OCDE: Crescimento vai depender das reformas estruturais

A organização liderada por Angel Gurría frisa que os "estrangulamentos estruturais continuam a retrair o crescimento e exacerba as vulnerabilidades". É necessário retomar o ímpeto reformista.

Angel Gurria e Mário Centeno

As perspetivas de crescimento em Portugal vão depender cada vez mais das políticas que permitam à economia concorrer com sucesso e gerar novas oportunidades de rendimento”. A conclusão é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no relatório hoje divulgado sobre a economia nacional.

A instituição liderada por Angel Gurria sublinha que os “estrangulamentos estruturais continuam a retrair o crescimento e exacerbam as vulnerabilidades”. Por isso, “lidar com alguns destes desafios” será “a base de um crescimento robusto ao longo dos próximo anos”, mas para isso “é necessário retomar o ímpeto das reformas estruturais”, alerta a OCDE.

O relatório sugere ainda que “a implementação das reformas pode ser melhorada e que uma avaliação sistemática das reformas estruturais já levadas a cabo permitirá definir melhor as necessidades de reformas futuras. Os esforços atuais neste sentido, incluindo a criação de uma unidade dedicada no Ministério das Finanças, são bem-vindos”.

A OCDE antecipa assim “um crescimento anual moderado”, de 1,2% em 2017, e refere que o consumo privado teve um papel importante recentemente, mas “deverá perder peso porque a criação de emprego é demasiado fraca para que as despesas dos consumidores continuarem a expandir-se ao nível atual”.

O investimento, é a chave para conseguir potenciar os ganhos nas exportações, deverá “continuar fraco” — “o investimento tem estado significativamente mais fraco do que nas outras economias do euro, particularmente desde 2010” e, “depois do forte declínio após a crise, o investimento está agora mais de 30% abaixo do nível de 2005”.

as exportações “vão crescer menos” do que nos anos anteriores, em parte devido à queda da procura da China e de Angola, mas deverá “continuar a ser a força por trás do crescimento neste ano e no próximo”. A organização liderada por Angel Gurría considera que as reformas estruturais já feitas permitiram um “reequilíbrio da economia para as exportações”, sublinhando que Portugal exporta agora mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), quando em 2005 as exportações representavam apenas 27%.

Tendo em conta o “baixo crescimento”, mas também um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a OCDE antecipa que a queda do desemprego seja “muito mais lenta do que nos últimos dois anos” e que “é provável que o desemprego continue nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia”. A previsão é de que a taxa fique nos 10,5%, sendo que nos jovens a taxa de desemprego será de 26,1%. Ainda assim, a OCDE reconhece que o indicador tem vindo a cair, mas continua em “níveis desconfortavelmente elevados”.

Previsões da OCDE

Fonte: OCDE
Fonte: OCDE; Valores em % da variação anual

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

OCDE: Reforma das pensões penalizou jovens e futuros pensionistas

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2017

A OCDE critica a reforma das pensões porque os pensionistas atuais, em particular no setor público, têm benefícios "significativamente mais generosos". Já os futuros pensionistas foram penalizados.

A OCDE afirma que as reformas de pensões em Portugal foram feitas à custa dos jovens e dos futuros reformados e que os pensionistas atuais, em particular no setor público, têm benefícios “significativamente mais generosos”.

Num relatório hoje publicado sobre a economia portuguesa, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) refere que “tanto a desigualdade como a pobreza têm estado a aumentar desde a crise”, sendo as crianças e os jovens os grupos mais afetados, com um aumento de três pontos percentuais, ao passo que a pobreza entre os pensionistas caiu quase seis pontos percentuais desde 2009.

Para combater as desigualdades de oportunidades, Portugal terá de “repensar alguns dos mecanismos de governança atuais que atribuem vantagens e rendas a grupos específicos”.

A OCDE dá o exemplo do mercado de trabalho, no qual “os que têm direitos adquiridos e contratos permanentes mantêm vantagens significativas, apesar de um mercado de trabalho menos rígido melhorar as oportunidades de emprego para os jovens e para os desempregados”.

A organização de Angel Gurría considera que “as reformas de pensões que tiveram lugar colocaram o peso do ajustamento nos jovens e nos futuros reformados”, ao mesmo tempo que os detentores de direitos adquiridos, “particularmente os pensionistas do setor público, beneficiam de benefícios significativamente mais generosos do que os futuros pensionistas”.

As reformas de pensões que tiveram lugar colocaram o peso do ajustamento nos jovens e nos futuros reformados, [ao mesmo tempo que os detentores de direitos adquiridos] particularmente os pensionistas do setor público, beneficiam de benefícios significativamente mais generosos do que os futuros pensionistas.

OCDE

Ainda nesta matéria, a OCDE identifica um terceiro problema: é que “as negociações entre os trabalhadores e as empresas muitas vezes representam apenas pequenas franjas de trabalhadores e as empresas incumbentes”, ficando sem “grande voz” os que se iniciam no mercado ou os desempregados.

Finalmente, a OCDE aponta também os baixos níveis de competitividade em muitos setores”, que beneficiam pequenos grupos de interesse, mas que “prejudicam os que usam esses serviços”.

Para a OCDE, “avançar para uma economia mais inclusiva vai envolver começar uma discussão sobre como remover os privilégios e as rendas e dar mais oportunidades iguais para todos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

OCDE: Sem mais investimento Portugal não vence a crise

A OCDE avisa que Portugal tem de fazer mais para consolidar a recuperação que iniciou. A organização liderada por Angel Gurría frisa que sem mais investimento os ganhos não serão consolidados.

Sem recuperar o investimento, Portugal não vai conseguir atingir um bom nível de crescimento. O aviso é da OCDE, que apresenta esta segunda-feira um relatório sobre a economia nacional. Mas este não é o único alerta deixado pela organização liderada por Angel Gurría.

“Continuar o reequilíbrio da economia vai exigir mais investimento”, lê-se no documento, que é apresentado esta manhã no Ministério das Finanças, em Lisboa. A OCDE frisa que é preciso melhorar os balanços dos bancos, resolver os estrangulamentos nos procedimentos de insolvência e abrir novas fontes de financiamento.

E dá sugestões: “Melhorias na eficiência do sistema judicial, a reforma administrativa e reformas na regulação do mercado de produto”, bem como “a redução dos custos laborais”, podem ajudar a encontrar “novas fontes de financiamento”.

A OCDE avisa que a retoma do investimento em Portugal no pós-crise foi menos pronunciada do que noutros países e que os níveis atuais continuam mais de 30% abaixo dos valores de 2005.

Na cerimónia de apresentação, Gurría avisou que “o stock de capital de Portugal está gasto e como consequência o potencial de crescimento da economia nacional caiu”. Por isso, resolver este problema é “urgente notou, acrescentando que “a considerar como prioridade deve ser a abertura a novas fontes de investimento”, em especial para as pequenas e médias empresas.

Já o ministro das Finanças defendeu que “há sinais de retoma”, nomeadamente no último inquérito sobre a matéria revelado pelo Instituto Nacional de Estatística. O ministro frisou que os dados dão conta de que a procura está a perder força como um dos principais constrangimentos ao investimento. E argumentou que as melhorias no mercado de trabalho, como o aumento do emprego, são um dos principais sinais de investimento que as empresas podem dar.

“O efeito de arrastamento que a economia traz de 2016 para 2017 é três vezes superior no PIB do que trazia de 2015 para 2016”, assegurou o ministro.

Centeno aproveitou ainda para defender que os resultados do défice orçamental não beneficiaram da travagem do investimento público sentida em 2016, uma vez que as receitas de capital se reduziram em igual medida. “O saldo de capital em contas públicas é praticamente nulo”, frisou. E garantiu que o trabalho prévio à concretização do investimento público foi feito no ano passado, pelo que os números “vão aparecer” em 2017.

O que recomenda a OCDE?

A OCDE deixou várias recomendações ao Governo português para este melhorar a capacidade de atrair investimento. A eliminação dos preços garantidos nos sistemas de produção de eletricidade é uma das recomendações. Mas há um conselho, por exemplo, para os portos: é preciso de melhorar a eficácia dos contratos de concessão. Até há uma recomendação na área do trabalho, onde a OCDE recomenda que se promova a negociação salarial ao nível da empresa

  • Reforçar os incentivos de regulação para reduzir o crédito malparado, facilitando a venda destes créditos e o registo de imparidades;
  • Ajudar a desenvolver um mercado para a dívida em dificuldade, nomeadamente através da criação de empresas de gestão de ativos;
  • Rever a regulação do uso das propriedades, limitando os poderes discricionários dos municípios nos procedimentos de licença;
  • Melhorar o processo de insolvência: reconsiderar o tratamento privilegiado dos credores públicos, alargar o âmbito das decisões de maioria simples entre os credores e encurtamento dos procedimentos de acordos extrajudiciais;
  • Reduzir ainda mais a duração dos julgamentos e o atraso dos julgamentos com a expansão da capacidade dos tribunais, nomeando juízes especializados para tribunais especializados;
  • Facilitar os requisitos de entrada em serviços profissionais;

(Atualizado às 12h57 com as recomendações da OCDE, segundo o relatório)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Adiar solução para o crédito malparado é “estratégia arriscada”

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2017

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) defende que as autoridades portuguesas devem “desempenhar um papel ativo” para ajudar a limpar os balanços dos bancos.

A OCDE alerta que adiar uma solução para o problema do crédito malparado “é uma estratégia arriscada” que compromete a saúde dos bancos, o investimento e o crescimento económico, instando as autoridades a fazer mais.

Apostar no tempo para resolver o problema [dos empréstimos não perfomativos] é uma estratégia arriscada, não só porque compromete a saúde dos balanços dos bancos, mas também porque o investimento e o crescimento podem ficar reféns por anos”, afirma a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), num relatório sobre a economia portuguesa divulgado hoje.

A instituição defende que as autoridades portuguesas devem “desempenhar um papel ativo” para ajudar a limpar os balanços dos bancos, uma vez que os pesados ‘stocks’ de crédito malparado têm um impacto negativo no investimento e no crescimento económico, embora admita que a ajuda estatal de ser “balanceada com cuidado”, dada a reduzida margem orçamental para este tipo de intervenção pública.

Por outro lado, a instituição liderada por Angel Gurría lembra que a utilização de fundos públicos está limitada pelas regras europeias, mas defende que as autoridades portuguesas “devem procurar clarificações junto da Comissão Europeia, para o caso de uma possível intervenção”.

“Em princípio, cláusulas de exceção como a necessidade de corrigir uma falha de mercado ou um distúrbio económico sério poderiam ser invocadas, à luz da dimensão sistémica do problema do malparado em Portugal”, defende a entidade sediada em Paris.

A OCDE sublinha que a fragilidade da banca “precisa de ser resolvida o quanto antes” para “reduzir os riscos orçamentais e restaurar o crescimento do crédito”.

Salientando que a banca continua limitada por uma fraca rentabilidade e pelo nível elevado de créditos malparados, a OCDE alerta que se a fragilidade do setor se mantiver, num contexto de baixo crescimento como aquele a que se assiste em Portugal, isso poderia deteriorar as finanças públicas.

Por outro lado, uma implementação bem-sucedida de uma política “mais determinada” para reduzir a dívida das empresas e reparar o balanço dos bancos “iria restaurar a confiança e disponibilizar mais recursos para o investimento produtivo”.

No relatório, a OCDE conclui que no segundo trimestre de 2016 Portugal era o quarto país entre um grupo de 21 que integram a organização onde o crédito malparado tem maior peso (cerca de 13%) face ao total do crédito concedido, ficando atrás da Irlanda (cerca de 15%), de Itália (15%) e da Grécia (37%), que liderava a tabela.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maserati manda recolher milhares de automóveis por risco de incêndio

Depois do escândalo da Samsung com os telemóveis que explodiam, agora é a Maserati que vai recolher milhares de automóveis por risco de incêndio. Não é a primeira vez que a marca recolhe viaturas.

O Maserati Quattroporte é um dos modelos abrangidos pelo programa de recolha.Wikimedia Commons

Telemóveis rima com automóveis, mas não têm nada a ver. Depois do caso do Note 7, agora é a Maserati a recolher milhares de veículos por risco de incêndio. Segundo a agência Bloomberg, o programa abrange pelo menos 39.381 viaturas da gama Quattroporte, Ghibli e Levante. Em causa, dois defeitos detetados pela delegação norte-americana da marca italiana, que podem resultar em incêndios.

Um dos problemas estará relacionado com os bancos destes automóveis que, ao serem ajustados, poderão provocar curto-circuitos. Com este problema estarão alguns modelos fabricados entre 2014 até 2017. O outro defeito prende-se com pelo menos 10.879 automóveis, cujos tubos poderão ter brechas e verter combustível. São carros com preços médios entre 71.600 e 145.500 dólares.

A Maserati é detida pela Fiat Chrysler e este é o terceiro programa de recolha da marca no último ano. De acordo com a Bloomberg, em maio de 2016, a empresa recolheu 20.000 automóveis Quattroporte e Ghibli fabricados entre 2013 e 2015 devido a um potencial problema numa roda traseira. Antes, em março, tinha recolhido outros 28.235 veículos porque os tapetes podiam ficar presos no pedal do acelerador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Forte subida coloca BCP perto de máximos do ano

  • Rita Atalaia
  • 6 Fevereiro 2017

O BCP está em festa. O aumento de capital do BCP foi um sucesso: foi “totalmente subscrito”, sem recurso à tomada firme por parte dos bancos colocadores. Resultado? As ações já subiram mais de 8%.

O BCP está a festejar em bolsa o sucesso do aumento de capital. A operação do banco liderado por Nuno Amado foi “totalmente subscrita”, sem recurso à tomada firme por parte dos bancos colocadores. E as ações estão a disparar. Os títulos da instituição financeira já chegaram a subir mais de 8% para perto de máximos deste ano.

As ações do BCP estão a valorizar 8,22% para 18,25 cêntimos. Tudo graças ao sucesso do aumento de capital do banco liderado por Nuno Amado. A operação foi “totalmente subscrita”, sendo que o número total de ações solicitadas pelos investidores acabou por superar em 22% o número de títulos em oferta no âmbito do aumento de capital de 1.330 milhões de euros que vai permitir ao banco reembolsar os CoCos e reforçar os rácios de capital.

BCP dispara 8% depois do aumento de capital

Fonte: Bloomberg (Valores em euros)
Fonte: Bloomberg (Valores em euros)

A BlackRock aproveitou a boleia do sucesso da operação para reforçar a sua posição no banco. A maior gestora de ativos do mundo tinha menos de 2% do capital do banco revela e passou, a 2 de fevereiro, a ter 3,01% do BCP. Tem 2,41% através de ações, sendo a restante participação detida através de outros instrumentos financeiros.

A gestora aproveitou a operação de recapitalização do banco para reforçar a sua posição, tal como o fizeram outros acionistas da instituição liderada por Nuno Amado. O ECO sabe que o conglomerado chinês Fosun aumentou a participação para entre 23% e 24% no BCP, enquanto a Sonangol acompanhou a operação na proporção. Os angolanos já fizeram saber que vão aumentar a exposição “nos próximos meses”, de uma forma faseada.

Apesar de a confiança dos investidores no sistema financeiro europeu ter sido abalada pelos receios em torno dos problemas da banca italiana e pelo aumento na perceção de risco sobre Portugal — os juros da dívida estão a subir — o BCP foi bem-sucedido, sendo o primeiro banco europeu a conseguir realizar um aumento de capital nos últimos três meses.

(Notícia atualizada às 12h17 com novas cotações)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

De A a Z, 97 empresas estão contra Trump

  • Juliana Nogueira Santos
  • 6 Fevereiro 2017

Da Apple à Zynga, passando pela Google e pela Levi Strauss. Foram 97 as empresas a apresentarem uma declaração de apoio à decisão judicial de suspender a proibição de entrada de muçulmanos dos EUA.

Se o decreto assinado no passado dia 27 teria como principal objetivo a desunião, este não está a ser cumprido. Depois de muitas empresas terem declarado que eram totalmente contra o entrave à entrada de cidadãos oriundos de sete países árabes, 97 decidiram juntar-se para apresentarem uma declaração amicus curiae em apoio ao processo instaurado pelos estados do Minnesota e Washington.

Da lista fazem parte não só tecnológicas, como a Facebook, a Google, a Snap Inc. e a Netflix, mas também empresas de bens de consumo como a Levi Strauss. Na declaração pode ler-se que a decisão vai contra os valores fundadores dos Estados Unidos da América. São também sublinhados os feitos dos diversos imigrantes ao longo dos anos, afirmando que sem eles, os EUA seriam um país bem mais pobre e menos produtivo e inovador.

Imigrantes, ou os seus filhos, fundaram mais de 200 empresas da lista Fortune 500, incluindo a Apple, a Kraft, a Ford, a General Eletric, a AT&T, a Google, a McDonald’s, a Boeing e a Disney. Coletivamente, estas empresas geram receitas anuais de 4,2 biliões de dólares e empregam milhões de americanos.

Declaração Amicus Curiae

De acordo com uma fonte próxima do processo, esta declaração de apoio era para ser entregue no final desta semana, mas tendo em conta a velocidade com que o assunto está a avançar foram feitos todos os esforços para acelerar o processo. Esta foi entregue a noite passada.

Ausentes da lista estão empresas como a Amazon, a HP, a Oracle e a Yahoo. Ainda assim, a decisão de sexta-feira que bloqueia a ordem executiva foi apoiada pela Amazon e pela Microsoft.

A administração Trump apresentou um recurso para que o bloqueio fosse imediatamente levantado, mas este foi rapidamente rejeitado em Tribunal. Durante o fim de semana, as condenações à forma como este processo tem sido tratado a nível judicial não pararam de sair da conta privada de Twitter do presidente, com este a questionar a credibilidade dos juízes e a afirmar que estão a “tornar o trabalho muito difícil.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brexit está a afetar os lucros da Ryanair

  • Lusa e ECO
  • 6 Fevereiro 2017

A companhia aérea low cost revelou uma quebra nos lucros do terceiro trimestre. Apesar dos desafios, a Ryanair reiterou a meta para os resultados acima dos mil milhões no total do ano.

Os lucros da companhia aérea Ryanair sofreram uma queda de 8% no último trimestre de 2016, como consequência do processo da saída do Reino Unido da União Europeia. Ainda assim, a empresa irlandesa mantém a meta de resultados para o total do ano.

De acordo com o relatório divulgado em Londres, os lucros registaram uma queda para 95 milhões de euros. Os analistas consultados pela Bloomberg antecipavam um resultado líquido de 101,6 milhões de euros, aquém dos 103 milhões registados no mesmo período do ano anterior.

Os lucros foram atingidos também pela concorrência no setor da aviação, uma vez que os baixos custos do combustível provocam tarifas ainda mais baratas.

Prevemos que a libra se mantenha volátil durante algum tempo e talvez venhamos a enfrentar quedas no crescimento económico no Reino Unido e na Europa por causa do Brexit”, acrescenta a Ryanair.

“Pode ser que se verifiquem oportunidades para uma expansão para alguns aeroportos britânicos mas prevemos um crescimento mais lento do que aquele que estava previsto no Reino Unido o que vai provocar mudanças em relação à capacidade em outros mercados europeus”, indica o mesmo relatório.

A companhia de aviação mostra-se igualmente preocupada com o valor da libra face ao euro, pois desde o resultado do referendo que apoiou a saída do Reino Unido da União Europeia, a moeda britânica caiu 14 por cento em relação ao euro.

Apesar das preocupações relacionadas diretamente com o Reino Unido, a Ryanair sublinha que o negócio está a “crescer com força” na Alemanha. E aproveitou para reiterar a meta de resultados no total do ano, apontando para valores entre 1,3 e 1,35 mil milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Toyota sob pressão, aumenta estimativas de lucros

Trump não alivia a pressão e quer mais produção nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Toyota, que é das empresas que mais exporta para o país, prevê mais lucros operacionais para 2016.

A fabricante japonesa Toyota aumentou a previsão do lucro operacional relativa ao ano fiscal de 2016, avança a Bloomberg. O lucro operacional da Toyota deverá ser de 1,85 biliões de ienes, ou aproximadamente 15,2 mil milhões de euros, contra 1,7 biliões de ienes previstos anteriormente. É, no entanto, cerca de 10% menos do que as estimativas dos analistas, indica a agência.

Os mais recentes resultados da empresa, relativos ao terceiro trimestre fiscal de 2016, mostram uma queda de 39% no lucro operacional da Toyota, outro número aquém das expectativas. Por um lado, a fabricante automóvel com presença internacional tem beneficiado do fraco valor da moeda japonesa. Por outro, estará a ser prejudicada pelas posições tomadas pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre o comércio transfronteiriço.

A Toyota é das empresas que mais automóveis exporta para os Estados Unidos. Com Trump a prometer “enormes” impostos aduaneiros, a empresa poderá ver-se em maus lençóis nos próximos tempos, mas garante estar atenta às movimentações do novo presidente. Segundo a Bloomberg, a Toyota fabrica a esmagadora maioria dos automóveis Lexus no Japão, ainda que os venda principalmente no mercado estadunidense. Já o modelo Tacoma é fabricado no México e exportado para o país vizinho.

Recorde-se que esta foi uma das empresas a merecer um tweet de Donald Trump — que, como é sabido, tem tanta ou mais força que qualquer outra declaração oficial do presidente. A Toyota já teria decidido produzir o modelo Corolla no México quando Trump a ameaçou com grandes taxas na fronteira. Desde então, a empresa anunciou investimentos de dez mil milhões de dólares nos Estados Unidos ao longo dos próximos cinco anos, ao encontro da política do magnata de acelerar a economia e criar mais empregos no país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Desemprego terá recuado para 11% ou 11,1% em 2016

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2017

Depois de em 2015 a taxa de desemprego se ter situado nos 12,4%, deverá ter terminado o último ano num nível inferior. Os analistas acreditam que poderá ter recuado para 11%.

A taxa de desemprego para o conjunto de 2016 deverá ter ficado entre os 11% e os 11,1%, ligeiramente abaixo da estimativa do Governo de 11,2%, de acordo com os analistas contactados pela agência Lusa.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na quarta-feira as Estatísticas do Emprego relativas ao quarto trimestre, incluindo a taxa anual apurada para 2016, depois de em 2015 a taxa de desemprego se ter situado nos 12,4%.

No ano passado, a taxa de desemprego apurada pelo INE para o primeiro trimestre situou-se nos 12,4%, baixando no segundo trimestre para os 10,8% e no terceiro trimestre para os 10,5%.

Em termos mensais, a estimativa provisória do instituto para dezembro é de que a taxa de desemprego se tenha situado nos 10,2% em dezembro, baixando dos 10,5% observados em novembro.

Para o economista-chefe do Montepio Geral, Rui Bernardes Serra, para o quarto trimestre, estima-se uma nova descida da taxa de desemprego trimestral, para os 10,4%, prosseguindo a tendência de alívio que vem a evidenciar desde o pico máximo histórico atingido no primeiro trimestre de 2013 (17,5%).

“Em termos prospetivos, prevemos uma nova redução em 2016, para 11%, um valor em linha com os previstos pelo FMI [Fundo Monetário Internacional] e um pouco mais abaixo dos 11,2% previstos pelo Governo na Proposta de Orçamento do Estado para 2017”, estimou. “Para 2017, prevemos uma nova redução, para 10,3%, abaixo do previsto pelo FMI (10,6%) e em linha com o previsto pelo Governo”, acrescentou.

Para o analista do BPI José Miguel Cerdeira, a taxa de desemprego do quarto trimestre deverá ficar nos 10,5%, igual à do trimestre anterior,” o que configura uma taxa de desemprego de 11,1% para o total de 2016”. Para 2017, a previsão do banco é de que a taxa se reduza para os 10,1%, “o que configuraria uma continuação da atual tendência de comportamento do mercado de trabalho mais positivo face ao que seria de esperar perante a dinâmica do PIB” [Produto Interno Bruto].

Embora não avance uma estimativa, segundo o gestor da corretora XTB António Duarte, será “expectável” uma redução da taxa de desemprego no conjunto de 2016.

“Analisando a taxa de inflação e o PIB de Portugal ao longo do último ano, verificamos que ambos têm vindo a aumentar, o que significa que a economia nacional está a crescer. Houve um aumento da produtividade – postos de trabalho, ou aumentou a produtividade marginal, logo, se considerarmos uma produtividade marginal constante de um trimestre para o outro, só nos resta considerar o aumento dos postos de trabalho”, disse.

No entanto, o gestor alerta para que “os níveis de investimento também podem interferir, isto é, se houve mais investimento, pode haver um aumento do PIB e não tem de haver, necessariamente, uma redução desta taxa”. “Resta-nos aguardar, mas creio que podemos estar otimistas”, afirmou.

Curioso para perceber se o emprego continua a crescer mais do que o PIB, “o que numa situação normal não deveria acontecer”, disse estar também João Pereira Leite, gestor do Banco Carregosa, que igualmente opta por não avançar uma estimativa para o comportamento da taxa de desemprego.

“No terceiro trimestre de 2016 o crescimento do PIB foi de 1,6%, comparativamente a igual período de 2015. No entanto, o emprego cresceu 1,9%, mais 0,3 pontos do que o PIB no mesmo período, o que se pode explicar devido à baixa dos salários e a políticas de flexibilidade laboral do anterior governo”, afirmou.

Ou seja, para João Pereira Leite, “este número nada nos diz sobre o tipo de emprego criado”. “É de supor, no entanto, que se trate de emprego precário, não qualificado e de pouco valor acrescentado”, disse.

No Orçamento do Estado para 2017, o Governo estimava que a taxa de desemprego se fixasse em 11,2% em 2016 e que baixasse para os 10,4% este ano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brexit já está a acontecer nas empresas

  • ECO
  • 6 Fevereiro 2017

As empresas já estão a sentir o impacto negativo de uma saída do Reino Unido da UE. E a primeira-ministra britânica ainda nem acionou o Brexit. Executivos dizem que a situação ainda vai piorar.

A primeira-ministra britânica ainda não acionou o Brexit e as empresas já estão a sentir o impacto negativo de uma saída da região. É esta a conclusão de uma sondagem realizada junto das empresas que fazem parte do FTSE 500. Dois terços dos CEOs, presidentes e diretores inquiridos dizem que a situação das empresas vai piorar nos próximos 12 meses.

O Brexit já está a pressionar as empresas, mesmo antes de Theresa May ter dado início ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Esta é a opinião de 58% dos executivos de topo inquiridos numa sondagem às maiores empresas do país. O inquérito foi realizado pela Ipsos MORI. “De acordo com os executivos, não há sinais de que isto vai melhorar este ano”, realça Ben Page, o CEO da empresa de sondagens, à Bloomberg.

Dois terços dos CEO, presidentes e diretores inquiridos dizem que a situação das empresas vai piorar nos próximos 12 meses. As empresas já estão a sentir as consequências económicas de uma saída da UE, diz Ben Page. Esta sondagem mostra como os líderes empresariais estão preocupados com o Brexit. Isto apesar de todos os dados económicos positivos que foram divulgados desde que se soube o resultado do referendo realizado em junho passado.

A sondagem foi realizada entre setembro e dezembro de 2016 e contou com a contribuição de 114 CEO, presidentes, diretores e outros responsáveis de empresas integradas no FTSE 500.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Schäuble: Culpa do euro muito baixo é do BCE

Wolfgang Schäuble volta a fazer mira a Mario Draghi. Diz que o euro fraco é culpa do BCE, salientando que esta política monetária não serve os interesses da Alemanha.

Euro fraco? Sim. É um facto. Mas de quem é a culpa? Os EUA dizem que é da Alemanha, mas Wolfgang Schäuble discorda. Passa as culpas para o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que tem conduzido a política monetária de uma forma que não serve os interesses da maior economia da Europa.

Numa entrevista ao Tagesspiegel, citada pelo Financial Times (acesso pago), o ministro das Finanças alemão diz que “a taxa de câmbio do euro [face ao dólar] é demasiado baixa para a posição competitiva da Alemanha“. “Quando Mario Draghi embarcou nesta política monetária expansionista, disse-lhe que isso iria levar a um excedente comercial da Alemanha”, facto que tem merecido críticas por parte dos seus parceiros do euro. E não só.

Schäuble diz que prometeu “não criticar publicamente essa política. Mas não quero ser criticado pelas consequências desta política“, salientou o responsável pela pasta das Finanças da maior economia da Europa depois de Peter Navarro, conselheiro do comércio de Trump, ter criticado o euro fraco, salientando que essa é uma arma da economia germânica.

A res+posta de Schäuble aos EUA surge já depois de também Angela Merkel ter ripostado. “A Alemanha é um país que sempre pediu ao BCE uma política monetária independente, tal como o Bundesbank o fez antes da existência do euro”, salientou, à data, a líder alemã. E acrescentou: “Nós não vamos influenciar o comportamento do BCE. E, como resultado, eu não consigo nem pretendo mudar a situação tal como está”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.