Atomico tem maior fundo de capital de risco da Europa. E quer investir em startups portuguesas
Fundo de capital de risco que já investiu na Uniplaces tem 722,2 milhões de euros para financiar Series A e rondas em diante. E está de olho no ecossistema português, garante fonte do fundo ao ECO.
A Atomico acaba de criar o seu quarto fundo de investimento no valor de mais de 722 milhões de euros (o equivalente a 765 milhões de dólares) para investir em startups tecnológicas europeias. E anda à procura de empresas em Portugal.
“O ecossistema português ainda não é tão maduro como o de Londres ou Estocolmo, por exemplo. Mas acreditamos que tem grande talento e potencial para crescer. Estamos oportunisticamente a olhar para empresas e em discussão com algumas startups portuguesas, sempre atentos a outras cujos fundadores tenham perfis semelhantes aos da Uniplaces em termos de ambição e escala“, explica Carolina Brochado, principal no fundo internacional de capital de risco.
Atenta aos ecossistemas de Portugal, Espanha e Reino Unido, Carolina conhece de perto o que se passa ao nível de empreendedorismo em cidades como Lisboa e Porto. E garante que nunca em Portugal se deu a conhecer tanto potencial de crescimento.
"Estamos muito otimistas em relação ao ecossistema empreendedor português. Está a crescer e a amadurecer e, se em 2013 os investimentos em startups não ultrapassaram os três milhões, em 2016 superaram os 51 milhões.”
“Temos muita confiança no ecossistema tech na Europa e acreditamos que vão vir deste continente as próximas grandes empresas do futuro, como o Facebook. Só que, na Europa, apesar do talento, existem nas empresas problemas de infraestrutura. Por exemplo, em rondas de financiamento de Series B, houve 14 vezes menos financiamento na Europa do que nos Estados Unidos. E essas empresas, entre rondas de Series A e B, ainda estão a construir equipas muitas das vezes. Por isso, é essencial que contem com o apoio de um fundo vocacionado para elas”, assinala Carolina.
De acordo com a Atomico, a Europa conta com 4,7 milhões de profissionais que geraram mais de 100 mil milhões de dólares em fusões e aquisições tecnológicas, num mercado que assistiu a mais de 30 ofertas públicas de aquisição (OPA) só no último ano, sem que a amplitude e qualidade dos fundos acompanhasse o processo. Com mais de 1.700 rondas seed e Series A nos últimos 12 meses, a taxa de conversão para outros estágios ainda é baixa.
Sabemos que é muito difícil criar empresas, mas é ainda mais complicado escalar.
Também por isso, a Atomico viu na criação deste fundo — o maior a nível europeu — uma oportunidade de continuar a apoiar as empresas que já pertencem ao portefólio “do ponto de vista operacional”: “Escolhemos nomes de alto calibre, com as competências específicas para acompanhar as startups na resolução de alguns dos desafios de crescimento”, explica Carolina.
Para acompanhar de perto empresas que já financiou, ou em que vai investir com este novo fundo Atomico IV, a Atomico criou uma equipa de especialistas que trabalharam em empresas de maior crescimento em todo o mundo: nomes como Niall Wass (Uber), Alexis Dormandy (Virgin, Orange), Benjamin Grol (Facebook, Google), Dan Hynes (Google, Skype) e Sophia Bendz (Spotify), são algumas das armas desta equipa multidisciplinar que, numa base a definir em função de cada caso, vão acompanhar de perto e sugerir soluções aos empreendedores. A medida, além de ser um “fator de diferenciação” face a outros fundos, é uma maneira de controlar o risco decorrente de financiamentos deste tipo, admite Carolina Brochado.
A equipa de apoio está dividida em duas áreas específicas: uma na área de investimento e a outra na de criação de valor, que dará apoio prático em áreas como a internacionalização e as parcerias, retenção de talento, marketing e comunicação e que conta com um total de 15 parceiros.
“Acabamos de angariar um dos maiores fundos e construímos a melhor equipa operacional da Europa para nos juntarmos aos mais ambiciosos empreendedores e ajudá-los a ser a referência global no setor onde atuam”, explica Niklas Zennstrom, CEO da Atomico, em comunicado.
A Atomico é o fundo de capital de risco que liderou a ronda de investimento de 22 milhões de euros, anunciada pela portuguesa Uniplaces em pleno Web Summit, em novembro de 2016. Também por isso, as startups portuguesas estão no radar deste novo fundo, depois do êxito dessa ronda de investimento.
Fundada em 2006, a Atomico está focada em empresas europeias que estejam prontas para dar o passo da internacionalização como líderes nas suas categorias. Os investimentos incluem a Bitmovin, Farmdrop, GoEuro, Jobandtalent, Klarna, LiliumAviation, Pipedrive, Scandit, Supercell, TheClimateCorporation e a portuguesa Uniplaces. O anterior fundo da Atomico — Atomico III LP — fechou em 2013 com 476,6 milhões de dólares.
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