Secretas arrasam com ministro. Agiu “com ligeireza” no caso Tancos
A gestão de Azeredo Lopes foi de "ligeireza, quase imprudente". Esta é a conclusão de um relatório do serviço de informações militares sobre o caso de Tancos.
O serviço de informações militares critica a atuação do ministro da Defesa no caso do roubo de armamento na base de Tancos. Num relatório, enviado para a Polícia Judiciária e para o Serviço de Informações de Segurança, pode ler-se que Azeredo Lopes agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”. O Chefe de Estado-Maior do Exército também é alvo de críticas.
De acordo com o Expresso (acesso pago), o documento de 63 páginas, que terá sido elaborado em julho, apenas um mês depois de ter sido anunciado o assalto, as secretas classificam o incidente de Tancos como algo de “extrema gravidade, devendo ser investigado e definidas todas as consequências”. Sobre a atuação do general Rovisco Duarte, Chefe de Estado-Maior do Exército, o militar é acusado de “não ter tirado consequências dos seus atos“. O general pôs o lugar à disposição, mas o ministro não aceitou a sua demissão.
Ao longo do relatório, ministro e militar são acusados de terem falhado “ao não terem dado aos paióis o tratamento de infraestrutura crítica no âmbito da sua proteção”. O documento revela ainda que o assalto revela “fragilidade de liderança e da capacidade de gestão de crise, quer ao nível militar, quer ao nível político”.
No início desta semana, o ministro da Defesa sustentou que o Governo “fez o que devia ser feito e num tempo muito curto” na sequência do furto no paiol de Tancos e revelou que foram abertos três processos disciplinares no Exército. Numa intervenção no debate de atualidade no plenário da Assembleia da República, Azeredo Lopes não respondeu a perguntas dos deputados para que esclarecesse as suas afirmações numa entrevista na qual disse que “no limite, pode não ter havido furto”, aludindo à ausência de provas.
Armas podem ter ido para jihadistas
Ao todo, são apontados dez cenários sobre a execução do assalto. Mas, neste conjunto, apenas três são considerados como “muito prováveis”. Em dois, supõem-se que terá havido conivência de militares da base com o crime organização. Uma hipótese que foi levantada pelo general Rovisco Duarte.
Outra hipótese é de o assalto estar relacionado com o extremismo islâmico, já que o sul de Portugal é apontado como um dos alvo dos jihadistas. Segundo o documento, a nova estratégia do Daesh passa por aproveitar o caos na Líbia para infiltrar operacionais entre os refugiados e aumentar assim o número de atentados em países como França, Itália e Portugal.
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