Um sinal(zinho). É tudo o que se espera do BCE
O BCE reúne hoje para decidir sobre as taxas de juro. A decisão deve ser simples: não muda nada. As atenções estão viradas para o que dirá Draghi.
Um novo corte de juros? Não. O Banco Central Europeu (BCE) não vai atirar a taxa de referência para negativo. Vai mantê-la como está. E as restantes “armas” de política monetária também vão continuar a disparar, mas o mercado quer mais. Basta um sinal por parte de Mario Draghi sobre o programa de compras de dívida. Um sinal(zinho) de que poderá estendê-lo chega para manter os juros soberanos em mínimos.
Mexer agora na taxa de referência não faz sentido nenhum. Até porque, dizem os analistas, há muitos riscos no horizonte: as eleições nos EUA, o referendo em Itália, mas principalmente porque as novas projeções económicas da autoridade monetária da Zona Euro só serão conhecidas em dezembro. Disparar essa arma antes do tempo pode produzir poucos efeitos.
"Um erro de comunicação poderá ditar uma fuga em massa do euro e um aumento do prémio de risco da dívida dos países da periferia.”
O que o mercado quer é que Draghi ponha um travão na especulação de que começará a travar as compras de ativos no arranque do próximo ano. Aliás, qualquer indicação, por mínima que seja de que continuará no mercado para evitar agitar… o mercado. “Esta será uma reunião importante” para Mario Draghi. “Será um desafio de comunicação para o Conselho de Governadores do BCE”, diz o Royal Bank of Scotland, antecipando alguma volatilidade.
“Um erro de comunicação poderá ditar uma fuga em massa do euro e um aumento do prémio de risco da dívida dos países da periferia”, casos de Portugal. A taxa a dez anos recuou pela quinta sessão para menos de 3,2%, isto na semana da decisão da DBRS. O FT (acesso pago) diz que Portugal poderá entrar no discurso. Aponta para a possibilidade de Draghi clarificar a elegibilidade ou não dos títulos nacional caso o rating seja cortado pela agência canadiana.
Mario Draghi já sabe como os mercados são. Por isso, deverá ter a lição bem estudada, recorrendo a algumas palavras-chave para sinalizar o que poderá dar alguns sinais. “Draghi deverá rejeitar qualquer especulação sobre uma antecipação do fim do programa de compras”, diz o BofA Merrill Lynch, citado pela Bloomberg. O Citigroup vai mesmo mais longe: “o nosso cenário base é de que o BCE anuncie um aumento do limite das compras de 33% para 50% do montante da dívida de cada emitente, bem como um alívio na taxa mínima a que compra”. Ou seja, pode anunciar que vai comprar dívida com taxas mais negativas que a taxa dos depósitos.
O Deutsche Bank diz que “Draghi poderá dar algumas indicações sobre quanto tempo poderá durar o programa”. Mas uma decisão final, só mesmo em dezembro. “Continuamos a acreditar que o BCE irá anunciar em dezembro a extensão do programa de compras para lá de março de 2017”, diz o Goldman Sachs. “O BCE vai, com quase 100% de certeza, estender o programa além de março” do próximo ano na reunião de dezembro, refere o JPMorgan.
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