Os quatro alertas da Fitch
A Fitch reviu em alta o outlook do país, um primeiro passo para que a dívida pública nacional saia do "lixo". Mas isso pode voltar atrás. E vem aí mais pressão política ao Governo de António Costa.
A Fitch reviu em alta o outlook do país de “Estável” para “Positivo”, o primeiro passo para a retirada da dívida pública portuguesa do nível especulativo, vulgo “lixo”. Apesar da notícia positiva para o país, o relatório da agência também tem alguns alertas.
1. Vem aí mais pressão política
A Fitch recorda a redução do défice do país para 2% em 2016 e prevê que o défice possa recuar ainda mais, para 1,4%, já no próximo ano. A justificação são as “despesas correntes contidas” e o “forte crescimento do PIB desde meados de 2016”. A agência vai ainda mais longe e lembra que Portugal saiu finalmente do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) esta mesma sexta-feira.
A agência recomenda que esse caminho continue, mas deixa um recado: com o país fora do PDE, a pressão política dos parceiros que viabilizam este Governo socialista, nomeadamente o PCP e o BE, poderá aumentar. “A estrutura da maioria, que une o Partido Socialista e dois partidos mais à esquerda, expõe o Governo a uma potencial pressão política para aliviar a política orçamental, especialmente depois da saída do PDE”, lê-se no relatório, citado pela Bloomberg.
A estrutura da maioria, que une o partido socialista e dois partidos mais à esquerda, expõe o Governo a uma potencial pressão política para aliviar a política orçamental, especialmente depois da saída do PDE.
2. Economia cresce, mas desacelera
A Fitch prevê que a economia portuguesa cresça 2% já este ano, acima dos 1,4% registados em 2016. Ou seja, em 2017 o PIB deverá crescer a um ritmo mais acelerado. Porém, a agência de notação financeira estima que o PIB cresça a um ritmo menos rápido em 2018, mais propriamente 1,6%. É, ainda assim, um crescimento superior ao de 2016, e aos 1,5% registados em 2015.
3. Endividamento é problema, banca é frágil
No relatório, a agência de notação financeira refere que o potencial de crescimento do país é inferior em relação aos pares europeus, um reflexo do “alto endividamento do setor privado” que, em março de 2017, representava 217% do PIB nacional. Ao mesmo tempo, indica-se que os “bancos frágeis” dificultam o investimento. Em relação a este último aspeto, a Fitch não deixa de referir que a liquidez da banca nacional está reforçada depois dos aumentos de capital levados a cabo pelo Estado, na CGD, e também pelo BCP.
4. Outlook pode voltar atrás
A evolução do outlook do país é, como vimos, o primeiro passo para a dívida portuguesa passar à categoria de “investimento”, uma notação que só é atribuída ao país pelos canadianos da DBRS e um fator essencial para o acesso de Portugal ao programa de quantitive easing do Banco Central Europeu (BCE).
No entanto, a agência sublinha dois fatores que podem levar a um retrocesso da perspetiva revista em alta esta sexta-feira. São eles: o Governo falhar os planos de fazer baixar a dívida pública e novos casos de “stress no setor financeiro” que “possam exigir apoio do Estado e que tenham impacto financeiro no crescimento económico do país”.
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