Fisco esclarece regras para investidores em fundos Sifide

  • ECO
  • 31 Maio 2024

Às contribuições feitas pelos fundos de investimento em empresas de I&D, entre 1 de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2023, aplicam-se as regras previstas na lei antes de esta ter sido alterada.

As empresas de Investigação e Desenvolvimento (I&D) financiadas por fundos devem concretizar em três anos, a contar de 1 janeiro deste ano, o investimento recebido antes de 1 de janeiro de 2021. Já às contribuições feitas pelos fundos entre 1 de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2023 aplicam-se as regras previstas na lei antes de esta ter sido alterada, segundo uma informação vinculativa publicada pela Autoridade Tributária no passado dia 20, e noticiada esta sexta-feira pelo Jornal de Negócios.

O Fisco explica a forma como devem ser aplicadas no tempo as novas regras para quem investe em I&D através de fundos de investimento. As dúvidas surgiram na sequência das alterações introduzidas em maio do ano passado. As empresas passaram a ser obrigadas a deter as unidades de participação no fundo durante dez anos e não cinco como anteriormente. E foi aumentada a exigência da percentagem mínima do investimento do fundo em empresas dedicadas a I&D de 80% para 90%, mas reduzidos os prazos de investimento pelo fundo nestas empresas de cinco para três anos.

O Sifide tem uma taxa base para dedução fiscal ao lucro tributável de 32,5% das despesas de I&D. Além disso, aplica-se uma taxa incremental de 50% do aumento desta despesa em relação à média dos dois anos anteriores, até ao limite de 1,5 milhões de euros. Assim, este apoio pode significar a recuperação até 82,5% do investimento em I&D. Mas foram identificados abusos através da utilização de uma dupla dedução do benefício concedido, sobretudo no âmbito de investimentos indiretos (através de fundos), e por isso o Executivo de António Costa alterou a lei para tornar as regras mais apertadas. Na auditoria da Inspeção Geral de Finanças, no início de janeiro de 2023, foram identificados 3,19 milhões de euros de crédito fiscal indevido.

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Taxa de inflação acelera em maio e volta a superar os 3%

Índice de Preços no Consumidor teve subida homóloga de 3,1% em maio, quase um ponto percentual a mais do que em abril, devido à entrada em vigor do "IVA zero" no ano passado.

A taxa de inflação homóloga em Portugal terá acelerado em maio e superado os 3%, de acordo com a estimativa rápida avançada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), devido ao “efeito de base” resultante da entrada em vigor do “IVA zero” no ano passado.

O instituto calcula que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 3,1% em maio face ao mesmo mês do ano passado, um ritmo superior em 0,9 pontos percentuais face à variação homóloga observada em abril (ver gráfico). Os dados definitivos serão divulgados no dia 14 de junho.

Taxas de variação do Índice de Preços no Consumidor

Fonte: INE

“Esta aceleração resulta essencialmente do efeito de base associado à redução mensal de preços registada em maio de 2023 (-0,7%), no seguimento da isenção de IVA num conjunto de bens alimentares essenciais”, justifica o INE. A medida foi acordada pelo anterior Governo com produtores e distribuidores e esteve em vigor entre 18 de abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024.

A última vez que Portugal registou uma inflação homóloga acima dos 3% tinha sido em setembro de 2023, quando o IPC subiu 3,58% face ao mesmo mês de 2022. Em novembro e dezembro chegaram-se a registar variações de, respetivamente, 1,54% e 1,42%. Ainda assim, em comparação com o mês anterior, a variação do IPC foi de 0,2%, uma desaceleração face aos 0,5% registados em abril.

Segundo a estimativa rápida que o INE divulgou esta sexta-feira, o indicador de inflação subjacente, que exclui componentes voláteis como os produtos alimentares não transformados e energéticos, registou uma subida de 2,7% em maio, em termos homólogos.

“A variação do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para 7,8% (7,9% no mês precedente) enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados registou um aumento de 2,6% (variação nula em abril)”, aponta o INE.

Enquanto isso, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) registou uma subida homóloga de 3,9%, que compara com os 2,3% do mês anterior. Aumentos como este também foram registados noutros países da Zona Euro, como Alemanha, França e Espanha.

Estes dados económicos estão a ser divulgados na semana antes da reunião de política monetária do Banco Central Europeu, na qual se especula que seja decidido um primeiro corte nas taxas de juro. O encontro está marcado para 6 de junho.

(Notícia atualizada pela última vez às 9h53)

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IA generativa será uma oportunidade ou uma ameaça?

Para Rodrigo Moita de Deus o conteúdo gerado por IA é do Homem. Já Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte Legal, acredita que isto vai ser uma longa discussão que implica várias definições.

Será o conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) inovador ou uma junção de ideias? Rodrigo Moita de Deus defendeu na 7ª edição da Advocatus Summit que máquina apenas pega em dados e faz “qualquer coisa que não estava lá antes”, logo inova.

“Se eu pedir ao ChatGPT para fazer um guião para um vídeo institucional do ECO, os direitos de autor são de quem? Do ChatGPT ou sou meus? São meus, eu é que mandei fazer”, exemplificou o diretor do Newsmuseum e consultor da Fundação Champalimaud, sublinhando que o produto não existe sem curadoria. Ou seja, defende que um conteúdo ou produto gerado por um algoritmo pertence ao Homem.

Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte Legal, acredita que esta vai ser uma longa discussão uma vez que coloca em causa a forma como pensamos o direito de autor. “Ou mudamos a definição e vai mexer com muita coisa. Ou então os próprios atores, produtores, usuários, fabricantes e designers vão ter que se acautelar e vão ter que se acautelar, por exemplo, criando mecanismos de intervenção na criação de avaliação, desempenho e correção que lhes permitam dizer que, no fundo, aquilo foi uma mera extensão, uma mera ferramenta, como um pincel”, acrescentou.

Para Rodrigo Moita de Deus a IA é uma ferramenta “absolutamente extraordinária”, pese embora a sociedade olhe com “receio”. “Entramos todos nesta psicose de que os computadores vão tomar conta do mundo. Os guionistas em Hollywood entraram em greve, porque os computadores vão tomar conta do mundo, e esquecemos nos que as coisas não são bem assim e que este é um instrumento absolutamente extraordinário de apoio ao homem”, sublinhou.

Questionado se a IA poderá levar a uma redução dos postos de trabalho, o consultor da Fundação Champalimaud considera que estas ferramentas vão apenas libertar os profissionais de tarefas mecanizadas e que antigamente qualquer economista chamaria de “evolução”.

“A ideia de que uma máquina pode substituir um guionista é a mesma que dizer que uma impressora 3D pode substituir um escultor. O problema é que os guionistas já não pensam neles próprios como artistas, pensam como máquinas substituíveis. Mas a máquina tem um limite e a criação não é esse limite”, referiu.

Rodrigo Moita de Deus, diretor do Newsmuseum e consultor da Fundação ChampalimaudHugo Amaral/ECO

Rodrigo Moita de Deus assegurou que no seu dia profissional a IA está presente. Por exemplo, na Fundação Champalimaud utilizam algoritmos para desenvolver uma plataforma de inteligência artificial para apoiar os médicos.

“A inteligência artificial é o passo seguinte da evolução da tecnologia, do software e dos algoritmos. Dar-lhes a capacidade de aprenderem a fazerem as coisas e de irem muito mais longe do que o ser humano podia ir, nomeadamente na escolha da informação e do conhecimento”, explicou.

Consciente de que as empresas já apostam em IA há algum tempo, Jacinto Bettencourt admite que agora há uma preocupação se o podem continuar a fazer e em que termos devem fazer face ao regulamento europeu. “Agora temos o problema que é o problema regulatório. Como é que nós vamos abordar? Como é que nós vamos navegar?”, questionou.

Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte LegalHugo Amaral/ECO

Sobre a regulação, o sócio da Deloitte Legal revelou que se está a meter um “travão” que é “decalcado” do regime de dispositivos médicos. “Portanto, todo o processo de conformidade é decalcado daquilo que nós temos para o sistema farmacêutico e para os dispositivos médicos”, revelou.

“Mas ao mesmo tempo, a regulação também cria oportunidades interessantes”, acrescentou. Segundo explicou, a preocupação do legislador europeu foca-se em dois pontos: qual é a amostra quando se desenvolve IA e se está em conformidade.

Jacinto Bettencourt acredita que as regras europeias deverão “aliviar o fardo regulatório” e deve haver uma preocupação com o utilizador, com o consumidor e com os negócios feitos com o consumidor e utilizador.

“A IA é uma ameaça para os direitos, liberdades e garantias, mas também é uma oportunidade para Tom Cruise, cedendo a sua imagem e as suas características biométricas, fazer quatro filmes por mês e não um por ano. E não há qualquer disposição neste momento sobre como é que se regula um contrato sobre imagem”, sublinhou.

Rodrigo Moita de Deus, diretor do Newsmuseum e consultor da Fundação Champalimaud, Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte Legal, e Frederico Pedreira, jornalista ECOHugo Amaral/ECO

Relativamente ao setor, Jacinto Bettencourt considerou que a inteligência artificial é algo que já faz parte da advocacia há algum tempo e que no caso da Deloitte possuem duas linhas de serviço: legal management services e legal management consulting que utilizam inteligência artificial.

“A Deloitte Legal é uma rede que investe neste tipo de soluções atempadamente e empenha-se e tem acesso a clientes, a parcerias e projetos bastante relevantes que permitem acelerar a curva de experiência”, disse, avançando que já estão a ser desenvolvidas ferramentas de inteligência artificial generativa.

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Sem mãos a medir, AIMA vai perder em breve cerca de 100 funcionários

  • ECO
  • 31 Maio 2024

Escassez de recursos humanos no organismo que sucedeu ao SEF vem a agravar-se desde que entrou iniciou funções. Assiste agora à saída de uma centena de trabalhadores, que pediram transferência.

Desde que entrou em funcionamento, no final de outubro do ano passado, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) tem enfrentado um problema de falta de recursos humanos, que se tem agravado ao longo dos meses. Essa escassez de pessoas vai piorar em breve com a saída de cerca de 100 funcionários, que pediram transferência para outros serviços do Estado, noticia o Expresso esta sexta-feira.

Segundo o relatório sobre a Recuperação das Pendências do SEF, elaborado pela AIMA este mês, e ao qual o semanário teve acesso, este novo organismo tinha 174 funcionários em outubro. A partir daí, assistiu-se a uma “redução líquida do total de efetivos, devido à saída de vários trabalhadores, não compensada com as entradas entretanto ocorridas”. Segundo o Expresso, muitos funcionários pediram logo transferência, mas a AIMA travou-os, só que repetiram o pedido e a transferência não pode ser recusada uma segunda vez.

Ao défice de recursos acresce, segundo o documento, a existência de pelo menos 459.384 processos em curso a 29 de outubro de 2023 — um número que atualmente peca por defeito. A maioria (344.619) diz respeito a processos de legalização através de manifestações de interesse (para imigrantes que já se encontram em Portugal, sem necessidade de entrada legal no território), mas havia ainda mais de 3.200 processos de proteção humanitária (327 dos quais a menores), 4.000 pedidos de asilo e quase 15 mil relativos à obtenção de nacionalidade.

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Hoje nas notícias: AIMA, centros clínicos e Comporta

  • ECO
  • 31 Maio 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Cerca de uma centena de trabalhadores estão de saída da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), onde os processos pendentes chegam perto de meio milhão. A ministra da Saúde conta a anunciar em breve os primeiros centros de atendimento clínico em Lisboa e no Porto. Os maiores projetos em curso na Comporta mobilizam quatro mil milhões de euros de investimento. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional.

Debandada na agência para as migrações, com processos pendentes perto de meio milhão

Desde que entrou em funcionamento, em outubro do ano passado, persiste na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) uma escassez de recursos humanos que se tem agravado ao longo dos meses e que vai piorar em breve, com a saída de cerca de 100 funcionários, a pedido dos próprios. Segundo o relatório da agência sobre a Recuperação das Pendências do SEF, o novo organismo contava com 174 funcionários aquando da sua criação, o que corresponde a 41% do contingente dos organismos extintos que estaria à disposição. A partir daí, deu-se “uma redução líquida do total de efetivos, devido à saída de vários trabalhadores, não compensada com as entradas entretanto ocorridas”. Acresce que, de acordo com o mesmo documento, existiam, pelo menos, 459.384 processos em curso a 29 de outubro de 2023 — número que, atualmente, peca por defeito.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Lisboa e Porto vão ter centros clínicos para retirar doentes das urgências

A ministra da Saúde revelou, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, que conta anunciar em breve os primeiros centros de atendimento clínico “de proximidade”, em Lisboa e no Porto, por serem “as zonas mais pressionadas nesta fase”. Segundo a governante, trata-se de um novo modelo que visa ajudar a retirar dos hospitais os casos classificados como não urgentes. “Temos mesmo de conseguir separar o que é urgente e aí requalificar, humanizar e ter não só a especialidade de urgência que vai, com o acordo da Ordem dos Médicos, finalmente ser implementada, os centros de responsabilidade mais autónomos [CRI]”, disse.

Leia a entrevista completa no Público (acesso pago) e na Renascença (acesso livre).

Projetos em curso na Comporta mobilizam mais de quatro mil milhões

Está em marcha uma transformação acelerada da oferta turística da Comporta, com investimentos que ultrapassam os quatro mil milhões de euros se se considerar apenas os projetos de maior dimensão que estão a ser desenvolvidos, como os empreendimentos como o Pinheirinho e o Costa Terra. Destaca-se, porém, o investimento de três mil milhões de euros da Vanguard Properties, que liderou o consórcio vencedor do concurso lançado em 2018 para as terras que pertenciam ao antigo Grupo Espírito Santo (GES).

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Nunca se criaram tantas associações de moradores como na última década

Perto de um terço (286) das 861 associações de moradores atualmente existentes foram criadas a partir de 2010. Desde 1974, ano em que este associativismo começou a prosperar, o número de coletividades de vizinhança tem vindo a crescer consecutivamente de década para década. Entre as principais tarefas destes grupos, espalhados por todo o país, está o diálogo com o poder político e a dinamização da vida em sociedade.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Lucros da ANA atingem 417 milhões em 2023

O grupo ANA – Aeroportos de Portugal registou um resultado líquido de 416,7 milhões de euros no ano passado, mais 24,8% do que os 333,9 milhões registados em 2022. Face a 2019, o último ano que antecedeu a pandemia, os lucros obtidos em 2023 são superiores em 113 milhões. Como já se tinha sido revelado, as receitas da gestora aeroportuária atingiram 1.095 milhões de euros no último ano, aumentando 21,3% face ao ano anterior.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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Proprietários têm até esta sexta-feira para pagar primeira prestação ou totalidade do IMI

  • Lusa
  • 31 Maio 2024

Os mais de 3,8 milhões de proprietários que receberam notas de cobrança de IMI têm até esta sexta-feira para pagar a primeira prestação ou a totalidade do imposto, consoante os casos.

Os mais de 3,8 milhões de proprietários que receberam notas de cobrança de IMI têm até esta sexta-feira para pagar a primeira prestação ou a totalidade do imposto.

De acordo com dados facultados à Lusa pelo Ministério das Finanças, este ano (para o IMI relativo a 2023) foram emitidas 946.759 notas de cobrança de imposto de valor inferior a 100 euros e que atingem esta sexta-feira o prazo limite de pagamento.

Já os 2.245.046 que receberam um valor de imposto entre 100 e 500 euros e os 686.504 que têm mais de 500 euros de IMI a pagar podem optar entre efetuar o pagamento apenas da primeira prestação ou a totalidade.

De acordo com a lei, o IMI é pago numa única vez, durante o mês de maio, quando o seu valor é inferior a 100 euros, sendo desdobrado em duas prestações pagas em maio e novembro quando oscila entre os 100 e os 500 euros.

Superando os 500 euros é dividido em três prestações de igual montante a serem pagas em maio, agosto e novembro. No entanto, há já vários anos que os proprietários têm a possibilidade de, querendo, efetuar o pagamento total do imposto com a liquidação de maio.

O IMI incide sobre o valor patrimonial tributário (VPT) dos imóveis, contemplando uma taxa única de 0,8% no caso dos prédios rústicos (terrenos) e uma taxa que oscila entre os 0,3% e os 0,45% sobre os prédios urbanos (construções e terrenos para construção).

O imposto é calculado e cobrado pela AT, mas são as autarquias que decidem, todos os anos, qual a taxa que pretendem aplicar no seu concelho, dentro dos referidos intervalos, cabendo-lhes também decidir sobre a adesão ao IMI familiar, mecanismo que dá um desconto às famílias residentes, ou sobre a aplicação das taxas agravadas nos prédios devolutos ou em ruínas.

O número de autarquias que este ano indicou à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) que quer aplicar a taxa agravada de IMI para prédios devolutos e em ruínas ascende a 64. No seu conjunto, estas 64 autarquias identificaram 5.729 imóveis devolutos e outros 7.047 devolutos localizados em zona de pressão urbanística.

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Share walks”, a iniciativa pioneira no setor funerário em Terapia Assistida por Animais

  • Servimedia
  • 31 Maio 2024

O Grupo Albia promoveu uma inovadora atividade de apoio emocional assistida por cães na Funerária Torrejón de Ardoz para ajudar as famílias no seu luto.

A Casa Mortuária de Torrejón de Ardoz, pertencente ao Grupo Albia, apresentou esta semana o seu novo Programa de Terapia Assistida por Animais “Comparte paseos”, uma iniciativa pioneira no setor funerário em Espanha, concebida especialmente para crianças e adultos que se encontram em processo de luto pela perda de um ente querido. A atividade tem lugar todas as terças-feiras até 18 de junho e, a partir de setembro, será instalada de forma permanente na casa mortuária.

Este serviço é gratuito para as famílias e tem como objetivo facilitar a expressão emocional durante o velório, através do acompanhamento de um psicólogo especialista em luto e de um terapeuta especializado em terapia animal, juntamente com um cão treinado. Este acompanhamento proporciona múltiplos benefícios, entre eles, contribui para o bem-estar emocional, reduz a ansiedade e transmite serenidade no momento de lidar com a perda, especialmente em crianças e pessoas com deficiência.

Daniel Palacios, Diretor Geral do Grupo Albia, sublinhou que “esta iniciativa é um passo muito importante no nosso compromisso com o cuidado emocional, com o objetivo de garantir que as famílias recebem o melhor cuidado possível no momento da despedida. O nosso objetivo é alargar este projeto ao resto dos centros e consolidar a nossa posição como empresa funerária pioneira na gestão e acompanhamento psicológico das famílias”.

Por outro lado, Marian Carvajal, responsável pelo Cuidado Emocional do Grupo Albia, acrescentou que “o lançamento deste projeto é um passo muito importante no setor, que está cada vez mais focado em melhorar a experiência das famílias nas agências funerárias. O objetivo principal de “Comparte paseos” surge no momento certo, quando a consciência do bem-estar emocional e da importância de proteger a saúde mental aumentou”.

O projeto “Comparte paseos” é realizado em colaboração com a Growing Through Loss, uma equipa de profissionais do luto, e a Perruneando, especialista em educação canina e intervenções assistidas por cães.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 31 de maio

  • ECO
  • 31 Maio 2024

Ao longo desta sexta-feira, 31 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Aumento dos casos de covid-19 em Espanha põe em evidência a vulnerabilidade dos doentes imunocomprometidos

  • Servimedia
  • 31 Maio 2024

A covid-19 manteve os seus números sob controlo nos primeiros meses do ano, no entanto, no mês de maio houve um aumento das infeções em Espanha atingindo uma taxa de 55,9 casos por 100.000 habitantes.

O último relatório do Instituto de Saúde Carlos III do Sistema de Vigilância das Infeções Respiratórias Agudas (SIVIRA), que analisa o período de 20 a 26 de maio, mostra que o número de casos duplicou em relação à semana anterior (27,8).

Esta tendência de crescimento também se reflete nos números da maioria das comunidades onde, por exemplo, vale a pena destacar a situação na Comunidade de Madrid, onde 985 novos casos de covid-19 foram notificados em pessoas com mais de 60 anos de idade de 20 a 26 de maio, o que representa mais do dobro do número de casos (119,9% mais) em comparação com a semana anterior.

Uma situação que, embora não seja motivo de alarme, “requer uma atenção especial naqueles pacientes mais vulneráveis em que a vacinação, por falta de resposta, falhou”, como explica o Dr. Javier Castrodeza, professor da Universidade de Valladolid e chefe do Serviço de Medicina Preventiva e Saúde Pública do Hospital Clínico Universitario de Valladolid. Atualmente, cerca de um terço das amostras respiratórias processadas pelos laboratórios de microbiologia são positivas para a covid, “sem dúvida um dado relevante para estar vigilante no momento atual”, como acrescenta.

Especificamente, o “Relatório sobre Infeções Respiratórias Agudas” da semana de 20 a 26 de maio reflete que em Castela e Leão se registou uma taxa de incidência de covid-19 de 68 casos por 100.000 habitantes, com uma maior afetação nas pessoas com mais de 75 anos. Isto representa um aumento de 240% em comparação com a semana anterior.

Além disso, como salienta o Dr. Castrodeza, o número de pacientes internados no Hospital Clínico Universitario de Valladolid aumentou de sete em março e abril para 33 em maio. A este respeito, sublinha que “embora se trate de um número reduzido, queremos transmitir a importância da vigilância para podermos avaliar corretamente a situação, porque isso ajuda-nos a conhecer melhor a doença sem minimizar a sua presença, mas também sem a aumentar”.

Javier Castrodeza explica que os dados mais impressionantes são os dos hospitais, “que são os que refletem o maior impacto desta doença”. Entre estes pacientes encontram-se “pacientes de risco, pacientes imunocomprometidos, pacientes com patologias graves (com processos oncológicos hematológicos, transplantes reais ou cardíacos…) pacientes que, no caso de sofrerem uma infeção por covid, poderiam complicar substancialmente o seu processo evolutivo”.

Nestes pacientes, conforme indicado pelo Hospital Clínico Universitario de Valladolid, é necessário efetuar um acompanhamento especial. Nas palavras do médico, “a covid está aqui, embora não na mesma escala que estava, e nestes pacientes é altamente recomendável que a vacinação seja apropriada. Atualmente, estão disponíveis tanto vacinas de RNA mensageiro como vacinas adaptadas com adjuvantes proteicos, que podem, sem dúvida, ajudar a proteger contra esta doença. Além disso, no caso de não haver uma resposta adequada da vacina ou mesmo de não haver resposta, podem ser consideradas outras alternativas para os proteger de um possível agravamento da sua doença em doentes imunocomprometidos, aplicando outros mecanismos de imunização passiva com anticorpos monoclonais, se necessário.

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Atenção, jovens. Hoje é o último dia para pedir devolução das propinas

Os jovens que terminaram licenciaturas ou mestrados nos últimos anos têm até esta sexta-feira, dia 31 de maio, para pedir a devolução das propinas. Pagamento será feito até 30 de julho pelo Fisco.

Quem concluiu os estudos nos últimos anos tem até esta sexta-feira, dia 31 de maio, para avançar com o pedido online do prémio salarial de valorização das qualificações, medida que, na prática, corresponde à devolução das propinas. Até ao momento, mais de 161 mil pessoas já solicitaram este apoio, que varia entre 697 euros por ano, no caso dos licenciados, e 1.500 euros, no caso dos mestres.

Esta medida — que foi anunciada ainda pelo Governo de António Costa como forma de reter os jovens no país — dirige-se a quem tem até 35 anos, declare, em sede de IRS, rendimentos de trabalho dependente ou independente, e tenha concluído uma licenciatura ou mestrado no ensino público ou privado, em Portugal ou no estrangeiro.

Para quem tenha obtido em 2023 o seu grau de licenciado ou de mestre, o pedido deve ser feito até ao fim desta sexta-feira, sendo que o requerimento deve ser feito uma única vez, ainda que o jovem tenha direito a um prémio anual “durante o número de anos equivalente à duração regular do ciclo de estudos”.

Por exemplo, se estiver em causa uma licenciatura de três anos terminada em 2023, o beneficiário receberá, então, 697 euros por ano durante três anos, a contar de 2024.

Por outro lado, quem tenha concluído a licenciatura ou o mestrado em anos anteriores a 2023, pode também pedir este prémio, se tiver terminado os estudos há menos anos do que a duração do curso. Por exemplo, um jovem que tenha concluído uma licenciatura em 2022, cujo ciclo de estudos tenha sido de quatro anos, pode pedir a devolução das propinas.

Após a submissão do pedido, os pressupostos relativos ao grau académico são verificados pela Direção-geral do Ensino Superior, que transmite a informação ao Fisco, bem como indica o número de anos do ciclo de estudos em causa até 30 de junho.

Na fase seguinte, e até 30 de julho, a Autoridade Tributária paga este prémio aos jovens por transferência bancária, através do IBAN associado ao registo de cada contribuinte, na base de dados do Fisco.

Os jovens que entreguem o IRS com os pais, como dependentes, não têm direito a este prémio. Podem, contudo, entregar uma declaração de substituição autónoma, de modo a terem acesso a esta medida, conforme escreveu o ECO.

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Indústria portuguesa já faz contas aos “prejuízos” com nova greve nos portos

Pré-aviso de greve de dez dias nos portos nacionais causa apreensão nos industriais. Governo já se reuniu com sindicato e garante ao ECO que "está a envidar todos os esforços para aproximar posições".

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias anunciou uma greve de dez dias, que arranca a 4 de junho e que se prolonga até 28 de junho, abrangendo os portos do continente, Madeira e Açores. A perspetiva de paralisação nos portos portugueses está a deixar “apreensivos” os industriais ouvidos pelo ECO e que dependem da via marítima para o abastecimento de matérias-primas e para a exportação de mercadorias para destinos fora da Europa.

O setor da metalurgia e metalomecânica, o mais exportador da economia portuguesa, com vendas a rondar os 24 mil milhões de euros em 2023, mostra-se “inquieto” com esta greve, tendo em conta que 30% das suas exportações são expedidas por mar. O vice-presidente executivo da associação do setor (AIMMAP), refere que “haverá seguramente constrangimentos” e “em muitos casos não haverá alternativas”. Outras soluções, como o recurso aos portos espanhóis “ou não são sequer exequíveis ou encareceriam substancialmente os preços, reduzindo competitividade à oferta” das fábricas nacionais.

Rafael Campos Pereira sublinha que o “impacto efetivo da greve dependerá da dimensão, nomeadamente o período de tempo durante a qual se prolongará”, mas calcula que os prejuízos podem ser “relevantes”. “As empresas têm prazos a cumprir e ficarão sujeitas a penalizações se não o fizerem”, alerta o porta-voz da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal.

Esta greve é suscetível de nos inquietar. Haverá seguramente constrangimentos. (…) As empresas têm prazos a cumprir e ficarão sujeitas a penalizações se não o fizerem.

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente executivo da AIMMAP

 

Para outro setor fortemente exportador, como é o caso do têxtil e vestuário, que perdeu 5,6% das exportações em 2023, esta greve vai trazer “consequências” e “causar seguramente prejuízos quer pela importação, quer pela exportação”, como destaca o vice-presidente da ATP, Jorge Pereira. “Os contentores, ao ficarem retidos com as matérias-primas, além de terem custos acrescidos, têm [impactos] indiretos porque vai agravar os atrasos que já acontecem junto dos clientes do têxtil”. “Isto é muito mau para a reputação do setor”, assegura Jorge Pereira, em declarações ao ECO.

No caso das vendas ao exterior, o responsável da associação sediada em Vila Nova de Famalicão e liderada por Mário Jorge Machado nota que “se as empresas não conseguirem fazer os despachos e envios atempadamente, a mercadoria vai chegar mais tarde aos clientes”. Lembra que “isto é um ciclo” e que “os atrasos na importação acabam sempre por prejudicar a exportação” nesta altura de transições de coleções.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) não tem dúvidas que esta greve ” vai gerar dificuldades acrescidas para as empresas e, consequentemente, para a economia portuguesa”, num período já marcado por alguma instabilidade nas cadeias de abastecimento, principalmente no transporte marítimo, provocado pelas tensões geopolíticas. A associação liderada por Luís Miguel Ribeiro contabiliza que 70% da atividade económica está relacionada com o comércio internacional de bens, por via das exportações ou das importações.

Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP, em entrevista ao ECO - 13SET22
Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEPRicardo Castelo/ECO

De acordo com dados do INE relativos a 2022, no comércio internacional português, o transporte por via marítima é o modo de transporte mais utilizado, quando avaliado em toneladas – 47% do total de toneladas exportadas e 59% importadas. “O peso considerável do modo de transporte marítimo nos fluxos do comércio internacional português evidencia o impacto negativo que dez dias de greve poderão provocar na atividade das empresas, sobretudo pelos atrasos nas encomendas – aos quais estão mais suscetíveis empresas que trabalham com stocks reduzidos -, mas também pelas potenciais subidas dos custos”, alerta o líder da AEP.

Na ressaca de um ano em que as exportações portuguesas de mobiliário superaram os dois mil milhões de euros, um aumento de 11% face ao ano anterior e um máximo histórico, Gualter Morgado, diretor executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), relativiza o impacto nos envios para um setor em que “a maioria das exportações sai via terrestre”. Porém, assinala que a paralisação “poderá ter mais impacto no atraso de importação de algumas matérias-primas” e, consequentemente, “atrasar as produções”.

Também a indústria do calçado, que recentemente ultrapassou a rival Espanha ao nível da produção, exporta mais de 90% da sua produção, mas a maioria das mercadorias é transportada por via terrestre, pelo que, a esse nível, os empresários esperam que a greve não tenha um “particular impacto na atividade”. Ainda assim, Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação do setor (APICCAPS) alerta que “esta greve chega num momento de grande atividade exportadora e, por esse motivo, constitui um motivo de apreensão“.

Esta greve chega num momento de grande atividade exportadora e, por esse motivo, constitui um motivo de apreensão.

Paulo Gonçalves

Diretor de comunicação da APICCAPS

José Couto, presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), relata que esta grave irá causar “algum impacto” para os construtores, tendo em conta que a esmagadora maioria usa o transporte por via marítima, afirmando que “neste momento ainda não há alternativas à exportação pela via marítima para fora da Europa”. “Se os construtores ficarem com os parques cheios, não conseguirão fazer chegar os produtos aos mercados externos”, realça o responsável. Em entrevista recente ao ECO, avisou que “a produção de automóveis está a encolher” e as empresas nacionais vão ter de adaptar o chão-de-fábrica”.

Revisão salarial ameaça “encalhar” portos

Esta greve é motivada pela ausência de resposta à proposta de valorização remuneratória para este ano, que foi apresentada pelo sindicato há mais de meio ano. “Neste momento, o que está em cima da mesa é a revisão salarial” explica ao ECO o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP). Serafim Gomes adianta que reivindicam um aumento salarial próximo daquele que foi aplicado ao salário mínimo nacional em 2024 (7,9%), embora admita que é um “valor negociável”.

Só se chega a uma situação de greve quando não resta outra possibilidade e quando o setor se sente encurralado.

Serafim Gomes

Presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias

Serafim Gomes comenta que “só se chega a uma situação de greve quando não resta outra possibilidade e quando o setor se sente encurralado”. O líder do sindicato evidenciou a gravidade do impacto desta greve em todo país e, particularmente, na Madeira e Açores, com constrangimentos nos abastecimentos provenientes do continente, ainda que estejam garantidos os serviços mínimos nesta greve marcada para os dias 4, 5, 8, 9, 12, 13, 18, 19, 27 e 28 de junho.

Já a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) “lamenta esta greve” numa altura que “os portos começam a ter alguma paz e boa fluidez nas cargas de exportação e importação”. “Vimos de um período de crise e precisamos de todos os playersdesta cadeia a trabalhar no mesmo objetivo, que é angariar e continuar a movimentar carga, ajudando as exportações de que o país precisa, diz António Nabo Martins, presidente executivo da APAT, em declarações ao ECO.

Vimos de um período de crise e precisamos de todos os players desta cadeia a trabalhar no mesmo objetivo que é angariar e continuar a movimentar carga.

António Nabo Martins

Presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal

Os portos portugueses terminaram o ano passado com uma nova quebra de 2,2% na movimentação de cargas, mas ganharam quota aos rivais espanhóis. No entanto, como lembra António Nabo Martins, algumas infraestruturas, como é o caso de Lisboa ou de Sines, estão a aumentar novamente a movimentação da carga e cresceram no arranque deste ano. Até face a esta trajetória, completa, “era importante que não houvesse nenhum acontecimento que invertesse esse crescimento”.

Na ótica nos transitários, entre as principais perturbações estão “os navios não atracarem e não movimentarem a carga”, os “custos adicionais por não atracarem” e “se a greve for muito demorada, muitos navios poderem escolher outros portos para descarregar e carregar”. O que “poderá fazer com que as empresas portuguesas tenham de ir buscar as mercadorias a outros países”. Nabo Martins espera ainda “que a carga das ilhas não venha a ser afetada”.

António Nabo Martins, presidente executivo da APAT

Ainda assim, o porta-voz da APAT compreende o direito à greve dos trabalhadores, apelando ao “bom senso de todos os intervenientes neste processo, desde os trabalhadores, às administrações portuárias e à tutela”. Contactado pelo ECO, o Ministério das Infraestruturas e Habitação, liderado por Miguel Pinto Luz, adiantou já se ter reunido com o SNTAP e, através de fonte oficial, garantiu que “está a envidar todos os esforços para aproximar posições”.

Tal como os transitários, o líder da AEP, que foi reconduzido na liderança da associação com 95% dos votos, “apela ao sentido de responsabilidade e dever das partes envolvidas para que seja imediatamente retomado o diálogo e encontradas as soluções para um problema que é de todos”. Luís Miguel Ribeiro salienta a “necessidade de garantir a suspensão desta greve em todos os portos nacionais e mitigar, assim, possíveis impactos económicos negativos mais abrangentes”.

A AEP apela ao sentido de responsabilidade e dever das partes envolvidas para que seja imediatamente retomado o diálogo e encontradas as soluções para um problema que é de todos, salientando a necessidade de garantir a suspensão desta greve em todos os portos nacionais e mitigar, assim, possíveis impactos económicos negativos mais abrangentes.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente da AEP

À semelhança da Associação dos Transitários, a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR) já veio criticar esta nova greve dos trabalhadores das administrações portuárias, insistindo na concessão ou licenciamento de serviços portuários. A associação lembra que os portos nacionais estão a crescer em contraciclo, à boleia da crise no Mar Vermelho, e criticou o SNTAP por “ações que prejudiquem o esforço de todos os outros atores do setor”.

Em comunicado, os agentes de navegação criticaram, desde logo, o timing da greve, com “um Governo em início de mandato, com inúmeros problemas por resolver (…), usando a situação como forma de pressão [e] não tendo em consideração os prejuízos que os cancelamentos de escalas irão causar”.

A associação notou ainda que “dezenas de milhar de passageiros de cruzeiro irão ser prejudicados”. Acusa o sindicato de saber os prejuízos que a greve irá causar: “navios de passageiros e de carga cancelarão as suas escalas nos portos portugueses”, “as cargas chegarão mais tarde e com maior custo ao seu destino”, “alguns armadores porão em causa, no imediato e no futuro, a continuidade dos serviços que operam nos portos portugueses”.

Terminal de contentores do Porto de Lisboa MÁRIO CRUZ/LUSA 25 julho, 2016

Em resposta à AGEPOR, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias disse que “não aceita que haja quem prefira poder dispor, a seu bel-prazer, do trabalho precário, desregulamentado, com trabalhadores totalmente desprotegidos e que não possam defender os seus legítimos interesses”, recordando que “estão em causa os legítimos interesses de mais de 800 trabalhadores”.

De acordo com o documento enviado ao Governo, secretarias regionais e administrações portuárias, os trabalhadores dos portos do continente, Madeira e Açores vão estar em greve “das 00:00 do dia 4 de junho até às 24:00 do dia 5 de junho”, “das 00:00 do dia 8 de junho até às 24:00 do dia 9 de junho”, “das 00:00 do dia 12 de junho de 2024, até às 24 horas do dia 13 de junho”, “das 00:00 horas do dia 18 de junho, até às 24:00 horas do dia 19 de junho” e “das 00:00 horas do dia 27 de junho de 2024, até às 24:00 horas do dia 28 de junho”.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias afirma que uma eventual desconvocação da greve está dependente de respostas concretas, objetivas e atempadas por parte das administrações portuárias e da tutela, às propostas apresentadas pelo SNTAP a 23 de outubro de 2023 e que incluí a reivindicação de atualização da tabela salarial.

Em dezembro de 2022, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias (SNTAP) convocou uma greve de vários dias. Na altura, a estrutura sindical acusava as administrações portuárias de mostrar uma “ausência total de disponibilidade” para dialogar sobre a proposta de revisão salarial para o ano seguinte, com os transitários a estimar que a greve dos trabalhadores das administrações portuárias teria um impacto diário de “100 a 150 milhões” na economia portuguesa.

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Dívida comum da UE para financiar defesa pode ser realidade, mas é preciso reforçar receitas

Países europeus discutem emissão de "defense bonds", mas ainda não há consenso político. Encargos com juros da "bazuca" ainda vão pesar no orçamento da UE.

Depois de uma pandemia e com duas guerras “à porta”, a União Europeia ainda pode esperar “fortes pressões orçamentais” nos próximos anos, vindas de vários quadrantes. O alargamento previsto para países como a Ucrânia vai obrigar a uma reorganização dos fundos, mas há também questões prementes na Defesa que vão obrigar a um maior investimento no setor. E há quem, como Emmanuel Macron, defenda uma nova emissão de dívida conjunta para financiar este esforço, uma hipótese que os economistas ouvidos pelo ECO veem como uma possibilidade real nos próximos tempos.

Como salienta o economista João César das Neves ao ECO, “os próximos anos vão ser de fortes pressões orçamentais, não apenas por razões de Defesa, mas também ambientais, sanitárias e demográficas“. “Claro que, tendo aberto a porta a grandes emissões conjuntas de dívida, com o Plano de Recuperação e Resiliência após a pandemia, agora essa alternativa será cada vez mais invocada”, nota.

Foi no rescaldo da pandemia que o bloco avançou para uma emissão de dívida conjunta de uma dimensão nunca antes vista, para financiar o Next Generation EU, o instrumento que potenciou os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR). A chamada “bazuca europeia” previa que a dívida comum poderia chegar aos 800 mil milhões de euros em empréstimos.

Mas como salienta ao ECO Tiago Tavares, economista no Instituto Tecnológico Autónomo do México e Centro de Investigação Económica, “na sequência da pandemia a emissão da dívida conjunta da União Europeia cresceu dramaticamente”. “Estima-se que no final de 2026 a dívida associada ao financiamento do PRR e dos apoios ao desemprego durante 2020 ronde um trilião de euros, ao que se deve juntar mais 700 mil milhões decorrentes do Banco Europeu de Investimento e dos programas de resgate”, diz.

Esta foi uma decisão numa altura excecional, mas têm surgido líderes, como o Presidente francês, a defender uma nova emissão, nomeadamente para financiar o investimento na Defesa, num contexto de tensões geopolíticas.

Como recorda o economista Ricardo Ferraz, esta ideia “não é nova”. “Por exemplo, durante a Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos emitiram pela primeira vez as chamadas ‘Liberty Bonds’, que foram obrigações que ajudaram a financiar as suas despesas de guerra”, sendo que “devido à conjuntura geopolítica volta-se a falar neste tipo de obrigações”.

Como não existiu investimento à escala do que deveria ter sido, argumenta, agora começa-se a “falar num fundo para a defesa europeia, com um poder de fogo de muitos milhares de milhões de euros, e financiado através da emissão de dívida comum que são as tais “Defense bonds””. “Creio que será mesmo uma realidade”, afiança.

É preciso, no entanto, existir consenso político relativamente a esta opção, algo que não se verifica atualmente — a Alemanha, um peso pesado dentro da UE, é um dos principais opositores. O assunto já foi discutido entre os Estados-membros, mas está num impasse, ainda que Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (e candidata a mais um mandato), tenha defendido que a discussão “está no início, não no fim”.

UE terá de aumentar receitas próprias

Mesmo que acabe por avançar uma nova emissão conjunta de grande valor, a União Europeia vai precisar de financiamento além dos recursos próprios atuais, até pelos que já terá de enfrentar atualmente.

“Por norma, o pagamento dessa dívida conjunta é feito diretamente pelos países beneficiários”, explica Tiago Tavares, mas “a dívida associada ao PRR e programas adjacentes, no valor de 800 mil milhões de euros e cujos encargos associados ao seu serviço já se vislumbram superiores ao inicialmente previsto, dado a subida das taxas de juro, tem de ser financiada pelo orçamento da UE”.

Quando foi aprovada esta emissão de dívida, a Comissão estimou um custo cumulativo de juros de 14,9 mil milhões de euros até 2027. No entanto, na altura não era esperada uma subida das taxas, que ocorreu a partir de julho de 2022 devido ao disparo da inflação, que levou a uma subida do custo desta emissão.

Uma análise do think-thank Bruegel conclui que “é altamente provável que os custos dos juros da dívida da UE suportados pelo orçamento da UE sejam muito superiores aos previstos pela Comissão Europeia” em 2021. Os custos poderão ser “duas vezes superiores” no cenário de base deste estudo, com os custos totais a ascender a 30 mil milhões de euros.

Fonte: Bruegel

Assim, “para fazer face ao montante elevado do empréstimo, a Comissão Europeia já começou a reforçar as receitas próprias, onde se destacam o novo mecanismo de ajustamento carbónico fronteiriço e uma revisão no regime de licenças de emissão de carbono”, salienta o economista. “Está também em estudo o lançamento de novos impostos de âmbito europeu, por exemplo, taxas digitais ou taxas sobre transações financeiras”, destaca.

No entanto, “caso estas fontes adicionais de receitas não sejam suficientes, os Estados-membros terão de aumentar as suas contribuições diretas para o orçamento da UE”, alerta, algo que a maioria dos países quer evitar.

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