Como os jornais reagiram à vitória de Trump

  • Margarida Peixoto
  • 9 Novembro 2016

A vitória de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos marcou as primeiras páginas da imprensa pelo mundo inteiro. Veja aqui as capas dos jornais.

A vitória de Trump foi assinalada nas primeiras páginas dos jornais pelo mundo fora. O ECO selecionou algumas das capas mais marcantes sobre a conquista da Casa Branca pelos Republicanos. Muitas assumem o choque com os resultados eleitorais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Vitória de Trump é um choque”

Diogo Santos Teixeira frisa que "as políticas de Trump têm um efeito inflacionista, o que pode ser benéfico a curto prazo, em termos de crescimento, mas, a médio prazo, os juros vão subir.

“A vitória de Trump é um choque para os cidadãos e investidores”, afirma Diogo Santos Teixeira. O responsável da Optimize sublinha que “a reação dos mercados foi relativamente suave”, mas os próximos meses serão determinantes.

Diogo Santos Teixeira frisa que “as políticas de Trump têm um efeito inflacionista, o que pode ser benéfico a curto prazo, em termos de crescimento económico, mas, a médio prazo, a política de taxas de juro pode não ser tão positiva”, afirma.

“Ironicamente, a zona euro poderá estar, de certa forma, a salvo”, diz Diogo Santos Teixeira, mas os mercados emergente e EUA estão no olho do furacão. Contudo, o analista desabafa dizendo esperar que as medidas protecionistas de Trump não sejam implementadas, porque isso poderá desencadear um período complicado em termos de crescimento económico mundial.

Diogo Santos Teixeira deixa uma última nota: “Os órgãos de soberania têm mais responsabilidade em dar resposta aos desafios eleição de Trump colocou”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trump: “A volatilidade vai reinar, aumentando a incerteza”

"Tudo vai depender da força ou da teimosia de manter as medidas mais radicais do seu programa", diz Luís Bravo, antecipando, contudo, que "a volatilidade vai reinar, aumentando a incerteza".

Caso Donald Trump avance com os agressivos benefícios fiscais prometidos em campanha e leve a cabo a desejada política protecionista há o risco de a economia norte-americana entrar em recessão, alerta Luís Bravo.

O analista da Dif Brokers sublinha que após a “inesperada vitória de Trump“, os “investidores vão procurar sinais nas próximas semanas” de qual será a orientação do magnata que agora vai ocupar a Casa Branca. “Tudo vai depender da força ou da teimosia de manter as medidas mais radicais do seu programa”, diz Luís Bravo, antecipando, contudo, que “a volatilidade vai reinar, aumentando a incerteza“.

Positivo é o fato de, até ao final do ano, não haver notícias sobre a economia americana, até porque as empresas já apresentaram resultados e novos dados económico só serão conhecidos em dezembro. Para dezembro é também esperado o referendo em Itália. “Esta vitória pode espoletar o ceticismo em relação ao establishment“, alerta Luís Bravo.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trump é um risco. Mas para quem?

A vitória do republicano está a abalar os mercados. Trump é visto como um risco pelos investidores, mas qual será o maior impacto? Saiba o que dizem os analistas.

Donald Trump venceu. Ao contrário do que antecipavam as mais recentes sondagens, o republicano bateu Hillary Clinton para ser o 45º Presidente dos EUA. Uma conquista que está a abalar os mercados financeiros que percecionam Trump como um risco. Mas qual o impacto que poderá ter nos ativos? Saiba o que dizem os analistas.

Dívida da periferia? “Não venda”, diz o RBS

Enquanto a vitória de Trump aumenta a perspetiva de um “não” ao referendo italiano (a 4 de dezembro), que aumenta a expectativa de demissão de Renzi, e é negativa para os títulos de dívida de Itália, isso é mais do que compensado pela perspetiva de um aumento das compras de dívida por parte do Banco Central Europeu. “Deixem passar qualquer venda indiscriminada dos títulos de dívida da periferia”, já que acabarão o dia a valorizar, refere o RBS.

Não compre na queda, diz a Market Securities

Os investidores foram complacentes com as eleições norte-americanas, diz a Market Securities. Agora, os riscos precisam ser reapreciados, pelo que os investidores devem evitar comprar ações europeias neste contexto de quedas. Não haverá uma recuperação imediata como após o Brexit já que aumentarão as preocupações com resultados idênticos nas eleições na Europa em 2017.

Natixis: Trump pode acabar com a recuperação pós-Brexit

As eleições norte-americanas deverão colocar em risco a recente recuperação dos mercados acionistas após o Brexit, diz o Natixis. “A Europa não é uma alternativa de refúgio já que a incerteza política é um grande risco tendo em conta o referendo italiano, em dezembro”, diz o banco de investimento.

Allianz vê fuga para a dívida da Europa

A Allianz GI diz que os “mercados dos EUA devem entrar num ambiente de risco marcado por maior volatilidade e mais procura por ouro e títulos do Tesouro”. Relativamente aos títulos europeus, estes “podem, ironicamente, tornar-se um bastião de estabilidade, quando comparados com os EUA”. “No curto prazo, espera-se um ambiente de risco na dívida, taxas de rentabilidade mais baixas e uma curva mais plana”, remata.

Commerzbank: Trump menos mau que o Brexit

A queda dos títulos de dívida na Europa será “forte”, mas a desvalorização inicial (com consequente subida dos juros) “não deverá ser tão má quanto a que se seguiu ao Brexit”, diz o Commerzbank. Os mercados estão mais bem preparados, nota o banco de investimento, sendo que o facto de as sondagens nos EUA apontarem para um resultado renhido já tinha preparado os investidores para a eventualidade de o resultado poder levar Trump para a Casa Branca.

Trump é pior que o Brexit, diz o BMI Research

O choque com a vitória de Trump deverá ter um impacto mais expressivo do que aquele que foi sentido pelos mercados com o Brexit, diz o BMI Research. Porquê? “Ninguém sabe, ao certo, quais são as suas políticas e isso está a preocupar os investidores”, refere o banco de investimento. O dólar deverá continuar a cair, até porque, antecipa, a Fed deverá travar a intenção de subir os juros.

CA: Trump não é um novo Brexit

O resultado das eleições norte-americanas tem algumas semelhanças com as o Brexit no sentido em que os mercados estavam claramente a apostar num resultado diferente. Mas o Crédit Agricole diz que Trump não será um novo Brexit. Neste sentido, depois da reação negativa inicial, antecipa que “os mercados estabilizem e que o dólar, em particular, supere a fraqueza inicial”. Ainda assim, o dólar deverá cair contra o euro e o iene tendo em conta a reversão nas expectativas para a subida de juros da Fed.

Emergentes na mira, alerta o SocGen

O Société Générale vê a vitória de Trump como um risco para os mercados emergentes fruto da expectativa quanto a uma política comercial por parte dos EUA. México e Coreia do Sul podem ser os mais penalizados, mas o banco de investimento francês recomenda vender todas as classes de ativos dos emergentes. Onde apostar? Ativos norte-americanos, tanto ações como dívida, moedas (euro e iene), mas também ouro.

Dólar vai cair. Emergentes também, alerta o Barclays

O Barclays diz que a reação dos mercados não está a ser excessiva. “A dúvida é durante quanto tempo este movimento de fuga ao risco vai durar”, refere o banco de investimento. Relativamente ao dólar, o banco antecipa uma maior pressão na divisa norte-americana que deverá cair contra o euro e o iene com a menor expectativa quanto à subida de juros da Fed. Mais vai subir contra as moedas dos emergentes “perante uma potencial guerra comercial” entre os EUA e estas economias.

Moedas emergentes em apuros, diz o Macquarie

A vitória de Trump deverá acelerar alterações na política comercial norte-americana, na despesa dos EUA e, potencialmente, uma alteração na liderança da Fed. Neste contexto, e focando-se especialmente na questão da política comercial, o Macquarie diz que o republicano será negativo para moedas dos emergentes. O euro, o franco suíço e o iene são as moedas de refúgio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que é que Donald Trump quer para a economia?

  • Rita Atalaia e Marta Santos Silva
  • 9 Novembro 2016

Donald Trump expressou a sua visão para a economia durante a campanha presidencial. Agora que é Presidente, será que vai aplicar todas as medidas? Saiba quais são.

Agora que Donald Trump ganhou as eleições presidenciais nos EUA há que perceber qual será a sua agenda económica. Segundo a Moody’s, se aquilo que Trump tem defendido for aplicado, então a economia sofrerá uma recessão prolongada. Saiba o que o novo Presidente da maior economia do mundo tem defendido até agora.

Acordos de comércio livre? Trump diz não

Donald Trump defende afincadamente que acordos como o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) diminuem os empregos disponíveis nos Estados Unidos. O novo Presidente dos EUA tem propostas que sejam impostas tarifas de 45% nas importações vindas do México e da China, tendo chegado a sugerir que seriam em parte esses impostos que financiariam a construção de um muro na fronteira do México para impedir a imigração ilegal. Mas não só. Trump diz ser contra entidades como a NATO e a Organização Mundial do Comércio. Além disso, tem criticado as políticas comerciais e cambiais da China. “Quero dizer à comunidade mundial que vamos pôr os interesses da América em primeiro lugar, mas vamos tratar todos os países com justiça”, disse Donald Trump no discurso de vitória.

Salário mínimo. Políticas para quê?

O novo Presidente da maior economia do mundo não tem uma política diretamente direcionada para o salário mínimo. Donald Trump defende que as suas políticas económicas — com base em cortes nos impostos dos mais ricos — vão dar mais força à economia e diminuir o desemprego. Isto eliminará a necessidade de um aumento do salário mínimo. Trump acredita também que os vários Estados devem ter o direito de definir independentemente o seu salário mínimo. A Moody’s diz que, de acordo com o plano económico de Trump, no final do seu mandato haverá menos 3,5 milhões de empregos e a taxa de desemprego deve passar de 5% para os 7%.

Saúde económica dos EUA em números

tabela-01

Segurança Social. Economia fará o seu trabalho

Trump não tem um plano específico, apesar de falar frequentemente em proteger a Segurança Social. Essa proteção seria assegurada pelo resto do projeto económico que Trump defende. A economia ficaria forte ao ponto de a Segurança Social se tornar autossustentável — através de cortes nos impostos dos mais ricos e redução da regulamentação para as empresas. “Enquanto republicanos, opomo-nos a aumentos de impostos e acreditamos no poder dos mercados para criar riqueza e ajudar a assegurar o futuro do nosso sistema de Segurança Social”, defendeu o Presidente que vai substituir Barack Obama na presidência.

Americanos podem deixar de pagar impostos

Donald Trump defendeu durante a sua campanha o corte de impostos a todos os escalões. E afirmou que o seu plano prevê que muitos americanos deixem de pagar impostos completamente. A grande diferença está nos impostos das empresas. Trump quer cortar o imposto sobre os rendimentos das empresas, que estava em 35%, para 15%. O republicano acredita que a liberalização da economia e o corte dos impostos vão fortalecer as dinâmicas de mercado e acabar por enriquecer toda a população. O cofundador da Apple, Steve Wozniak, e o do Twitter, Evan Williams, publicaram uma carta aberta que diz que as medidas propostas por Donald Trump para as empresas “seriam um desastre para a inovação”.

Défice norte-americano deve agravar-se

O think tank conservador Tax Foundation anunciou que o plano fiscal de Donald Trump agravaria o défice norte-americano em 5,9 biliões de dólares em dez anos. O mesmo relatório do Committee for a Responsible Federal Budget alerta para o facto de que as reduções de despesa de Trump não serem suficientes para compensar os enormes cortes nos impostos que este propõe fazer, o que provocaria um aumento dramático da dívida norte-americana após dez anos.

U.S. President-elect Donald Trump gestures while speaking during an election night party at the Hilton Midtown hotel in New York, U.S., on Wednesday, Nov. 9, 2016. Trump was elected the 45th president of the United States in a repudiation of the political establishment that jolted financial markets and likely will reorder the nation's priorities and fundamentally alter America's relationship with the world. Photographer: Andrew Harrer/Bloomberg
Fonte: Andrew Harrer/Bloomberg

O regresso da lei de Glass-Steagall

Donald Trump quer recuperar esta lei de 1933. A Lei de Glass-Steagall, criada na era da Grande Depressão, forçou a separação da banca de retalho da banca comercial. No entanto, a criação da lei Gramm-Leach-Bliley acabou por anular a que foi criada anteriormente, permitindo que bancos com o Citigroup e outros formassem o que chamam de “supermercados financeiros”, onde juntam todos os serviços financeiros num só.

Adeus Obamacare

No programa de Trump fica claro que vão abandonar totalmente o Obamacare, a reforma do sistema de seguros de saúde dos EUA e que visa a cobertura subvencionada a milhões de norte-americanos. O novo líder do Governo diz que “ninguém deve ser obrigado a comprar seguros, a não ser que queiram”. Trump quer mudar a lei existente que inibe a venda de seguros de saúde entre Estados. Desde que o seguro comprado cumpra os requisitos do Estado, qualquer vendedor pode ser capaz de oferecer um seguro em qualquer Estado. Ao permitir a concorrência total neste mercado, os custos dos seguros devem descer e a satisfação dos consumidores aumentar. Pelo menos é isso que defende Donald Trump.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Incerteza? Investidores procuram a Bitcoin

  • Rita Atalaia
  • 9 Novembro 2016

Com a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas, há uma moeda que está a beneficiar no meio do caos. A bitcoin sobe quase 4% contra o dólar.

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA agitou os mercados internacionais. Mas há um ativo que está a beneficiar deste resultado. A moeda digital bitcoin está a subir acentuadamente contra o dólar.

Tradicionalmente, os investidores procuram ativos considerados seguros, como as obrigações soberanas dos EUA ou o iene, em momentos de volatilidade. Mas hoje o dia é da bitcoin. A moeda digital está a subir quase 4% contra o dólar. A nota verde também não está a ter um bom desempenho contra o euro e o iene. Contra a moeda única cai 0,8% e contra o iene desce 1,7%. Já o peso mexicano perdeu 13%, naquele que é o maior tombo das últimas décadas.

Os restantes mercados também não sabem muito bem como reagir a este resultado. Para acalmar os receios, o novo Presidente dos Estados Unidos decidiu adotar um tom conciliador ao fazer o seu discurso de vitória, apelando aos adversários que se unam para “sarar as feridas” do país.

A última vez que os mercados foram fortemente abalados por um evento político foi em junho, quando os britânicos, também contra todas as sondagens, votaram a favor do Brexit. Nessa altura, no espaço de dois dias, o índice S&P 500 acumulou uma perda de 5,3%. Os investidores estão agora a tentar perceber que posições adotar, num dia que deve ser marcado pela volatilidade nos principais mercados globais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estes dois portugueses apoiam Trump. E explicam ao ECO porquê

Deste lado do Atlântico reina a incompreensão em relação a Donald Trump, com devidas exceções. O ECO falou com dois luso-americanos que apoiam Trump para perceber os seus argumentos.

Foi Portugal quem a viu nascer, mas foram os Estados Unidos que a viram crescer. Agora está a caminho dos 60 anos, mas a vida ainda é em Nova Iorque. No futuro, quem sabe, regressa à calma de Portugal, algo que só saboreia esporadicamente quando vem a Lisboa.

Maria Isabel Rodrigues Mahler fez-se banqueira numa altura em que as mulheres ainda não tinham cargos de topo. Ainda jovem, encarnou o sonho americano: estudou e trabalhou ao mesmo tempo, comprou uma casa antes de chegar às duas décadas de vida e foi do cargo mais baixo do banco até ao segundo mais alto, o de vice-presidente.

É esse passado no setor bancário que marca o seu pensamento atual. A economia esteve e continua a estar no centro da sua vida. É mulher e apoia Trump, sem um “mas” a condicionar. Não gosta de nenhum dos candidatos, mas apoia o republicano por este ser “um homem de negócios”. “A Hillary nunca produziu um produto”, argumenta ao ECO.

O mesmo argumento é dado por Francisco Semião, o fundador e diretor da National Organization for Portuguese Americans. O luso-americano é, a título individual, apoiante de Trump porque o “passado dele nos negócios deu emprego a muitas pessoas”. Acérrimo defensor do mercado livre, acredita a 100% que as melhorias da economia têm de vir do setor privado e não do Estado.

“Infelizmente, Clinton nunca esteve nesse lado. Foi sempre uma funcionária do Governo e não produziu nada. Ela acredita que as melhorias da economia são fruto do Governo, mas isso não é verdade. São fruto do mercado. Eu tenho um mestrado numa escola de negócios, por isso eu percebo essa arte”, explica ao ECO.

Semião é um dos diretores de um grupo hospitalar em Washington. O seu nível de educação, tal como o de Maria Isabel rejeitam um preconceito quanto aos eleitores do republicano: não são só os que têm menos literacia quem vota em Trump.

cropped-donald_trump_and_hillary_clinton_during_united_states_presidential_election_2016

Tanto Francisco Semião como Maria Isabel têm formação superior. A banqueira estudou Contabilidade e depois Direito nas universidades nova-iorquinas. Já Semião tem dois mestrados, um em gestão e outro em saúde pública pela Universidade de George Washington e pela Universidade Marymount.

A sua mãe é de El Salvador, mas o pai é português. Francisco, agora de 47 anos, é 100% americano. Sabe um pouco de português e, desde que reatou a relação com o pai antes de chegar aos 30 anos, vem a Portugal todos os anos. Foi nessa transição para se tornar adulto que se relacionou mais com a comunidade portuguesa em Washington D.C. O ponto de conexão foi a Igreja Católica, mas depois alargou-se de tal forma que criou a National Organization for Portuguese Americans em 2009.

Gosta de política, mas tinha deixado de se envolver há alguns anos porque não sentia que podia fazer a diferença. “Os partidos estavam a velejar a América”, critica. Mas continuou a achar que as eleições são muito importantes e cultivou os contactos que tinha criado na política. Recorreu a esses contactos quando se interessou pela campanha de Trump, um interesse comum aos estrategas do republicano que viram em Francisco Semião uma mais-valia para expandir a campanha às minorias.

O que explica que as pessoas apoiem o Trump?

Maria Isabel já vive nos Estados Unidos há 50 anos. Conhece bem o descontentamento existente com as políticas atuais, principalmente porque não acredita nos números do desemprego que são lançados semanalmente.

“Por ter sido bancária percebo mais de números do que a população em geral. Se um americano não estiver a receber o subsídio de desemprego, já não conta. Existem 95 milhões de americanos sem emprego. São 10 ‘Portugais’. O Presidente [Obama] não fala sobre isso porque isso reflete a política dele”, critica.

Assume que Trump é “mau” — até o classifica de “louco” — mas aprecia o seu passado enquanto empresário. “O Donald Trump criou uma indústria fenomenal. E fê-lo mais depressa do que o estimado e a um preço mais baixo do que o esperado. Eu admiro isso”, confessa, ao mesmo tempo que vinca a necessidade de Trump ser mais diplomático.

Existem 95 milhões de americanos sem emprego. São 10 ‘Portugais’.

Maria Isabel, banqueira

Esse fator aliado à noção de que existe um “grande problema económico” nos EUA ajudou a luso-americana a decidir a sua intenção de voto. “Quando a América está com problemas económicos, o mundo está com problemas. Se pararmos de comprar aos chineses, estariam numa alhada. Somos os polícias do mundo. O Trump vai ser o presidente que não se vai querer envolver nos assuntos externos”, clarifica.

Francisco Semião utiliza o mesmo argumento económico. O luso-americano faz parte da Coligação Nacional para a Diversidade da campanha presidencial de Donald Trump e do departamento do Comité Nacional Republicano dedicado à população hispânica. Nunca teve contacto direto com o candidato, só fala com os conselheiros da campanha, mas é realista quando a um ponto: “Eu não acredito em tudo o que Donald Trump diz”.

No futuro, se Trump for Presidente dos EUA, “vai ter de haver um equilíbrio”, avisa, para que o povo americano não seja prejudicado pelo que Trump diz. “O que ele quer fazer é que os acordos estabelecidos sejam benéficos para o país, algo que não tem sido a prática anteriormente pelo establishment“, critica, referindo-se aos acordos comerciais que o candidato republicano promete rever, refazer ou até revogar caso se provem negativos para a economia norte-americana.

O lapso feminino de Trump

O escândalo da gravação de Donald Trump a fazer “conversa de balneário” foi o que teve mais impacto nos seus apoiantes, principalmente os apoios de peso do Partido Republicano. Os comentários xenófobos ou racistas em relação a algumas minorias não tiveram uma reação tão impactante. Isso só é explicado pelo facto dos direitos das mulheres serem, neste momento, um dado adquirido e sagrado nos EUA.

Em 2012, Maria Isabel votou em Obama. “Sentia que as relações entre os pretos e os brancos iam mudar com essa eleição”, confessa ao ECO. O mesmo não pode acontecer na relação das mulheres com os homens na eleição de Hillary? “Como uma mulher, não. Eu vou fazer 60 anos, mas quando comecei no setor bancário as mulheres não tinham cargos de topo. Eu percebo que as mulheres da minha geração votem nesse sentido [em Clinton] porque sentiram essa diferença”, explica, referindo que atualmente essa diferença desvaneceu e que as novas gerações estão imunes a isso.

“Há mais mulheres do que homens a licenciarem-se nos EUA. E os millennials não estão necessariamente a votar em Hillary. Estavam a votar no Bernie Sanders”, argumenta. Além disso, a banqueira identifica um problema que a afasta de Clinton: a investigação do FBI aos emails. “Não gosto quando mentem na minha cara. Não gosto da Fundação Clinton porque não foi criada para ajudar ninguém, a não ser os amigos da política”, acrescenta.

Já Francisco Semião diz não acreditar que “as coisas vão ao extremo” quando é confrontado com as declarações de Trump. Semião defende-se com o papel do Congresso, o principal obstáculo de Barack Obama durante os oito anos que esteve à frente dos Estados Unidos.

Ele diz o que pensa. O problema que tivemos até agora é que os políticos diziam o que nós queríamos ouvir, mas faziam uma coisa diferente.

Francisco Semião, gestor de um hospital

É por isso que existe um Congresso. Ele é político há pouco tempo. Não fez carreira na política como outros mais refinados. Ele diz o que pensa. O problema que tivemos até agora é que os políticos diziam o que nós queríamos ouvir, mas faziam uma coisa diferente”, explica. Honestidade é a palavra de ordem. É o sentimento que domina os eleitores de Trump quando o ouvem.

Além de se defender com o profissionalismo que Trump revelará quando for eleito, o luso-americano diz que muita da culpa dos escândalos é dos media. “Os media tem enviesado as mensagens. Não são imparciais”, critica Francisco Semião, especificando o caso dos defensores dos direitos às armas: “Fazem com que pareçam idiotas”. Semião acusa ainda os media norte-americanos de se focarem nos escândalos de Donald Trump e pouco nos de Hillary Clinton. “Há uma falta de balanço no foco dos media”, remata.

Clinton: um Obama to be continued?

Maria Isabel partilha do sentimento de anti-establisment que domina os apoiantes de Donald Trump. Ele é um estrela de televisão, tem cuidado no aspeto visual mas é desastroso com as palavras, como pede a trash tv americana. É Trump quem os convence, pela inércia, que será um melhor presidente do que Clinton, uma dama de continuação no jogo político americano.

Ao ECO, a bancária fala da desilusão com Obama no Médio Oriente, “algo que afeta mais os europeus do que os americanos”, avisa, referindo-se aos ataques terroristas. “A Europa está a pagar o preço”, diz. E sabe do que fala. A 11 de setembro de 2001 estava a alguns quarteirões do World Trade Center. O andar 106º fazia parte do seu quotidiano: era lá que trabalhava até ter mudado um mês antes do ataque.

Sentiu um estrondo, mas pensou que seria o metro. Avisaram-lhe que um avião tinha batido numa das Torres Gémeas, mas não atingiu a gravidade da situação no momento. Quando abriu a porta do seu novo escritório, em Manhattan, a primeira coisa que os seus olhos viram foi o embate do segundo avião na segunda torre.

Vi pessoas saltarem. Ninguém consegue perceber a não ser quem viu.

Maria Isabel, banqueira

“Vi pessoas saltarem. Ninguém consegue perceber a não ser quem viu. Para quem viu na televisão foi quase como ver um filme. Nunca mais somos os mesmos”, explica ao ECO, revelando que também isso pesa no pensamento que atualmente tem em relação à realidade política e económica norte-americana.

O relato é impressionante: “Eu deixei de trabalhar na banca e nos mercados depois de 30 anos porque não queria estar em Manhattan todos os dias. Estava à espera de alguma coisa explodisse todos os dias. Eu estive em choque durante dois anos por causa da realidade que eu vi. E o cheiro… Não consegui deixar de o sentir durante anos. Eu não conseguia cheirar churrasco (barbecue)”.

É uma situação semelhante que prevê que aconteça na Europa caso ninguém atue no Médio Oriente. “Às vezes é preciso fazer coisas que não são populares para se ser um bom presidente”, defende. Queria que Obama se tivesse envolvido mais. É a favor do lema “fix it or leave it” (resolvam ou deixem em paz). “Não podemos continuar a ter soldados americanos sem braços ou pernas. Parte-me o coração”.

“Eu percebo que as pessoas que não vivem nos EUA não percebam o que o Trump diz”, explica ao ECO. É uma realidade que não conhecem e que Maria Isabel sentiu e sente na pele todos os dias.

Editado por Paulo Moutinho

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Eleições deixam Wall Street em ‘stand by’

Enquanto os eleitores decidem os próximo Presidente norte-americano, investidores vão aguardando por resultados mais concretos quanto ao próximo inquilino da Casa Branca.

Depois da melhor sessão em oito meses, Wall Street abriu esta terça-feira com os investidores bastante expectantes quanto ao que pode vir a desenrolar ao longo de todo o dia. Hoje fica decidido quem será o próximo Presidente dos EUA. Apesar da vantagem de Clinton nas sondagens, o resultado final continua incerto perante um Trump que tem resistido desde as primárias do lado republicano.

Assim, o S&P 500, o índice de referência mundial, desvalorizava 0,27% para 2.125,56 pontos, num movimento de ligeira correção após a melhor sessão em oito meses alcançada esta segunda-feira. Também o industrial Dow Jones e o tecnológico Nasdaq perdiam 0,2% e 0,22%, respetivamente.

“Depois de uma forte valorização na sessão de ontem, parece que há alguma tomada de mais-valias no arranque da sessão”, referiu Benno Galliker, da Luzerner Kantonalbank, à Bloomberg. “Mas o mercado está de facto em espera, aguardando pelo resultado das eleições. Toda a gente está a preparar-se para o dia seguinte. Se Trump vencer, teremos uma onda vendedora nos mercados”, acrescentou.

"Depois de uma forte valorização na sessão de ontem, parece que há alguma tomada de mais-valias no arranque da sessão. Mas o mercado está de facto em espera, aguardando pelo resultado das eleições. Toda a gente está a preparar-se para o dia seguinte. Se Trump vencer, teremos uma onda vendedora nos mercados.”

Benno Galliker

Luzerner Kantonalbank

Os últimos dias de campanha foram marcados pela “intromissão” do FBI no cenário político, depois de ter anunciado há pouco mais de uma semana a reabertura da investigação ao caso dos emails de Hillary Clinton, uma situação que veio impulsionar Donald Trump nas sondagens. Entretanto, no fim de semana, o mesmo FBI concluiu que não viu indícios de crime no comportamento da candidata democrata, permitindo que se descolasse um pouco mais do opositor republicano.

As casas de apostas indicam uma probabilidade de 80% de Clinton ocupar a Casa Branca nos próximos quatro anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hillary e Trump dão o tudo por tudo nos “swing states”

O dia D chegou. Os americanos vão hoje às urnas para decidir o novo Presidente dos EUA. Hillary Clinton e Donald Trump deram o tudo por tudo nos comícios da última noite de campanha.

Chegou o dia D. Hoje é o último último dia de uma campanha renhida e pautada pela falta de elegância. Por isso, tanto Hillary Clinton como Donald Trump escolheram os swing states para realizar os últimos comícios. Hillary pede o voto numa “América generosa”, Trump insiste no seu slogan America first.

No seu último discurso, em Raleigh, na Carolina do Norte, Hillary pediu aos eleitores para escolherem a sua visão “de uma América com esperança, inclusiva, generosa”. “Os nossos valores fundamentais estão a ser testados nestas eleições, mas a minha fé no nosso futuro nunca foi mais forte”, disse.

Não temos de aceitar uma América obscura e divisionista”, afirmou, a candidata à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, no início da madrugada nos Estados Unidos, a poucas horas da abertura das mesas de voto na costa leste do país, que hoje escolhe o sucessor de Barack Obama.

Apesar de esta ter sido a sua última iniciativa antes da abertura das mesas de voto, o grande comício de fecho de campanha de Clinton foi horas antes, em Filadélfia, onde juntou perto de 40 mil pessoas — um recorde de afluência — e onde estiveram, a seu lado, Barack Obama, a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e o ex-Presidente e seu marido Bill Clinton.

epa05621870 Democratic Party 2016 US presidential nominee Hillary Clinton (R) and her husband Bill Clinton participate in her final late night campaign event at North Carolina State University in Raleigh, North Carolina, USA, 08 November 2016. The USA general election will take place on 08 November.  EPA/CAITLIN PENNA
Hillary Clinton (D) e o seu marido Bill Clinton participam na última noite de campanha na Universidade da Carolina do Norte em Raleigh. EPA/CAITLIN PENNA

Em Filadélfia, Hillary Clinton apelou ao voto dos norte-americanos nas eleições de hoje para haver um resultado “sem dúvidas”. “Vamos votar!”, disse Clinton, que pediu para as eleições de hoje não deixarem qualquer dúvida ao seu rival do Partido Republicano, Donald Trump, que admitiu a possibilidade, durante a campanha, de não reconhecer os resultados. Mostrem “que não há dúvida sobre o resultado destas eleições”, vincou.

Hillary Clinton chega ao dia da votação à frente nas sondagens, mas a diferença média em relação a Donald Trump é inferior a três pontos percentuais. As primeiras estimativas apontam para que o voto antecipado tenha sido a opção de 46,3 milhões de eleitores, mas este valor poderá subir até aos 50 milhões. No último ato eleitoral, foram 46,2 milhões os eleitores que optaram pelo voto antecipado, ou seja, 35% dos sufrágios. Por agora, de acordo com o cálculo baseado nas médias das intensões de voto do site RealClearPolitics, Hillary vence em termos de grandes eleitorados.

 

Trump e a America First

Indiferente às sondagens, Trump não baixa os braços. E apesar de não ter estrelas de rock nos seus comícios, no último dia a família saiu em peso para o apoiar. “Imaginem aquilo que o nosso país poderia conseguir se começássemos a trabalhar juntos como um povo, sob um Deus, saudando a bandeira americana”, disse a apoiantes no estado do Michigan, no início da madrugada de hoje, a poucas horas da abertura das mesas de voto na costa leste dos Estados Unidos.

“Hoje é o nosso Dia da Independência”, disse Trump, candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano. Trump tinha inicialmente previsto fechar a campanha em New Hampshire, mas acrescentou uma ida ao Michigan à última hora. Aos apoiantes no Michigan disse que, agora que a campanha terminou, a sua “nova aventura” será “voltar a tornar a América grande outra vez”.

Donald Trump, 2016 Republican presidential nominee, gestures while speaking during a campaign event in Scranton, Pennsylvania, U.S., on Monday, Nov. 7, 2016. A federal judge rejected arguments that Trump and his political adviser Roger Stone are rallying supporters to intimidate minority voters on Election Day by acting as vigilante poll monitors and "ballot integrity" volunteers. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg
Donald Trump, no último comício em Scranton, na Pensilvania. Michael Nagle/Bloomberg

Trump percorreu na segunda-feira, último dia de campanha, cinco estados do país: Florida, Carolina do Norte, Pensilvânia, New Hampshire e Michigan. Em New Hampshire disse que vai ganhar as eleições de hoje e que o Partido recuperará a Casa Branca. “Vamos recuperar a Casa Branca”, disse, perante mais de nove mil apoiantes. “Peço o voto de todos os norte-americanos. Democratas, independentes (…) que sintam a desesperada necessidade de uma mudança”, afirmou o milionário.

“A partir de amanhã [hoje] voltaremos a fazer grandes os EUA”, acrescentou, referindo mais uma vez um dos seus lemas de campanha. Foi em New Hampshire que Trump ganhou as primeiras primárias, em fevereiro deste ano, no início da corrida eleitoral que o levou a ser nomeado candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos.

Neste comício, Trump voltou a atacar Hillary Clinton, que disse ser “a pessoa mais corrupta” que alguma vez se candidatou à Casa Branca e que afirmou “ter sido protegida por um sistema completamente arranjado”. Durante a campanha, Trump admitiu a possibilidade de não vir a reconhecer os resultados das eleições de hoje.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quer ganhar com as eleições norte-americanas?

Clinton ou Trump? Polémicas à parte, o próximo presidente dos Estados Unidos vai ter impacto nos mercados acionistas. Se pretende apostar na bolsa americana, vai querer estar do lado vencedor.

Quando os norte-americanos decidirem o próximo Presidente dos Estados Unidos, também você vai querer estar do lado vencedor. Tanto Hillary Clinton como Donald Trump têm colecionado polémicas nas últimas semanas de campanha. Para os investidores, porém, o ponto de interesse é saber como as suas visões e políticas para a maior economia do mundo vão ter impacto real em Wall Street.

Hillary e Trump têm em comum o interesse pelo setor da Defesa, mas há mais diferenças que os separam do que semelhanças que os unem. Tem ideia de como as propostas de cada candidato à Casa Branca vai influenciar as bolsas e as empresas?

Não? Então VOTE no seu candidato e descubra onde deve colocar as suas fichas.2016out18_voto-em-hillary-trump-01

2016out18_voto-em-hillary-trump-02

Wall Street ganha mais com democratas

Vale o que vale. Segundo as contas da corretora XTB, desde 1945, o índice de referência mundial S&P 500 valorizou-se a uma média anual de 9,7% durante os mandatos democratas, em comparação com uma taxa de crescimento médio anual de 6,7% observada nos períodos de poder republicano.

Foi, contudo, durante a presidência do republicano Gerald Ford que o S&P 500 provou o maior ganho — valorizou-se a uma taxa anual de 18,6%. Mas também foi durante a liderança republicana que o índice composto pelas 500 maiores empresas americanas caiu: primeiro com Nixon e depois com Bush (o filho).

Do lado democrata, a era Bill Clinton trouxe um ganho médio anual de 14,9% às bolsas. Também Obama foi um talismã: durante os seus dois mandatos, o S&P 500 cresceu a uma média anual de 12,4%.

Taxa de crescimento anual do S&P 500 por mandato

sp500_bolsas

“Estatísticas à parte, a candidata democrata Hillary Clinton representa a opção pela continuidade, com a qual o mercado provavelmente enfrentaria menos sobressaltos e manteria a tendência atual de lucros empresariais”, consideram os analistas da XTB. “Em contraste, Donald Trump propõe medidas que, do ponto de vista empresarial, poderiam ser positivas — como a redução dos impostos sobre as empresas -–, mas que por outro lado gerariam muita instabilidade tendo em conta o seu caráter beligerante”, reforçaram os analistas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quem sai a ganhar com Donald Trump?

Votou em Donald Trump ou acredita que ele é favorito a suceder a Obama? Petrolíferas, fast-food, casinos, banca e defesa são setores que podem ganhar com eleição do candidato republicano.

Com o lema de campanha Make America Great Again, o candidato republicano Donald Trump promete voltar atrás com alguma regulação da banca que Barack Obama impôs depois da crise financeira. A ideia é tornar mais fácil o crédito às famílias e às empresas, com o objetivo de fomentar o emprego e a economia. E depois de ter manifestado a sua oposição à subida do salário mínimo, já está mais inclinado à sua atualização (sem referir valores concretos) — algo que retira pressão sobre as contas das companhias de fast food. Tal como Hillary, para Trump o setor da Defesa é uma bandeira.

  • Petrolíferas, mineiras e gás

Exxon Mobil, Chevron ou ConocoPhilips estão entre as cotadas do setor petrolífero que mais podem beneficiar com o apoio de Trump à utilização de combustíveis fósseis como fonte de energia. Mas há outro fator que poderá impulsionar as petrolíferas: a maior clareza em relação à regulação do fracking, ou fratura hidráulica, um método de extração utilizada por companhias de petróleo e gás para aumentar a produção.

  • Fast-food

Se Hillary vencesse, seria o setor mais penalizado pelo aumento do salário mínimo por hora. Assim, com uma vitória de Trump, esta atualização salarial estaria mais longe e “serviria como balão de oxigénio para o setor”. E companhias de fast-food como McDonalds ou Domino’s Pizza poderiam ganhar com isto.

  • Defesa e armamento

Trump é um apoiante do porte de armas. “Além disso, Trump manifestou a sua intenção de reduzir as restrições que o setor enfrenta”, diz a XTB, que usa o lema da campanha do candidato republicano para assumir um maior investimento público no setor da defesa. Neste sentido, vale a pena olhar para cotadas como a Lockheed Marteen e Boeing.

  • Finanças

A reversão da reforma financeira Dodd-Frank, que apertou as regras para a banca norte-americana, é uma das propostas que Trump tem para animar a economia norte-americana. O candidato do lado republicado já disse que a regulação dificulta a tarefa dos bancos de emprestar dinheiro às pessoas para criar emprego e negócios. Menos regulação e mais atividade comercial para a banca poderá animar ações de instituições como JPMorgan Chase ou Goldman Sachs.

  • Casinos

A justificação da XTB para apostar no setor do jogo é simples: “É difícil de imaginar que um empresário que acumulou a maior parte da sua fortuna construindo casinos e hotéis vire agora as costas ao setor através do aumento da regulação”. Assim, sugere a corretora, aposte fichas na Wynn Resorts.

"É difícil de imaginar que um empresário que acumulou a maior parte da sua fortuna construindo casinos e hotéis vire agora as costas ao setor através do aumento da regulação.”

XTB

Eleições nos EUA - Relatório Económico

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quem sai a ganhar com Hillary Clinton?

Votou em Hillary Clinton ou está à espera de uma vitória dos democratas nas próximas presidenciais norte-americanas? Consumo, renováveis, defesa e farmacêuticas são setores com maior margem de ganhos.

O aumento do salário mínimo por hora, dos 7,25 dólares para os 12 dólares, proposto pela candidata democrata Hillary Clinton não agrada às empresas. Bom, nem a todas. O retalho é um dos setores que pode beneficiar com o aumento do rendimento das famílias. Além disso, promete alargar o Obamacare a mais utentes com benefício para o setor farmacêutico. Ao contrário de Trump, concentra mais atenção à energia renovável, potenciando o setor. Mas como Trump, Defesa também é setor sensível para Clinton.

  • Consumo

A retalhista Walmart ou fabricantes de produtos domésticos como a Procter&Gamble e Johnson & Johnson são alguns exemplos de cotadas do setor do consumo que poderão beneficiar com o aumento do salário mínimo que Hillary Clinton propõe. Para a XTB, esta atualização salarial “deverá traduzir-se no aumento do volume de consumo de bens básicos”.

  • Farmacêuticas

Há a intenção de alargar o plano de saúde implementado por Barack Obama, o ‘Obamacare’, o que aumentaria o número de utentes norte-americanos com acesso a cuidados de saúde. Neste cenário, as empresas do setor farmacêutico beneficiariam com um eventual aumento da procura, potenciando assim as ações da Pfizer ou da Allergan.

  • Energias renováveis

Entre os planos de Hillary Clinton está a instalação de mais de 500 milhões de painéis solares em menos de quatro anos. Este apoio da candidata democrata à energia verde “daria um grande impulso ao setor”, diz a XTB, que recomenda a aposta em títulos da empresa de energia renovável First Solar.

  • Elétricas

Não há a expectativa de mudanças drásticas na política energética caso Hillary lidere os EUA. Embora tenha sido um dos mais prejudicados pelas alterações regulatórias, o setor deverá assistir a um período de estabilização de receitas com Clinton ao leme. A XTB recorda que as empresas do setor costumam ser generosas na remuneração aos acionistas. Por há, importa ter em conta empresas como a Duke Energy e a FirstEnergy.

  • Defesa e aeronáutica

Se há tema sensível na opinião norte-americana, esse tema é a defesa. Segundo os analistas da XTB, “Hillary tem-se revelado mais agressiva do que Obama quanto ao uso da força militar”. Por isso, ações de empresas como a United Technologies ou Boeing poderão beneficiar com a eleição de Clinton para a Casa Branca. De resto, não é estranho à XTB que foi a candidata democrata que “mais donativos recebeu deste setor”.

"Hillary tem-se revelado mais agressiva do que Obama quanto ao uso da força militar.”

XTB

Eleições nos EUA - Relatório Económico

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.