, escreve o CEO do grupo.

Quanto a medidas concretas, Francisco Pedro Balsemão afirma que quaisquer medidas para o setor devem ser sempre benéficas não só de forma transversal mas para o próprio país. “Ou seja, o plano de ação deve incidir sobre a rede e não sobre o peixe ou a esmola”.

Assim, o responsável defende alteração de regras no que respeita a incentivos financeiros e fiscais específicos para o setor e a criação de programas específicos para os media na canalização de fundos europeus, à semelhança de outras indústrias. Podem ser relevantes apoios específicos e substanciais para a formação em áreas tecnológicas, modernização, promoção à exportação de produtos, acrescenta.

O responsável lista também o investimento em publicidade institucional de uma forma criteriosa, em matérias em que o Estado precisa de comunicar (temas relacionado com a saúde, campanhas rodoviárias, prevenção de fogos florestais); a promoção do ensino da literacia mediática nas escolas, universidades e junto da sociedade civil; e apoio mobilizado dos agentes políticos e sociais para que se efetive o pagamento justo pelos direitos de autor.

Os media não podem continuar dependentes de algoritmos que nunca dominarão e de empresas de distribuição digital que não têm qualquer respeito por conteúdos produzidos profissionalmente, sem os quais não teriam atingido o seu estatuto”, conclui o presidente executivo da Impresa.

“Os grupos têm que ser bem geridos”, diz Luís Santana

Ao contrário de Pedro Morais Leitão, Luís Santana, CEO da Medialivre, aplaude que as declarações de Luís Montenegro tenham sido feitas no âmbito da conferência do Jornal de Notícias, mas diz que o mais importante é que “os grupos sejam bem geridos”. “Meter dinheiro nos grupos de media é esbanjar dinheiro sem nenhum benefício”, aponta, mostrando-se também desfavorável a qualquer espécie de mecenato.

É necessário salvaguardar a independência, a informação livre e rigorosa. Os grupos têm que ser bem geridos, ser auto suficientes e distantes de todos os interesses. Isso é o fundamental”, defende o também acionista do grupo dono da CMTV e que vai lançar no dia 17 o Now. Grupos fortes traduzem-se em grupos sólidos, naquilo que é a independência editorial”, reforça o responsável.

Assim, e mostrando-se contra apoios diretos ou qualquer espécie de mecenato, Luís Santana defende sobretudo a existência de benefícios fiscais. O IVA zero, que baixaria o preço das publicações, e benefícios em sede de IRS seriam duas medidas a adotar.

Numa segunda frente, o responsável diz ser urgente, a nível europeu, a taxação das receitas de publicidade das grandes plataformas. “Em sede de UE, é necessário que tenhamos benefícios sobre a publicidade dos GAFA”, reforça.

Luís Santana apoia a eventual gratuitidade dos serviços da Lusa, como era defendido pelo Governo anterior, e deixa um forte alerta para as questões da distribuição. “Qualquer dia não há jornais no interior, têm que ser tomadas medidas no sentido dos jornais chegarem a todo o país, seja através do alargamento do porte pago ou de outras medidas”, apela o responsável do grupo que tem também o Correio da Manhã, o Record, o Jornal de Negócios ou a Sábado.

“Dar dinheiro a meios que não são sustentáveis não resolve os problemas”, defende Rudolf Gruner

Rudolf Gruner é também contra qualquer espécie de apoio direto aos órgãos de comunicação social. O diretor-geral do grupo dono do Observador e da rádio Observador, que durante a pandemia recusou o apoio de cerca de 90 mil euros do Estado, adianta que voltaria a fazê-lo. “Estranhamos qualquer forma de apoio público aos órgãos de comunicação social, seja subsídio ou outra forma de financiamento. É contra natura com a nossa missão de escrutínio”, defende.

O diretor-geral do Observador avança, em alternativa, realçando mesmo assim não ser isento de riscos, o apoio à compra de assinaturas. Aqui, mais do que benefícios fiscais, “cujo impacto seria reduzido”, o responsável diz que se podia ir mais longe. A sugestão é então a oferta de assinaturas. O mecanismo seria, por exemplo, um código no Portal das Finanças, que permitiria a cada pessoa fazer uma assinatura de forma gratuita.

A grande vantagem é que o apoio seria colocado na mão do cidadão, que decidia escolher o órgão A, B ou C. Seriam eliminados os critérios subjetivos e sempre atacáveis”, explica. “Pode funcionar de forma simples e eficaz. Se 100 mil pessoas subscreverem, podemos estar a falar de 10 milhões de euros, se 200 mil subscreverem, de 20 milhões”, concretiza. “Seria importante na estrutura de receitas”.

Gruner também não se mostra contra a gratuitidade dos serviços da Lusa, mas descreve a eventual medida como “uma gota de água, que estruturalmente não resolve nada”.

Quanto ao mecenato, diz já ser uma realidade, referindo que “muitos órgãos têm na sua estrutura acionistas que vão apoiando os projetos”. “Para nós o mais importante é o mercado funcionar de forma justa e equilibrada. Dar dinheiro a meios que não são sustentáveis não resolve os problemas. É alimentar zombies que vão sobrevivendo e alterando as regras do mercado”, critica.

“É urgente uma taxa de internet”, defende Luís Delgado

Luís Delgado vê com bons olhos a existência de apoios do Estado à comunicação social, um setor que, como lembra, vem consagrado na Constituição. “É o quarto poder, o único setor que vem referido na Constituição. Mantê-lo tem custos, tal como manter a democracia tem custos”, defende o dono da Trust in News, dona da Visão e da Exame, empresa entrou em processo de PER na última semana.

Assim, Luís Delgado começa por defender o porte pago universal para todos os meios de comunicação social. “A pessoa paga a assinatura, sem os custos de envio, que ficam a cargo do Estado”, explica. Num segundo plano, o responsável aponta a compra da participação da Lusa ainda nas mãos de privados, tornando o serviço da agência gratuito para todos os meios. “Não, podemos, como acontece, pagar duas vezes a Lusa. Já a pagamos através do Orçamento de Estado”, frisa o também ex-administrador da agência de notícias.

Como terceira medida, o dono da TiN sugere a “taxa internet”. Ou seja, tal como na fatura da eletricidade há a contribuição para o audiovisual, depois entregue à RTP, nas faturas das telecomunicações/internet seria adicionado um valor, a distribuir por todos os órgãos de comunicação social que têm presença digital. “Tenho 15 revistas e 15 sites, tudo é roubado, tudo é lido de graça. Se for explicado, tenho a certeza que os portugueses concordarão com a medida”, afiança.

Considerando que a inteligência artificial vai ser, para os media, “uma ameaça muito mais complicada do que o Google”, Delgado reforça que as medidas são urgentes, não sendo sustentável esperar por decisões da União Europeia neste campo.

Mostrando-se contra a transferência direta de verbas para os privados, o responsável mostra-se também contra quem diz que apoios do Estado colocariam em causa a independência editorial. “Mas, então, estamos a dizer que os jornalistas da RTP e da Lusa não são independentes?”, questiona.

“O Estado bem podia preocupar-se antes em garantir que não permite incentivos à “má” gestão versus a gestão que cumpre”, defende Paulo Padrão

Paulo Padrão, diretor-geral da Swipe News, dona do ECO e do +M, é de todos os responsáveis ouvidos no âmbito deste trabalho o que mais se opõe a apoios do Estado aos media.

“Por princípio, sou contra a intervenção ou apoio do Estado aos media. Vejo sempre com enorme dificuldade o Estado a decidir sobre apoios e, através dessa política, ser ele a decidir o que é “bom” jornalismo, para usar a expressão do primeiro-ministro”, enquadra por escrito.

“O Estado bem podia preocupar-se antes em garantir que não permite incentivos à “má” gestão versus a gestão que cumpre. Há meios que se financiam aos milhões não pagando à Segurança Social e à AT, expondo uma situação concorrencial desleal face aos que têm as suas obrigações em dia”, acusa o fundador do ECO, que tal como o Observador recusou apoios na altura da pandemia.

Paulo Padrão identifica como principal problema da gestão dos media a escassez de capital, seja para garantir o financiamento de projetos de crescimento, seja para garantir liquidez e uma tesouraria que não esteja sempre em modo estrangulado. No entanto, prossegue, este não é um problema exclusivo dos media, sendo transversal a uma grande parte da atividade económica.

Assim, “encontrar um mecanismo de apoio ao investimento de capital em media, sem criar uma situação de favorecimento ineficiente do ponto de vista económico face a outras atividades, é um desafio, mas considero que é o caminho mais correto”, diz.

Em vez de apoios às assinaturas ou incentivos fiscais, o responsável da Swipe News aponta, a título de exemplo, a criação de um fundo para financiar projetos de jornalismo. “Um fundo em que o Estado podia participar desde que abdicando completamente de qualquer participação na sua gestão. Em que a participação do Estado fosse apenas um estímulo a uma co-participação do capital privado, num movimento que teria de ser um call to action à sociedade civil, nomeadamente como forma do meio empresarial devolver à sociedade uma parte da sua rentabilidade”, explica.

Depois, “desde que fosse assegurada uma gestão privada e independente, deveriam existir benefícios fiscais à participação nesse fundo. Mas, mais do que os benefícios fiscais, o que deveria estar subjacente era uma coesão do empresariado em torno do objetivo de capitalizar órgãos de comunicação social que obedecessem a uma gestão rigorosa e equilibrada”, prossegue Padrão.

“Vejo com alguma perplexidade a pressão que se faz sobre o Estado para apoiar os media e não se use o mesmo finger pointing ao setor privado que só tem a ganhar com uma informação plural e de qualidade. Um setor privado que tanto elogia esses atributos do jornalismo, mas depois resiste a put your money where your mouth is”, conclui, na resposta por escrito.

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“Há risco de” diminuição na ambição. Agenda “verde” será posta à prova em Bruxelas na próxima legislatura

Com as projeções a sugerirem uma subida da direita, há suspeitas de que a agenda "verde" seja colocada em segundo plano, depois de um mandato em que a UE assumiu a liderança na transição energética.

Nos últimos cinco anos foram dados passos largos em matéria de combate às alterações climáticas e transição energética na União Europeia (UE), tendo os 27 Estados-membros assumido a ambição de liderar a agenda “verde” a nível mundial. Mas a poucos dias das eleições europeias, a 9 de junho, não será certo que na próxima legislatura a ambição “verde” se mantenha no topo da agenda.

À semelhança do que se vai assistindo um pouco por toda a Europa, as sondagens preveem um reforço da direita no Parlamento Europeu, com os liberais e a extrema-direita a ganhar peso entre as bancadas dos eurodeputados. “Sabemos que há um risco da extrema-direita ganhar mais terreno e haver uma diminuição nas ambições“, admite Sara Cerdas, eurodeputada do PS. Se for esse o caso, “é provável que tudo o que seja políticas ambientais sejam postas em causa“, afirma Susana Fonseca, vice presidente da Zero.

Em todo o caso, o Partido Popular Europeu (PPE) deverá continuar a ser o maior grupo político no hemiciclo em Bruxelas, o que leva ao PSD, que faz parte dessa família política, a reiterar que a bancada está comprometida com a agenda “verde” e a recordar, desde logo, o Pacto Ecológico Europeu. Apresentando por Ursula von der Leyen, poucos dias depois de ter tomado posse como presidente da Comissão Europeia, em 2019, “é o documento estruturante de toda a transição ambiental e económica que estamos a fazer”, composto por 14 propostas fundamentais, aponta Lídia Pereira, eurodeputada do PSD e coordenadora do programa da Aliança Democrática (AD), ao ECO.

É dentro deste pacote que nasce o Objetivo 55 – que faz da redução de emissões em todo o bloco, de pelo menos, 55% até 2030 uma obrigação legal – e a Lei Europeia do Clima, em 2021, “a primeira no mundo”, que vincula juridicamente os 27 com o objetivo da neutralidade carbónica até 2050, tal como recomendam os especialistas. Esta lei está assente em três dimensões: “A redução das emissões, o investimento em tecnologias limpas e a proteção do ambiente natural”, identifica Lídia Pereira.

Para a Zero, foi no âmbito desta lei que mais se verificaram evoluções no que toca ao clima e às alterações climáticas, e com “menor oposição”, mas ainda assim “há muito por fazer”. Parte desse trabalho será retomado na próxima legislatura, aponta Sara Cerdas, nomeadamente, com aplicação dos diplomas ligados aos transportes – que preveem a incorporação de mais combustíveis sustentáveis na aviação e transporte marítimo que hoje dependem quase exclusivamente dos combustíveis fósseis – e infraestrutura, ao adaptar as redes de carregamento face à transição para uma mobilidade elétrica.

“A próxima legislatura no Parlamento Europeu terá um papel de destaque porque vai garantir que os regulamentos estão a ser cumpridos. É um grande trabalho que terá de ser feito”, destaca a eurodeputada socialistas que não foi convidada a integrar a lista do PS, na próxima legislatura.

Mas os avanços no clima também se verificam noutras matérias. “Uma das principais propostas que conseguimos aprovar tem a ver com a descarbonização e a redução das emissões para a atmosfera, uma das principais causas para o aquecimento global”, recorda Sara Cerdas, sublinhando que o principal objetivo da Estratégia da UE para a adaptação às alterações climáticas permite tornar o bloco europeu “mais resiliente” às adversidades climáticas até meados do século.

E ainda com o nascimento do Net Zero Industry Act, em resposta ao Industrial Reduction Act (IRA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Com este plano, aponta Lídia Pereira, Bruxelas pretende “aumentar a capacidade de desenvolvimento e produção de tecnologias que apoiem a transição para a energia limpa” emitindo gases baixos, nulos ou negativos numa altura em que se assiste a uma desindustrialização nos 27 Estados-membros face aos incentivos vindos dos Estados Unidos e da China.

Ambição “verde” será posta à prova

Para a próxima legislatura, tanto o PS como o PSD concordam que será necessário aumentar a ambição da agenda “verde” no Parlamento Europeu. Para Sara Cerdas, a prioridade terá de passar por “colocar a biodiversidade no centro do debate” e, por outro lado, “garantir que existe um reconhecimento dos impactos do clima na saúde” que, todos os anos, vitimiza 300 mil pessoas prematuramente na União Europeia devido à poluição do ar. Já Lídia Pereira aponta como prioridades “a eletrificação e a implantação de energias renováveis, o desenvolvimento do hidrogénio verde como solução industrial” ou a “elaboração de uma estratégia europeia” para a desertificação, água e oceanos.

Mas não será fácil. “Se houver um reforço da extrema-direita teremos problemas, e não é só na área ambiental“, alerta a vice-presidente da Zero, apelando para que o voto no dia 9 de junho tenha em conta a “importância e o futuro da UE”.

O alerta surge após a divulgação de um barómetro realizado por cinco organizações ambientalistas não governamentais, uma delas a Zero, no qual se concluiu que as bancadas mais à direita no Parlamento Europeu foram consideradas as piores na proteção do clima e natureza, no último mandato, quando analisado o sentido de voto nestas matérias.

Assim, as cinco ONG distribuíram os grupos parlamentares em três categorias: os “protetores” – Os Verdes Europeus (família do Livre e do PAN), a Esquerda Europeia (família do Bloco e do PCP) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (PS) –, os “procrastinadores” – Renovar Europa (família da Iniciativa Liberal) – e os “pensadores pré-históricos” – PPE (PSD e CDS), Conservadores e Reformistas Europeus e Identidade e Democracia (Chega).

Quanto mais à direita, menos apoio há. Ou há, mas com variabilidade face aos vários partidos que integram o PPE”, explica Susana Fonseca. “Na extrema-direita, isso não acontece. São praticamente sempre contra“, diz a ambientalista.

E os riscos de a bancada mais extremista ter um papel de destaque nas instituições europeias, nos próximos cinco anos, ganhou maior relevância nas últimas semanas, com Ursula von der Leyen a admitir negociar com Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana e líder dos Conservadores e Reformistas Europeus, na próxima legislatura.

Da análise dos ambientalistas, apenas o PSD se manifestou contra, rejeitando as acusações. O partido que integra o grupo social-democrata na assembleia europeia sublinhou em reação à Lusa que, “estatisticamente, entre 2019 e 2024, o PSD votou favoravelmente 95% das propostas legislativas do Pacto Ecológico Europeu“, num total de 39 apoiadas de 41.

“Não é, por isso, rigorosa nem objetiva a comunicação feita por algumas organizações ambientalistas sobre o sentido de voto dos deputados do PSD relativamente às questões ambientais. Além dos dados estatísticos bem expressivos, fomos um verdadeiro motor de um dos textos mais importantes do mandato, a aprovação da Lei Europeia do Clima, a primeira do género no mundo e na qual o PPE teve um papel fundamental”, salientou Lídia Pereira.

Mas Sara Cerdas subscreve o alerta da Zero, recordando a votação polémica da Lei do Restauro da Natureza, no ano passado.

“Depois desta experiência que tive, é certo que se tivermos uma maioria do lado dos negacionistas no Parlamento Europeu, na próxima legislatura, prespetivo uma dificuldade acrescida em aprovar legislação adequada face às ambições que temos“, defendeu a socialista, acusado o PPE e os partidos da direita de levar a cabo uma “campanha de desinformação” que arriscou o futuro deste pacote legislativo, um dos 14 pontos do Pacto Ecológico Europeu.

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Empresários aplaudem medidas na imigração, mas avisam para riscos nos processos de contratação

Representantes do setor do turismo, indústria, agricultura e têxteis concordam que é necessário controlar a entrada de trabalhadores, mas pedem agilidade nos serviços para evitar atrasos burocráticos.

O Governo anunciou um pacote de medidas para controlar a imigração. Os representantes dos setores que mais dependem de mão-de-obra estrangeira, como a agricultura, o turismo ou a indústria, aplaudem as medidas para “disciplinar” a entrada de estrangeiros, mas avisam que o país precisa de imigrantes e é preciso evitar cair numa teia burocrática que torne os processos de contratação mais lentos e demorados.

Existe um drama, com 400 mil pessoas com a sua situação por resolver“, apontou o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros. Numa primeira reação ao plano de ação apresentado pelo Executivo para a migração, que prevê, entre outras coisas, que apenas possam entrar no país estrangeiros com um contrato de trabalho no consulado de origem, o responsável realça que “este é um plano muito completo, com uma resposta a essas pessoas. O setor [do turismo] precisa muito de migrantes. Tudo o que seja no sentido de moralizar estes migrantes é positivo para o setor”, rematou o representante do setor, em declarações ao ECO.

A contratação de mão-de-obra estrangeira tornou-se uma necessidade para setores como o turismo, hotelaria, agricultura, ou indústria, perante a escassez de trabalhadores no país.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), também considera “positivo que seja disciplinada a entrada de trabalhadores”, mas deixa um aviso: “Na prática, depende se vai ser simplificado o contrato e a promessa de contrato de trabalho“.

“As empresas precisam de mão-de-obra. Se voltarmos ao que acontecia antigamente, em que as empresas tinham que consultar os institutos de emprego e demorar, com o processo a ser atraso pela burocracia, aí fico preocupado” com estas medidas, destaca. Caso as entidades consigam contornar estes entraves, o responsável pela indústria mais exportadora do país refere que o plano “poderá ser interessante”. “É uma solução de consenso relativamente aos problemas. Vai proteger-se as pessoas, combate-se o tráfico e salvaguardam-se as empresas.”

O plano de ação apresentado pelo Governo esta segunda-feira é composto por 41 medidas e pretende dar resposta ao fluxo migratório e aos mais de 400 mil processos pendentes na AIMA. “Vamos por um ponto final num processo em que 400 mil pessoas com processos por concluir é sinónimo de falta de capacidade, de falta de cuidado”, sublinhou o primeiro-ministro que defendeu ser fundamental dar “dignidade às pessoas” sem que o país feche as fronteiras.

“Portugal não vai estar com a porta fechada para aqueles que têm aquilo que mais nos faz falta no dia a dia. Nunca a fecharíamos por uma razão de humanismo, mas também de pragmatismo. Mas também não podemos ir para o extremo, em que não fazemos o controlo daqueles que nos procuram, deixando-os à sorte e muitas vezes a redes criminosas de tráfico humano”, disse Montenegro, no dia em que o Executivo aprovou em Conselho de Ministros o novo Plano de Ação para as Migrações.

O presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, Álvaro Mendonça e Moura, também aplaudiu a preocupação com um maior controlo da imigração, mas destacou dois pontos essenciais: a importância da imigração para vários setores da economia nacional e a eficácia do plano.

É preciso reforçar os meios ao nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros, nos consulados mas também em Lisboa, para que todo o sistema funcione. Sem esse reforço há o risco do processo [de contratação] se tornar mais lento, demorado e burocrático.

Álvaro Mendonça e Moura

Presidente da CAP

É preciso que o plano funcione eficazmente e daqui não decorram entraves burocráticos“, enfatizou o representante do setor da agricultura, acrescentando que é preciso “reforçar os meios a nível do ministério dos negócios estrangeiros, não só nos consulados, mas também em Lisboa”. Caso não haja este reforço de meios, Álvaro Mendonça e Moura teme que “há o risco do processo [de contratação] se tornar mais lento, demorado e burocrático”.

Para o presidente da CAP o país tem a obrigação de fazer a integração dos imigrantes e das suas famílias, mas não duvida: “O país vai continuar a precisar de imigrantes”.

O presidente da ANIVEC mostra-se preocupado com envelhecimento da população e o impacto na economia.Ricardo Castelo/ECO

“Sou a favor de imigrantes, mas é preciso controlar. Não podemos ter imigrantes que depois não conseguimos acolher. Sou a favor de virem para Portugal com contrato de trabalho”, acrescenta o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec). Para César Araújo, Portugal tem um problema: “Temos uma pirâmide demográfica invertida. Estamos a criar o maior lar de terceira idade da Europa e isto vai ter um impacto no futuro”. Para responder a este problema, diz, “é preciso promover políticas de natalidade hoje para chegarmos a 2050 com mais gente”.

Precisamos de imigrantes e precisamos de políticas de natalidade“, reforça. “Mas há outro problema: 20% da população está de baixa”, atira, apelando a um maior controlo às baixas fraudulentas. O empresário realça que, por outro lado, se há mais de 300 mil desempregados e há falta de trabalhadores, “porque não estão estes desempregados a trabalhar?”.

Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), argumenta que o processo de contratação era demasiado demorado e mostra-se otimista para o futuro, na expectativa que o plano do Governo torne a contratação mais expedita. Com a população a envelhecer, refere que o futuro das empresas passa pela contratação de estrangeiros. “Não temos outra fórmula a não ser contratar fora do país”.

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Correções aos contratos para acelerar casas com verbas do PRR sem penalização

Já após as obras lançadas, o IHRU fará a análise das candidaturas. Se houver alguma coisa a corrigir na identificação dos custos, será feito “por simples comunicação”, disse ao ECO Castro Almeida.

As câmaras vão assinar um termo de responsabilidade que permite acelerar a construção de casas a custo acessível com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) antes do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) aprovar as candidaturas. A aprovação será feita a posteriori e caso seja necessário fazer a retificações não haverá penalizações, garantiu ao ECO o ministro Adjunto e da Coesão.

Se fossemos aguardar que o IHRU apreciasse cada um dos projetos, com a falta de recursos que tem só iríamos ter os projetos apreciados daqui a muitos meses. Quando fossemos contratar os financiamentos e lançar os concursos para as obras já estaríamos fora do tempo razoável para conseguir fazer as casas dentro do prazo que o PRR impõe”, contextualizou Manuel Castro Almeida.

“Por isso, a solução foi inverter as regras e, em vez de o IHRU olhar para os projetos, medi-lo e calcular o custo de cada obra antes de a aprovar, optámos por confiar na palavra dos autarcas. Aceitamos o valor que eles indicam. Depois, já após as obras lançadas, o IHRU vai fazer a análise das candidaturas. E se houver alguma coisa a corrigir na identificação dos custos, corrigimos no percurso”, explicou o ministro que tem a tutela dos fundos europeus e que já foi ele próprio autarca.

Questionado se haveria lugar a penalizações quando o IHRU pede para que os valores do projeto sejam corrigidos, Castro Almeida garantiu que não há penalizações. “Faz-se o ajustamento. Não tem de haver penalizações”, disse.

Esse ajustamento será feito “por simples comunicação”, explicou o ministro Adjunto. “O IHRU dirá: afinal a sua casa não mede 80 metros, mede só 75 e, portanto, o valor da obra não são 120.000 euros, o valor do prédio todo não são dez milhões de euros, são apenas 9,8 milhões. Faz-se a alteração para os 9,8 milhões. Faz-se a correção”, exemplifica.

Castro Almeida tinha anunciado no Parlamento, na terça-feira da semana passada que um acordo sobre o texto do termo de responsabilidade poderia ser conseguido naquele dia ou no seguinte. Na verdade, só foi anunciado uma semana depois, pela presidente da Associação Nacional de Municípios, Luísa Salgueiro. O ministro recusa que se tenha precipitado e explica que o acordo estava fechado nesse dia em que foi ouvido pelos deputados.

“A presidente da ANMP não levará a mal que diga que tinha a expectativa de ter a resposta favorável dela naquele dia. Como de facto tive”, conta Castro Almeida. “Só que ela depois considerou que era mais prudente reunir o conselho diretivo da associação que só reuniu hoje [terça-feira] e, portanto, demorou estes dias”, justificou. “Foi o tempo necessário”, concluiu.

Castro Almeida recusa que tenha havido cedências da parte do Executivo nesta questão, porque os próprios “autarcas reconheceram que era um texto razoável, uma proposta para desbloquear um problema que de outra forma era insolúvel”. O Executivo enviou o texto inicial à ANMP, que depois entregou ao Governo algumas propostas. O responsável garante que o acordo com os autarcas foi conseguido “num clima de total colaboração e boa harmonia”.

“Assim conseguimos fazer com rigor. Ninguém vai ser prejudicado nem beneficiado e conseguimos fazer a tempo, porque de outra forma, se não usássemos este método só íamos conseguir fazer as obras a tempo”.

No PRR, Portugal comprometeu-se a construir 26 mil casas até 2026 e depois da guerra na Ucrânia e da espiral inflacionista ter agravado o custo da construção o Governo de António Costa acordou com Comissão Europeia reforçar o programa em 196,5 milhões com verbas do PRR, sendo o restante assegurado por fontes de financiamento nacionais, nomeadamente o Orçamento do Estado.

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Projetos de AD e PS para a descida do IRS nas mãos do Chega

Socialistas propõem reduções das taxas até ao 6.º escalão enquanto os partidos que suportam o Governo querem ir até 8.º patamar de rendimentos. Diplomas são votados esta quarta-feira.

O Chega poderá ser a chave decisiva na votação dos projetos da AD e do PS para a descida do IRS, que se realiza esta quarta-feira na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP). Tendo em conta que se mantém o braço de ferro entre PSD/CDS, partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD), e os socialistas, designadamente na redução das taxas do 7.º e 8.º escalões, serão os 50 deputados do Chega que poderão viabilizar um ou outro diploma, num cenário em que a AD não tem maioria absoluta no Parlamento. Até ao fecho deste artigo, o partido de André Ventura ainda não tinha decidido o sentido de voto, adiantou ao ECO o deputado Rui Afonso.

A AD, com 78 parlamentares, e IL, com oito, têm 88 votos, mas PS (78) com BE (5), PCP (4), L (4) e PAN (1) reúnem 92 assentos na Assembleia da República. Ou seja, as bancadas à esquerda conseguem ser maioritárias, se excluirmos o Chega. Assim, para a AD não basta a abstenção do Chega para a iniciativa passar, é preciso que os 50 deputados do partido de extrema-direita votem favoravelmente, pressupondo que toda a esquerda rejeita a iniciativa.

Já o texto dos socialistas poderá ser viabilizado apenas com a abstenção do Chega, uma vez que a esquerda continua a ter mais deputados do que AD e IL juntas. Só se o Chega rejeitar o projeto dos socialistas é que a iniciativa cai.

De recordar que Chega e IL abstiveram-se na aprovação, na generalidade, da proposta do PS. Contudo, o projeto do partido de Ventura, que baixou à especialidade sem votação, aproxima-se mais do texto da AD, na medida em que também propõe a descida das taxas até ao 8.º escalão.

Se o projeto de substituição da AD for aprovado, “o PSD vai requerer a votação final global do texto já no próximo plenário, em que há votações regimentais, isto é, a 12 de junho”, adiantou ao ECO o deputado e vice-presidente da bancada social-democrata, Hugo Carneiro. Caso o diploma chumbe, então “o grupo parlamentar vai pedir que a proposta original do Governo seja colocada a votação final global nesse mesmo plenário”, acrescentou.

Braço de ferro entre AD e PS está no 7.º e 8.º escalões

O diferendo entre AD e PS está no alcance do alívio fiscal. PSD e CDS propõem uma redução das taxas até ao 8.º escalão, que abrange salários brutos mensais de até 6.500 euros. Enquanto os socialistas só querem baixar o imposto até ao 6.º nível de tributação, que abrange salário brutos mensais até cerca de 3.100 euros, com um recuo maior no 2.º escalão.

Projeto de substituição da AD

As bancadas encetaram esforços mútuos de aproximação, mas está longe um possível entendimento. A AD reduziu mais as taxas do 3.º e 4.º escalões, para 22% e 25%, respetivamente, e menos a do 6.º patamar de rendimentos, que ficou nos 35%, enquanto o PS foi ao encontro dos partidos do Governo, descendo mais o imposto do 5.º e 6.º degrau de tributação, para 32% e 35,5%.

O certo é que as negociações estão paradas e cada um puxa a si os louros das maiores cedências, mas sempre com a linha vermelha no 7.º e 8.º escalões, cujas taxas a AD quer baixar, com o argumento de que também quer beneficiar a classe média, e que o PS não aceita, acusando a AD de dar um maior alívio fiscal aos 10% da população com rendimentos mais altos.

Os diplomas de AD e PS, que serão escrutinados esta quarta-feira, têm especificidades distintas. No primeiro caso, os deputados serão chamados a pronunciar-se sobre a substituição da proposta de lei do Governo, que desceu à especialidade sem votação, por um projeto da AD. Ainda que o conteúdo da proposta não seja ainda votado, é provável que PS e a restante esquerda, nomeadamente, BE e PCP, chumbem já a admissão da substituição do texto, uma vez que discordam do seu articulado. Se assim for, o projeto só será viabilizado com a aprovação do Chega, tendo em conta que a IL também dará luz verde à proposta.

Já em relação ao PS, serão votadas, na especialidade, propostas de alteração ao projeto inicial, que foi aprovado na generalidade, no plenário de 24 de abril, e no qual também foram viabilizados os projetos de BE e PCP.

E o que muda no desenho final da proposta do PS face ao documento de trabalho que já tinha sido enviado aos partidos? Praticamente tudo se mantém. Mas há uma ou outra nuance.

Projeto do PS

A descida das taxas continua a excluir o 7.º e 8.º escalões, ao contrário da posição de PSD e CDS. Os socialistas voltam a propor uma maior descida do 5.º e 6.º escalões, num esforço de aproximação à AD e, agora, deixam cair a proposta do PCP de transformação do Adicional de Solidariedade num novo e 10.º escalão permanente, com uma taxa que iria até 53% sobre o rendimento coletável.

Há ainda uma alteração nos tetos dos 7.º, 8.º e 9.º patamares de tributação, por forma a corrigir uma mudança introduzida pelo Orçamento do Estado para 2024 e que iria fazer com que os trabalhadores do penúltimo escalão (8.º) tivessem de pagar mais 2,5% de imposto, o correspondente ao Adicional de Solidariedade, além das taxas normais do IRS.

Tanto o projeto da AD como o do PS respeitam o teto de despesa orçamental, de 348 milhões de euros, determinado pelo Ministério das Finanças, para este ano, segundo os partidos. Caso contrário, poderiam violar a norma-travão e seriam inconstitucionais.

Quanto à poupança que os contribuintes vão sentir no bolso com o alívio fiscal proposto pela AD ou por PS, a diferença oscila entre 0,55 a 23,5 euros por mês ou entre 7,72 e 329 euros por ano, segundo as simulações realizadas pelo fiscalista Luís Nascimento, da consultora Ilya, para o ECO.

Salários brutos mensais até 2.475 euros, isto é, até ao 6.º escalão, têm maiores ganhos com a proposta dos socialistas. Um trabalhador com este vencimento paga, com o projeto do PS, 6.758,22 euros por ano, enquanto que, com a proposta da AD, o imposto anual é de 6.770,42 euros. Ou seja, este contribuinte terá um alívio fiscal de 1,59 euros por mês ou de 22,20 euros por ano, caso o texto do PS seja aprovado em detrimento da iniciativa da AD.

Já para retribuições mensais brutas mais elevadas, as descidas das taxas do imposto propostas pela AD são mais vantajosas. Assim, o Estado irá cobrar 9.162,32 euros por ano a um trabalhador com um salário ilíquido de 3.000 euros, que está no 7.º escalão do IRS, tendo em conta o texto de PSD e CDS. No caso da proposta do PS, o imposto sobe para 9.174,29 euros. Ou seja, a poupança, com o projeto da AD face ao do PS, é de 0,85 euros por mês ou de 11,97 euros por ano.

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A importância do numerário para o comércio local

  • BRANDS' ECO
  • 5 Junho 2024

O numerário é o único meio sem custos para o comércio local e deve ser defendido enquanto meio de pagamento universal. Esta foi uma das conclusões do debate promovido pela Denária Portugal.

A Denária Portugal deu início ao seu programa anual de debates sobre a importância do numerário em Portugal com um evento subordinado ao tema “A importância do numerário para o comércio local e de proximidade” que contou com a participação de Carla Salsinha, Presidente da União de Associações do Comércio e Serviços de Lisboa, Vasco de Mello, Vice-Presidente Executivo da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e Mário Frota, Mandatário da Denária Portugal.

Ao contrário do que foi apresentado num estudo recente do Banco de Portugal sobre pagamentos em Portugal, o numerário é o único meio de pagamento sem qualquer custo para o comércio local

Durante o debate, foi destacado o agravamento de custos para o pequeno comércio decorrentes de uma eventual obrigatoriedade de pagamentos eletrónicos, bem como a urgência da definição de um quadro sancionatório para quem recusa pagamentos em numerário, entre outras conclusões. Também foi salientado que, ao contrário do que foi apresentado num estudo recente do Banco de Portugal sobre pagamentos em Portugal, o numerário é o único meio de pagamento sem qualquer custo para o comércio local.

Fique a saber mais sobre a Denaria em denaria.pt

Assista ao vídeo aqui:

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