Reestruturação da dívida? Há que domar o mercado, não lutar contra ele, diz Centeno
Mário Centeno voltou a descartar a possibilidade de uma reestruturação da dívida. O ministro das Finanças disse, em entrevista ao El País, que o caminho passa por "domar o mercado".
Reestruturar dívida? Não, o caminho certo não é esse. É preferível não lutar contra o mercado, mas sim “domá-lo”. Quem o defende é Mário Centeno que, em entrevista ao El País (acesso gratuito), reforçou que a reestruturação da dívida portuguesa não é o caminho certo a seguir.
“Este debate é interessante, mas apenas no plano intelectual“, começou por afirmar o ministro das Finanças português quando questionado pelo jornal espanhol se descartava o cenário de uma reestruturação da dívida nacional, reforçando não ser partidário dessa solução. “Não a tínhamos nos nossos planos na campanha eleitoral, nem o contemplamos agora: não se pode lutar contra o mercado. Há que domá-lo, não lutar contra ele”, assumiu o responsável pela pasta das Finanças.
Nesta entrevista que foi concedida por Mário Centeno quando se deslocou ao Espanha para participar numa conferência na Universidade Internacional Menéndez Pelayo, explicou ainda como foi possível atingir o atual nível de crescimento em Portugal, enumerando três pontos-chave. “Após as falhas de 2015 fizemos três coisas. Primeiro: sanear o sistema financeiro. Segundo: com a estabilização da banca melhorou a confiança dos consumidores e das empresas, que começaram a investir e a criar emprego. E em terceiro, a mudança política: conseguimos um superávite orçamental primário com a diminuição da carga de impostos. E que se traduziu numa melhoria do emprego”, afirmou o ministro das Finanças.
Quando questionado relativamente ao sucesso da coligação do governo do PS com a esquerda, e eventuais lições ou receitas que daí possam ser tiradas quer por Espanha, quer por Bruxelas, Mário Centeno começou por dizer que a lição fundamental “é que as reformas precisam de tempo, além de políticas de procura, para funcionar”. “Essa não é a receita de Bruxelas: por isso há que explicá-lo ao Eurogrupo. Mas essa tem que ser a receita da esquerda. Funciona: aprovámos restrições orçamentais, mas não temos estigmatizado políticas de procura. Seria ainda melhor que fossem políticas europeias de estímulo, por que os limites para países como Portugal são evidentes. Conseguimos fazer políticas de procura e reduzir a carga fiscal com a mão dos nossos parceiros de coligação, mas dentro das regras”, rematou a este propósito.
Relativamente a uma eventual candidatura para a liderança do Eurogrupo, Mário Centeno não a exclui de todo. “Não vou dizer que não há uma possibilidade“, afirmou.
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