A melhor amiga de Portugal vai melhorar outlook? É 50-50 dizem os analistas
Agência DBRS volta a rever notação da dívida portuguesa esta sexta-feira. Tem sido a mais bondosa das agências de notação financeira em relação a Portugal. Vai voltar a ser amiga e melhorar outlook?
Não fosse a DBRS e Portugal teria atravessado um caminho mais penoso nos mercados nos últimos anos. Foram os canadianos que mantiveram as obrigações portuguesas qualificadas para o importante programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE) quando eram os únicos entre as grandes agências de rating a manter a República fora da categoria lixo. A agência volta a rever a notação portuguesa esta sexta-feira e, apesar de ter admitido recentemente que pode melhorar o outlook de Portugal, os analistas estão divididos quanto à sua decisão. É fifty-fifty.
Considerada bondosa em relação ao tratamento a Portugal, a DBRS anuncia nova avaliação ao rating nacional mais logo ao final da tarde. A notação portuguesa está atualmente em BBB low com perspetivas (outlook) estáveis. Sem uma melhoria do rating à vista, os analistas contactos pelo ECO reconhecem que a agência pode melhorar o outlook para positivo, sobretudo depois de a Standard&Poor’s ter retirado protagonismo aos canadianos quando em setembro surpreendeu com a retirada do país do nível “lixo”. Mas estão sobretudo divididos.
“Subir outlook? Desta vez não vou tomar partido. Penso que seja uma probabilidade de 50/50 com base no conteúdo do último relatório publicado por eles“, comentou Lyn Graham-Taylor, analista do Rabobank, ao ECO.
"Subir outlook? Desta vez não vou tomar partido. Penso que seja uma probabilidade de 50/50 com base no conteúdo do último relatório publicado por eles.”
Já Jens Peter Sørensen, analista chefe do Danske Bank, aposta na manutenção da perspetiva “estável”. “Uma melhoria no outlook seria uma surpresa positiva. Embora os números da economia tenham melhorado, a DBRS vai esperar por mais dados antes de qualquer ação”, argumenta Sørensen.
O que é um rating? O ECO explica
Mais otimista está a equipa de research do BiG, que espera que os canadianos coloquem Portugal em perspetiva positiva. O banco lembra a ênfase que DBRS sempre deu aos fatores qualitativos, ao contrário das outras agências. “Mas desde a última decisão de rating da DBRS no final de abril, os fatores quantitativos também têm melhorado, o que deverá levar a agência a melhorar a perspetiva, de modo a manter-se consistentes com as decisões anteriores da agência”, justifica o BiG.
"Desde a última decisão de rating da DBRS no final de abril, os fatores quantitativos também têm melhorado, o que deverá levar a agência a melhorar a perspetiva, de modo a manter-se consistentes com as decisões anteriores da agência.”
Ao ECO, Adriana Alvarado, analista da agência canadiana que segue Portugal, salientou que a dívida pública se apresenta com uma “evolução favorável”. “O rácio da dívida pública continua elevado, mas deverá começar a cair a partir deste ano. Vai apresentar uma evolução favorável”, sublinhou a responsável.
De acordo com as projeções inscritas no Orçamento do Estado para 2018, o rácio da dívida deverá descer para 126,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no final do ano, recuando para 123,5% do PIB em 2018. Em entrevista à agência Reuters, Centeno admitiu que o rácio poderá baixar para o patamar psicológico dos 120% em 2020. É suficiente para tranquilizar os mercados?
“Excedentes primários sólidos e crescimento económico robusto ao longo do tempo são necessários para colocar o rácio da dívida num caminho mais sustentável”, alertou a analista da DBRS, frisando que as metas previstas na proposta orçamental são “realistas”.
"O rácio da dívida pública continua elevado, mas deverá começar a cair a partir deste ano. Vai apresentar uma evolução favorável.”
“As perspetivas de crescimento estão em linha com as projeções do FMI e do Banco de Portugal. (…) As metas do défice parecem atingíveis se os gastos públicos continuarem contidos e as receitas continuarem a crescer de forma sólida”, nota Adriana Alvarado, a principal responsável pelo acompanhamento a Portugal.
Até final do ano, Portugal volta ao exame das agências de rating no dia 15 de dezembro, quando está prevista a revisão da notação pela Fitch, que pode ser a próxima a retirar o país do nível considerado “investimento especulativo”.
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