Marcelo: “Líder da oposição e Governo devem durar uma legislatura”

Presidente defende que quer Governo, quer o líder da oposição devem durar uma legislatura. Para Marcelo, um presidente da República precisa de um Governo forte.

Marcelo Rebelo de Sousa defende que o Governo e a liderança da oposição devem “durar uma legislatura”. Na entrevista que deu este domingo à SIC, a propósito do primeiro aniversário em Belém, Marcelo diz que “para um Presidente da República é muito importante ter um Governo que seja forte, o mais forte possível”.

"O ideal era que o Governo durasse uma legislatura e que a liderança da oposição durasse também uma legislatura”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Para o Presidente da República é importante que “o Governo tenha condições para governar e é fundamental que a oposição seja muito forte. É sempre preferível ter dois polos de alternativa”.

Marcelo defendeu o conteúdo do acordo de concertação social assinado entre o Governo e parceiros sociais, tendo referido que a descida da TSU para compensar a subida do salário mínimo era importante pois daria um sinal para o investimento, quer internamente, quer externamente.

Ainda assim, Marcelo confidenciou estar esperançado que o acordo de concertação social — que sempre defendeu — venha a ser implementado. Até porque como refere “ainda não houve apreciação parlamentar e está por provar que o efeito útil não possa ser atingido pela via do diploma ou por outra via”. No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, “muitas empresas sofrem consequências apreciáveis pela aplicação do salário mínimo“.

Apesar disso, o presidente rejeita que haja impasse político na vida política portuguesa. “Não é verdade”, garante.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brent vai pressionar exportadoras portuguesas em 2017

A competitividade das exportadoras nacionais inverteu o sentido positivo no segundo semestre de 2016. A culpa é do petróleo. Subida de preço do ouro negro vai obrigá-las a fazer ajustamentos.

“O aumento do preço dos combustíveis está a ser suportado por nós. Temos 500 camiões e estas subidas têm um grande impacto na nossa empresa”, reconhece o diretor-geral da Laso Transportes ao ECO. Rui Miguel Silva admite que pode haver um “pequeno ajustamento junto de alguns novos clientes”, mas na maior parte dos casos não o vai fazer. Porquê? “Primeiro, porque muitos não tem capacidade para o suportar e, segundo, porque em muitos casos estamos a falar de contratos assinados e que não preveem estas alterações”, explica o responsável desta empresa de transportes especiais.

brent-puxa-empresas

Este é apenas um exemplo das muitas exportadoras nacionais cuja vantagem competitiva está a ser posta em causa devido à evolução dos preços do brent. Ou seja, os preços das exportações portuguesas estão a ficar menos competitivos face à evolução dos preços das importações de Portugal. Mas a culpa não é só do petróleo.

Coloque a política monetária, o euro, o dólar, o petróleo e a inflação numa liquidificadora e, voilá, tem como resultado a evolução dos preços dos bens. Não é assim tão simples, mas a metáfora pode ajudá-lo a perceber a interação que o INE passou a traduzir nos termos de troca no Índices de Valor Unitário do comércio internacional de bens. Excluiu-se, portanto, o comércio internacional de serviços.

O objetivo é avaliar a performance de vantagem ou desvantagem em Portugal face ao exterior relativamente às trocas comerciais. “Quando os termos de troca são positivos, significa que o preço dos bens exportados é superior ao dos importados e quando são negativos, o preço dos bens importados é superior ao dos bens exportados”, esclarece o INE ao ECO. Os índices calculados traduzem variações relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior. Além disso, o INE acrescenta que “é importante referir que, tratando-se de índices de valores unitários e não de índices de preços efetivos, a sua variação reflete, além da variação de preços, efeitos da alteração da composição e de qualidade dos bens considerados”.

O aumento do preço dos combustíveis está a ser suportado por nós. Temos 500 camiões e estas subidas têm um grande impacto na nossa empresa.

Rui Miguel Silva

Diretor-geral da Laso Transportes

“Se há uma evolução positiva dos termos de troca isso quer dizer que o comportamento do preço das exportações foi relativamente melhor do que o comportamento do preço das importações”, exemplifica Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, ao ECO. No fim de contas, é o “contributo para a formação de riqueza” no país e, por isso, aquilo que é distribuído pela economia portuguesa.

De forma simplificada, esta é a taxa de variação do preço relativo das exportações em termos das importações. “Nos últimos dois anos, desde 2014, o impacto da queda do preço do petróleo teve um efeito muito positivo na melhoria dos termos de troca”, recorda a economista. No terceiro trimestre de 2016 a tendência mudou: pela primeira vez em mais de dois anos, os preços das exportações estão a cair mais, em comparação homóloga, do que os preços das importações.

Termos de troca deixam de ser positivos

“Os resultados apurados mostram (ver gráfico em baixo) que, após um período relativamente prolongado de ganhos de termos de troca, se poderá estar a alterar esta tendência, verificando-se que, do segundo para o terceiro trimestre se passou de ganhos para perda de termos de troca”, lê-se no primeiro destaque onde estes indicadores foram divulgados pelo INE. A informação consta das Estatísticas do Comércio Internacional relativas a outubro e também nas de novembro. A taxa de variação total das exportações no terceiro trimestre é de -3,9% e a das importações -3,4%.

Fonte: INE
Fonte: INE

A diferença ainda é ligeira e os seus efeitos na economia real podem demorar a fazer-se sentir, mas prevê-se que a tendência continue. “O petróleo vai pesar negativamente nos termos de troca de Portugal porque continua-se muito dependente das importações do petróleo”, prevê Paula Carvalho. A principal mudança verificou-se exatamente na variação homóloga do lado das importações, com uma subida repentina. A que se deve? A diminuição do preço do petróleo bruto e gás natural, face ao preço homólogo, perdeu força: passou de -38,3% no segundo trimestre para -16,8% no terceiro trimestre (no trimestre homólogo foi de -38,3%).

Além disso, Paula Carvalho alerta que esta evolução “não significa que os termos de troca sejam negativos no futuro”. Porquê? “Isso depende de todo um conjunto de fatores tal como a capacidade dos exportadores portugueses de aumentarem o valor das suas exportações (aumento dos preços dos bens exportados)”, explica, referindo ainda a evolução da inflação e a influência cambial.

No entanto, será crucial observar quais vão ser os resultados dos termos de troca no quarto trimestre de 2016 para perceber se a tendência vai manter-se. Ao confirmar-se que a inversão da tendência é para ficar, as exportadoras portuguesas vão deixar de ter essa vantagem competitiva, o que é desfavorável para os seus lucros e, por isso, também para a criação de riqueza, ou seja, em última análise, para o PIB nacional.

O petróleo vai pesar negativamente nos termos de troca de Portugal porque continua-se muito dependente das importações do petróleo.

Paula Carvalho

Economista-chefe do BPI

Além disso, a balança comercial pode vir a ser afetada negativamente, não sendo certo apenas porque dependerá da evolução do volume de exportações e importações em 2017. Como exemplo é relevante dizer-se que a correção da balança comercial que levou ao maior excedente comercial de sempre em Portugal aconteceu por causa da diminuição drástica do preço do petróleo desde o início de 2014.

As exportadoras já sentiram a tendência nos termos de troca?

A resposta é não. As empresas consultadas pelo ECO ainda não sofreram o impacto imediato, mas algumas preveem ajustamentos no futuro. Em causa está essencialmente a evolução do preço do barril de brent em 2017. Além disso, a política monetária dos dois lados do Atlântico pode mexer nas divisas. Caso o euro chegue à paridade com o dólar, isso vai refletir-se na generalidade de forma positiva, consoante a empresa, na fatura das exportadoras portuguesas.

Além disso, o crescimento económico dentro da União Europeia tem vindo a acelerar e, tendo em conta que o mercado intra-UE é o mais importante para as exportações de Portugal, prevê-se um efeito positivo desta variável. Por fim, uma incógnita: a inflação. Será que vai chegar perto dos 2% mais rápido do que o BCE prevê? Há quem alerte para as bolhas que o quantatitive easing está a criar e anunciam uma subida em flecha da inflação na Europa como um dos perigos, o que afetaria certamente o comércio internacional de bens em todo o lado.

Estes efeitos também não são imediatos. Por exemplo, a subida do brent “ainda é relativamente recente” para ter impactos rápidos nas contas das empresas, tal como acontece na Arch Valadares. Ao ECO, o diretor-geral da empresa explica que “o petróleo tem impacto no índice de custo da energia que calcula o preço do gás e eletricidade da ARCH” uma vez que aderiram “a um contrato que ajusta preços por tarifa variável”.

Arch Valadares
Arch Valadares

Por isso, Henrique Barros prevê que só em abril e maio haja esse acerto. “A manter-se a cotação atual, tal terá de refletir um aumento entre os dois e 4% nos preços dos nossos artigos”, adianta ao ECO. Um efeito mais direto acontece na petrolífera nacional. Em resposta ao ECO, a Galp esclarece que reflete de imediato no preço dos combustíveis as variações que se verificam no preço do brent.

Já a metalomecânica Frezite explica que o impacto da subida do petróleo tem sido amenizado dado o “ajustamento do euro face ao dólar”. “O que constatamos é que as exportações estão com um comportamento positivo e nota-se cada vez maior procura sobretudo naqueles países que trabalham com o dólar”, adianta o presidente da empresa, ao ECO. José Manuel Fernandes acrescenta até que é na Alemanha que o comportamento positivo das exportações “é bem evidente, em linha com os indicadores daquele país nos últimos dois meses”.

Vai ser o fim das viagens low cost?

Um dos negócios mais afetados diretamente pela evolução do petróleo é o da aviação. “A festa das passagens aéreas baratas está prestes a acabar” – era este o título de uma reportagem da Bloomberg, publicada em outubro de 2016. Nessa altura já estava tudo a alinhar-se para que os preços fossem crescer (ou a margem de lucro descer) num futuro próximo assim que a torneira do combustível barato fechasse. E essa tendência materializou-se com o acordo da OPEP para o corte da produção do petróleo, alargado a países fora do cartel, e a subida em flecha do preço do barril.

A mesma ideia já tinha sido explorada em junho pela agência de notícias, refletindo uma pressão global nas empresas de aviação em 2017. “Aproveite as passagens aéreas baratas de verão. Terá de pagar mais no próximo ano”, anunciava o artigo, que relata que as empresas norte-americanas estão a sofrer com as descidas sucessivas dos lucros. O efeito do petróleo, anuncia, será o corte de rotas e o ajuste agressivo da oferta à procura para que os preços subam. Apesar disso, o presidente da Delta Airlines, Glen Hauenstein, referiu à Bloomberg que o impacto da subida do petróleo nos preços costuma demorar nove meses a sentir-se.

Contudo, as notícias recentes das estratégias das empresas de aviação mostram o contrário. A TAP criou uma versão low cost, a Fly Tap, em 2016, e vai lançar seis rotas este ano. Já a irlandesa Ryanair vai lançar 13 novas rotas no verão e a britânica Easyjet é menos megalómana nos planos, mas também vai reforçar rotas. E continuam a haver promoções atrás de promoções, para encher os aviões, tal como esta última: a companhia aérea islandesa WOW Air vai voar por menos de 70 euros da Europa para os EUA já este mês.

O último relatório da IATA (The International Air Transport Association) sobre as perspetivas de lucros para o próximo ano, publicado a 8 de dezembro de 2016, é otimista: “Mesmo que as condições de 2017 sejam mais difíceis, com o aumento dos preços do petróleo, prevemos receitas de 29,8 mil milhões de dólares para a indústria. Isso é um pouso bastante macio e seguro no território dos lucros. Esses três anos tiveram o melhor desempenho na história da indústria, independentemente das muitas incertezas que enfrentamos”.

No entanto, os analistas da IATA admitem que “os riscos são abundantes – políticos, económicos, e de ordem de segurança, entre outros. E o controlo dos custos ainda é uma batalha constante em nossa indústria hipercompetitiva”, disse Alexandre de Juniac, diretor-geral e CEO da IATA. “A previsão de preços do petróleo mais altos terá o maior impacto sobre nas previsões de 2017”, lê-se no documento.

Em 2016, os preços do petróleo foram em média 44,6 dólares por barril (Brent) e isso é previsto para aumentar até 55 dólares em 2017″, prevê o relatório. Assim, a IATA prevê que “os preços do combustível (jet fuel) subam de 52,10 dólares por barril (2016) para 64.90 dólares por barril (2017). O combustível deve representar 18,7% da estrutura de custos da indústria em 2017, o que está significativamente abaixo do pico recente de 33,2% em 2012-2013″, esclarece o documento.

A IATA prevê ainda que haja uma desaceleração do crescimento do tráfego. A Europa será dos continentes mais afetados, uma vez que a “região é sujeita à concorrência intensa e prejudicada por custos altos, regulamentos onerosos e impostos pesados. E as ameaças do terrorismo continuam como risco real, mesmo que a confiança comece a voltar, depois dos eventos trágicos dos últimos tempos”. A previsão é que os lucros líquidos baixem de 2016 para 2017.

O traço do petróleo em 2017

100 dólares por barril? Sim, mas depende do xisto. Esse valor foi atingido em setembro de 2014, mas desde então perdeu valor, recuperando na reta final de 2016. O barril está, neste momento, a negociar acima dos 50 dólares, mas chegou a negociar pouco acima dos 20 dólares. Ao ECO, o presidente da petrolífera portuguesa Partex referiu que “o regresso do petróleo aos 100 dólares será muito difícil nos próximos tempos, diria na próxima década”. Em causa está a produção de petróleo de xisto nos EUA que manterá sempre uma maior produção no mercado, face ao que existia anteriormente.

O contrato de futuros de 100 dólares para dezembro de 2018, ou seja, um contrato que permite comprar um barril da matéria-prima a esse valor dentro de dois anos, tem sido muito transacionado no mercado. Não quer dizer que esse valor seja efetivamente alcançado, mas é revelador do otimismo dos investidores numa escalada dos preços da matéria-prima. Além disso, a média da Bloomberg para o preço do brent até 2020 mantém-se sempre acima dos 55 dólares.

Quando o euro for igual ao dólar

Nos Estados Unidos da América a taxa de juro já subiu, em dezembro de 2016, e a previsão é de pelo menos mais três subidas em 2017. Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) está gradualmente a retirar a injeção de estímulos, nomeadamente o programa de compra de dívida soberana, mas nada que pare o euro de continuar a tocar em mínimos. Já o dólar tem valorizado com a mudança da política monetária da Fed e a previsão da intensificação do protecionismo de Donald Trump.

A paridade já não é, por isso, uma miragem. Mas também não é uma certeza. A “possibilidade de o euro atingir a paridade com o dólar é mais remota do que parece, devido ao excedente de balança comercial da zona euro, que se deve, em larga medida, à Alemanha”, afirmou Steven Santos, gestor do BiG, ao ECO. Ainda que alguns dos maiores bancos de investimentos internacionais preveja um euro abaixo do dólar, o consenso também aponta para que a moeda única continue acima da paridade.

Se isso acontecer, há quem perca, mas na generalidade as exportadoras portuguesas ficam a ganhar, principalmente nos mercados fora da União Europeia. É o caso da Galp Energia que pode beneficiar deste movimento cambial pela componente de exportação. A petrolífera envia para o exterior uma parte dos produtos refinados em Sines. No entanto, essa vantagem pode ser descompensada por um impacto negativo na sua rentabilidade: a Galp produz petróleo noutros continentes com contratos denominados em dólares americanos e vende os seus produtos refinados na Europa.

Exportadoras portuguesas de bens mais otimistas com 2017 do que 2016

Apesar dos constrangimentos externos e a incerteza política e económica, as empresas portuguesas estão otimistas relativamente à evolução das exportações de bens em 2017: estimam que o crescimento nominal (não desconta o efeito da evolução dos preços) será de 5,3%, segundo os dados divulgados pelo INE esta terça-feira. Estas perspetivas referem-se a variações nominais, ou seja, traduzem o efeito combinado das variações esperadas de preços e de quantidades.

É de referir que a perspetiva de crescimento anual das exportações de bens, excluindo os combustíveis, é inferior: 4,5%. Ou seja, as exportadoras em Portugal contam com um efeito mais positivo dos combustíveis nas suas exportações de bens em 2017, dada a previsão do aumento do preço do petróleo. O mercado fora da UE será onde os empresários esperam maior crescimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Papa Francisco dá o benefício da dúvida a Trump

O Papa Francisco diz que vai esperar para ver o que faz Trump e só depois vai formar uma opinião. Mas adianta que "o perigo em tempos de crise é procurar um salvador que nos proteja com muros".

O Papa Francisco numa extensa entrevista concedida ao jornal espanhol El País alerta que em tempos de crise “o discernimento não funciona” e os povos “procuram salvadores” que lhes devolvam a identidade com “muros e alarmes”. Francisco deu mesmo o exemplo do que aconteceu na Alemanha nos anos 30, com Hitler. E relembrou que Hitler não roubou o poder “foi eleito pelo seu povo e depois destruiu o seu povo”.

Sobre o novo presidente americano Donald Trump, o Papa Francisco diz que vai esperar “para ver o que acontece”. Francisco sublinha que é “importante vermos o que vai fazer e como evolui” até porque refere “não gosto de me antecipar aos acontecimentos“. “Veremos que faz Trump e aí formarei uma opinião“.

Ainda sobre Trump e sobre a eventualidade deste vir a fechar as fronteiras o Papa é peremtório, todos os países têm o direito de controlar as suas fronteiras, mas não podem “impedir os seus povos de falar com os vizinhos”. Falando de um tema que lhe é muito caro, como é a emigração, o Papa diz que este é “o símbolo de uma tragédia que vivemos hoje”. Para o Papa o facto do “Mediterrâneo se ter convertido num cemitério, tem que nos fazer pensar”. O Papa diz mesmo que “com os refugiados o primeiro a fazer é salvá-los, depois acolhê-los e finalmente integrá-los”.

"O facto do Mediterrâneo se ter convertido num cemitério, tem que nos fazer pensar”

Papa Francisco

O Papa relembra que a “Igreja que não é próxima dos seus cidadãos não é Igreja, é apenas uma boa ONG”.

Questionado sobre se a corrupção é um dos grandes males do Mundo atual, o Papa afirmou que “é um grande pecado”, mas relembrou que essa não é uma característica dos tempos atuais, uma vez que sempre existiu. E adiantou que na própria Igreja existiram casos de corrupção “posso nomear a minha casa, sem meter-me na casa do vizinho”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo Banco acima dos 22% no crédito às empresas

O Novo Banco diz que reforço na área das empresas foi consubstanciado com a concretização de mais de 750 milhões de euros de novas operações protocoladas durante o ano de 2016.

O Novo Banco fechou o ano de 2016 com uma posição superior a 22% da quota de mercado no segmento de empresas e negócios no segmento de exportação com uma posição de 23% no ‘trade finance’ e com o reforço de 20% para 22% nas PME Líder.

Em comunicado enviado às redações, o Novo Banco adianta que “este reforço de posição na área de empresas foi também consubstanciado com a concretização de mais de 750 milhões de euros de novas operações de crédito protocoladas durante o ano de 2016“.

Com estes valores o Novo Banco reforça o seu papel estratégico no segmento das empresas, especialmente no segmento das exportadoras. As empresas exportadoras representam para o banco cerca de 70% da sua carteira de crédito.

O Novo Banco salienta ainda que “liderou o apoio aos setores que são os motores da economia nacional, com cerca de 32% da carteira de crédito do Banco dedicada às empresas de bens transacionáveis e exportadoras. São estas as empresas líderes, que criam emprego e riqueza para o país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alemanha afirma que eleição de Trump marca o fim de uma era

  • Lusa
  • 22 Janeiro 2017

O chefe da diplomacia alemã diz que a eleição de Trump marca o fim de uma era e que Berlim irá avançar para salvaguardar "uma cooperação transatlântica estreita e confiante" com a nova administração.

O chefe da diplomacia alemã afirmou hoje que a eleição de Donald Trump marca o fim de uma era e que Berlim irá avançar prontamente para salvaguardar “uma cooperação transatlântica estreita e confiante” com a nova administração americana.

Num artigo publicado hoje no jornal alemão Bild, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, escreveu que

"Com a eleição de Donald Trump, o velho mundo do século XX finalmente acabou e como o mundo de amanhã será ainda não está definido”

Frank-Walter Steinmeier

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha

O artigo de Steinmeier é publicado dois dias depois de Trump ter prestado juramento como 45.º Presidente dos Estados Unidos numa cerimónia pública em Washington.

Steinmeier referiu que quando acontece uma mudança de poder existem “incertezas, dúvidas e pontos de interrogação”, mas advertiu que muito mais está em jogo “nestes tempos de uma nova desordem global”.

Sobre a relação direta com Washington, Frank-Walter Steinmeier indicou que Berlim pretende salvaguardar “uma cooperação transatlântica estreita e confiante sustentada em valores comuns” com a nova administração americana.

O chefe da diplomacia alemã também referiu que pretende promover com Washington o livre comércio e esforços conjuntos contra o extremismo.

Ainda no artigo, Steinmeier afirmou ter a certeza de que a Alemanha vai “encontrar interlocutores em Washington que saibam que os países grandes também precisam de parceiros”.

No sábado, a chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou confiança de que as relações transatlânticas vão continuar a ser importantes com Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos e disse que a Alemanha irá trabalhar nesse sentido no seio do G20, grupo que reúne as 20 economias mais ricas e emergentes do mundo. A Alemanha sucedeu à China na presidência do G20.

“As relações transatlânticas não irão ter menos importância nos próximos anos. Vou trabalhar para isso”, disse Merkel.

Numa recente entrevista, Trump manifestou o seu respeito pela chanceler, que classificou como uma “grande líder”, mas disse que Merkel cometeu um “erro catastrófico” ao abrir as fronteiras da Alemanha a migrantes e refugiados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Theresa May viaja até Washington para ser recebida por Trump

May que será a primeira líder estrangeira a ser recebida por Trump irá discutir um novo acordo comercial pós 'brexit". Encontro acontece na próxima sexta-feira.

Theresa May viaja esta semana até os Estados Unidos da América, onde na próxima sexta-feira, em Washington vai reunir com o presidente americano, Donald Trump. May será assim o primeiro líder estrangeiro a encontrar-se com o novo presidente americano depois da sua tomada de posse na sexta-feira.

A confirmação deste encontro foi feita pela própria Theresa May, em entrevista à BBC. Em cima da mesa irão estar temas como a NATO, União Europeia e Rússia. As relações comerciais e o futuro acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido estará também na ordem do dia. Um acordo ainda mais relevante na medida em que o Reino Unido prepara a saída do seio da União Europeia.

Trump já fez saber, contrariamente ao que defendia o ex- presidente americano Barack Obama, que o acordo comercial com o Reino era uma das prioridades do seu mandato.

Sobre a visão protecionista de Trump, May frisou que não estava alarmada uma vez que o presidente americano já tinha deixado claro que queria uma forte relação com o Reino Unido.

A relação especial entre os dois países tem sido uma evidencia ao longo dos anos, uma vez que a exemplo do que agora acontece com May, também Tony Blair e Gordon Brown, foram os primeiros líderes europeus a serem recebidos respetivamente por George W. Bush, em 2001, e por Barack Obama, em 2009.

"A relação especial que existe entre os dois países permite-me dizer o que acho inaceitável e permite-nos abordar temas delicados”

Theresa May

Primeira-Ministra do Reino Unido

Theresa May assegurou ainda que não terá medo de contestar Donanld Trump sempre que este diga algo que considere inaceitável. A primeira-ministra britânica aproveitou a entrevista na BBC para relembrar que tem um forte historial em matéria de defesa dos direitos das mulheres. E voltou a frisar que considerou que Trump fez durante a campanha eleitoral, alguns comentários sobre as mulheres que ela classifica de “inaceitáveis”.

May defende mesmo que “a relação especial que existe entre os dois países permite-me dizer o que acho inaceitável e permite-nos abordar temas delicados”.

 

 

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

De Tabuadelo para o mundo dos sapatos de trabalho

Em Guimarães, uma empresa de calçado, a AMF Shoes, aposta em inovação e desenvolvimento e produz calçado técnico de segurança. Aliou o design com conforto e calça as principais indústrias.

 

template-megamanchete-intermedia

Em Tabuadelo, uma aldeia no concelho de Guimarães, a AMF Shoes, empresa de calçado de segurança, é conhecida de todos e, nem a falta da placa com o nome da empresa impede os mais distraídos de saber o que se faz naquela fábrica. Percebe-se porquê: a aldeia é pequena e a fábrica de calçado dá emprego a mais de cem pessoas da região e vai fechar o ano de 2016 com uma volume de negócios de 11 milhões de euros. Mas esta não é uma fábrica de calçado qualquer. Aqui não há saltos altos, mas o design e conforto estão presentes em cada par de sapatos que saem da AMF Shoes.

O que é então a AMF Shoes? A AMF Shoes é uma empresa criada para um nicho de mercado: calçado de segurança para a indústria. Debaixo da marca Toworkfor, o calçado produzido em Tabuadelo nasceu para fazer face às necessidades do mercado: resistente para responder às exigências do mercado de trabalho mas sem descurar o design, uma área que até então não era vista nem sequer pensada para este sub segmento de calçado.

Albano Miguel Fernandes fundador e presidente da empresa adianta em conversa com o ECO que “começamos por fazer calçado de moda em regime de outsourcing e foi essa a nossa principal competência até 2002″. Nessa altura, “percebi que o mercado de segurança era interessante e entre 2002 e 2005 fizemos as duas áreas”.

AMF Shoes

Em 2005 e, sentindo necessidade de organizar a empresa financeiramente, Albano Miguel Fernandes convida um amigo para vir trabalhar com ele. O economista tinha mais sensibilidade para os números. As coisas corriam bem mas era evidente que, financeiramente, o mais interessante era o calçado de segurança. Alocados todos os recursos para a nova área, a empresa sentiu necessidade de tornar o projeto mais robusto: é assim que abre o capital a Domingos Almeida, o amigo e economista contratado meses antes.

É ainda durante 2005 que é lançada a primeira marca própria: 2work4, dirigida a trabalhadores que procuram calçado de segurança moderno com uma linha desportiva. Mas o nome não vingava a nível internacional e a empresa procede, em 2013, ao rebranding da sua marca principal para Toworkfor.

Importámos os nossos conceitos de moda para o calçado de segurança e fizemos imenso sucesso na primeira feira internacional do setor a que fomos, na Alemanha.

Albano Miguel

Toworkfor

Em terra de cegos quem tem olho é rei

No fundo tratou-se de aplicar design, conforto e apresentação a um produto que até então era considerado “tosco”. Ou, como diz o fundador da empresa, “Em terra de cegos quem tem olho é rei”.

Hoje, a AMF Shoes produz 2.400 pares de sapatos por dia, emprega 106 pessoas e está a crescer a dois dígitos. “2016 vai ser o nosso melhor ano de sempre, temos crescido 25% ao ano e este ano vamos manter esse nível de crescimento”, refere o presidente da empresa.

AMF Shoes

“Crescemos em todos os sentido e somos líderes europeus no calçado de segurança colado, porque a maior parte do calçado de segurança é injetado. A AMF Shoes inovou na forma de fazer calçado técnico: temos também uma marca de calçado de injeção mas, na área do colado, somos os maiores na Europa”.

Albano Miguel Fernandes diz mesmo que “têm tentado copiar o nosso trabalho mas não têm sido felizes. O facto de termos trabalhado no início da nossa atividade em outsourcing para terceiros deu-nos ‘arcaboiço’. Diria mesmo que foram anos essenciais, uma vez que se aprende muito a trabalhar para outros. Foi aí que criámos a espinha dorsal da nossa empresa“.

Apesar de exportar maioritariamente (85%), Portugal tem-se assumido como o mercado em que se verifica maior crescimento devido ao investimento realizado. Em 2016, o mercado nacional terá um peso de 15% nas contas do grupo. No total, a AMF Shoes exporta para mais de 30 países, sendo a Holanda e a Alemanha os principais mercados, seguidos de Portugal, Suíça e Áustria, já com “volume razoáveis”.

Em França, onde a presença da marca portuguesa é ainda muito fraca, a empresa mudou a estratégia e criou uma sociedade de distribuição naquele país em parceria com o número um a vender galochas. “Este é o ‘ano zero’ em França. Esperamos que, no próximo ano, as vendas possam disparar”, adianta Albano Miguel.

Com investimentos nos últimos três anos na ordem dos 1,5 milhões ao ano, a AMF Shoes espera fechar 2017 na casa dos 18 milhões. Aliás, o otimismo é tão grande que, até 2020, Albano Miguel estima poder estar a faturar 30 milhões de euros.

Ainda em termos de investimento, a “empresa já não cabe nestas instalações”. “Estamos a estudar como vamos fazer, ou expandimos aqui, mas teremos que comprar terrenos que são muito caros, ou então temos que mudar… vamos ver. O próximo ano vai ser de tomada de decisões”.

AMF Shoes

Mas de onde vem tanto otimismo?

A resposta reside na área de investigação e desenvolvimento. Sem querer levantar muito a ponta do véu, Albano Miguel adianta que “estamos a desenvolver um novo tipo de calçado, de segurança e não só. Vamos reinventar a forma de fazer sapatos e, se isso se concretizar não consigo prever o que vai acontecer nesta empresa”.

Albano Miguel confidencia que “este projeto de investigação é muito forte e se se vier a concretizar, vamos ter uma tecnologia para ter calçado técnico, sem precisar de costuras, nem de montagem, e isso é o mais caro na produção de sapatos, e eu não vou ter dinheiro para pôr isto a funcionar, vamos ver como faremos”.

Parceiros? “Eventualmente ainda não sei dizer, primeiro vamos ver se a tecnologia funciona, mas eu sei que funciona porque já tenho aqui sapatos feitos com esta tecnologia, agora é só conseguir em vez de um sapato fazer um milhão”.

No negócio do dia-a-dia, a AMF Shoes está a negociar com os maiores players mundiais na área do calçado técnico, na tentativa de criar conceitos próprios. “São players que querem regressar à Europa e que olham para Portugal como um país interessante, pelo que é impossível que, no próximo ano, não subamos o nosso nível de volume de vendas na ordem dos 30%”. Para isso não acontecer, prossegue o gestor, “é preciso que aconteça uma surpresa muito grande e as vendas caiam a pique”.

“Estamos a falar de players que vendem 21 milhões de pares de sapatos por ano, nós vendemos 500 mil… estamos a falar de outra dimensão. Estes players vendem e não produzem, por isso o potencial [de negócio] é enorme”, acrescenta o homem forte da AMF Shoes.

Neste momento, a AMF Shoes trabalha com três linhas de produção — uma das quais com dois turnos –, e está a avaliar criar um segundo turno para outra das linhas.

Propostas de compra

Está desvendado o segredo para o sucesso que a empresa tem alcançado que, de resto, tem sido cobiçado por outros players do setor. “Quase todos os anos temos tido propostas de compra, mas nunca olhamos sequer para os números”. Albano Miguel Fernandes justifica o comportamento com o amor à camisola. “Gostamos do que fazemos e, sobretudo, conhecemos o potencial da empresa que temos em mãos”, diz.

Em 2015, o grupo para além de ter criado a empresa em França, adquiriu a Aloft, uma empresa de solas. Na altura faturava um milhão, agora vai fechar 2016 com 3 milhões de euros de volume de negócios.

O gestor diz que “as sinergias entre as empresas são interessantes, o grupo está no bom caminho, somos mais rentáveis, mais verticais e melhoramos o leque da oferta do negócio”.

AMF Shoes

Parceria com a Michelin

A Toworkfor e a Michelin associaram-se e criaram uma nova coleção. A ideia foi fazer uma sola Michelin — utilizando as borrachas e as geometrias da marca — nos sapatos da AMF Shoes. A ‘parceria’ teve início em 2015 e aconteceu porque “conhecíamos alguém na gestão da Michelin”. Albano Miguel Fernandes diz que “essa parceria dá-nos capacidade de penetrar em mercados onde somos menos conhecidos”.

“Fizemos um investimento juntamente com eles: só nós é que podemos vender com aquela geometria que, no caso, são oriundas de dois tipos de pneus, e usamo-lo em calçado mais outdoor”. Para Albano Miguel Fernandes foi mais uma oportunidade para a empresa de Tabuadelo poder distinguir-se da concorrência: “Os nossos concorrentes fazem calçado injetado, nós fazemos calçado injetado Michelin”. Esta foi também uma forma de rentabilizar o investimento de um milhão de euros realizado numa máquina de injeção que utiliza a tecnologia mais avançada do mundo.

A Michelin ainda não usa os sapatos da AMF Shoes. Albano Fernandes justifica essa decisão com o facto “de estarmos a falar de departamentos diferentes” mas admite que “estamos a negociar”. De resto, Albano Miguel Fernandes reconhece que “somos os únicos, neste momento, a usar as solas Michelin. Mas sei que outra empresa de calçado de segurança está a querer fazer o mesmo. Nós estamos à frente e a trabalhar com outra sola Michelin”.

E fazendo jus ao ditado “candeia que anda à frente ilumina sempre duas vezes”, o presidente da AMF Shoes refere: “É isto que nos permite manter os nossos clientes, estarmos sempre à frente e sempre a apresentar coisas novas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alberto da Ponte morreu. Quem era e o que fez?

Um líder no topo, que passou do grande consumo para o serviço público de rádio e televisão. Em 64 anos de vida, o que fez e o que conquistou Alberto da Ponte? O ECO recorda a carreira do gestor.

Poucos terão a experiência que Alberto da Ponte somou ao longo de 64 anos de vida, mais de 40 anos de carreira e 20 deles em cargos de topo. Sempre ligado ao mundo empresarial, à gestão, à finança e ao marketing, chegou a ser distinguido em 2012 com o prémio Marketeer de Ouro, após regressar à Central de Cervejas como administrador não executivo e pouco antes de se tornar presidente executivo da RTP, antecedendo a Gonçalo Reis.

Mas para falar da carreira de Alberto da Ponte, o melhor é começar pelo princípio. Nasceu em Lisboa a 18 de junho de 1952, cresceu no bairro de Alvalade e, em 1969, ingressou no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) para estudar Ciências Económicas e Financeiras. Terminou a licenciatura em 1975. Em 1999, concluiu o Curso Superior de Finanças na norte-americana Harvard Business School. E teve ainda oportunidade de estudar gestão empresarial na Business School for the World.

Alberto da Ponte somou mais de 40 anos de carreira, 20 deles em cargos de topo.MARIO CRUZ/LUSA

No panorama profissional, a carreira profissional de Alberto da Ponte teve início em 1973, quando ingressou na Unilever como estagiário de gestão. Um ano depois, Alberto da Ponte tornar-se-ia diretor de marca da Elida Fabergé em Lisboa, cargo que ocupou até 1980 e com uma passagem por Bruxelas pelo meio. Acabou promovido a gestor de produto do grupo em Madrid, permanecendo aí até 1982.

Nesse ano, ainda na Elida Fabergé, voltou a ser promovido: desta vez, a diretor de marketing. Nisso, trabalhou durante os quatro anos seguintes. Em 1986, recebeu uma nomeação especial por ter reorganizado o departamento de vendas da Unilever em Kuala Lumpur, na Malásia. Mas os últimos passos na empresa de cosméticos seriam dados daí até 1989, já como diretor de marketing e de vendas da firma. Terá sido nesse período, entre 1984 e 1989, que conheceu Luís Amaral: nessa altura, o empresário português acabava de entrar também na Unilever, grupo Jerónimo Martins.

Um gestor no topo

Foi já perto do final da década que Alberto da Ponte pôde subir ao primeiro cargo de topo. Em 1989, tornou-se presidente executivo da Jerónimo Martins Distribuição para, em 1991, passar a liderar a portuguesa Cadbury Schweppes e ingressar o conselho de administração europeu da Schweepes Beverages. Começava assim a ascensão do gestor português, com passagens por altos cargos na Unilever, em direção à Sociedade Central de Cervejas (SCC). Tornou-se presidente executivo desta companhia do grupo Heineken em 2004, um dos cargos mais marcantes da carreira de Alberto da Ponte. Desempenhou-o durante oito anos.

O certo é que o fez com bons resultados. Num relatório sobre o gestor datado de 2016, a Heidrick & Struggles destaca como a liderança de Alberto da Ponte fez a SCC tornar-se líder de mercado no setor cervejeiro. Separadas por 20 pontos percentuais em 2004, a dona da cerveja Sagres ultrapassou a Unicer, dona da Super Bock, e alcançou uma quota de mercado de 50% em 2009, com um crescimento dos lucros líquidos na ordem dos 30%. A consultora sublinha a “orientação para as pessoas” da liderança de Alberto da Ponte, bem como a sua “visão, espírito de equipa, pensamento global, permanente insatisfação’ e resiliência”.

No início de 2012, Alberto da Ponte deixaria a liderança da SCC, mantendo-se, ainda assim, administrador não executivo da sociedade — na altura, foi substituído por Ronald den Elzen, que era administrador financeiro em Inglaterra. Deixou esse cargo para assumir funções ao nível internacional na empresa holandesa Heineken em maio desse ano… mas não por muito tempo. Saiu cinco meses depois, para entrar numa área completamente nova: a televisão.

Da distribuição ao serviço público

A notícia surgiu a 5 de setembro de 2012: “Alberto da Ponte é o novo presidente da RTP“. A escolha do gestor para novo presidente executivo da empresa deu-se poucos dias depois da administração de Guilherme Costa ter entrado em colisão com o Governo de Pedro Passos Coelho — em causa, a suposta concessão do serviço público de rádio e televisão a uma empresa privada, que nunca chegou a avançar. Miguel Relvas era o ministro da tutela à altura.

Sem afiliação partidária, Alberto da Ponte nunca escondeu a sua opinião em relação a Passos Coelho: era, para ele, “o melhor primeiro-ministro desde Sá Carneiro”, como afirmou em entrevista ao jornal i e, mais tarde, viria a reiterar ao Diário de Notícias. Tomaria as rédeas à RTP em outubro, liderando-a durante quase dois anos e meio.

O resto da história não é difícil de recordar. O PSD queria privatizar parte da RTP, Paulo Portas não era favorável a essa decisão e, entretanto, Miguel Relvas fora substituído por Miguel Poiares Maduro. Foi então criado o novo Conselho Geral Independente (CGI) da RTP que, no início de dezembro de 2014, propôs ao Governo a destituição da administração de Alberto da Ponte. O Governo aceitou. Alberto da Ponte ainda se manteve no cargo até fevereiro, acabando por ser substituído por Gonçalo Reis.

Verde, entre vermelhos

Falar da vida de Alberto da Ponte é também contar pormenores. Como o facto de, apesar de ter um pai benfiquista, ser sportinguista por influência dos amigos. No entanto, nem isso o impediu de, em 2009, ainda à frente da dona da Sagres, ter assinado um contrato por doze anos para estampar o logótipo da sua cerveja nas camisolas do Benfica.

Foi também presidente da Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja e membro dos conselhos consultivos de duas universidades lisboetas: o ISEG, onde estudou, e o ISCTE. Além disso, após a experiência na RTP, acabaria por fundar a AdPonte Lda. e a Business Operational Success Systems (BOSS). Até hoje, era presidente executivo de ambas as empresas, continuando a ser também administrador não executivo da SCC. Morreu na madrugada deste domingo, 22 de janeiro, vítima de cancro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CGTP: “Se governo ceder às pressões haverá aumento da contestação social”

  • Lusa
  • 22 Janeiro 2017

O líder da CGTP, Arménio Carlos deixa o aviso: se o Governo continuar a ceder "às pressões instaladas" haverá um aumento da contestação social.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considera que a transição para um Governo socialista pouco ou nada mudou no diálogo social, avisando que caso o executivo continue a ceder “às pressões instaladas” haverá um aumento da contestação social.

Em entrevista à agência Lusa para assinalar os cinco anos na liderança da CGTP, Arménio Carlos considera que o país vive hoje “uma fase muito desafiante”, mas salienta que, “independentemente daquilo que tem sido feito, verifica-se neste momento que há uma estagnação ou uma falta de resposta às questões da área do trabalho”.

“Se analisarmos toda a estrutura legislativa da área laboral, mantém-se intacta com todos os problemas que daí resultam, quer no que respeita à legislação laboral, quer no que respeita ao bloqueio da contratação coletiva”, afirma o líder da CGTP.

A fase atual “é decisiva”, isto é, “ou se evolui e responde a estes problemas concretos ou corremos o risco de uma estagnação e da manutenção do modelo de baixos salários e de trabalho precário”, avisa.

O dirigente insiste que “é fundamental que os direitos, os salários e a contratação coletiva não continuem a ser o parente pobre da legislação laboral e também da política económica em Portugal”.

No entender de Arménio Carlos, a transição de um executivo de direita, formado pelo PSD e pelo CDS, para um Governo socialista apoiado pelos partidos de esquerda, não alterou o modo como se dialoga ou se negoceia em sede de Concertação Social e insiste num ponto que, para a Central, é fulcral: a negociação coletiva.

“Não houve muitas mudanças, isso é paradigmático relativamente ao facto de o diálogo social ter de ser assumido e suportado pelo direto de negociação da contratação coletiva, ou seja, não há um verdadeiro diálogo social quando o seu pilar fundamental está a ser corroído pelo bloqueio da contratação coletiva, portanto, temos de resolver este problema da negociação da contratação coletiva porque ela releva aquilo que é uma relação de negociação entre patrões e sindicatos e isso neste momento está, mais uma vez, estagnado”, denuncia.

Quanto ao diálogo social mais abrangente, “não houve grande evolução nos últimos tempos”, reconhece Arménio Carlos, que recorre ao exemplo da negociação em torno da atualização do salário mínimo nacional (SMN) para ilustrar a situação que a CGTP entende que se vive atualmente na Concertação Social.

“O exemplo mais paradigmático é aquele que resulta da imposição da manutenção da redução Taxa Social Única (TSU) para os patrões no âmbito da discussão do SMN que, mais uma vez, serviu de troca para colocar as empresas numa situação de subsidiodependência face à Segurança Social e também ao Orçamento do Estado”, frisa.

É preciso mudar e o Governo aqui não pode ceder, quer às pressões, quer aos interesses instalados. Se permanecer nesta perspetiva, naturalmente que isto terá consequências do ponto de vista da contestação popular.

Arménio Carlos

Secretário geral da CGTP

Deixando um aviso ao primeiro-ministro, António Costa, o líder da Intersindical insiste que “é preciso mudar e o Governo aqui não pode ceder, quer às pressões, quer aos interesses instalados”, pois, “se permanecer nesta perspetiva, naturalmente que isto terá consequências do ponto de vista da contestação popular”.

Arménio Carlos denunciou ainda que em muitas empresas do setor privado “há uma amputação da liberdade para a efetivação dos direitos individuais e coletivos, nomeadamente, aqueles que têm a ver com a intervenção sindical”.

“Muitas vezes somos impedidos de entrar nas empresas […] e não há liberdade a sério quando os trabalhadores não têm direito de, dentro dos seus locais de trabalho, discutirem os seus problemas por impedimento da entrada dos dirigentes e dos delegados sindicais”, vincou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais custos no lixo de embalagens levantam interrogações a operadoras

  • Lusa
  • 22 Janeiro 2017

Os custos da gestão dos resíduos de embalagens "voltam a aumentar" podendo reflectir-se no consumidor.

Os custos da gestão dos resíduos de embalagens “voltam a aumentar”, podendo refletir-se no consumidor, segundo a Sociedade Ponto Verde, enquanto a preocupação da Novo Verde é a definição da alocação de quantidades entre as duas concorrentes.

“Não se inverteu a tendência que tem vindo a acontecer desde o início do SIGRE [Sistema Integrado de Resíduos de Embalagens] que é um aumento dos custos unitários da recolha seletiva e da triagem. Nesta altura os custos deviam estar a baixar e subir apenas pelo efeito quantidade e não pelo efeito valor”, disse à agência Lusa o diretor-geral da Sociedade Ponto Verde (SPV), Luís Veiga Martins.

"Não se inverteu a tendência que tem vindo a acontecer desde o início do SIGRE [Sistema Integrado de Resíduos de Embalagens] que é um aumento dos custos unitários da recolha seletiva e da triagem. Nesta altura os custos deviam estar a baixar e subir apenas pelo efeito quantidade e não pelo efeito valor”

Luís Veiga Martins

Director-geral da Sociedade Ponto Verde (SPV)

Para Ricardo Neto, da Novo Verde, “o pleno de concorrência só se pode atingir se forem garantidas algumas regras” e aponta que os “motores da gestão dos resíduos de embalagem ainda não são conhecidos”, seja o modelo de alocação, ou seja, a distribuição de quantidades entre as entidades e as regras de compensação financeira, assim como as especificações técnicas para resíduos recicláveis obtidos no lixo indiferenciado através do Tratamento Mecânico e Biológico (TMB).

Os responsáveis das duas entidades gestoras de resíduos de embalagens respondiam a questões da agência Lusa acerca das novas regras para este fluxo específico de lixo, publicadas em Diário da República no final de 2016 e que introduzem a concorrência.

"O pleno de concorrência só se pode atingir se forem garantidas algumas regras”

Ricardo Novo

Responsável da Novo Verde

Desde há 20 anos era somente a SPV a atuar na gestão dos resíduos de embalagens – papel, vidro, plástico e metal -, e aguardava a renovação da sua licença há cinco anos.

Agora passa a ter a concorrência da Novo Verde, o que implica algumas mudanças e coloca novas questões como a forma como será gerido o sistema entre as duas.

As duas empresas concordam sobre o que ainda falta definir no quadro legislativo: o papel da Comissão de Acompanhamento da Gestão dos Resíduos (CAGER), o mecanismo de alocação e compensação, já objeto de análise por um grupo de trabalho, e as especificações técnicas para os materiais das unidades de TMB.

Uma das preocupações de Luís Veiga Martins relaciona-se com a descida dos custos unitários que “não está a acontecer e, mais uma vez, voltam a aumentar e, no limite, será penalizador para o consumidor”.

É que, “os embaladores, quem financia todo o sistema, vão ter de passar todos os aumentos que possam dai advir para o consumidor”, explicou, especificando que o impacto pode advir dos custos da recolha seletiva e triagem – do que é pago aos sistemas municipais-, e dos custos obrigatórios, “impostos nestas novas licenças”.

“Vamos pugnar sempre por uma total transparência nesta fixação administrativa dos custos com a recolha seletiva e triagem”, garantiu o diretor geral da SPV.

Para a Novo Verde, uma situação que “poderá colocar em causa este almejado pleno de concorrência prende-se com a utilização do símbolo ponto verde, o qual não deverá ser de utilização exclusiva de uma entidade”.

“Seria confuso para todos a existência de diversos símbolos de marcação de adesão a sistemas de gestão de resíduos” e o atual símbolo usado, “a não ser disponibilizado pela ProEurope à Novo Verde nas mesmas condições em que o disponibiliza à SPV, [levaria] inevitavelmente a um bloqueio à concorrência”, segundo Ricardo Neto, o que, acrescenta, “não é aceitável num mercado de livre circulação de bens”.

À questão sobre se a Nova Verde prevê cumprir os objetivos fixados para recolha de cada um dos materiais, a resposta foi: “se não considerássemos exequível o atingimento dessas metas nunca procuraríamos operar neste mercado”.

Atualmente, o vidro é o material que está mais longe do objetivo, e o diretor geral da SPV disse acreditar que, com as ações previstas, nomeadamente junto do setor Horeca (hotéis, restaurantes e cafés), poderá cumprir a meta em 2020.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bagão Félix defende que NB deve permanecer no Fundo de Resolução

  • ECO
  • 22 Janeiro 2017

O ex-ministro das Finanças diz que nacionalizar o Novo Banco não faz sentido e defende que a instituição permaneça nas mãos do Fundo de Resolução. Bagão Félix apoia Medina na corrida à Câmara.

O ex-ministro das Finanças e do Trabalho e Segurança Social, Bagão Félix defende a permanência do Novo Banco nas mãos do Fundo de Resolução mais algum tempo. A revelação foi feita pelo próprio em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias publicada este domingo.

Bagão Félix descarta assim as teses da nacionalização e da venda, e claro a liquidação da instituição.

“Tudo considerado o que é preferível? Continuar mais algum tempo com uma boa gestão profissional com o capital possuído pelo Fundo de Resolução, que também é uma entidade pública. Implica negociar um prolongamento do prazo com a Comissão Europeia. A nacionalização não faz sentido porque o banco está indiretamente nacionalizado através do Fundo de Resolução para o qual o Estado injetou grande parte da verba e que faz parte do perímetro orçamental”, afirmou.

Tudo considerado o que é preferível? Continuar mais algum tempo com uma boa gestão profissional com o capital possuído pelo Fundo de Resolução, que também é uma entidade pública. Implica negociar um prolongamento do prazo com a Comissão Europeia. A nacionalização não faz sentido porque o banco está indiretamente nacionalizado através do Fundo de Resolução para o qual o Estado injetou grande parte da verba e que faz parte do perímetro orçamental

Bagão Félix

Ex- ministro das Finanças

Ainda na mesma entrevista, o ex-ministro dá o seu apoio a Fernando Medina na corrida à Câmara de Lisboa.

Para Bagão Félix, o socialista tem feito um bom trabalho que deve continuar.

“Não sei quem vão ser os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa, mas à partida simpatizo com a ideia de continuar Fernando Medina, que tem sido um bom presidente”, refere o ex-ministro das Finanças.

O democrata cristão diz ainda que Medina: “É um jovem político e toda a gente comete erros, mas é uma pessoa ativa que em meu entender está a fazer uma boa gestão na Câmara de Lisboa“.

Sobre a líder do CDS-PP e também candidata à autarquia da capital, Assunção Cristas, Bagão esclarece que “não está em causa Assunção Cristas, mas para votar numa autarquia voto em pessoas. Por acaso o Fernando Medina é do Partido Socialista, podia não ser. Acho que tem feito um bom trabalho”.

Não está em causa Assunção Cristas, mas para votar numa autarquia voto em pessoas. Por acaso o Fernando Medina é do Partido Socialista, podia não ser. Acho que tem feito um bom trabalho

Bagão Félix

Ex-ministro das Finanças

 

Sobre Passos Coelho, Bagão Félix considerou que o líder social democrata é resistente, mas diz que o ex- chefe do governo terá dificuldades acrescidas para vencer as próximas eleições legislativas.

“É um trabalho penoso, difícil. Quer se queira, quer não, ele está associado às medidas de austeridade mais gravosas e impopulares. Tudo depende da conjuntura política, económica e social nos próximos anos. Reconheço-lhe uma grande bravura, coragem, teimosia e obstinação em continuar”.

Bagão Félix que assumiu também a pasta do Trabalho e Segurança Social comentou também o tema da taxa social única para dizer que o governo foi imprudente neste dossier. Bagão diz que o executivo de Costa devia ter negociado com o PSD garantindo a viabilidade do acordo alcançado na concertação social.

O governo foi imprudente. Não tratou da concertação política e até sabia de antemão que os partidos que são seus companheiros na coligação se oporiam à medida“.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TSU: PSD devia arranjar uma alternativa, diz Van Zeller

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 22 Janeiro 2017

O antigo presidente da CIP não gosta da posição do PSD e entende que o partido devia agora dar um sinal de que está preocupado com as empresas.

Francisco Van Zeller entende que o PSD devia propor uma alternativa às empresas, agora que assumiu que vai chumbar a redução das contribuições patronais ligada ao salário mínimo.

“O PSD devia propor uma alternativa imediatamente, e há muitas”, afirmou o antigo presidente da CIP — Confederação Empresarial de Portugal, apontando para medidas na área dos impostos ou outras “facilidades que podem ser feitas”. Aliás, o próprio acordo tripartido não abrange apenas a baixa da TSU que os partidos mais à esquerda e o PSD já avisaram que vão chumbar no Parlamento, recorda.

O partido liderado por Passos Coelho devia então falar com os parceiros sociais, “ver o que têm a pedir que seja razoável” e depois “fazer força no Parlamento” para que a medida passe — isto dá um sinal de que o PSD “está preocupado”, indica.

Van Zeller esteve à frente da CIP — na altura Confederação da Indústria Portuguesa — entre 2002 e o início de 2010. A confederação é hoje liderada por António Saraiva, um dos parceiros patronais a assinar o acordo tripartido que admite o aumento do salário mínimo de 530 para 557 euros, já em vigor, e a redução, durante um ano, das contribuições em 1,25 pontos para empresas que suportam esta subida.

O antigo presidente da CIP não se lembra de um acordo de concertação social que tenha sido chumbado no Parlamento mas recorda que, naquele tempo, os parceiros sociais falavam com os partidos para tentar perceber se as medidas poderiam ter futuro. E isso devia ter acontecido agora também, sublinha, apontando para um “erro de procedimento”.

O empresário salienta que o maior partido do Parlamento foi “desconsiderado” mas admite: “não gosto da posição do PSD”. Não só porque se junta aos partidos mais à esquerda mas também porque, no passado, os social-democratas já propuseram descidas da TSU. E, além disto, porque a medida agora legislada pelo atual Governo é importante para as empresas, sobretudo para as de menor dimensão, defende.

Van Zeller diz mesmo que a decisão de chumbar uma medida decidida entre parceiros sociais é “péssima para a concertação”, que era “ultra-respeitada”. “Quando chegava um acordo ao Parlamento, só o PCP votava contra”, afirma.

"Havia um respeito absoluto pelos acordos de concertação.”

Francisco Van Zeller

Ex-presidente da CIP

Estarão os futuros acordos de concertação social ameaçados? Van Zeller acredita que sim: “não sei como se vai partir para novos acordos de concertação social com medo da Assembleia da República”.

O ex-líder da CIP entende que “a concertação social levou um grande rombo”, antevendo que “o PS, quando for oposição, vá fazer o mesmo” que o PSD fez agora.

Este precedente “reduz a confiança com qualquer Governo”, a não ser que se trate de um acordo em torno de “uma coisa óbvia”, exemplificou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.