ACAP: Brexit é ameaça. Pesa 15% nas exportações

A associação automóvel está atenta à saída do Reino Unido da União Europeia, temendo os impactos no setor. Diz que a queda da libra face ao euro já está a pesar.

O Reino Unido vai sair da União Europeia. E vai ser um Hard Brexit, o que está a preocupar o setor automóvel nacional que conta com aquele mercado para cerca de 15% das suas exportações.

Todo o setor europeu está preocupado com o Brexit. Em Portugal, uma importante fatia das exportações vai para o Reino Unido. São cerca de 15% das exportações de automóveis”, disse Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP na apresentação das tendências para o setor em 2017.

Mesmo sem ter ainda sido concretizada a saída, a decisão já está a pesar no país. “O impacto da desvalorização da libra face ao euro já se está a fazer sentir negativamente na indústria nacional“, nota.

Cerca de 95% dos automóveis produzidos em Portugal são para exportação, sendo que a grande maioria vai para a União Europeia, com a Alemanha a ser o principal destino, mas o Reino Unido também a ter grande destaque. A ACAP salienta, porém, que o Reino Unido também está preocupado com o efeito que o Brexit pode ter na sua economia. “Theresa May salientou que iria ter especial atenção ao setor”, notou.

Perante estes desafios, o mercado português tem vindo a adaptar-se, encontrando novos mercados para escoar a produção. Na apresentação feita em Lisboa, a ACAP salienta que a China já representa 5% das exportações quando há poucos anos era irrisório.

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Escolas de Turismo abrem cozinhas a empreendedores

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

O Open Kitchen Labs permite o uso das instalações e equipamentos das cozinhas e restaurantes das escolas para, além de testes, promover produtos e negócios.

As cozinhas das 12 escolas do Turismo de Portugal vão poder ser usadas, a partir desta terça-feira, por empreendedores para desenvolverem produtos, no âmbito de um projeto apresentado esta manhã pela secretária de Estado do Turismo, em Lisboa.

Em antecipação, Ana Mendes Godinho explicou à agência Lusa que a iniciativa Open Kitchen Labs cria uma “antecâmara de testes” usando recursos públicos e que são disponibilizados a todos. “As escolas abrem as suas portas para as comunidades”, resumiu a governante, recordando que nas cozinhas os empreendedores podem reduzir “uma parte difícil no seu percurso, que muitas vezes é encontrar espaços para fazerem testes”.

"Imensas startups sinalizavam estas dificuldades em testar produtos, em ter um espaço para conseguir usar uma máquina de embalar ou máquina de cozedura.”

Ana Mendes Godinho

Secretária de Estado do Turismo

Além das cozinhas, as escolas também vão permitir que sejam feitas marcações para os seus restaurantes, o que até aqui não era possível fazer.

A ideia dos Open Kitchen Labs resultou do “permanente contágio e diálogo com as startups”, que davam conta da dificuldade em encontrar espaços para experimentarem, relatou Ana Mendes Godinho. “É muito engraçado aprendermos com as dificuldades, e imensas startups sinalizavam estas dificuldades em testar produtos, em ter um espaço para conseguir, por exemplo, usar uma máquina de embalar ou máquina de cozedura”, notou.

A governante referiu como estas empresas ligadas à inovação tinham como única alternativa solicitar aos proprietários o uso dos seus restaurantes, a meio da noite, quando estes estavam encerrados ao público.

Com o novo projeto, as escolas de turismo perceberam uma “forma de serem cada vez mais úteis para a comunidade, mas também de ganharem com a inovação”.

“Estes novos produtos, estes novos empreendedores que vêm às escolas são também uma forma das escolas se obrigarem a inovar cada vez mais”, resumiu.

O Open Kitchen Labs permite o uso das instalações e equipamentos das cozinhas e restaurantes das escolas para, além de testes, promover produtos e negócios, nomeadamente através de workshops, sessões de demonstração, organização de palestras e seminários.

O projeto permite também a divulgação e promoção das atividades através dos portais das escolas ou Facebook.

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Depois da OCDE é a vez de Dombrovskis alertar para o malparado da banca

  • ECO e Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

OCDE, Comissão Europeia e agências de rating têm uma preocupação comum: o malparado da banca. Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia defende uma ação coordenada para combater o problema.

Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia© European Union , 2017 / EC - Audiovisual Service

O malparado da banca europeia está na ordem do dia e é uma das preocupações das instituições europeias e mundiais. Ontem foi a OCDE, hoje é a Moodys e a Comissão Europeia, a semana passada a Fitch. Todos têm uma preocupação comum, o malparado da banca.

O vice-presidente da Comissão Europeia para o euro, Valdis Dombrovskis, surgiu hoje a defender que deve ser adotada uma ação coordenada para combater o problema da elevada quantidade de crédito malparado acumulado nos bancos europeus.

Estas declarações surgem depois de ser conhecido o relatório da OCDE a alertar para o fato do setor financeiro continuar a braços com um peso grande de malparado.

“Precisamos de um enfoque coordenado, ao nível europeu, para tratar dos empréstimos falidos”, disse Dombrovskis durante uma conferência sobre serviços financeiros em Bruxelas, citado pela agência Efe.

"Precisamos de um enfoque coordenado, ao nível europeu, para tratar dos empréstimos falidos”

Dombrovskis

Vice-presidente da Comissão Europeia

O vice-presidente comunitário, que tem igualmente a seu cargo a carteira de serviços financeiros, defendeu ser necessária uma “ação significativa, decidida e coordenada para acelerar a limpeza dos balanços” dos bancos.

Ainda segundo o relatório da OCDE, mais de 12% do crédito concedido estava vencido no final do segundo trimestre de 2016. O que leva a OCDE a dizer que isto prejudica a saúde do sistema financeiro e compromete a capacidade de financiar investimentos.

Uma realidade que não escapou também a Dombrovskis. Este responsável recordou que a elevada acumulação de malparado — com um elevado risco de incobráveis — é um dos desafios “pendentes” do setor bancário europeu e, apesar de ser uma situação particular de alguns dos Estados-membros, “acaba por afetar o setor e a economia europeia em geral”.

Dombrovskis sinalizou também que a Comissão está a trabalhar em propostas para “proporcionar um mercado secundário para estes [empréstimos]” e a verificar “como poderia funcionar a nível europeu”.

Na semana passada, a Autoridade Bancária Europeia propôs a criação de um gestor comum para solucionar o malparado da banca europeia.

O diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), Klaus Regling, mostrou-se favorável à ideia. No entanto, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, alertou que estas estruturas, conhecidas como “bancos maus”, são muito complexas para gerir.

Moody’s e Fitch também apontam o dedo ao malparado

Mas estas não foram as únicas instituições a falar do malparado da banca. Já esta manhã, numa conferência realizada em Lisboa, a Moody’s falou nas fragilidades dos bancos, tendo destacado que quer Itália, quer Portugal surgem como os países onde o malparado no total de empréstimos concedidos permanecia elevado no segundo trimestre de 2016.

De resto, também a Fitch, que na passada sexta-feira anunciou que mantinha o ‘rating’ de Portugal na categoria de “lixo” com perspetiva estável, se mostrou preocupada com o sistema financeiro português. A agência considera mesmo como “incerteza recorrente” a exposição da República aos desenvolvimentos do setor, como sejam a venda do Novo Banco e a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.

A Fitch considera que um problema adicional no setor financeiro que venha a exigir “um apoio financeiro substancial do Estado” poderá mesmo resultar numa revisão em baixa do ‘rating’ português. Deixando ainda um alerta para a qualidade dos ativos na banca, que “permanece fraca” com o crédito malparado nos 12,6% no terceiro trimestre de 2016.

 

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Ministro da Economia reitera que desemprego vai estar “claramente abaixo dos 10%”

  • ECO e Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

Já não é só Mário Centeno que revê em baixa a previsão do desemprego para o ano de 2017. O ministro da Economia reiterou que o desemprego vai ficar abaixo dos dois dígitos já este ano.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, reiterou, esta terça-feira, em Paris, que “o desemprego deverá estar, ainda em 2017, claramente abaixo dos 10%”. Esta meta já tinha sido apontada esta segunda-feira pelo ministro das Finanças, tal como o ECO noticiou, já com a confirmação oficial do Ministério das Finanças.

“Todas as indicações que tivemos são de que o desemprego vai baixar dos 10%, deverá estar, ainda em 2017, claramente abaixo dos 10% e isso foi também o que aconteceu ao longo de 2016. A diminuição do desemprego e a criação de emprego surpreendeu todas as agências internacionais e é isso que está a acontecer neste momento”, declarou o ministro aos jornalistas, ao final da manhã.

Um documento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado esta segunda-feira, reconhece que o desemprego tem estado a cair, mas continua em “níveis desconfortavelmente elevados”, nos 10,5%, uma proporção que é de 26,1% entre os jovens.

Tendo em conta o “baixo crescimento”, mas também um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a OCDE antecipa que a queda do desemprego seja “muito mais lenta do que nos últimos dois anos” e que “é provável que o desemprego continue nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia”.

Manuel Caldeira Cabral, que visitou a feira de matérias-primas para a fileira da moda Première Vision, que começou hoje e decorre até quinta, no Parque de Exposições de Paris-Nord Villepinte, nos arredores de Paris, afirmou, ainda assim, que o relatório sobre a evolução da economia portuguesa da OCDE “muito positivo para Portugal” e “destaca a evolução fantástica” nas contas públicas.

Todos os institutos internacionais estão a rever o crescimento português, mas estão a rever em alta. Há um ano, quando entrámos para o Governo, estavam todos a rever em baixa, estavam todos a reconhecer que havia uma desaceleração da economia portuguesa. Neste momento, estão a reconhecer que há uma aceleração da economia portuguesa”, disse.

A OCDE considera, ainda, que as reformas estruturais já feitas permitiram um “reequilíbrio da economia para as exportações”, sublinhando que Portugal exporta agora mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), quando em 2005 as exportações representavam apenas 27%, mas alerta para que as exportações “vão crescer menos” do que nos anos anteriores, em parte devido à queda da procura da China e de Angola, ainda que “continuem a ser a força por trás do crescimento neste ano e no próximo”.

O titular da pasta da Economia sublinhou que “nas primeiras páginas” do relatório se “destaca muito a performance das exportações portuguesas” e se “demonstra claramente” que esse desempenho “desde 2005, portanto nos últimos dez anos, foi melhor do que, por exemplo, a performance das exportações alemãs”.

“Portugal conseguiu com essa performance das exportações passar de um país que tinha um défice externo bastante importante para um país que hoje tem um ‘superavit’ externo importante, 4 mil milhões, um ‘superavit’ que cresceu quase 30% face ao do ano passado”, declarou. O ministro da Economia visitou a feira Première Vision, esta manhã, a convite da Associação Têxtil de Vestuário de Portugal (ATP).

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BCP afunda 10%. Vêm aí 14 mil milhões de novas ações

Ações do BCP corrigem após valorizações acentuadas nas últimas sessões, a dias de o banco lançar 14 mil milhões de novas ações na bolsa. A aversão ao risco atinge bolsa nacional e banca europeia.

As ações do BCP estão a afundar esta terça-feira mais de 10%, num dia de forte aversão ao risco no mercado acionista nacional. A bolsa portuguesa é a única a registar perdas entre os principais índices europeus. Também a banca do Velho Continente segue hoje sob pressão.

No caso do maior banco privado português, as ações cedem 11,07% para os 0,1542 euros, a dois dias de a instituição liderada por Nuno Amado lançar na bolsa mais 14 mil milhões de novos títulos na sequência do aumento de capital no valor de 1.300 milhões de euros. É já na quinta-feira que se inicia a transação das novas ações do BCP.

O BCP concluiu com sucesso a operação de reforço de capital que vai permitir o reembolso antecipado da ajuda do Estado e ainda cimentar os rácios de força financeira. Os acionistas de referência marcaram presença, caso dos recém-chegados chineses da Fosun, do grupo EDP e do fundo BlackRock, o que permitiu ao banco dispensar a tomada firme do sindicato bancário que preparou o aumento de capital.

A confiança depositada pelos acionistas levou o BCP a valorizar esta segunda-feira para perto de máximos deste ano, estando o banco a apresentar esta terça-feira uma correção acentuada numa sessão que apresenta um volume de negociação bastante expressivo: já trocaram de mãos mais de 30 milhões de papéis em cerca de quatro horas de negociação, acima da média diária de 26 milhões observada nos últimos 12 meses.

“O BCP está a corrigir os ganhos das últimas sessões”, refere Eduardo Silva, gestor de ativos da XTB Portugal. “O sentimento de risk off na Europa com incidência sobre o setor da banca é evidente, depois de dois dias de fortes subidas, o BCP está a ceder parte dos ganhos e acompanha o setor com uma desvalorização acentuada. A volatilidade é ainda mais forte em Itália onde o risco político e a pressão sobre o setor da banca têm estado em foco”, acrescentou.

Neste momento, a aversão ao risco é geral na bolsa portuguesa. E também na banca europeia. O PSI-20, o principal índice português, cai 0,95% 4.550,72 pontos, pressionado ainda pela Galp (-0,43%) e pelos CTT (-1,3%). No panorama europeu, o BNP Paribas perdia mais 3,5% e o Société Générale e o Bankinter perdiam ambos mais de 2%.

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Violas vende na OPA e fica apenas com dez mil ações

O grupo Violas vende a posição que detém no BPI de 2,681%. Tiago Violas Ferreira, administrador da Holding diz que "custa sair, mas não tínhamos alternativa".

O grupo Violas, maior acionista português do BPI, vai vender a posição de 2,681% que detém no capital do banco, na OPA do CaixaBank. Em declarações ao ECO, Tiago Violas Ferreira, administrador da holding Violas Ferreira Financial (VFF) adianta: “Ficamos apenas com uma posição residual de dez mil ações”.

Tiago Violas Ferreira reconhece que “custa muito sair do banco desta maneira e a este preço”. “Mas não tínhamos outra solução”, garante.

“Não podíamos ficar numa sucursal do CaixaBank em Portugal”, sobretudo, acrescenta o administrador da VFF, “sabendo nós como é que o CaixaBank trata os acionistas”.

Não podíamos ficar numa sucursal do CaixaBank em Portugal, sobretudo, a sabendo nós como é que o CaixaBank trata os acionistas.

Tiago Violas Ferreira

Administrador da holding Violas Ferreira Financial

O administrador revela que deram “ordem de venda” no âmbito da Oferta Pública de Aquisição (OPA) cujo prazo termina esta tarde (15 horas).

Família Violas era acionista do BPI há cerca de 35 anos

Esta é o primeiro anúncio de venda feito por um acionista qualificado do BPI. Com esta operação os Violas deverão encaixar perto de 40 milhões de euros.

A holding Violas Ferreira Finance sempre se mostrou contra a OPA do CaixaBank, pelo menos ao preço de 1,134 euros por ação, o que levou mesmo durante todo o processo à demissão de Edgar Ferreira, pai de Tiago Violas Ferreira, da administração do BPI em desacordo com a gestão liderada por Fernando Ulrich. O acionista considerou na altura que a venda de 2% do BFA a Isabel dos Santos por 28 milhões de euros beneficiava a empresária, prejudicando os outros acionistas. Ainda no decorrer dessa venda, a VFF pediu à CMVM que nomeasse um administrador independente ameaçando que podia recorrer para os tribunais caso isso não acontecesse. A CMVM não teve o mesmo entendimento e avançou com a operação, falta saber o que irá fazer o (ainda) maior acionista português do BPI.

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Vendas de automóveis vão crescer, mas muito pouco

A ACAP antecipa que, depois do forte crescimento no ano passado, o aumento das vendas modere. Vê um saldo positivo de 2% este ano.

A ACAP acredita que as vendas no mercado nacional vão continuar a crescer, mas o ritmo vai ser bem mais moderado este ano. Antecipa um aumento de apenas 2% este ano, repetindo-se o ritmo de crescimento em 2018.

Se em 2016 o mercado nacional registou um crescimento de 15,8%, as vendas deste ano deverão ascender a 211 mil veículos de passageiros a que se somam 36 mil comerciais. Será um incremento de 2% considerando apenas os ligeiros e de 3% no total. Em 2018 o total deverá ascender a 252.500 unidades, um novo aumento de 2%.

Esta previsão tem por base as estimativas para o consumo privado, mas também outras variáveis. Foi nessa base que projetou para 2016 a venda de 189 mil veículos, um número que pecou por defeito. As vendas de automóveis novos acabaram por superar a fasquia dos 200 mil.

Carros de gama mais baixa

As vendas de automóveis em Portugal cresceram, mas nem todos os veículos foram adquiridos por particulares. A ACAP salienta que 20% das vendas foram para rent-a-car, sendo que 12% foram vendidos no regime de aluguer operacional de veículos. Os restantes 68% foram comercializados fora destes regimes, sendo que grande parte foram veículos de gama baixa.

“O segmento inferior está a crescer. Representa 38% do total das vendas”, nota a ACAP que salienta ao mesmo tempo que a dieselização está a encolher. Os diesel representaram 64% das vendas de carros novos no ano passado, mas em três anos diminuiu em oito pontos percentuais com ganhos no caso da gasolina e de sistemas alternativos, nomeadamente os híbridos plug-in.

Mais importados. Carros mais velhos

O crescimento das vendas dos veículos novos nos últimos 12 meses acontece num ano em que entraram, novamente, para o parque nacional mais carros importados. Estes veículos importados representaram cerca de 28% do total de novas matrículas registadas em Portugal.

A ACAP salienta que este facto, a par do fim de programas de incentivo ao abate de veículos usados, tem mantido a idade média do parque automóvel nacional elevada. Recuou ligeiramente no caso dos ligeiros de passageiros em 2016, mas está em 12,3 anos. “Acima de dez anos é um parque envelhecido”, nota.

(Notícia atualizada as 12h30)

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Turismo gera mais de oito mil milhões de euros em Lisboa

Em dez anos, a região de Lisboa mais do que duplicou o número de hóspedes, com um total de 7,3 milhões em 2015. Os lisboetas acreditam que o turismo trouxe mais vida à cidade.

O turismo teve um impacto económico de 8,4 mil milhões de euros na Região de Lisboa, em 2015, ano em que gerou cerca de 150 mil postos de trabalho. As contas são da consultora Deloitte e constam de um estudo feito para a Associação Turismo de Lisboa (ATL)

Este impacto económico, aponta a consultora, representa um aumento médio anual de 8% nos últimos dez anos. Neste período de 2005 a 2015, o maior crescimento da região foi o da cidade de Lisboa, com uma média de 9,5% ao ano. A restante região cresceu, em média, 4,7%.

O emprego também evoluiu a um ritmo acelerado. De 2005 para 2015, o número de postos de trabalho (criados ou mantidos) no setor do turismo passou de 137.069 para 149.914, um aumento de quase 15%. Feitas as contas, o setor do turismo dava trabalho a 12,4% da população residente empregada da região de Lisboa.

Já em relação à cadeia de valor (a diferença entre benefícios e custos de uma oferta) dos operadores do setor, a hotelaria conseguiu aumentar este indicador em 240 milhões de euros, seguindo-se a restauração, com 200 milhões de euros. Os transportes e compras registaram um crescimento de 140 milhões cada, os congressos e reuniões aumentaram o valor em 100 milhões e a animação turística em 75 milhões.

Os resultados, refere a ATL em comunicado enviado às redações, são reflexo de uma “estratégia concertada entre entidades públicas e privadas”, que reforçou “a atratividade de Lisboa” e levou a um “aumento progressivo no número de hóspedes”. Feitas as contas, o número de hóspedes mais do que duplicou no período em análise, passando de 3,5 milhões para 7,3 milhões de hóspedes em 2015. Este valor representa mais de 40% do total de hóspedes que ficaram em Portugal em 2015, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Turismo trouxe vida à cidade, acreditam os lisboetas

Num outro estudo feito para a ATL, que avaliou a opinião dos lisboetas sobre o turismo na cidade, conclui-se que “mais de 90% da população que reside e trabalha em Lisboa tem uma opinião positiva ou muito positiva sobre os turistas e a contribuição do turismo para a capital portuguesa”.

Entre as principais áreas em que o turismo tem um impacto positivo, consideram os lisboetas, estão a reabilitação das zonas históricas e tradicionais, a preservação do património e a reabilitação dos prédios e edifícios de habitação. Já as principais vantagens que o turismo traz são o desenvolvimento da economia, o aumento do comércio e a criação de oportunidades de emprego.

O estudo, realizado pela Intercampus, aponta que a cidade “tem hoje mais vida” para 91% dos residentes e para 80% dos que trabalham em Lisboa. Há ainda 73% da população lisboeta que concorda com a afirmação “o turismo tem-me ajudado a sentir mais orgulhoso em relação a Lisboa“.

Mesmo nos bairros históricos, onde o impacto do turismo é maior, o estudo aponta uma opinião positiva, com 91% a considerar que o turismo traz mais vida à cidade e 80% a dizer que o turismo ajuda a sentir mais orgulho na cidade.

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Novo recorde no ar: 14.535 km em 17 horas

  • Juliana Nogueira Santos
  • 7 Fevereiro 2017

A nova rota diária da Qatar Airways liga o Qatar à Nova Zelândia e estabelece o recorde de distância percorrida pelo ar.

Quilómetro a quilómetro, o recorde de distância percorrida por um avião tem vindo a sucumbir. Até agora, o voo diário que ligava dois sítios mais distantes era operado pela Emirates, ligando a cidade do Panamá ao Dubai — 13.821 quilómetros em 17 horas e 35 minutos.

A Qatar Airways quebrou este valor com o lançamento de uma nova rota diária que liga a cidade de Doha, capital do Qatar, a Auckland, na Nova Zelândia, percorrendo 14.535 quilómetros em 17 horas e 35 minutos.

Depois do voo inaugural, o presidente da companhia aérea, Akbar Al Baker, destacou não só a importância de estabelecer um novo recorde no ar, mas também a importância de construir novas pontes entre países.

Com este novo serviço, executado por um Boeing 777, Auckland será a primeira cidade neozelandesa a receber os voos da Qatar Airways. O avião tem lugar para 42 pessoas em classe executiva e 217 pessoas em classe económica.

Além do serviço a passageiros, a rota diária Doha-Auckland-Doha irá permitir o transporte de 116 toneladas de mercadoria, estabelecendo assim um elo mercantil entre os dois países.

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França: Fillon declara-se inocente, mas chega para salvar a candidatura?

  • Marta Santos Silva
  • 7 Fevereiro 2017

Numa conferência de imprensa, o candidato da direita ao Eliseu assumiu "erros" mas garantiu que tudo tinha sido legal. Conheça agora, ponto por ponto, as acusações que põem François Fillon em xeque.

Foi uma conferência de imprensa para “se explicar” aos franceses, perante mais de 250 jornalistas do mundo inteiro. Uma jogada arriscada pela parte de François Fillon, o candidato da direita francesa para as eleições presidenciais, que aproveitou para assumir “erros” e apresentar desculpas, mas rejeitar totalmente que tenha agido de forma ilegal. O escândalo? O candidato à presidência e antigo primeiro-ministro francês é acusado de ter criado um esquema para remunerar a mulher por um emprego que ela não desempenhava no Parlamento, um inquérito que já foi alargado aos empregos dos seus filhos.

François Fillon tem estado no centro de várias controvérsias.Marlene Awaad/Bloomberg

O candidato, que já foi o favorito para defrontar, na segunda volta, a candidata da Frente Nacional Marine Le Pen, reconheceu que os factos reportados pela imprensa — de que tinha empregado a sua mulher enquanto assistente parlamentar — eram reais, mas afirmou que tinham sido “legais e transparentes”. Pediu desculpa pelos “erros” que cometeu e reiterou a promessa: se for constituído arguido, desiste da corrida ao Eliseu. Mas de que é acusado afinal o candidato que foi o preferido dos eleitores da direita, sobre o adversário Alain Juppé e o ex-Presidente Nicolas Sarkozy? E poderá a sua candidatura sobreviver às acusações que lhe são feitas?

As alegações

O escândalo que abana as fundações da candidatura de François Fillon à presidência francesa começou com alegações, vindas do jornal satírico e de investigação Le Canard Enchaîné, de que a sua mulher, a britânica Penelope Fillon, recebera um total de 500 mil euros durante os mais de dez anos em que trabalhara como assistente parlamentar do marido. François Fillon, que era o candidato da seriedade e honradez, viu a sua reputação perturbada pela abertura de uma investigação aos pagamentos feitos à mulher com fundos do Parlamento francês.

O caso tornou-se ainda mais complicado uma semana depois, quando o mesmo jornal já falava numa soma de 830 mil euros pagos à mulher do candidato do partido Les Republicains (LR) quando este era deputado. Pouco depois, o especial televisivo Envoyé Special desenterrava uma entrevista de 2007, ano que marca o final do período em que Penelope Fillon terá sido remunerada por serviços de assistente parlamentar do marido, em que a britânica garantia à jornalista do Daily Telegraph: “Nunca fui assistente do meu marido”.

Pouco depois, o inquérito alargava-se aos filhos do casal Fillon: na quinta-feira da semana passada, 2 de fevereiro, a investigação passava a abranger os empregos de assistentes que Fillon dera aos filhos, Marie e Charles, quando era senador. Embora François Fillon tenha afirmado que contratara os filhos como assistentes pela sua experiência enquanto advogados, veio pouco depois a saber-se que, na altura a que remonta a investigação, Marie e Charles eram estudantes, e receberam cerca de 84 mil euros em dinheiros públicos, segundo escreveu o Le Carnard. Empregar a família não é proibido no parlamento francês, mas é preciso saber se os familiares de Fillon desempenhavam de facto as tarefas para que foram contratados, o que está a ser posto em causa, tanto no caso de Penelope como no dos dois filhos.

Uma vez aberta a caixa de Pandora, não faltaram escândalos e acusações a Fillon. Uma nova luz foi derramada sobre a sociedade de advogados 2F Conseil, de onde Fillon retirou um salário de 756 mil euros entre 2002 e 2015, enquanto era deputado e primeiro-ministro, e também sobre um caso de desvio de fundos públicos, relatado pela imprensa francesa, por senadores do partido de centro-direita UMP, o antecessor do LR. Fillon terá retirado desse esquema cerca de 25 mil euros, segundo as alegações.

A defesa

“Não há nada de ilegal, e assumo a escolha que foi a minha, de me apoiar na minha mulher, nos meus próximos, que sabem melhor do que ninguém os sacrifícios e as fidelidades que marcaram o meu caminho político”, defendeu-se o candidato. François Fillon começou por apresentar justificações — que Penelope Fillon tinha de facto sido sua assistente e que as suas palavras na entrevista ao jornal britânico estavam descontextualizadas, que os filhos o tinham ajudado a escrever livros ou a esclarecer questões legais — mas rapidamente se voltou para a revolta.

Sentia “uma cólera fria face a toda esta matilha que se juntou nesta iniciativa de demolição”, afirmou, num evento da campanha presidencial em Charleville-Mézières, nas Ardenas. Para o candidato, o foco mediático nas investigações à sua volta estava a ser movido por um “golpe de Estado institucional” empurrado pelo atual Governo socialista de François Hollande. “Eu não sou parvo”, sublinhou. “Não é a justiça que procuram, mas sim deitar-me abaixo. E, além da minha pessoa, deitar abaixo a direita, roubar-lhe o voto”.

Garantindo que lutaria até ao fim na campanha presidencial, Fillon deixou uma reserva: se for constituído arguido, abandonará a corrida.

O futuro

Ainda não existe abertamente uma procura, do lado da direita, de um novo candidato caso Fillon se retire, mas o medo no LR é palpável. François Fillon, que bateu o então favorito à nomeação e mais moderado Alain Juppé, era visto como o candidato mais provável para o lugar no Eliseu à saída de François Hollande. Mas agora, com as primárias de 23 de abril cada vez mais próximas, o republicano cai a pique.

As sondagens que antes davam vantagem — e posição de favorito — a François Fillon mostravam-no, pouco depois do rebentar do escândalo, a ser eliminado na primeira volta, com a vitória a passar, ou para o independente Emmanuel Macron ou para a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen. Números que assustam pela proximidade a que deixam a candidata antissistema da presidência, como demonstram as bolsas europeias no dia da conferência de imprensa em que Fillon apresentou desculpas. A sondagem mais recente, do Paris Match, demonstra que Fillon mantém um núcleo duro de apoiantes, retendo 18,5% das intenções de voto, com Emmanuel Macron à sua frente e Marine Le Pen em primeiro. Mas seis em cada 10 franceses acreditam que Fillon deveria sair da corrida.

O que vai fazer a direita? As hipóteses são várias. Não é certo que François Fillon se retire da corrida, embora, ao Le Figaro, alguns responsáveis do partido republicano francês tenham dado a entender que fazê-lo retirar-se seria uma solução desejável, ainda que “complicada”. Também não é muito provável que seja constituído arguido na investigação aos pagamentos à sua mulher antes das eleições, sublinha o L’Obs, já que o inquérito se encontra numa fase inicial. Mas e se sair?

Alain Juppé põe de parte avançar se Fillon se retirar. Não vai ser um candidato de recurso. “Não, clara e definitivamente”, afirmou, já questionado várias vezes acerca do assunto. E se Nicolas Sarkozy parece estar fora de questão, após resultados muito fracos nas primárias da direita, há outros nomes a serem falados. O Politico destaca que o partido republicano poderia voltar-se para uma geração mais jovem, o que lhe permitira melhor competir com Emmanuel Macron, o independente de apenas 38 anos.

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As vezes em que Marcelo falou antes de tempo

Antes de chegar ao cargo, já o próprio dizia que iria ser um "Presidente hiperativo". Essa caraterística já lhe valeu elogios, mas também críticas. Mas há um perigo inerente: quando fala de mais.

Até às eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa foi presença assídua na televisão aos domingos à noite. Depois de ter passado anos na rádio, foi entre a RTP e a TVI que se popularizou, após ser candidato a Lisboa e líder da oposição como presidente do PSD. Mas desde que entrou em campanha e até hoje, o Presidente da República tem presença mediática todos os dias. Na sexta-feira passada anunciou que a Fitch ia manter o rating de Portugal, mesmo antes de a própria Fitch o ter anunciado.

Este é um episódio, mas em menos de um ano há mais. Na opinião publicada multiplicam-se as críticas à exposição de Marcelo. É apelidado de Presidente-celebridade, Presidente das selfies e Presidente dos afetos. Mas é também o Presidente que, em certos momentos, falou para lá do que seria expectável. Além de quebrar o embargo da agência de notação financeira, Marcelo já tinha tido um “feeling”, uma previsão falhada na CGD, um anúncio de uma “boa surpresa” nas receitas fiscais e um teatro negocial na Cornucópia.

Marcelo é Fitch, mas será que a Fitch é Marcelo?

A tarde da última sexta-feira estava a iniciar quando o Presidente da República decidiu anunciar aos jornalistas que a Fitch ia manter o rating de Portugal. A bolsa lisboeta estava aberta. A agência de rating só viria a anunciar a decisão após o fecho de Wall Street, ou seja, às 21h00, horas de Lisboa. Mas antes disso, depois da hora de almoço, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu o papel de porta-voz da Fitch, quebrando o embargo e as regras europeias, embalado pelo anúncio de “boas notícias”.

Na sua vontade de “puxar para cima”, Marcelo não cumpriu as regras. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários tem uma página totalmente dedicada ao abuso de informação privilegiada. Além disso, a CMVM tem ainda uma página sobre os entendimentos do regulador sobre a divulgação dessa informação. “Quem esteja na posse de informação privilegiada não pode transmitir essa informação, fora do âmbito normal das suas funções“, pode ler-se no primeiro documento. No segundo, a CMVM dá exemplos de informação privilegiada indiretamente relacionada com o emitente, como é o caso de “publicação (próxima) de relatórios de notação de risco”.

No final dos seus entendimentos, a CMVM deixa um conselho sobre que condutas devem adotar entidades com acesso a informação privilegiada. Entre as várias recomendações leem-se duas fundamentais para este caso: “Restringir o conhecimento dessa informação até à sua divulgação pública” e “divulgar publicamente essa informação após o encerramento dos mercados”. No primeiro caso, o Presidente da República antecipou-se e, no segundo caso, à hora em que falou, a bolsa lisboeta e o mercado secundário da dívida ainda estavam a transacionar.

"Divulgar publicamente essa informação após o encerramento dos mercados.”

CMVM

Entendimentos da CMVM sobre a Divulgação de Informação Privilegiada por Emitentes

Mas não é só em Portugal que o anúncio de Marcelo pode causar problemas. É que a Fitch avalia o risco da dívida soberana, transacionada internacionalmente. Tal como acontece nos resultados das empresas, os anúncios relativos aos updates nas avaliações do rating são feitos quando os mercados estão fechados. Além disso, normalmente as agências de notação financeira pronunciam-se à sexta-feira, seguindo-se o fim-de-semana, altura em que a bolsa está fechada.

Ao final da tarde, Marcelo Rebelo de Sousa falou novamente aos jornalistas para justificar o seu anúncio antecipado: “Os operadores anteviam o que se ia passar e eu considerei que era positivo haver a expectativa”, argumentou, revelando logo de seguida que “as outras duas agências [Moody’s e Standard & Poor’s] também se vão pronunciar e eu desde já digo que a expectativa que tenho é que não haja um piorar do juízo em relação a Portugal e haja um compasso de espera aguardando a posição das instituições europeias“.

Marcelo got a feeling

A 9 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa revelou o seu estado de alma, em reação à queda das exportações de bens em outubro: “Eu não sei porquê tenho um ‘feeling’ — sabe que o Presidente da República de vez em quando tem ‘feelings’ — que as exportações em novembro vão subir claramente. Veremos se o ‘feeling’ se confirma”. “É uma intuição que tenho, que as exportações, nomeadamente para fora da Europa, podem de repente crescer muito em novembro. E se for assim, ficamos todos mais felizes“, revelou nesse dia.

António Costa estava ao lado e anuiu: “Nós acompanhamos sempre os ‘feelings’ do senhor Presidente da República. Os dados globais são consistentes sobre a reanimação que a economia tem vindo a ter e que vai continuar a ter. Estamos confiantes sobre o futuro”, disse o primeiro-ministro. Um mês depois, a 9 de janeiro, os dados chegaram e confirmaram o feeling: as exportações de bens subiram em novembro, apesar de as importações terem aumentado ainda mais e, por isso, a balança comercial ter-se degradado.

O verão quente da CGD

O dossiê Caixa Geral de Depósitos dominou o ano de 2016, mas principalmente o verão. Nesses dias quentes, a 5 de julho, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que a nova administração entraria em funções dentro de “10 a 12 dias”. Nessa altura estava iminente um período vazio na gestão da CGD, uma vez que o mandato da então administração já tinha sido expandido e estava prestes a terminar.

“A informação que tenho é que a administração que vai sair e que escreveu a carta há 15 dias aceitou ficar até hoje, isto é, até haver a substituição. Portanto, já depois da carta aceitou ficar até entrar uma nova administração que eu espero que aconteça nos próximos 10 a 12 dias”, garantiu. Mas o Presidente falhou na previsão. Só 57 dias depois é que António Domingues tomou posse enquanto presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, a 31 de agosto.

A “surpresa boa” nas receitas fiscais

Os feelings de Marcelo estão também na execução orçamental. Nas últimas semanas tem sido comum ver o Presidente da República a admitir um défice “claramente inferior a 3%”, ou até para lá de “2,3%, não sei se 2,2%”, disse na entrevista à SIC sobre o seu primeiro ano de mandato. Mas já em outubro, pouco tempo antes de se começar a discutir o Orçamento do Estado para 2017, Marcelo Rebelo de Sousa pronunciou-se sobre a execução orçamental até agosto, no dia em que foi revelada uma nota da UTAO.

Na altura projetou para o futuro, tal como fez com as exportações de bens: “Relativamente às receitas fiscais, vale a pena esperar uns dias, até se saber a receita fiscal do mês de setembro. Talvez possa ser uma surpresa boa, no sentido de que as receitas permitam atingir aquilo que eu tenho dito, repetidamente, ao longo dos meses”, pré-anunciou a 4 de outubro. No final de novembro, quando a DGO revelou a síntese de execução orçamental até outubro, verificou-se a melhoria – a receita fiscal até agosto estava a cair 0,2%, face ao mesmo período do ano anterior, mas em setembro inverteu a tendência aumentando 0,7%, graças aos impostos indiretos.

O teatro negocial da Cornucópia

O palco não era dele, mas quem montou o espetáculo foi Marcelo Rebelo de Sousa. A filmar tudo estavam as principais televisões do país. A emissão foi para o país todo: o Presidente da República cria uma nova corrente teatral, uma autêntica peça negocial, onde os protagonistas foram o diretor do Teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra, a codiretora, Cristina Reis, e o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes.

Anunciado o encerramento do Teatro da Cornucópia, Marcelo decidiu ir à última sessão para abrir o ato de negociação entre o Governo e a companhia. Depois de já ter a seu lado os dois responsáveis do teatro, o chefe de Estado chamou o acabado de chegar ministro da Cultura: “Sente aí, que estávamos aqui a ouvir, e eles estavam a narrar”, atirou o narrador omnipresente desta história. Foram longos minutos de troca de ideias com as câmaras ligadas e os jornalistas a assistir.

No final, Marcelo transformou-se em cenógrafo e fez o retrato daquela peça: “Mas hoje, dia 17 de dezembro de 2016, aquilo que eu ouvi dizer foi: nós estamos na disposição de repensar no sentido de continuar. Diz o senhor ministro: pois muito bem, nós estamos a falar, passamos a falar nessa onda. Até agora estávamos a falar na onda de fechar, a partir de agora passamos a falar na onda de não fechar, de fazer, ver se é possível. Eu acho que é isso que importa fazer”.

Marcelo Rebelo de Sousa vai mais longe, referindo que a Cornucópia é diferente. “Então aí o Ministério continua a falar convosco, sempre no quadro de que são uma exceção, porque são um caso diferente dos outros casos, para ver se é possível esse cenário”, atirou, dizendo depois a Luís Castro Mendes que “foi boa ideia ter cancelado a ida a Castelo Branco, porque isto permite aqui, nesta nesga de esperança, ter aqui a sua presença, que é importante”. “E isto não é uma forma de pressão sobre o Ministério“, garantiu.

Antes de se levantar, Marcelo Rebelo de Sousa ainda disse mais: “Algum dia eu teria o sonho de não estar sentado na cadeira e vir a discutir aqui para o palco, é sempre o sonho de todos os espetadores”.

Estes cinco casos são exemplificativos das principais situações em que o Presidente da República terá falado de mais, mas existem outros incidentes mais pequenos. É o caso da indicação da eurodeputada do PS, Elisa Ferreira, para o Banco de Portugal, nomeação que Marcelo revelou, indiretamente, num jantar em Estrasburgo com eurodeputados antes do Governo e BdP fazer o anúncio oficial.

Além disso, na visita de Estado que fez a Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu repensar o novo acordo ortográfico, mas os diplomatas não gostaram. Nós estamos à espera que Moçambique decida sim ou não ao Acordo Ortográfico. Se decidir que não, mais Angola, é uma oportunidade para repensar essa matéria”, disse em maio o Presidente da República. Poucos dias depois, o i noticiava o desconforto de fontes diplomáticas: as declarações sobre o Acordo Ortográfico são vistas como “desastradas”, tendo em conta o momento da CPLP, dizia o jornal.

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Efacec dá mais autonomia a carros eléctricos

A empresa liderada por Ângelo Ramalho já construiu os primeiros carregadores mundiais capazes de providenciar uma potência de 350 kilowatts.

A Efacec está disposta a tornar os carros elétricos mais autónomos. A empresa que agora pertence ao universo de Isabel dos Santos já começou a construir e a instalar os primeiros carregadores “de elevada potência” para veículos elétricos. A Efacec criou os primeiros carregadores mundiais capazes de providenciar uma potência de 350 kilowatts e uma elevada tensão (1.000 volts) em veículos de longo alcance.

Pedro Silva, diretor geral da Efacec Electric Mobility, adianta em comunicado que “é inegável que os veículos de longo alcance constituem um novo patamar na Mobilidade Elétrica e a Efacec lidera o desenvolvimento de soluções tecnológicas de ponta aplicáveis nestes domínios”.

"É inegável que os veículos de longo alcance constituem um novo patamar na Mobilidade Elétrica e a Efacec lidera o desenvolvimento de soluções tecnológicas de ponta aplicáveis nestes domínios.”

Pedro Silva

Diretor Geral da Efacec Electric Mobility

A empresa adianta que “está já a trabalhar em diversos projetos que incorporam estas soluções de carga de elevada potência, nomeadamente com marcas de renome mundial no setor dos construtores automóveis e com mais de quatro dezenas de operadores de pontos de carregamento de elevada potência para a gama de veículos elétricos (VE) de longo alcance”.

Ainda segundo a Efacec, “estas unidades foram vendidas até dezembro de 2016 e destinam-se a projetos em diferentes localizações no mundo, prevendo já novos negócios na Europa e EUA. As instalações já se iniciaram no terreno e prosseguirão ao longo de 2017“.

Esta gama é composta por vários produtos de alta tensão, com diferentes potências disponíveis, tais como 50, 60, 175 e 350 KW, cobrindo as diferentes necessidades do mercado.

A empresa garante que “estes desenvolvimentos tecnológicos nas infraestruturas de carregamento para VE reforçaram a liderança internacional da Efacec neste setor”.

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