António Ramalho: ” É bom que haja dispersão das origens dos acionistas”
António Ramalho, presidente do Novo Banco reconheceu hoje ter sido convidado pela Deloitte para assinar um acordo de confidencialidade sobre o veículo que absorva o crédito mal parado da banca.
António Ramalho, presidente do Novo Banco afirmou hoje que ” é bom que haja dispersão das origens dos acionistas [de um banco]”. Foi desta forma que o presidente do Novo Banco que esta noite foi entrevistado no programa Negócios da Semana, da Sic Notícias, se referiu aos eventuais candidatos para a compra do Novo Banco.
Ainda assim António Ramalho deixou um apelo para que “os investidores portugueses que ainda os há, não se desinteressem pela banca portuguesa”.
As propostas finais pelo Novo Banco têm que ser apresentadas até ao próximo dia 4 de Novembro, e entre os interessados estão nomes como o BPI, BCP, Apollo Management e Centerbridge, Lone Star e ainda o China Minsheng Financial Holding, do grupo chinês Minsheng, este último interessado na opção de aumento de capital
Ramalho que se escusou nos acordos de confidencialidade que assinou com todos os eventuais interessados adiantou que quer a venda directa, quer a dispersão em bolsa “são dois modelos que seguem em paralelo” sendo a escolha feita pelo fundo de resolução. Recusando-se a referir quantas propostas existem em cima da mesa, Ramalho limitou-se a dizer que “acredito profundamente na instituição e acredito que a venda se vai fazer, e far-se-á até ao final do ano”.
Acredito profundamente na instituição e acredito que a venda se vai fazer, e far-se-á até ao final do ano.
Já sobre o valor atual do Novo Banco, o presidente da instituição referiu que “vai ser definido pelo mercado”. Ainda assim, Ramalho reconheceu que os 4,9 mil milhões de euros da capitalização é um valor que o Novo Banco “há-de valer no futuro” e recordou que “muita coisa mudou entretanto no sistema financeiro mundial”.
O presidente do Novo Banco adiantou ainda que já saíram do banco 1054 pessoas a que se juntarão mais 50 até ao final do ano. A estes números acrescem ainda mais 219 pessoas que irão sair no âmbito do desinvestimento que prevê a venda das unidades internacionais, cumprindo-se assim as exigências do plano de reestruturação acordado com Bruxelas. Os compromissos com Bruxelas previam que até dezembro de 2016 saíssem do banco 1300 pessoas e caso as ajudas financeiras se prolonguem que até ao final do primeiro semestre de 2017 saiam 1500 pessoas.
Veículo para malparado da banca em preparação
Sobre a criação de um veículo que absorva os créditos malparado da banca, António Ramalho reconheceu que foi convidado pela Deloitte para dentro de dias assinar um acordo de confidencialidade de modo a conhecer o plano que está a ser desenhado. O presidente do Novo Banco diz no entanto que “tudo vai depender dos detalhes e esses são fundamentais”. Para o presidente do Novo Banco é essencial que “haja transferência de risco, se reduzam as exigências de capital e ajude a desenvolver a economia”.
E adianta: “fui o primeiro a dizer que estava aberto a soluções, mas temos que conhecer os detalhes e as condições“.
A notícia de que a Deloitte juntamente com a Vieira de Almeida estava a preparar um plano para o malparado da banca já tinha sido avançada pelo ECO. A ideia é encontrar uma solução para limpar o balanço dos bancos sem afetar os respetivos capitais.
António Ramalho ganha 23.542 euros por mês
A polémica à volta dos salários dos banqueiros, sobretudo do novo presidente da Caixa Geral de Depósitos esteve também em cima da mesa. Ramalho escusou-se a fazer comentários mas adiantou que “os banqueiros têm que ser muito claros e transparentes sobre aquilo que recebem”. Ramalho adianta ainda que entregou em junho a sua declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, apesar de não ser claro se “somos ou não gestores públicos”. Depois dos cortes, António Ramalho referiu que “recebo 23.542 euros, e que este mês em termos líquidos recebi 10 mil euros“. Um salário que referiu é “10 vezes superior à média salarial do banco”.
“Refiro os valores porque é uma exigência que se coloca à banca no sentido de retomar a confiança, e a recuperação da confiança é fundamental para o setor“, referiu.
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