Técnicos do BdP queriam Salgado fora do BES há nove meses

Carlos Costa sabia da falência do BES 17 meses antes do colapso e, alegadamente, poderia ter retirado a idoneidade a Salgado, o que não fez por, disse no Parlamento, ser impedido juridicamente.

Existem documentos sobre o caso GES/BES, antes da resolução de 2014, que comprometem a ação do atual governador do Banco de Portugal. A SIC noticia esta quarta-feira que Carlos Costa pode ter omitido informação na comissão de inquérito e que existiram técnicos do banco central português a defender a saída de Ricardo Salgado, então presidente do banco, nove meses antes de o Banco Espírito Santo ter colapsado. A falência do BES era sabida 17 meses antes, ou seja, ainda em 2013.

São vários os documentos do Banco de Portugal que a SIC vai revelar na reportagem “Assalto ao Castelo”. Entre estes estão dois documentos que comprometem a intervenção de Carlos Costa. Em causa está uma nota informativa interna, da autoria de técnicos do banco central, onde a continuidade de administradores do BES, incluindo Ricardo Salgado, era posta em causa.

A SIC revela que nessa nota, terminada em novembro de 2013, os técnicos assinalam que o Banco de Portugal estava a deixar passar o tempo sem tomar medidas e que Salgado deve ser afastado imediatamente, algo que não aconteceu. Na comissão parlamentar de inquérito ao caso do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo, o governador disse que não podia retirar a idoneidade a Ricardo Salgado por estar juridicamente impedido de o fazer. Segundo o documento dos técnicos, Carlos Costa poderia fazê-lo.

“Tecnicamente, o GES estava falido em janeiro de 2013 e o BdP ficou a saber, de uma forma muito transparente, estes dados”, revelou Pedro Coelho, o jornalista responsável por esta investigação, esta quarta-feira, à Rádio Renascença. Além disso, o jornalista da SIC revelou que há uma ligação no esquema do BES ao Dubai, referindo que será dada a conhecer “a forma como o Dubai e Angola, com a cumplicidade do BES, se terão enleado num processo que o Banco de Portugal conhecia e não fez nada, aparentemente”.

O ECO questionou o Banco de Portugal sobre estes dados, mas ainda não obteve resposta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Petrobras vende ativos para a francesa Total no valor de 2,1 mil milhões de euros

  • Lusa
  • 1 Março 2017

A petrolífera estatal brasileira Petrobras anunciou hoje que vendeu à francesa Total ativos no valor de 2,2 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros).

O negócio, concluído na terça-feira, diz respeito à transmissão de direitos de áreas de exploração de petróleo, especificamente a venda de 22,5% da Petrobras para a Total na área da concessão denominada Iara (campos de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu), no litoral do Brasil.

Foi também a cessão de direitos e operação de 35% da Petrobras para a Total na área da concessão do campo petroleiro de Lapa.

O negócio envolveu ainda a venda de 50% da participação da Petrobras à Total da Termobahia, incluindo as térmicas Rômulo de Almeida e Celso Furtado, localizadas no Estado da Bahia.

As vendas juntam-se a outro contrato anunciado pelas duas empresas em dezembro do ano passado e fazem parte do plano de desinvestimento da Petrobras, a braços com uma grave crise financeira e a necessitar de reduzir uma dívida que atingiu, em 2015, níveis recordes de 435,5 mil milhões de dólares (412 mil milhões de euros)

Num comunicado divulgado pela Petrobras, Pedro Parente e Patrick Pouyanné, presidentes da Petrobras e da Total, respetivamente, declararam que estavam entusiasmados esta nova aliança estratégica.

“Essa nova parceria, em conjunto com uma forte cooperação tecnológica, criará sinergias e valor, combinando nossa excelência operacional e reduzindo custos em nossos projetos, em benefício de ambas as companhias”, disseram os dois presidentes.

A conclusão das operações ainda está sujeita às aprovações dos órgãos reguladores competentes do Brasil.

A Petrobras, que é a maior empresa brasileira, destacou que tem 19 operações de exploração e produção de petróleo em conjunto com a Total, no Brasil e no resto do mundo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministro da Economia satisfeito com desemprego “mais baixo dos últimos 8 anos”

  • Lusa
  • 1 Março 2017

Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, congratulou-se hoje por os números do desemprego, que apontam para uma taxa de 10,2% em janeiro, estarem nos valores “mais baixos dos últimos oito anos”.

O governante fez estas afirmações aos jornalistas no Algarve, após participar na apresentação de uma central de produção de energia solar em Vaqueiros, no concelho de Alcoutim, que representa um investimento de 200 milhões de euros e tem estimado criar 200 postos de trabalho na fase da construção, prevista para os próximos dois anos.

“Estamos a falar de um potencial de criação de emprego interessante, num dia em que conhecemos os dados do desemprego do início deste ano e que são dos mais baixos dos últimos oito anos. É uma notícia muito positiva, uma baixa consistente que tem vindo a acontecer no desemprego, uma criação de emprego muito forte que já aconteceu no ano passado e que os dados indicam que vai continuar ao longo deste ano. E isto é muito positivo para a economia portuguesa e para os portugueses”, afirmou o ministro da Economia.

Manuel Caldeira Cabral considerou ainda que os dados sobre o crescimento da economia também representam uma “boa notícia”, depois de o INE ter quantificado em 1,4% o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e de ter revisto em alta o crescimento do quarto trimestre para os 2%.

Manuel Caldeira Cabral disse que “os portugueses devem estar todos satisfeitos com esta realização do país [nível de crescimento] e por a retoma estar a ser reforçada”.

“E isto foi conseguido com uma mistura de crescimento puxado pela procura interna, mas também com um crescimento puxado pelas exportações, que no final do ano passado tiveram uma aceleração muito interessante e que esperamos se mantenha e se reforce mesmo ao longo de 2017”, sustentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PIB: com que lente quer ver 2016?

  • Margarida Peixoto
  • 1 Março 2017

O crescimento económico foi assimétrico ao longo do ano passado. E isso dá pano para mangas. Ou números para todos os gostos. Porque não há uns mais verdadeiros do que outros, o ECO mostra-lhe todos.

O comportamento da economia portuguesa em 2016 dá números para todos os gostos. Há uma análise em que o país parece a caminho de um progresso cor-de-rosa, mas há outra que evidencia as dificuldades sentidas ao longo do ano passado. O Governo tem-se esforçado por ver o lado mais simpático da moeda, enquanto a oposição tem feito questão de sublinhar o mais negro. Mas porque não há um sem o outro, e porque os dois são verdadeiros, o ECO conta-lhe a história completa.

“A aceleração do PIB está ancorada em sinais positivos para o futuro. O investimento teve o principal contributo, com um crescimento homólogo de 2,6% e de 5% face ao terceiro trimestre”, fez questão de frisar o Ministério das Finanças, esta quarta-feira, em reação aos dados revelados sobre o crescimento económico do ano passado, pelo INE.

"A aceleração do PIB está ancorada em sinais positivos para o futuro. O investimento teve o principal contributo (…).”

Ministério das Finanças

Fonte oficial

Mas o que diz o boletim? “O investimento diminuiu 0,9% em termos reais, em 2016, após ter registado um aumento de 4,6% no ano anterior”. O Governo está a mentir? Não. Mas não é contraditório? Parece, mas não é.

"O investimento diminuiu 0,9% em termos reais, em 2016, após ter registado um aumento de 4,6% no ano anterior.”

Instituto Nacional de Estatística

Contas Nacionais - 4º Trimestre de 2016 e Ano de 2016

No conjunto de 2016, o investimento teve um comportamento claramente negativo, quando comparado com 2015. Mas se a análise for feita trimestre a trimestre, verifica-se que a segunda metade do ano evidencia uma recuperação. Qual é o dado mais correto? São os dois. Os dados anuais trazem uma leitura mais fiel quando se trata de avaliar o que aconteceu no ano passado. Lá porque a segunda metade do ano foi melhor do que a primeira, não quer dizer que a parte má do ano não tenha acontecido.

Contudo, os dados trimestrais ajudam a ver a tendência. Mostram que há uma boa base para 2017 e reforçam as projeções assumidas pelo Governo para desenhar o Orçamento do Estado do próximo ano.

Esta dualidade na análise do investimento é uma característica comum aos outros motores da economia. Se olharmos para as exportações, importações e consumo privado identificamos o mesmo tipo de leitura. Uma análise anual que mostra que o desempenho de 2016 ficou aquém, em média, do que o verificado em 2015. Mas uma análise trimestral que aponta para uma segunda metade do ano muito melhor do que a primeira metade, e também genericamente superior à atividade que se registava na segunda metade de 2015.

O próximo gráfico mostra essa duplicidade: pode selecionar o período temporal em que quer analisar os dados e ver 2016 a vermelho, ou a verde. Basta clicar em cima da legenda para modelar o gráfico a seu gosto.

Investimento: a Construção explica

Voltando ainda ao investimento, verifica-se que é o segmento da Construção que explica os números. Na análise anual, este foi o setor que deu um contributo maior para a redução da formação bruta de capital fixo. O segmento de Máquinas e Equipamentos também contribuiu negativamente e aqui destaca-se o impacto da venda de equipamento militar à Roménia. Foram 112 milhões de euros que melhoraram os números das exportações, mas que as regras do sistema europeu de contas ditam que sejam simultaneamente classificados como um desinvestimento.

Na análise trimestral, verifica-se que foi precisamente a Construção que recuperou no final do ano passado. Se se olhar à formação bruta de capital fixo (que desconta as aquisições líquidas de cessões de objetos de valor e dá uma leitura mais apurada do investimento) verifica-se até um aumento homólogo de 3,9%, o mais elevado desde o segundo trimestre de 2015.

Exportações: turismo foi a estrela

Em termos anuais, as exportações abrandaram o ritmo face a 2015. O INE revela que cresceram 4,4% em 2016, quando no ano anterior o aumento tinha sido de 6,1%. Este abrandamento foi comum tanto às exportações de bens, como de serviços. O setor do turismo destacou-se pela positiva — o INE nota que acelerou — mas não foi o suficiente para contrabalançar o fraco desempenho dos restantes segmentos.

Já na análise trimestral verifica-se um quarto trimestre a acelerar em todos os segmentos. As exportações de bens aceleraram 6,6% (mais 0,8 pontos do que no trimestre anterior) e as de serviços cresceram 5,9% (mais 0,9 pontos do que nos três meses anteriores). Também aqui o turismo aparece como destaque positivo: as exportações de serviços só cresceram mais depressa por causa deste setor, já que os outros tipos de serviços até desaceleraram.

Importações: à boleia do investimento e consumo

O comportamento das importações foi um reflexo do comportamento do investimento e do consumo privado. Em termos anuais, como estas duas rubricas tiveram um desempenho mais fraco do que em 2015 (o investimento caiu e o consumo privado desacelerou), as importações acabaram por evoluir mais devagar. Como consequência, o saldo externo de bens e serviços melhorou significativamente no ano passado, tendo subido para 1,2% do PIB.

Já na análise trimestral como o investimento recuperou e o consumo privado acelerou, as importações foram arrastadas. Desta forma o contributo da procura externa líquida para o crescimento do PIB ficou prejudicado e o saldo externo de bens e serviços caiu para 0,7%, depois e ter atingido 1,1% no quarto trimestre de 2015.

Consumo: compra de bens duradouros regressa

No conjunto de 2016, o consumo privado abrandou para 2,3%, depois de ter crescido 2,6% em 2015. Este abrandamento foi comum tanto nos bens duradouros, como nos não duradouros. Estes resultados parecem contrastar com a política de devolução de rendimentos seguida pelo Governo de António Costa. Mas a análise trimestral ajuda a identificar os impactos verificados no final do ano.

No último trimestre de 2016 o consumo de bens duradouros por parte das famílias registou um “crescimento intenso”, nota o INE, frisando que a aquisição de automóveis deu um contributo forte para a variação de 12,5%. Este valor fica bem acima do aumento de 7,2% que tinha ido registado no quarto trimestre de 2015. O consumo de bens não duradouros, ainda assim, também acelerou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banca dispara, Lisboa soma e segue

Wall Street animou as praças europeias, mesmo em crescente expectativa de uma nova subida de juros por parte da Fed. Banca, energia e papeleiras brilharam. Lisboa fechou no verde.

Com a crescente expectativa de um novo aumento dos juros por parte da Reserva Federal, Wall Street atingiu recordes e impulsionou as bolsas europeias. A Europa assistiu a subidas de mais de 1%, com destaque para o setor da banca. Em dia de dados económicos positivos sobre o país, o PSI-20 PSI20 0,00% encerrou a valorizar 1,29%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vendas de carros crescem, mas sem grande fulgor

As vendas de veículos automóveis registaram um crescimento de 5,2% em fevereiro. A ACAP salienta o aumento, mas diz que o ritmo é bastante inferior ao dos últimos anos.

As vendas de automóveis cresceram no último mês. Aumentaram em 5,2%, de acordo com os dados da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). A Renault continua a liderar, apresentando um aumento de mais de 30% no número de veículos em comparação com o período homólogo.

“As vendas de veículos automóveis registaram um crescimento de 5,2% no mês de fevereiro, em relação ao mês homólogo do ano anterior, e totalizaram 21.715 unidades”, refere a ACAP. “Um registo positivo, mas longe das performances registadas nos três últimos anos”, salienta.

Foram vendidos em Portugal 18.860 automóveis ligeiros de passageiros, ou seja, mais 4,6% do que no mês homólogo do ano anterior”, diz a ACAP. No que respeita aos comerciais ligeiros registou-se um aumento de 14,1%, mas houve uma quebra de 15,6% no caso dos pesados de mercadorias.

Entre os ligeiros de passageiros, a Renault continua a dominar as vendas. A fabricante francesa foi a que mais veículos vendeu, sendo que o número de matriculas emitidas para a marca registou um aumento de 31,1%. Tem mais de 15% de quota no mercado automóvel nacional.

“Nos dois primeiros meses de 2017 as vendas de veículos ligeiros de passageiros totalizaram 33.889 unidades, o que se traduziu numa variação positiva de 6% relativamente a período homólogo de 2016”. “Em termos acumulados, nos dois primeiros meses do ano foram comercializados em Portugal 39.766 veículos automóveis, o que representa uma variação homóloga positiva de 7,1%”, remata.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rocha Andrade: Relatório da IGF sobre offshores pronto em março

  • Marta Santos Silva
  • 1 Março 2017

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais contou aos deputados como foi descoberta a falha na fiscalização da Autoridade Tributária a certas transferências. Releia aqui a audição, minuto a minuto.

Deveria ter sido esta manhã, mas a audição acabou adiada quando a de Paulo Núncio acabou se prolongou por quase quatro horas. Após já ter estado presente num debate de atualidade no plenário da Assembleia da República, onde confirmou que as transferências de dez mil milhões de euros para paraísos fiscais não tinham sido controladas pela Autoridade Tributária, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Fernando Rocha Andrade foi ouvido ao final do dia na comissão de Finanças, onde explicou os acontecimentos que levaram à descoberta de que dez mil milhões de euros tinham sido transferidos para paraísos fiscais sem serem fiscalizados. O relatório final da Inspeção Geral das Finanças sobre a questão estará pronto em março, revelou ainda.

Releia aqui, minuto a minuto, a audição de Fernando Rocha Andrade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rocha Andrade confirma: transferências não foram controladas

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 1 Março 2017

"Esse controlo não foi feito, quanto àqueles montantes, os tais 10 mil milhões de euros, porque aquelas transferências não eram conhecidas da Autoridade Tributária", frisou o secretário de Estado.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais confirmou esta quarta-feira que não foi feito o controlo inspetivo de um conjunto de transferências no valor de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais.

Esse controlo não foi feito, quanto àqueles montantes, os tais 10 mil milhões de euros, porque aquelas transferências não eram conhecidas da Autoridade Tributária“, afirmou Rocha Andrade durante o plenário na Assembleia da República. Porém, o governante frisou que ainda é preciso perceber como foi possível esta falha e, por isso mesmo, o Executivo já pediu um inquérito à Inspeção-Geral das Finanças.

Perante os deputados, o governante deu a versão dos acontecimentos: em 2010, o então secretário de Estado Sérgio Vasques determinou que os dados das transferências para offshores deviam ser publicados mas, entre 2011 e 2015, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), “tendo solicitado orientação para fazer essa publicação, não obteve essa confirmação” do anterior Governo. Já no início do atual mandato, a AT volta a solicitar a mesma orientação ao Governo agora em funções, que foi dada no sentido de “retomar o cumprimento do despacho de 2010”, explicou Rocha Andrade. A publicação recomeçou em abril de 2016.

Mais tarde, no verão, Governo verificou “que as transferências para paraísos fiscais teriam aumentado de cerca de 400 milhões de euros” em 2014 para “quase 9 mil milhões de euros”, e questionou “tamanha divergência”. A resposta, adiantou o governante, dava conta de que os números não estariam corretos.

“Os números que tinham sido corretamente — pelo menos tanto quanto sabemos — reportados à Autoridade Tributária pelas instituições financeiras não tinham sido corretamente extraídos dos ficheiros na passagem desses ficheiros depositados no Portal das Finanças para o sistema central da Autoridade Tributária”, adiantou. E portanto não ficaram disponíveis, nem para publicação “nem para controlo inspetivo”, continuou Rocha Andrade, salientando que a estatística já foi entretanto corrigida.

O secretário de Estado também disse que não cabe ao Governo explicar as motivações do Executivo anterior mas esclareceu que não concorda com o “raciocínio” apresentado pelo antigo secretário de Estado Paulo Núncio, hoje ouvido na comissão parlamentar de Finanças. Também Rocha Andrade será ouvido esta tarde na mesma comissão.

O governante quis esclarecer que, “mesmo que o anterior Governo tivesse mandado publicar estatísticas, ter-lhe-ia, pelo menos inicialmente, acontecido o mesmo”, ou seja, as estatísticas teriam vindo a público incompletas.

Mas a transparência tem “vantagens acessórias”, frisou depois: existindo a instrução de publicar os dados, o Governo acabou por deparar-se com outra questão “que tem potencialmente alguma gravidade”.

Pela parte do PSD, Duarte Pacheco elogiou a “atitude responsável” do secretário de Estado, demarcando-a da “demagogia” que, no seu entender, marcou as intervenções de vários partidos. E garantiu que o PSD está “com o Governo” nesta matéria, defendendo que o esclarecimento deve ser total.

Já João Galamba, do PS, acusou o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio, e o CDS-PP, de terem proferido, hoje de manhã, declarações falsas, ao indicarem que as transferências para offshores caíram nos últimos anos. Para o deputado, a comparação tem de ser feita com o ano de 2010, quando o despacho de publicação de estatísticas foi emitido. E face a esse ano, as transferências aumentaram sempre, continuou. Já Cecília Meireles, do CDS, salientou que os anos referidos pelo CDS foram os que constam do período referido: o caso, denunciado pelo jornal Público, diz respeito a transferências de 10 mil milhões de euros feitas para paraísos fiscais sem controlo do fisco entre 2011 e 2014.

Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, criticou o anterior secretário de Estado, dizendo que este não deu pela discrepância entre valores porque não conhecia os dados. “Se isto não é propositado, é incompetência” ou “negligência”, afirmou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo considera que 2016 acabou bem, mas insiste que é preciso crescer mais

  • ECO
  • 1 Março 2017

Chefe de Estado mostrou-se satisfeito com os resultados alcançados em 2016, mas adianta que o desafio para o próximo ano é crescer "claramente acima de 2%, para aguentar a economia".

O Presidente da República considerou esta quarta-feira que o ano de 2016 começou mal e acabou bem, com um crescimento económico de 2% no último trimestre, mas insistiu que o desafio para este ano é crescer acima disso.

“O ano de 2016, que começou mal, com dois trimestres muito fracos, acabou bem. E agora o grande desafio é termos este ano acima disso. Como eu tenho dito, precisamos de um crescimento claramente acima de 2%, para aguentar a economia, para promover a justiça, e para tornar possível o controlo défice”, declarou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante uma visita a um centro da associação Raríssimas, no concelho da Moita, a propósito dos números divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que considerou “uma boa notícia”.

Segundo o Presidente da República, “são uma boa notícia o crescimento no final do ano de 2% e a noção de que continua este ano, nos dois primeiros meses deste ano”, e “o desemprego em 10,2% é um número positivo também”.

O chefe de Estado salientou igualmente “a ideia de que o investimento está a crescer, embora lentamente, e de que as exportações cresceram, embora lentamente”.

Questionado se o crescimento no final de 2016 corresponde ao que tem pedido, respondeu: “Não, porque o desafio do ano passado era controlar o défice. Isso foi feito. O desafio deste ano e dos próximos anos é crescer muito mais. Isso tem de ser feito”.

“Mas, naturalmente, é uma boa notícia”, ressalvou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Centro de Negócios da Madeira regista 177 novas empresas em 2016

  • Lusa
  • 1 Março 2017

O Centro Internacional de Negócios da Madeira representa mais de 60% das receitas de IRC arrecadadas no arquipélago e mais de 17% das receitas de toda a região autónoma.

O Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) registou em 2016 o licenciamento de 177 novas empresas face ao ano anterior, estando a operar 1.996 entidades nos três setores de atividade. Segundo comunicado divulgado esta quarta-feira, do total de 1.996 registos, 1.458 estão adstritos aos Serviços Internacionais, 47 na Zona Franca Industrial e 491 no Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR).

A Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM), concessionária do CINM, explica que o aumento de registos e licenciamentos resultou da entrada em vigor do Regime IV de isenções fiscais, aprovado pela União Europeia, e destaca o “efeito muito positivo” ao nível das receitas da Região Autónoma e da criação de emprego.

“Em 2015, o CINM gerou mais de 151 milhões de euros de receitas fiscais prevendo-se que possam ter crescido para cerca de 190 milhões de euros em 2016“, lê-se no comunicado. Segundo a empresa concessionária, o Centro Internacional de Negócios da Madeira representa mais de 60% das receitas de IRC arrecadadas no arquipélago e mais de 17% das receitas de toda a região autónoma.

Em 2016, primeiro ano completo de adoção do Regime IV, foram licenciadas 177 novas entidades, contra 57 em 2015, e 491 embarcações registadas no MAR, mais 92, permitindo um aumento da tonelagem bruta de arqueação de 7.925.042 para 12.076.294, bem como uma redução da idade média dos navios registados.

O Regime IV criou um cenário claro e seguro para o futuro, conseguiu-se uma estabilidade e uma clareza com um novo prazo que vai produzir efeitos até 2027, o que é uma tranquilidade para os empresários e investidores que, assim, podem estruturar as suas operações na Madeira”, refere o comunicado da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira. Em março de 2015, Portugal acordou com a Comissão Europeia o Regime IV que vai vigorar até final de 2027, estabelecendo os benefícios fiscais a que os aderentes ficam sujeitos, designadamente uma taxa de IRC reduzida de 5%, uma das mais competitivas da União Europeia.

“Esta taxa reduzida está condicionada à criação de postos de trabalho e à realização de um investimento mínimo de 75.000 euros”, explica a SDM, sublinhando que o Regime IV estabelece, ainda, um conjunto de outras vantagens, como a recuperação dos benefícios ao nível da distribuição de dividendos aos sócios e acionistas das sociedades a operar no CINM, desde que não sejam sociedades residentes em ‘offshore’ ou paraísos fiscais.

As empresas portuguesas representavam, em 2016, cerca de 24% do total de entidades licenciadas no CINM. As empresas são oriundas de 60 países, sendo que 74% são sociedades provenientes da União Europeia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Euronext abriu verde, e verde fechou

  • ECO
  • 1 Março 2017

A bolsa de Lisboa chegou ao fecho desta quarta-feira com valores muito positivos. Galp Energia, Jerónimo Martins e EDP foram as campeãs da sessão, permitindo a continuação da recuperação portuguesa.

No dia em que os resultados do INE foram revistos e se soube que o PIB em Portugal aumentou 1,4% no ano passado2% só no último trimestre — e a taxa de desemprego se manteve nos 10,2%, os investidores, satisfeitos, viraram-se para a Euronext.

A Galp Energia e a EDP, que já tinham sido as melhoras empresas na abertura de hoje do PSI-20, mantiveram a bolsa a vapor ao longo do dia. A Galp fechou a subir 0,9% para os 14,02 euros e a EDP Renováveis a subir 1,96% para os 6,34 euros. Também a Jerónimo Martins registou valores muito bons, subindo 1,94% para os 15,48 euros. O BCP também deve ser mencionado, porque cresceu perto de 4% para 0,16 euros. Foi, sem dúvida, um dia bastante positivo para os mercados portugueses.

Há que ter também em atenção que os valores recorde conseguidos pelas bolsas de Nova Iorque deram força às praças deste lado do Atlântico. O índice industrial Dow Jones passou esta quarta-feira acima dos 21 mil pontos, e isso refletiu-se nalgumas das principais bolsas europeias, como o CAC-40 de Paris e o FTSE Mib de Milão, que dispararam 2%. Já o índice de referência europeu, o Stoxx 600, deu um salto de 1,4% para 375,69 pontos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Recordes em Wall Street dão gás à Europa

Bolsas norte-americanas continuam num rally intenso desde que Trump foi eleito. Voltam a registar recordes na sessão de hoje, conferindo otimismo entre os investidores do lado de cá do Atlântico.

A abertura em alta das bolsas norte-americanas para níveis recorde estão a dar força às praças do lado de cá do Atlântico. Está a ser sobretudo o setor financeiro o mais “visado” por este apetite comprador que os mercados assistem hoje. Lisboa não é exceção, numa sessão que permite regressar a terreno positivo no acumulado do ano.

Os ganhos são expressivos e estendem-se às principais praças do Velho Continente. O CAC-40 de Paris e o FTSE Mib de Milão disparam mais de 2%. Em Frankfurt e Madrid, as subidas chegam aos 1,5%. E o índice de referência europeu, o Stoxx 600, dá um salto de 1,4% para 37.545 pontos.

Por cá, o PSI-20, o principal índice português, avança 1,28% para 4.707,25 pontos. Destacam-se em Lisboa as ações da Jerónimo Martins (+2,17%), Galp (+0,97%) e EDP Renováveis (+1,54%). Também o BCP soma quase 4% para 0,1563 euros, num dia com bastante otimismo no setor financeiro europeu.

BCP em destaque

O índice da Bloomberg que acompanha os 500 maiores bancos do Velho Continente avança mais de 3%, onde se evidenciam os desempenhos do Sabadell, Raiffeisen, Societe Générale e Deutsche Bank, cujas ações aceleram mais de 5%. Isto acontece numa altura em que os bancos centrais mundiais ponderam subidas dos juros face à retoma económica, algo que deverá ajudar a compor os resultados dos bancos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.